Intenções Secretas

Kurtfan: Muito obrigada! Mantenha o alimento para o meu ego a caminho. Lol

Sannikex – Não se preocupe, há muito mais por vir. Heh heh heh.

AddisonRae - lambendo os beiços Há algo a mais aqui do que o delicado toque de um mestre de Poções, não é?

Shahrezad1 – Todos nós não acreditamos que há um coração de marshmallow enterrado fundo, fundo, FUNDO naquele pequeno monstrinho loiro? Não se preocupe, Draco ainda tem um papel a desempenhar nesta história. Assim como com o Sev, ele é um bom homem – que tem seu lado mau – mas a maioria do tempo é bom. Lol. E ele anda melhor ainda com aqueles deliciosos biscoitos de chocolate que ALGUÉM me deu. Yum yum. Ah, e o Voldie? Ele está vindo. Hahahaha

Peikkolapsi – Muito obrigada! Este tipo de comentários significam muito mesmo pra mim, a partir do momento que eu decidi que uma história não pode ser bem aproveitada se não for bem escrita. Continue comentando (e elogiando!)

Capítulo Treze – Uma Manhã Adorável

Quando Sonora acordou pela manhã foi para descobrir que haviam poucas coisas na vida mais agradáveis do que acordar com um homem ao seu lado. Continuou deitada, embebendo-se do calor e do conforto de um braço pesado sobre ela, sugerindo a presença de um corpo forte deitado logo atrás de si. Ela sorriu, os olhos fechados. Certamente estava certa sobre Severus ser mais forte do que parecia. Qualquer que fosse a coisa que ele fazia para manter a forma, funcionava muito bem. Sonora nada tinha a acrescentar naquele departamento.

Sua cabeça estava acomodada sob o queixo dele, seu rosto enterrado no que parecia ser uma verdadeira confusão de cabelos. Sonora resistiu ao impulso de se esticar ao se lembrar precisamente do que aquela confusão era resultado.

Logo então, o corpo atrás dela se mexeu. "Você está acordada", disse uma voz profunda em seu ouvido. "Pare de fingir que está dormindo."

Sonora riu. "Senão, o quê?"

O braço que estava sobre sua cintura dali saiu, e ela se descobriu rolando para trás, o rosto de Severus logo acima dela. "Senão isto", ele murmurou suavemente, baixando a cabeça.
Severus não estava completamente certo de que ele conseguira passar por todo o dia sem impedir que sua carranca se quebrasse num sorriso idiota. De fato, ele tivera que esbravejar e gritar em suas aulas como de costume, fazendo terceiranistas curvarem-se de medo enquanto ele circulava entre as fileiras, inspecionando caldeirões. E durante todo esse tempo, o interior de seu coração pulava e até mesmo dava cambalhotas.

E Sonora tampouco ajudava. Logo depois do almoço, ela se sentou à sua mesa na sala de aula e passou a tarde inteira mexendo com seus papéis com um sorriso satisfeito em seus lábios, enquanto Severus tentava desesperadamente ignorá-la. Era uma tarefa difícil, especialmente a partir do momento em que aquele sorriso o lembrava nitidamente de como ela sorrira noite passada quando ele...

Mais uma vez, Severus teve que sacudir a si mesmo para evitar que seus pensamentos tomassem o rumo errado, e voltou para onde Carla Boggs, uma terceiranista da Lufa-Lufa, estava a caminho de levar todos eles de volta para os anos negros.

"Srta. Boggs!", ele trovejou, decididamente virando as costas para a ótima tentação que trabalhava em sua cadeira. "Está tentando matar a nós todos?" Vendo a menina encolher na proporção a que ele estava habituado, ele se sentiu melhor. Ele poderia controlar essa coisa chamada amor que se cravara bem dentro dele. Poderia.
Sonora estava surpresa por conseguir trabalhar mais do que esperara, distraída como estivera por Severus andando por ali e apavorando os alunos a tarde toda. Isso a fez querer rir, sabendo que todo o mal humor era apenas um disfarce. Resistiu ao impulso de estremecer quando ele caoticamente repreendeu um aluno por não estar medindo os ingrediente corretamente. Ela desenvolvera uma forte suspeita de que toda a sua grosseria com os estudantes era uma atuação, criada para manter as pessoas longe dele e longe de descobrir quem ele realmente era. Bem, a maior parte, ela pensou bem humorada, lembrando de vários momentos furiosos dele que ela tivera que encarar nos últimos meses.

Sonora percebeu que estava olhando para o papel logo abaixo sem realmente vê-lo, e apressadamente guardou-o com os outros sob sua mesa. Olhou Severus de relance para encontrá-lo no fundo da sala, espiando os alunos dali. Ele ergueu os olhos, como que sentindo seu olhar, e por um mero segundo seus olhos queimaram na direção dos dela com toda a força e intensidade que ela guardava da última noite.

Sonora pode imediatamente sentir seu rosto enrubescer, e então rapidamente virou o rosto para o outro lado, pegando sua bengala. Coxeou até seu escritório, pensando em como era tudo novo e perigoso demais para que dividissem um espaço em público. Da porta de seu escritório, entretanto, virou-se para olhar pra ele apenas para encontrar um sorriso satisfeito e malicioso. Por que, aquele sorrateiro..., ela pensou, lançando a ele um olhar que apenas fez seu sorriso aumentar. Ele fazia tudo de propósito.

Sonora irrompeu dentro de sua sala num acesso de raiva. E então sorriu. Ela cuidaria dele depois.

Alegre mais uma vez, abaixou-se e destrancou a portinha onde escondia suas anotações. Colocou-as sobre a mesa e convocou um daqueles livros que pegara na biblioteca. Ela tinha trabalho a ser feito, pensou, e aquele momento era tão bom quanto qualquer outro para fazê-lo.

Severus tinha acabado de entrar no Salão Principal quando captou os sussurros. "... disse que Dumbledore anunciaria isso no jantar... me pergunto se será como no ano passado... outro baile, você pode imaginar?"

Ele sentiu seu coração encolher e, pela primeira vez no dia, sua carranca era real. Droga. Ele odiava bailes. Os alunos começaram a rir incessantemente. Já mal prestara atenção em suas aulas antes, e agora ele tinha uma nova onda inteira de hormônios adolescentes por toda a escola.

Sonora já estava perto da mesa dos professores, conversando alegremente com a Prof.ª McGonagall enquanto ele se aproximava. Ela sorriu para ele daquele modo que sempre fazia seu peito se contrair enquanto andava. Severus puxou a cadeira dela para trás, como se tornara seu hábito.

"Você já ouviu, Severus?", ela disse enquanto se sentava. "Aparentemente é para ser um Baile de Natal."

Severus grunhiu enquanto abaixava para sentar-se. "Outra baile sangrenta. Simplesmente maravilhoso.", retorquiu.

Sonora se virou para olhá-lo, os cantos de sua boca se erguendo. "O quê? Você não é um fã de bailes? De qualquer modo, eu nunca teria adivinhado", ela disse.

Severus atirou-a um olhar fixo. Sonora começara a provocá-lo recentemente, e enquanto em segredo ele aproveitava cada minuto disso, ele não sentiu que fosse bom encorajá-la. Merlin sabia que ela se tornaria cada vez mais ousada, se ele o fizesse.

"Os alunos ficam malucos com essas bailes", ele a disse. "Hormônios e encontros e uma definitiva falta de atenção nas aulas. Uma total perda de tempo."

O sorriso de Sonora se aprofundou conforme olhava para ele. Droga. "Eu sei, não é romântico?", ela disse, antes de se virar novamente para sua comida. Severus conteve um suspiro. "timo, simplesmente ótimo. Algo lhe dizia que essa Baile de Natal seria um belo problema para ele.

Resistiu ao impulso de contrair os lábios. Então, novamente, a confusão poderia ser divertida, se fosse com Sonora.
Sonora ficou parada diante de sua classe de quintanistas e deu um sorriso de aviso quando terminou sua frase. "O Professor Snape e eu decidimos que seu exame final este ano será feito aos pares." Um murmúrio percorreu a sala e ela pode ver o Sr. Thomas no fundo, olhando para o Sr. Finningan de um modo que significava problemas para ela.

"Entretanto", ela continuou, fingindo não notar os olhares que os alunos trocavam, silenciosamente já arrumando seus pares. "Nós selecionaremos os parceiros para vocês. Não estarão trabalhando com alguém com quem tenham passado muito tempo em aula." As expressões imediatamente murcharam, o Sr. Longbottom entre os mais desiludidos. Ela não podia culpá-lo, o pobre garoto sabia que nunca conseguiria o menor resultado naquela matéria se a Srta. Granger não o ajudasse o tempo todo.

"Não terão necessidade de trazer nada para a aula, com a exceção de seus estoques. A receita será entregue a vocês", ela disse, apoiando-se em sua mesa. "Alguma pergunta?". Surpreendentemente, não havia nenhuma, nem mesmo da Srta. Granger, que estivera sussurrando furiosamente com o Sr. Weasley no fundo da sala. "Então, neste caso, permitam-me lembrar de que a Baile de Natal será logo depois das provas finais terem sido completamente terminadas." , disse, num tom seco.

Alguns alunos seguraram risinhos, e então o sinal tocou, encerrando a aula. Os alunos começaram a se levantar e conversar em voz alta enquanto saíam, e Sonora teve que erguer a voz para ser ouvida. "Sr. Potter! Sr. Malfoy! Uma palavrinha, por favor, antes que saiam." O volume da conversa baixou dramaticamente por um momento antes de recomeçar mais raivosamente do que antes. Sonora deu a volta em sua mesa e sentou-se.

Esperou até que os outros alunos tivessem saído, o Sr. Weasley claramente relutante em ir, julgando pela carranca em seu rosto. A Srta. Granger tivera finalmente que pegá-lo pelo braço e puxá-lo para fora.

Sonora então voltou sua atenção para os dois garotos parados formalmente diante dela, ao mesmo tempo o mais longe possível e perto o suficiente para ouvir o que ela tinha a dizer.

Sonora estudou os dois. "Pedi para que os dois ficassem para trás porque pensei em dar uma palavra de aviso", ela disse. Pôs as mãos sobre a mesa. "Designei ambos para trabalharem como parceiros no exame final."

O queixo do Sr. Potter caiu diante da frase, embora tenha se recuperado bem depressa, enquanto Draco permaneceu firme em seu lugar. Sonora resistiu à vontade de suspirar. "Nas últimas semanas, senhores", ela disse, ciente do clima tenso, "eu notei uma acentuada melhora de ambos os dois. Ao menos desta vez nada tenho a reclamar sobre seu comportamento. Como estou tentando evitar que os pares sejam formados apenas pelos amiguinhos lógicos, vocês dois juntos foram uma decisão óbvia."

Então ela fixou primeiro em um, depois em outro, seu melhor olhar penetrante. O qual, admitiu, não era tão bom quanto o de Severus ou o da Professora McGonagall, mas ainda assim cumpriu bem sua missão. "Estou contando a vocês agora, para que possam se acostumar com a idéia. Eu não quero a paz das últimas semanas despedaçada num incidente infeliz neste fim de semestre."

Ambos os garotos permaneceram em silêncio, e Sonora novamente resistiu ao ímpeto de suspirar. "Isto é tudo, senhores." Eles se viraram para sair, ainda rígidos. "Na verdade, Sr. Potter, fique mais um momento. Sr. Malfoy, espero vê-lo após o jantar."

Draco assentiu, espasmódico, murmurando "Sim, professora", antes de sair da sala de aula. Sonora dirigiu seu olhar para onde Harry Potter estava parado, sua postura dizendo por ele o que pensava de ter novamente que trabalhar com seu arqui-inimigo.

Sonora olhou pra o garoto por um longo momento antes de decidir o que estava para dizer. "Sr. Potter", disse calmamente. "Você sabe por que eu o coloquei para trabalhar com o Sr. Malfoy?"

O Sr. Potter olhou para ela, os olhos muito verdes e estáticos. Céus, este garoto era tão bom quanto Severus em esconder o que pensava, ela pensou, impressionada. Talvez ela devesse prestar mais atenção em todas as fofocas sobre Harry Potter que circulavam por aí. "Não, senhora", ele disse.

Sonora se inclinou para a frente. "Harry", ela disse, ousando em usar seu primeiro nome, "você mais do que todos sabe sobre Draco Malfoy. Você estava aqui quando isso aconteceu", disse, indicando sua perna. "E eu não tenho dúvidas de que você sabe como os termos da continuidade do Sr. Malfoy são."

Ele assentiu formalmente. Sonora estudou-o. "Diga-me, Harry, como você se sente sobre este período experimental de Draco?" Ele pareceu desconfortável e ela lhe deu o sorriso mais gentil que pôde. "Não se preocupe, apenas me diga."

O Sr. Potter pareceu estremecer um pouco, antes de suspirar e olhar diretamente para ela. "Acho que realmente fede, professora", disse abruptamente.

Ela manteve seus olhos nele. "Qual parte? A sobre ele continuar aqui ou sobre os próprios termos?"

"Os dois", ele disse, e pareceu frustrado. "Não fazem sentido."

Sonora relaxou, ainda que só um pouco. "Na verdade, fazem todo o sentido, Sr. Potter," ela disse, encostando-se de novo nas costas de sua cadeira.

Ele lançou-a um olhar confuso. "O que quer dizer?"

"Bem, é perfeitamente natural pensar que alguém que finja tão bem quanto o Sr. Malfoy devesse ser liberado desses castigos sem demora", ela disse, apoiando o queixo em uma mão. "Eu certamente tinha raiva o suficiente para querer fazer coisas bem sórdidas com ele". Ele sorriu então, claramente sabendo o que ela queria dizer.

"Mas, ao mesmo tempo, eu pude olhar por trás da ação para seu motivo escondido logo atrás", Sonora continuou calmamente. "e então, Harry, eu posso ver um garoto que não entendia realmente o fez. E eu também posso ver essa punição como a mais severa possível, fazendo o Sr. Malfoy ficar aqui e enfrentar as conseqüências."

O Sr. Potter ficou em silêncio por um segundo."Então a real punição de Draco foi... enfrentar as conseqüências", ele finalmente disse.

Sonora assentiu. "Vejo que entendeu." Deixou cair seu pulso e olhou para aqueles olhos verdes cuidadosamente guardados. "E ninguém pode afirmar que a punição particular de Malfoy seja divertida. De fato, é provavelmente causa de pena para qualquer um que não seja universalmente detestado como ele é."

Ele se viu dividido entre concordar com a professora e se deixar levar pela sua antiga antipatia pelo garoto. "Harry", Sonora disse gentilmente. "Não estou pedindo para que de repente comece a gostar do Sr. Malfoy. Particularmente porque ele não é muito propenso a considerá-lo um grande amigo." Houve então uma curva discreta em seus lábios ao dizer isto. "Tudo que estou lhe pedindo é que dê ao Sr. Malfoy a chance de se provar. Ele não teve nem necessidade tampouco oportunidade de tentá-lo antes."

Os olhos do Sr. Potter repentinamente se iluminaram em bom humor, e Sonora prendeu a respiração. Sim, ela podia ver como esse garoto era capaz de inspirar aquele tipo de amizade que ela sentia entre ele e seus dois melhores amigos. E, ela pensou num riso interno, ele ainda partiria muitos corações com aqueles olhos algum dia. "Eu não vou enfeitiçá-lo nem nada, professora."

Sonora sorriu de volta. "Então eu seria capaz de dormir tranqüilamente imaginando todos os meus alunos com boas notas", ela disse. Ele riu de novo para ela, um olhar que o tornou tão malicioso e adulto enquanto era tão jovem, ao mesmo tempo. "Vá para o jantar, Sr. Potter", ela disse e assistiu- o, impressionada, sair precipitadamente.
"Você fez o QUÊ?", Severus disse, quase derrubando a tigela de purê de batatas em seu prato.

Sonora lançou às batatas um olhar aguçado. "Qual parte você não entendeu? Eu designei Harry Potter e Draco Malfoy para fazerem seus exames finais juntos."

Severus encarou-a por um longo momento, total e simplesmente chocado. Ele sabia que Sonora estava tentando facilitar as coisas para Draco, e estava tentando ensinar respeito a ele quando não havia a menor disposição, mas ainda... "Não restará um classe inteira", ele murmurou, derrubando no prato dela algumas batatas. "Bom Deus, teremos sorte se pudermos encontrar os pedaços dele quando tiver acabado. Draco será expulso!"

Sonora balançou a cabeça enquanto pegava um prato de carne de boi que estava sendo passado por toda a mesa. "Não, eu acho que você está errado", ela afirmou, resistindo à vontade de ajeitar o cabelo dele. "Draco tem mantido um firme auto-controle nestas últimas semanas, e Merlin sabe que ele tem uma alta tendência a ceder a provocações."

Severus teve que admitir que aquilo era verdade. Quase todos os dias, Draco ia regularmente para suas aulas, coberto por vários feitiços. Ele conseguira ignorar insultos e zombarias dos outros alunos, particularmente dos grifinórios. Mas Severus mantivera sempre um olho no garoto, e podia ver o peso que ele carregava. Draco estava tendo que transformar seu quase inexistente controle em outro quase perfeito. Ele não sabia quanto demoraria para que Draco simplesmente explodisse.

"Além do mais", Sonora continuou em seu tom de voz mais persuasivo. Pessoalmente, ele descobrira suas outras técnicas persuasivas, pensou com um sorriso afetado. "Eu ainda acho que o Sr. Potter vá surpreendê-lo."

Severus grunhiu, sentindo o que quer de bom que houvesse ali se desmanchar quando o maldito nome de Potter foi mencionado. "Estou impressionado que Potter ainda não tenha destruído nada", murmurou.

Sonora balançou a cabeça enquanto começava a comer. "Eu não acho que ele faça isso ainda", insistiu. "Eu falei com ele depois de dizer aos garotos que trabalhariam juntos. Ele não é um garoto estúpido, Severus, e eu acredito que o Professor Dumbledore esteja certo, ele tem mesmo um grande coração."

Ele bufou, pondo sua carne na boca como se pudesse acabar com ela numa só mordida. "Eu já estou amaldiçoadamente cansado de ouvir sobre esse garoto e como ele é maravilhoso", ele murmurou por sob sua respiração.

"Valentão", Sonora disse a seu lado e Severus teve que resistir ao impulso de recuar. Ele não pensara que ela o tivesse ouvido. Ela soou irritada. "Tenho a impressão de que ele está tão cansado disso quanto você. Eu me recuso a julgá-lo por heresia, assim como me recuso a julgar você."

Como sempre, pensamentos como aqueles fizeram Severus suavizar. "Você é boazinha demais", disse suavemente. "Por que você sempre me atormenta?"

Ele surpreendeu um sorrisinho no rosto dela então. "Você é uma gracinha", ela disse brandamente, comendo mais um pouco enquanto Severus se esforçava para afogar uma risada.
Severus esperou até que Sonora estivesse perfeitamente adormecida, enrolada nas cobertas como uma criança, antes de escorregar de sua cama. Silenciosamente vestiu apenas suas calças de dormir antes de ir sorrateiramente até sua sala de aula.

Ficou novamente em frente ao caldeirão que mantivera fervendo nas últimas semanas. Sonora perguntara a ele em certo momento no que ele estava trabalhando, ele mudara logo de assunto respondendo apenas "um projeto" e ela não insistiu mais. Ela não demonstrava, mas ele sabia que ela estava curiosa.

Severus ergueu a tampa e testou o calor do líquido rosa pálido que fervia ali dentro. Ainda não estava pronto. Inferno, amaldiçoou em voz baixa. Não fora capaz de encontrar nada mais capaz de protegê-la. Apenas aquilo, e era tão arcaico que ele estava certo de que não fosse funcionar. A última preparação bem sucedida daquela poção ocorrera há setecentos anos atrás. Era arrogância demais até para ele achar que conseguiria sucesso onde gerações de ótimos mestres haviam falhado.

Severus rangeu os dentes. Mas ele iria continuar. Porque não podia enfrentar a segunda alternativa. Mais uma vez, convocou o livro de onde o escondia, bem no canto de uma prateleira. Abrindo-o, laboriosamente traduziu o latim, estremecendo frente às palavras necessárias e a seu significado. O inventor dela a havia escrito em enigmas? Era o último verso que lhe estava dando tanto trabalho.

Onde alguém verdadeiramente ama, não deverá haver dano,

A segurança deverá envolver a pessoa amada,

Como um coração amante irá proteger e enfeitiçar,

E da injúria há de proteger quando o poder o enlaçar.


Severus franziu a testa para aquelas linhas. Eles indicavam algum ingrediente faltando. Mas o quê, ele se perguntou pela milionésima vez.

Escorregou para trás e sentou-se em sua cadeira, observando a página atentamente. Onde alguém verdadeiramente ama... Ele a amava, sabia disso. Aquilo estava dentro dele e muito bem cravado para ser arrancado. Era como algo que ele nunca conhecera tampouco sonhara antes. Era luz e alegria e um prazer terrível, e ele odiava ter que manter aquilo trancado para segurança dela. Ele queria reclamá-la diante de todos.

A segurança deverá envolver a pessoa amada... Bem, aquela era a intenção central, não era? Algo que ele poderia usar para protegê-la do mal dentro dele.

Como um coração amante irá proteger e enfeitiçar/ e da injúria há de proteger quando o poder o enlaçar. Era ali que seus olhos estavam presos. Severus suspirou e desviou os olhos do livro aberto. Estava começando a temer que não fosse capaz de encontrar a resposta, não antes de precisar dela. Continuava sentindo como se estivesse diante de uma onda de sorte a qual acabara de se deparar, e que Sonora era ainda o alvo de suas fraquezas. Verdade, ele fora muito cuidadoso, mas como alguém poderia esconder completamente um sentimento como aquele?

À toa, girou sua varinha entre os dedos, os olhos caindo novamente sobre o livro. Proteger e enfeitiçar... Então Severus enrijeceu-se todo. Claro. Subitamente tudo fez sentido, claro sentido. Elegantemente simples e tremendamente complicado ao mesmo tempo.

Percebeu que seu coração martelava em seu peito, e respirou muito fundo, o máximo que pôde. Então ergueu sua varinha e pôs a outra mão sobre seu peito. "Habeus mea cor" disse.