Um Ato de Pirataria
Por cac-chan
Capitulo III – Então... isso é amar?
Nunca desejara ser médica, exatamente porque não sabia como agir. Não sabia o que fazer com seu "paciente", até que ouviu passos vindo juntamente com leves rugidos. Estremeceu." Seria Seshoumaru?!"
Kagome levantou-se, ficando de pé em frente ao hannyou desacordado. Se fosse realmente o capitão, teria que preparar-se para uma boa discussão. A porta entreabriu-se e por ela entrou o pequenino youkai em que Kagome havia pisado. Parou para observá-lo agora, à luz das velas. Era um youkai fofinho. Ele não deveria ter mais de meio metro de altura e mais parecia um filhote de raposa com roupas e suspenso sobre as patas traseiras.
-Boa noite senhorita! Sou Shippou, ao seu dispor!! Desculpe se eu a assustei. – começou o pequeno youkai.
-Sou Higurashi Kagome. Prazer.Desculpe por ter pisado no seu rabo.
-Tudo bem!
-Como você entrou aqui??
-Entrando ué!
-Sim ,mas como? Pode contar-me?
-Sou sempre eu quem tenho que fazer tudo... Caso você não tenha percebido, o navio esta encalhado na ilha, ele bateu em uma pedra...
- ... – Kagome estava pasma. Era só o que lhe faltava! Ficar presa em uma ilha junto com um monte de piratas... "Pelo menos Kaede, Inuyasha, Miroku e Seiki estarão comigo" pensava kagome, mesmo sabendo que esse pensamento podia ser falso. De repente, bateu-lhe uma vontade incontrolável de abraçar Shippou. Sabia que ele poderia mordê-la, mas não conseguia controlar-se. Abraçou-o, mas ao contrario do que pensava, ele se alinhou em seu colo, como seu procurasse por abrigo.
-Kagome, acho que achei em você uma grande amiga... – murmurou ele.
- Que bom... – falou ela, com um sorriso satisfeito no rosto. "Espero que um dia eu possa falar o mesmo de você, Shippou." - Por acaso você morava sozinho naquela ilha Shippou?
- Uhum... Eu morava com meu pai, mas ele foi morto por youkais malvados há dois anos anos atrás.
-Que pena...
-É... Mas às vezes é bom viver sozinho... É bom saber que não há ninguém para te trair ou matar... É só você, você mesmo e a natureza... – falou Shippou. Kagome sentiu pena... A morte do pai com certeza fora muito pior para ele do que para a maioria das pessoas, já que ele só tinha o pai... Percebeu naquele momento, que o pequeno youkai fora forçado a amadurecer para aceitar que estava sozinho e teria que viver as suas próprias custas. Sentiu uma pontada no coração.... ninguém merecia viver assim...
-Kagome....
-O que foi Shippou?
-Você parece triste... Aconteceu algum,a coisa?
-N-não Shippou, está tudo bem... – falou a garota, abraçando novamente o filhote de youkai – Eu vou cuidar de você... Serei sua amiga...
- Eu também vou cuidar de você, Kagome... – Falou o youkai, aconchegando-se no colo da garota.
-AH!! Droga! Esqueci do inuYasha!! – Kagome levantou-se de um pulo e virou-se para o hannyou que dormia. O desanimo tomou conta de seu corpo. Ela estava preste a desistir, mas não podia desistir de mais nada... Já desistira de lutar para ser livre, para não casar-se com Houjo, desistira de lutar por seus sonhos, por seus desejos... Desde que era pequena sempre acabava desistindo de alguma coisa.. Dessa vez seria diferente... Shippou estava com ela.. Ela conseguiria... Tinha que tentar! InuYasha se machucara por sua causa... Iria compensar seu erro!! TINHA que cuidar dele!! Além do mais, tinha que admitir, por alguma razão, ela apenas não conseguia deixá-lo ali e jogar a responsabilidade para outra pessoa. Algo a prendia a ele. Ela não sabia o que era, mas sabia que existia uma ligação.
Foi até a mesa no centro do quarto e pegou uma imensa tira de pano. Seiki havia informado-a que ele não poderia, já que Seshoumaru não permitiria que ele enfaixasse Inuyasha, já que ele havia dado esta tarefa a ela, por tanto ele a ensinou.
Com a ajuda de Shippou, ela levantou cuidadosamente Inuyasha, apenas o suficiente para passar a faixa sob ele. E assim foi enfaixando-o na altura do abdômen até a faixa acabar, como Seiki lhe havia instruído. Sentou-se ao lado dele, explicou para Shippou onde era a cozinha e pediu para ele pegar-lhe um copo de água. Não agüentou apenas olhar o rosto belo de InuYasha. Acariciou-lhe a face por alguns instantes e depois passou a fitar o teto, absorta em pensamentos.Pensava em tudo o que havia lhe acontecido... "Eu me odeio por ter aceitado passear com o inuYasha!! Foi por causa dele que eu vim parar nesse navio de piratas...... Mas será..... Será que isso foi realmente ruim....? Em casa, todos me viam como um membro da realeza, quase não tinha amigos... E foi assim que pude conhecer o Miroku e o Shippou..... e o InuYasha... Não!! Não foi bom conhecê-lo!! A quem estou enganando?? Sei que no fundo gostei de conhecê-lo.... " Olhou para o hannyou e, por um instante, teve a impressão de ver dois orbes dourados a observando, mas foi só por um instante, já que Shippou logo chegou, chamando a sua atenção.
No convés, homens corriam para todo o lado, descendo os botes e preparando-se para desembarcar. A correria tomava conta do Shikon. Eram botes sendo baixados e velas sendo recolhidas. A tripulação estava em ação mais uma vez. Logo, todos estavam nos botes (com exceção de Inuyasha, Kagome, Shippou e Kaede, que estava enjoada no quarto e não queria ser incomodada), remando em direção a ilha, de onde puderam ver que o casco estava danificado devido à colisão com um recife, próximo a praia da ilha.
-Kagome, eu não achei a cozinha.... – falou o pequeno youkai, entrando no quarto de cabeça baixa.
-Tudo bem Shippou... Olha, me espera aqui e olha o Inuyasha por um minutinho... Quer água também?
-Quero sim, obrigado...
-Tá bom... Já volto.. – falou a garota, levantando-se e correndo a até a escada que levava a cozinha e descendo-a rapidamente. A cozinha ficava sempre com uma barra de madeira na frente da porta, trancando-a, por opção da tripulação, já que quando ela ficava aberta, batia o tempo todo, devido ao balanço do mar. Kagome levantou a barra e a deixou numa posição em que assim que a porta se fechasse, ela desceria, pois seria difícil para ela descê-la segurando dois copos de água.
Assim que entrou no cômodo, teve um choque. A cozinha estava alagada. A água gelada lhe batia nos tornozelos, fazendo com que um arrepio percorresse sua espinha. Atravessou a cozinha, pegou uma vela, ascendeu-a e adentrou no depósito, à procura da fonte daquela inundação. Percebeu um rompimento no casco que permitia a entrada da água. A essa altura, a água já lhe batia nos joelhos. Foi andando o mais rápido que pode em direção a porta da cozinha. Tinha que sair de lá e tentar arranjar ajuda, o se não o navio poderia naufragar! Kagome tentava tirar esse pensamento da cabeça. A água escorria para fora da cozinha pela porta aberta, alagando os primeiros degraus da escada. Uma rajada mais forte de água fez com que a porta se fechasse num baque surdo e conseqüentemente, a barra caiu, trancando-a por fora.Kagome pegou uma faca e tentou tirar um pano que ficava em baixo da porta (que tinha a função de impedir que o cheiro da comida de Jakotsu se espalhasse pelo navio), porém, mesmo com toda a água e os empurrões que Kagome dava-lhe com a faca, o pano insistia em ficar ali. Kagome tentou até que a água começou a lhe bater na cintura e ela tinha que mergulhar para poder empurrar o pano. "Se eu conseguir, um pouco da água pode sair por aqui. Tomara que eles voltem logo..." a garota pensava, desesperada. Ela não sabia o que fazer. Sentia frio e medo. Queria alguém para lhe ajudar, alguém que a protegesse.
-Inuyasha...- Kagome não conseguiu controlar as palavras que saiam da sua boca...Eram palavras que vinham do coração.... " Então é isso... Esse aperto no peito, essa agonia, essa vontade quase incontrolável que sinto toda vez que chego perto dele, então é isso.... Então isso que é amar...?? É desejar ter a pessoa amada sempre por perto... É querer vê-la feliz, mesmo que não sendo ao seu lado... É precisar dela para continuar existindo? Isso é amar??" As perguntas lotavam a cabeça de Kagome... Finalmente havia descoberto seus sentimentos, mas agora, eles não tinham mais importância.
A água lhe batia na no tórax. Ela esmurrava a porta, estava desesperada, não era assim que queria morrer... e nem com essa idade... "Pelo menos se eu morrer, não terei de me casar com Houjo... Que ironia... Estou para casar-me com um dos homens mais ricos do Japão e me apaixono por um pirata...!" Kagome pensava, com um sorriso irônico no rosto. Realmente... o mundo dá voltas...Kagome pensava, desistindo de esmurrar a porta, afinal, apenas Shippou estava no navio, mas ele não sabia onde era a cozinha e não conseguiria salvá-la. Estava morta... Justo Kagome, que nunca havia feito mal a ninguém.
Porém, por mais que Kagome soubesse que seu fim estava próximo, não conseguia aceitar a idéia de que morreria. Voltou a mergulhar e recomeçou a esmurrar a porta. Suas pernas estavam cansadas, seus punhos cortados. Ela pausou as batidas por um instante, depois de cinco minutos sem resposta. Foi nadando e abraçou a superfície da mesa, boiando, seus pulmões gritando desesperados por ar... Restava apenas mais 10 centimetros sem água ali, de modo que tornada,se difícil respirar. Sentiu um forte solavanco, e viu a faca que escapara de sua mão instantes antes vindo em sua direção. Jogou-se para o lado, com o resto de força que tinha, a lamina da faca raspou em seu ombro, fazendo-lhe um pequeno corte, mas Kagome, sem ver o que estava atrás de si ao desviar da faca, acabou por bater a nuca na ponta da mesa. Sua vista ficou escura. Sua cabeça já não pensava mais como antes. Respirar era impossível, assim como mover-se. Sentia seu corpo passando entre a água. Considerava-se morta, até ser amparada por dois braços fortes, mas acabou perdendo totalmente os sentidos nesse instante.
InuYasha apenas lembrava-se da dor que sentira antes de desmaiar e de ver e ouvir Kagome defendendo-o.
De repente, fora parar no meio de um campo de flores. Viu Kikyou deitada lá. Correu até ela. Queria abraçá-la e beijá-la, mas chegando mais perto, percebeu que ela não estava sozinha. Havia alguém com ela, mas o rosto masculino estava embaçado e o corpo, escuro. Kikyou agia como se não tivesse o visto. Beijava e abraça o homem, mas ignorava totalmente inuYasha. Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto do hannyou, seguida de várias outras. Mas logo, Kikyou e o outro homem levantaram-se e foram embora abraçados, dando as costas para o hannyou. Mas logo após isso, um vento forte alcançou o campo e lançou contra o abdômen do hannyou milhares de pétalas de rosas, dando a sensação do mais gostoso carinho do mundo. Era como se rosas delicadas o cercassem e o acariciassem. O hannyou se sentia nas nuvens. Após uma meia hora assim, as pétalas caíram no chão e o carinho teve fim, fazendo o mundo em que o hannyou estava desabar. Mas após alguns minutos, as rosas acariciavam-lhe a face. Se antes ele havia se sentindo nas nuvens, agora ele havia chegado em Marte. Era a sensação mais gostosa que já havia sentido em sua vida. Muito melhor do que os carinhos de Kikyou e tão bom quanto os aconchegos de sua mãe, se não fosse melhor. Sentia as rosas percorrerem livremente seu rosto, causando-lhe uma sensação indescritível. Percebeu então que não estava sonhando. Sentiu o carinho parar e um cheiro lavanda conhecido invadiu suas narinas, ao mesmo tempo que ouvia uma voz masculina desconhecida falar:
Kagome, eu não achei a cozinha.... – "Será que era Kagome?? Era Kagome que me acariciava??? Não pode ser.... E o que ela está fazendo aqui....??" pensava ele. Não pode conter a ânsia de abrir os olhos, então o fez sem pestanejar. Lá estava a figura graciosa de Kagome, sentada ao seu lado, com a mão sobre sua cama.Porem, ela não havia percebido o olhar estranhamente calmo que o hannyou lhe lançava. Inuyasha viu também um pequeno kitsune dentro do quarto e tratou de fechar os olhos, antes que Kagome notasse que ele acordara.
-Tudo bem Shippou... Olha, me espera aqui e olha o Inuyasha por um minutinho... Quer água também? – a voz doce da garota adentrou pelo ouvido de Inuyasha, fazendo o coração do hannyou bater mais forte. De raiva. "Como ela pode ser tão carinhosa com essezinho desconhecido?!?"
-Quero sim, obrigado...
-Tá bom... Já volto.. – ele percebeu que Kagome saía e depois de um certo tempo, ele abriu os olhos.
-Quem é você?? – perguntou InuYasha.
-Shippou. Você deve ser o InuYasha...
-O que você está fazendo aqui, seu pirralhinho irritante?
- É um prazer te conhecer....
-Sai logo daqui que ninguém te quer nesse navio.... ei, como você entrou aqui?!?!?! – Inuyasha estava confuso.... era impossível entrar dentro de um navio em alto mar....?
-Entrando neh!! Duuuuuuuuuuurr – respondeu Shippou, mas Inuyasha não prestava mais atenção. Algo o preocupava. Kagome já devia estar voltando, mas ele não sentia nem o seu cheiro ali. Sentia seu cheiro na cozinha. Prestou um pouco mais de atenção e pode ouvir incessantes batidas na porta. Levantou-se mas a região enfaixada doía. Caiu sentado na cama e ficou ali, ouvindo as batidas e tentando levantar-se, até que subitamente, as batidas pararam. Inuyasha fez um esforço e chegou até a parede, onde foi apoiando-se até a cozinha. Viu a porta trancada por fora e abriu-a. Mesmo com toda a água saindo dali, ele pode ver Kagome perdendo os sentidos. De repente, sua dor havia passado. Sua consciência havia sumido. Não tinha problema se água fluía forte para fora. Era como se a única coisa importante naquele momento fosse Kagome. Sem ter controle sobre suas ações, InuYasha se lançou contra a inundação que jorrava para fora e saiu "andando" no meio da água, que lhe batia na cintura, até Kagome.
Agarrou-se a garota e deixou que a forte enxurrada o conduzisse para fora da cozinha, tomando cuidado para não bater na parede, ou ser atirado na escada. Chegando perto da mesma, deu um pulo, indo diretamente para cima. Correu o mais rápido que pode para seu quarto e deitou Kagome delicadamente na cama em que ele estivera até instantes atrás sob o olhar curioso de Shippou.
Continua...
oioi... Espero que vocês estejam gostando dessa fic... desculpa a demora, mas eu estava com um bloqueio mental....
Kohime – Oieeee... é bom saber que você está gostando da história... Fiquei muito feliz em saber disso!! Ah, obrigada pela dica que você me deu ...Você também escreve?? kissus e ja ne...
