Intenções Secretas
K – ok, alguém por favor me explique: o que "Mary Sue" exatamente significa? Porque eu já vi este termo em outros lugares e nem faço idéia.
Shahrezad1 – Draco? Fazer algo mau? Certamente você está brincando... hah hah hah.
Mademoiselle Morte, Peikkolapsi, Lillypotterfan, e Kurtfan: Obrigada pelo encorajamento! Nunca temam, todas as tolices dos capítulos anteriores estão para ficar um pouco mais "excitantes"... Vocês PODEM encontrar todos os presságios? Lol.
Capítulo Dezoito – Testes
Sonora ficou parada no escritório de Dumbledore e respirou fundo. O velho homem estava sentado em sua cadeira, os olhos sugestivos e focados. Aquela alegre piscadela que ela estava acostumada a ver se fora, e no lugar dela havia um mero traço de uma raiva que era quase assustadora. Merlin, tomara que ela tivesse acertado. Dumbledore queria aquela poção. Ele a queria urgentemente.
Ela desarrolhou o pequeno frasquinho que trouxera consigo, e hesitou, espiando de relance atrás de si. "Você tem certeza de que quer ficar?", ela perguntou, umedecendo o lábio.
O rosto de Severus estava impassível como pedra, os olhos frios e estáticos. "Apenas continue com isso", ele sibilou. Ela podia sentir sua tensão vindo através da sala. Aquilo iria machucá-lo mais do que a ela, pensou, antes de suspirar de novo e virando o líquido silenciosamente. Então ela engoliu o líquido claro e espumante em dois fôlegos.
Tinha um saber agradável, ela decidiu, sentindo uma certa tontura por atrás dos olhos. "Bem como morangos", ela disse baixinho, sabendo que Severus estaria gravando cada nuance de suas voz e ação com uma mente aguçada como a dele. "Há um pouco de... fiapos, eu acho, depois de tomá-lo."
Dumbledore falou suavemente. "Você sente que seus sentidos foram prejudicados de alguma forma?", perguntou.
Sonora considerou por um segundo. "Não", disse lentamente, "e tudo parece mais é um pouco desligado, se o senhor meu significado."
"Qual é a dosagem certa de água escura em uma Poção Emborrachante?" a voz de Severus falou asperamente.
Sonora piscou. "Quatro gotas", ela disse, virando-se para olhá-lo surpresa. Ele deu uma curta assentida, e então com seu rosto ainda impassível, conjurou uma pequena bola de borracha que apareceu em sua mão. "O que...", ela começou antes de se esquivar quando a bola veio voando em sua direção.
Ela falou um pouco confusa enquanto Severus se virava para Dumbledore. "Tem-se que verificar se os reflexos dela estão suficientemente normais.", ele disse naquela voz fria e inflexível. "Nós precisaríamos projetas alguns testes mais a fundo com um tipo mais atlético, claro."
"Claro", Dumbledore disse, os olhos ainda significativos para Sonora, que estava parada murmurando e ainda lançando olhares irritados a Severus. "Sonora, minha querida, você se sente pronta para testar isto contra a cruciatus?"
Sonora lançou um olhar rápido ao homem alto de vestes escuras que jogara uma bola nela, e se virou de volta para o diretor. Sentiu uma onda de nervosismo invadir seu estômago. "Sim, senhor.", ela disse, a voz um pouco mais fraca do que ela preferia.
Os olhos dele estavam intensos e azuis, e ela se sentiu sendo sugada no precipício que eles continham, a visão atemporal e o poder que estava parado logo ali abaixo da superfície. "Muito bem, então", Dumbledore disse, e ergueu a varinha.
"Crucio!"
Os músculos de Severus haviam travado firmemente desde o momento em que os dois haviam entrado do escritório do diretor e Sonora começara a relatar sua história. Ele sabia o que estava vindo, no que Sonora queria insistir, e ainda ele teve que trancar os seus dedos juntos com firmeza, as unhas arranhando as palmas das mãos enquanto Dumbledore erguia a varinha.
A luz familiar de uma Maldição Imperdoável cruzou o ar e Severus teve que se segurar para não se afastar ou, contraditoriamente, jogar-se na sua frente. Sonora não devia ser a pessoa a testar a poção. ELE devia.
Medo e pânico por ela trancaram sua mente por um mero segundo, antes que ele recuperasse seu controle. Sonora estava ainda parada de pé, ele percebeu, com um pálido brilho azul a envolvendo. A luz da maldição chocou-se contra a proteção, presa do lado de fora, até que foi finalmente absorvida.
Dumbledore segurou sua varinha fixa, murmurando alguma coisa por sob aquela grossa barba branca. Severus forçou-se a pensar do como era esperado que um Professor de Poções fizesse, e voltou sua atenção mais uma vez para a pequena figura antes dele.
Ela parecia calma, ainda que um pouco apreensiva, ele notou. Claramente a maldição não a estava ferindo. "Ande", ele clamou, e ela virou a cabeça para olhá-lo, em surpresa, erguendo uma negra sobrancelha. Ele a encarou, contendo seus nervos. "Droga, mulher, precisamos testar sua mobilidade sobre os efeitos da poção. Se vamos testá-la, que o façamos propriamente."
Um canto da boca dela se ergueu, então andou como fora mandada e começou a vir na direção dele, Dumbledore mantendo o feitiço em sua varinha. Severus estudou os movimentos dela. Ele não via nenhum sinal de que sua mobilidade estivesse de algum modo diferente do que era em normal. Franziu a testa. Eles deveriam tê-la testado nele.
"Por quanto tempo você pretende continuar com isso?", ele sibilou por sobre ela para o diretor. "Por todo o espaço dessa uma hora?". Dumbledore meramente olhou-o, e Severus repôs sua postura defensiva instintivamente. "Droga, ela não sabe lidar com a maldição", ele grunhiu.
Sonora balançou a cabeça. "Severus, eu estou bem," ela disse por trás do véu azul. "Nós realmente precisamos saber por quanto tempo duram os efeitos."
Ele mudou sua atenção novamente para ela. "Não em VOCÊ", ele grunhiu. Ela já era frágil demais; ele não deixaria que seu corpo fosse submetido à tortura de uma Imperdoável.
De alguma forma para sua surpresa, ela o encarou de volta. "Esta é MINHA pesquisa, maldição", ela disse a ele, parecendo para o mundo como um pequeno gato raivoso, ainda que um em tom azul brilhante. "E eu seria uma idiota se deixasse qualquer outra pessoa assumir os riscos do meu trabalho."
O peito dele se contraiu à imagem que imediatamente piscou em sua mente: de Sonora se contorcendo incontrolavelmente no chão como ele já vira acontecer tantas vezes antes. Como ele mesmo já fizera tantas vezes antes. As palavras dela tinham sentido, apesar de tudo. E algo em seu peito deu uma fisgada assustadora.
"Então acho que devo me retirar daqui, já que claramente não sou necessário na sua pesquisa", ele sibilou rispidamente. Ele se virou e conseguiu pôr os pés fora do escritório com uma razoável virada de vestes, feita para intimidar e aborrecer. A porta se fechou com uma pancada atrás dele, e ele começou a descer as escadas rumo ao corredor abaixo, sentindo algo estranho no fundo de sua garganta. Ele não podia imaginar o que estaria acontecendo no escritório. Ele acabaria doente se o fizesse.
Tal era a preocupação de Snape em seus pensamentos que ele não percebeu a sombra escura parada atrás de uma gárgula assim que ele entrou como um trovão no corredor, murmurando sob a respiração. A sombra ficou parada, sem se mover, e ele continuou andando, completamente inconsciente.
Sonora estava sentindo raiva e culpa e mais do que um pouco irritada quando se virou para Dumbledore, que estava ainda segurando a varinha erguida, murmurando as palavras da maldição enquanto a observava cuidadosamente, os olhos profundos e sombrios, sabendo. Ela suspirou.
"Bem, então eu NÃO devia ter dito aquilo", ela disse, amuada. "Mas ele pode ser positivamente irritante às vezes." O diretor não disse, obviamente ele devia continuar mantendo o feitiço. Mas Sonora podia praticamente ouvir a voz dele dentro de sua cabeça.
Ela fez uma careta. "Você está certo, claro", ela disse, começando a vaguear pelo escritório, ainda protegida pela camada azul. "Ele é, bem, sensível neste assunto. E eu provavelmente não devia ter deixado que ele assistisse. Eu apenas, bem..." ela se encolheu um pouco. "Quis que ele fosse parte disso."
Ela bufou. "Eu provavelmente deveria ter a parte sobre ser MINHA pesquisa, então, não é?", Ela franziu a testa, observando os títulos de alguns livros nas prateleiras por perto. "É um pouco desconcertante ver as coisas por trás desse brilho, aliás. Muito parecido com aquela tontura que senti logo depois de ter bebido a poção." Ela parou e considerou. "Não que ele cegue, mas é como se alguém que enxerga bem colocasse óculos por um momento."
Sonora correu as pontas dos dedos sobre a brochura de um dos livros em frente a ela. As Vidas Secretas dos Vampiros Alemães, lia-se. Será que os vampiros franceses tinham vidas secretas também, ela se perguntou. E os vampiros britânicos, tchecos e romenos?
Ela se deixou andar a esmo pelo escritório, tocando gentilmente as coisas, se inclinando um pouco em sua bengala como suporte, como se todo aquele tempo de pé estivesse começando a cansá-la. Mesmo que ela tentasse manter uma parte da sua mente limpa e focada em suas reações à maldição, outra parte persistia mostrando-a o olhar frio que passara rapidamente pelos olhos de Severus quando ela fora dura com ele.
Ela começou a sentir algumas ferroadas nas pontas dos dedos e olhou rapidamente para o relógio. Meia hora. Não tanto quanto ela esperara, mas ainda... "Eu acho que o efeito da poção já está terminando", ela disse, virando-se para encarar Dumbledore, as espinhadas começando a se espalhar. "Estou começando a sentir alfinetes e agulhas nas minhas mãos."
Então Dumbledore deu um aceno com a varinha, e a luz que emanava dela imediatamente sumiu. "Pouco mais de meia hora", ele disse suavemente, e Sonora sustentou o olhar dele. "Minha querida garota, deixe-me cumprimentá-la. Esta poção pode começar a virar as coisas para o nosso lado. Você acabou de criar algo verdadeiramente fantástico."
Sonora enrubesceu um pouco. "Obrigada, senhor", ela disse. "Pensei que duraria mais, mas..."
Dumbledore cortou-a com um aceno de mão enquanto um sorriso iluminava seu rosto. Aquilo jogou todo o abismo que Sonora vira antes para o fundo dos olhos dele. "Não se desculpe, Sonora", ele disse. "Você descobriu algo tremendamente importante. Fique orgulhosa."
Ela sorriu. "Ficarei", ela disse, sentindo-se morna e zonza por dentro.
O brilho voltou subitamente para os olhos do diretor. "E agora, você não tem um Professor de Poções para acalmar?"
Sonora grunhiu, sentindo o calor e a tontura irem desaparecendo. "Droga", ela murmurou, e lançou a Dumbledore um olhar fixo. "Você não podia deixar eu continuar me sentindo um sucesso".
O sorriso dele se alargou. "Não, não, a melhor parte do sucesso é compartilhá-lo", ele disse, apontando um dedo para ela. "O mesmo é com você. Vá ver Severus, e terá o resto do proveito. Nós nos falaremos de novo amanhã."
Sonora suspirou fracamente. "Sim, senhor", ela disse, virando-se e começando a caminhar para fora da sala. "Obrigada, senhor."
"Não, minha querida", ela ouviu-o dizer às suas costas suavemente quando a porta começou a se fechar. "Obrigado digo eu".
Severus estava sentado em frente à lareira em seus aposentos e meditava. Seus pensamentos eram escuros e tolos e o copo de Ogden também não conseguira fazer nada para mudá-los. Ele estava trancado ali, trancado de Sonora. Ela se virara para ele com aquele olhar raivoso na face, e aquilo o fizera sentir-se como se tivesse perdido alguma coisa.
Um canto racional de sua mente disse que Sonora nada fizera de errado ficando um pouco mordaz, afinal de contas, ele mesmo não a tratava antes daquele mesmo modo? Mas a escuridão e o Ogden e seu mal humor deixou este lado esquecido. Ela dissera que o amava. E ainda assim ela podia afastá-lo dela.
Ele engoliu em seco de novo, e teve um choque considerável quando uma dor aguda atingiu seu braço. Droga, entre todas as coisas que poderiam fazer o dia completo, ele pensou, contraindo seu braço num reflexo. Ele tinha que ser agraciado com uma visitinha ao Senhor Escuro.
Sumindo com o conteúdo do copo em um aceno de varinha, Severus se levantou e atravessou o quarto até seu armário para pegar sua capa longa e preta. Ainda quando ele jogou o pesado tecido sobre seus ombros, ele ouviu o ruído de passos se aproximando. Seu humor, já ruim, ficou péssimo.
Sonora apareceu no portal, a face hesitante. Severus não pode evitar se examiná-la cuidadosamente, procurando algum sinal de dor ou sofrimento. Ele viu um pouco de cansaço, um pouco de alguma emoção indefinida, mas todo o resto parecia bem. Desviou o olhar.
"Eu acabei de ser chamado", ele disse numa voz fria, atravessando a sala e abrindo a passagem de seu quarto para os jardins.
"Eu...", a voz dela era hesitante atrás dele. "Severus..."
Ele interrompeu-a, sentindo uma fraqueza dentro dele e não inteiramente certo do que fazer com ela. Ele não podia tê-la, não agora, não quando ele tinha que enfrentar o Lorde das Trevas. "Retornarei quando puder", ele disse, a voz insensível. Sem olhar para ela, ele entrou na passagem escura e deixou-a fechar atrás dele.
Sozinho no escuro, ele respirou bem fundo e começou a caminhar ao longo do longo corredor de pedra. Assim que empurrou a porta de saída, outra forma escura de uma coruja levantou vôo, agitando as asas silenciosamente enquanto voava sobre os campos cobertos de neve.
