Título: Aquilo que é vital

Autora: Miss Lyric

E-mail: miss_lyric_fic@yahoo.com.br

Sinopse: Continuação de "Amor, o refúgio das almas". Se passa várias anos depois de Hogwarts. Draco e Ginny estão casados e com filhos, vivendo uma vida tranqüila e feliz num belo lugar na França. Seu amor é ameaçado quando os problemas cotidianos parecem maiores do que a disposição para superá-los. Meio à esses contratempos, eles tentam provar a todos, especialmente a si mesmos, que o amor é, sim, tudo o que precisam para fazer da vida o que eles sempre sonharam.

Disclaimer: Nenhum dos personagens me pertencem. Eles são de J.K.Rowling, que tem todos os direitos sobre eles. Essa fan fic não foi escrita com fins lucrativos. Somente por diversão.

N/A: Eu considero necessário ler a fic que antecede essa, que se chama "Amor, o refúgio das almas". Se quiser arriscar, vá em frente, mas creio que algumas passagens ficaram confusas, etc. No mais, espero que gostem. Adoraria receber reviews e e-mails com o comentário de cada um.

3º Capítulo

As Bodas de Prata dos Weasley

-Hoje é o grande dia! Não acredito que chegou... vou rever meus pais e me sinto tão nervosa. Hoje é o grande dia! –falava Ginny, enquanto ela, seu marido e seus filhos estavam em um trem a caminho da Inglaterra.

-Você já falou isso, Ginny. Várias vezes. –comentou Draco, gentilmente.

-Oh, é verdade! Me perdoem, mas eu estou nervosa... –desculpou-se Ginny, com as mãos em torno de sua bochechas. –Pardon.

-Mamãe? –chamou Fiona, olhando a paisagem pela janela daquela cabine luxuosa. –Eles gostarão de mim?

-Minha filhinha! É claro que eles vão gostar de você. Eles vão adorá-la... adorá-la... todos eles. E vão adorar Théo também, tenho certeza.

-Que bom. Eu acho que parentes não podem se desgostar. É muito feio isso, não é mamãe?

Ginny concordou com a cabeça.

Draco parecia extremamente calmo e silencioso naquele dia. Não demonstrava o mínimo nervosismo por estar indo para A Toca, encontrar toda a família de sua esposa que o detestava. Ele simplesmente estava indiferente a tudo aquilo e, como sua filha, olhava a paisagem passando velozmente ao seu lado.

Ginny, por sua vez, estava duplamente nervosa – por ela e por Draco – e, a todo momento, certificava-se que sua família ficasse ciente disso. Ela estava inquieta e conturba naquele dia, o espírito sempre calmo dela parecia tê-la abandonado.

Théo dormia, sua cabeça estava apoiada no ombro de seu pai, e parecia imune a tudo que pudesse acontecer ao seu redor. Ele sempre dormia quando viajava de trem, o que era muito bom, já que assim não se cansava nem se aborrecia.

Fiona estava também inquieta, não tanto como sua mãe, mas ainda assim inquieta. Não parava um só instante de fazer perguntas e parecia um pouco apreensiva ao fazê-lo.

-Ginny, chérie, não é melhor se acalmar? Parece-me com os nervos à flor da pele. –falou Draco, envolvendo nas suas próprias, as mãos de Ginny.

-Pois é assim mesmo que me sinto, Draco, assim mesmo como você disse.

-Posso fazer alguma coisa para te acalmar, nem que seja um pouco? –perguntou Draco, acariciando o rosto de sua esposa.

-Você estar indo comigo a essa festa já significa muito para mim, você não pode imaginar quanto. Lembre-se de não arrumar briga na casa de meus pais, por favor...

-Pode deixar, madame Malfoy, não o farei. Você já me aconselhou essas coisas tantas vezes quanto falou que hoje é um grande dia.

A viagem de trem transcorreu tranquilamente. A cabine era muito luxuosa e confortável e a família Malfoy tinha um atendimento especial. Era só eles insinuarem que desejassem alguma coisa a mais, que três funcionários corriam para atendê-los, falando francês e parecendo até um pouco nervosos. Draco comentara, sutilmente, na primeira hora de viagem:

-Ginny, será que eles não nos darão sossego a viagem inteira? –dito em tom de deboche.

-Ah, Draco, eles só estam tentando ser gentis e prestativos. Isso mostra o repeito que guardam por você. Eu pensava que você sempre desejou impôr respeito. –Ginny olhou para o marido, pelo canto do olho.

-Eu gosto de ser respeitado, sim. Mas eles também te tratam com muita compostura, eu reparo. É quase um medo, o que eles têm por nós.

-Medo não, apreensão. Por qualquer coisa... –concluiou Ginny, depois de achar a palavra correta.

Depois de poucas horas de viagem, a família Malfoy desembarcou do trem, agradecendo a todos, que lá trabalhavam. Draco já havia reservado um quarto muito confortável e espaçoso num hotel de bruxos muito luxuoso de Londres. Eles passariam somente uma noite lá, para depois voltar a França, no dia seguinte.

Assim, chegaram no hotel e, rapidamente, foram atendidos e levados a seu quarto. Era muito chique, como Draco já tinha ouvido falar. As paredes eram cobertas por tábuas de madeira, que deixariam o ambiente um pouco escuro, se não fosse pela luz que vinha da rua e as velas. Tinha um espaço imenso dentro dele, e por esse espaço foram colocados, de maneira agradável, todos os móveis do ambiente. Havia uma cama de casal (que Draco comentara que dormiriam confortavlemente cinco pessoas nela de tão grande que ela era), coberta por uma colcha cor de vinho, muito bonita, detalhada com uns botões pretos. Mais duas camas de viúva, igualmente bonitas e com a mesma colcha. Um sofá, três poltronas, de mogno bem retalhado e estofamento de primeira-mão, envoltos a uma mesa de centro. Uma escrivaninha e alguns objetos de decoração. Em parte, parecia muito com o próprio quarto de Ginny e Draco, na Mansão Malfoy, se não fosse pelas cores empregadas e pela cortina diferente. E, é claro, o quarto na mansão tinha o toque pessoal de cada um, sendo assim bem menos formal. Havia também um banheiro no quarto do hotel, muito grande e bonito. Era todo branco, mas muito arrumado e bem planejado, funcional.

-É muito bom esse quarto, Draco. Eh bien –falou Ginny, tirando o casaco que lhe envolvia e andando de um lado para o outro. –o que fazemos agora?

-O que fazemos? Descansamos, é claro, Ginny. Estou tão cansado, você não pode imaginar.

-Não seja exagerado, Draco. A viagem quase não cansou, foi tão curta!

-Fale isso para o seu filho. –disse Draco, indicando, com a cabeça, o pequeno Théo.

O menino havia reclamado muito na hora de acordar no trem e ficara bastante irritado. A primeira coisa que havia feito quando chegara no quarto, fora se jogar em uma das camas de viúvas e dormir pesadamente, mesmo que estivesse com roupas desconfortáveis para fazê-lo.

-Acho que ele não aguentou. –comentou Draco, sorrindo de leve.

-Eu penso que é muito bom que ele durma agora, porque assim conseguirá manter-se acordado na festa, hoje à noite.

Draco concordou com a cabeça. Ele se irritava, em parte, por Ginny a todo momento fazer questão de lembrá-lo da tal festa. Ela não conseguia parar de falar nisso, por mais que ele a avisasse que aquilo se tornava repetitivo.

-Onde está Fiona? –perguntou ele, querendo mudar urgentemente de assunto.

-Não está com você? –perguntou Ginny, com um tom de urgência na voz. Draco negou com a cabeça.

–Eu pensei que ela estivesse com você... afinal, eu saí do trem carregando Théo. Você deveria ter ficado tomando conta de Fiona. –falava Draco, já não tão calmo.

-Ah, meu Deus! Ah, meu Deus! –gritava Ginny, começando a chorar. –A minha filhinha, eu quero a minha filhinha! -nesse momento ela já estava chorando de verdade e parecia bastante nervosa. Ela resolveu recorrer ao marido, então: -Draco, Draco, traz a minha filha de volta para mim! Ela não conhece nada daqui de Londres, ela pode estar perdida, com medo, sozinha, chorando! Draco, faz alguma coisa!

Draco não sabia o que fazer. Tentava consolar sua esposa, o que não adiantava nada. Procurou Fiona em todos os cantos daquele quarto e nada. Ele resolveu sair para procurá-la.

O mais surpreendente é que, mesmo com toda a confusão e os gritos de sua mãe, Théo continuava a dormir, sem expressar nenhuma reação.

Depois de algum tempo em que Draco havia saído, Ginny resolveu ir atrás dele. Desceu as escadas, correndo, e foi ao encontro do marido, que falava com um rapaz na recepção:

-Você não viu uma menina pequena, de uns cinco anos, loirinha? Com os cabelos cacheados como o de um anjo, olhos castanhos, um pouco arrogante, um jeito afetado? Quase uma princesa! Não viu? –essa última frase foi gritada por Draco.

-Meu senhor, eu não sei... eu não sei... talvez eu tenha visto... –falava o rapaz, bastante assustado.

-Se a minha filha não for encontrada, vou responsabilizar o senhor, que foi indulgente para conosco! –falou Ginny, puxando Draco pela mão e indo procurar Fiona em outra partes do hotel.

-Ela tem que estar em algum lugar, eu lembro de tê-la trazido da estação... ela está nesse hotel... mas aonde?

Foi aí que eles ouviram um choro baixo. Escondida em um canto, estava Fiona, toda encolhida e chorando. Ao vê-la, Ginny e Draco correram para abraçá-la e a mãe gritou:

-Ah, minha filhinha! Você está bem, graças a Deus!

-Nunca mais faça isso conosco, Fiona, nunca mais despareça. –falou Draco e sua filha assentiu com a cabeça.

E os três subiram para seu quarto, se desculpando com o rapaz da recepção por terem sido tão mal-educados com ele. Chegando no quarto, Théo estava acordado e, calmamente, perguntava o que havia acontecido.

-Não aconteceu nada, querido. Volte a dormir se quiser. –falou Ginny.

-Eu sei que alguma coisa aconteceu, mamãe, você está chorando... –falou o menino, indo abraçar sua mãe (mesmo que ele só alcançasse suas pernas).

Draco suspirou, agachou-se e começou a passar a mão no cabelo do filho. Então, respondeu:

-Fiona tinha sumido e sua mãe e eu ficamos muito preocupados. Mas, agora, já está tudo bem.

Nem Draco, nem Ginny, haviam esperado que aquele dia transcorresse de maneira tão conturbada. E a festa nem havia começado. Aquele sumiço de Fiona só havia servido para deixar seus pais ainda mais nervosos.

Quando eram sete horas da noite, Ginny calculou que era a hora de todos começarem a se vestir. Ela mesma usaria a seda "cor do céu da madrugada", segundo o vendedor, que havia comprado e mandado fazer um lindo vestido e o vestiu, ficando graciosa dentro dele. Colocou rouge no rosto, prendeu o cabelo num coque no alto da cabeça, o cacheou e soltou algumas mechas, que caíam em seu rosto. Pegou suas luvas, calçou seus sapatos e partiu para ajudar sua filha.

Fiona usaria um vestido de algodão cor de gelo, que lhe caía muito bem. Parecia a miniatura de um vestido que sua mãe tinha, mas isso não chegava a ser surpreendente. Fiona gostava de roupas de adulto e não hesitava ao dizer que queria usá-las. Ela deixou seu cabelo liso (com a ajuda de sua mãe, que fez o feitiço) e o deixou solto. Implorou para sua mãe permitir que ela usasse rouge, mas Ginny negou-lhe o que pedia.

Draco colocou um terno completo, preto, só com a camisa branca e penteou os cabelos para trás. Ficou pronto rapidamente, mas ouviu sua esposa lhe dizer:

-Está torta.

-O quê? –perguntou Draco, que não havia entendido.

-Sua gravata. Está torta. Deixe-me ajudá-lo. –Ginny foi até o marido e arrumou sua gravata e ele lhe agradeceu por isso.

Théo usava uma roupa igual a de Draco e havia penteado o cabelo da mesma maneira para trás. Então, ele falou, enquanto calçava os sapatos:

-Eu estou igual ao meu pai.

E Draco teve muito orgulho de seu filho naquele momento. E Théo também não sabia ajeitar a gravata e Ginny o fez por ele.

Depois de uns quarenta e cinco minutos, todos diziam estar prontos. Estavam somente esperando soar oito horas da noite, para os adultos aparatarem e levarem consigo suas crianças. Ginny estava sentada frente ao espelho da penteadeira, se mirando e ficando bastante satisfeita com o que via. Draco chegou por trás dela e colocou a mão em seus ombros. Depois, foi até sua mala e tirou lá de dentro uma caixa e voltou-se novamente para sua esposa. De dentro da caixa, ele tirou um lindo colar de prata com uma imensa pedra preciosa, chamado lápis-azuli. Ele colocou no pescoço de sua esposa e comentou:

-Trés jolie. Muita linda. Você e a pedra.

-Oh, Draco, é linda mesmo. Merci, eu adorei!

Draco sorriu para ela. Fiona estava encantada ao ver como seus pais se davam bem. Théo não entendia ainda muito bem o que era o amor e achava aquilo tudo meio fora da realidade. Mas, ao mesmo tempo, muito bonito e sincero.

Rapidamente, aconteceu oito horas da noite. Ginny tentava explicar para os filhos que aparatar não dóia nem matava, mas nenhuma das duas crianças parecia realmente convencida. Mesmo assim, concordaram em aparatar, depois que Draco jurou que não deixaria nada de mal acontecer com eles.

Eles chegaram a rua que ficava A Toca. Théo e Fiona tinham adorado aparatar e queriam repetir a dose, deixando isso bem claro a seus pais. Draco via o nervosismo de Ginny e, às vezes, chegava a pensar que a esposa tremia, o que poderia ser decorrência do frio ou da apreensão em encontrar sua família. Ele, querendo acalmá-la e deixá-la um pouco mais segura, segurou-lhe a mão lhe sorriu, confiante. Ela retribuiu o sorriso e deixou-se abraçar pelo marido.

Eles andaram alguns metros e em pouco tempo já estavam em frente a casa dos pais de Ginny.

-Ainda dá tempo de voltar. –falou Draco.

Ginny negou que faria isso. Abriu a porteira e ficou alguns minutos parada observando a casa, que mais parecia um chiqueiro que havia crescido muito. Estava toda iluminada, não só o lado de dentro, e haviam algumas decorações baratas, umas fitas coloridas e coisas assim. Ginny ainda pôde reparar na reação de seus filhos, que era um misto de curiosidade e desconfiança.

-Não vamos entrar, mamãe? –perguntou Fiona, virando a cabeça para mirar sua mãe.

A família Malfoy andou até a porta. Estranhamente, não havia ninguém para recebê-los e Ginny olhou para seu marido, buscando uma solução do que ela devia fazer: bater na porta, entrar sem a menor cerimônia, esperar.

-Não há quem nos receba, como seria esperado. –comentou Draco.

–Meus pais não tem a mínima noção de etiqueta, Draco, mas não se aborreça. –falou Ginny, e depois completou: -Acho que devemos abrir a porta e entrar, agindo naturalmente.

Então Ginny fez isso. Abriu a porta com pouca rapidez e aquilo foi irritando Draco, mas ele não chegou a reclamar. Quando a porta foi aberta por inteira, vários rostos viraram-se para ver quem estava chegando. Ginny tinha uma expressão assustada, as crianças estavam curiosas e Draco parecia muito sério. A cena durou poucos segundos, que mais pareceram uma eternidade. As pessoas que estavam na casa eram cerca de cinqüenta e estavam amontoadas em alguns sofás. Ninguém estava tão chique e bem-arrumado como a família dos Malfoy e eles se sentiram deslocados por isso. O senhor e a senhora Weasley levantaram-se depressa e correram para a abraçar Ginny, que ainda estava sem reação.

-Oh, minha filha! Quanto tempo, que saudade... que saudade... –falava a senhora Weasley, quase não acreditando que sua filha estava mesmo ali.

-Que bom que você veio, Ginny, que bom. –falou Arthur Weasley.

Molly, a mãe de Ginny, deixou cair algumas lágrimas e depois partiu para abraçar os netos que, numa primeira tentativa, fugiram, mas depois se renderam. Enquanto isso, o Sr. Weasley estendeu sua mão para Draco e eles se cumprimentaram:

-Boa noite, Sr. Malfoy.

-Como vai, Sr. Weasley? –respondeu Draco, olhando bem nos olhos do sogro, para mostrar-se confiante.

Depois, enquanto Arthur abraçava seus netos, a senhora Weasley cumprimentou Draco e ele comentou, gentilmente e de forma sutil, que o ambiente estava muito confortável (o que ele não achava na verdade, mas considerou que uma pequena mentira não faria mal algum) e que ela estava, palavras dele, "muitíssimo.. hum... simpática".

-Venham, venham... –falou a Sra. Weasleym, chamando os Malfoy. –E esses são seus irmãos, Ginny. Creio que se lembra deles, não? –brincou ela.

Estavam todos lá: Gui, Carlinhos, Percy, Fred, Jorge e Rony. Esse último, segurava a mão de Hermione (que sorriu para o casal Malfoy, encorajando-os). Os outros também estavam com suas esposas, menos Jorge que não era mais casado. Gui tinha casado com Fleur Delacour (Ginny considerou isso muito bom, porque pelo menos teria alguém para mostrar seu fluente francês) e tinha só uma filha loira que nem a mãe, que devia ter uns doze anos. Carlinhos segurava a mão de uma mulher que parecia árabe e ela estava grávida, aparentemente do primeiro filho. Percy estava com sua namorada de tempos do colégio, Penélope (agora sua esposa), e não tinha filhos. Fred havia se casado com Angelina, que jogava quadribol com ele em Hogwarts, e tinha dois filhos e uma filha. Jorge estava com seu filho também. Rony e Hermione haviam sido os mais produtivos: cinco filhos homens, uns iguais ao pai, outros cópias da mãe.

-É claro que sim, mamãe. –respondeu Ginny, sorrindo e tentando abraçar seus irmãos todos ao mesmo tempo. –Ah, meu queridos, quanta falta vocês me fizeram. Cheguei a ter saudade até das suas implicâncias e do ciúme...

Todos os Weasley cumprimentaram Draco com um aceno de cabeça e um sorriso amarelado. Draco não chegou a se irritar e falou logo em seguida, com esperanças com que todos no salão ouvissem e ele não precisasse cumprimentar um a um:

-Boa noite a todos.

Ginny cumprimentou Hermione e elas trocaram alguns elogios. A Sra. Ronald Weasley disse que a outra estava muito bonita e elegante e Ginny retribuiu dizendo que ela estava mais amável do que nunca e que aquele cabelo ao natural de Hermione lhe caía muito bem.

Tudo parecia correr bem, por mais que algumas pessoas lançassem a Draco olhares desafiadores e contrariados. Draco fingia não ligar, mas sua esposa ficava bastante aborrecida com isso. Retribuía o olhar com uma cara séria e depois virava o rosto.

As crianças, Fiona e Théo, foram brincar com seus primos e subiram as escadas para ir em algum quarto fazê-lo em paz. Draco e Ginny sentaram-se junto dos Weasley, mas não pareciam completamente confortáveis.

-Você está tão linda, Ginny. –falou Molly, envolvendo as mãos da filha, dentro das suas próprias. –E tão elegante... algumas vezes ouvimos falar isso mesmo de você, mas só agora pude constatar. Parece aquelas moças famosas que aparecem em revistas e nas colunas sociais.

-Geralmente, nós saímos nas revistas e aparecemos colunas sociais. –comentou displicentemente Draco, num tom de voz baixo, mas que todos puderam ouvir.

Molly Weasley fingiu não ouvir, mas Ginny lançou a Draco um olhar de reprovação.

-Ora, mamãe. Eu estou igual eu sempre fui... –falou Ginny, um pouco envergonhada pelos elogios e pelo o que seu marido havia dito.

-Não, não, não. Parece que você sempre foi rica, desde que nasceu. É uma dama!

-Une charmante dame. –completou Draco, mas ninguém (além de Ginny e Fleur) entenderam o que ele havia dito. Então, lembrou-se que não podia falar francês, ordens expressas de sua esposa.

-E então, Sr. Malfoy –disse Arthur Weasley, tentando achar assunto. –no que o senhor trabalha mesmo?

-Eu faço transações internacionais e grandes investimentos. Acho que os trouxas chamam-me de executivo, algo assim. –respondeu Draco, mostrando indiferença.

-Ah, os trouxas! Eles são criaturas tão curiosas. Ginny deve ter dito-lhe que eu adoro objetos trouxas. –falou o Sr. Weasley, tentando desviar o assunto para uma área que ele conhecesse.

-Creio que ela comentou algo à respeito.

-Lembro de papai tendo fascinação por trouxas desde que me considero por gente. –falou Rony, tentando entrar na conversa.

"Ou seja, ele nunca foi fascinado pelo mundo trouxa, Weasley, seu animal", pensou Draco, que sorriu com o prórpio pensamento.

-Uma vez, pegamos o carro de papai e fomos buscar o Harry na casa dos tios dele. –continuou Rony.

Na mera menção do nome de Harry Potter, Draco tornou-se sério e reparou que Potter não estava na festa. Draco procurou-o, tentando ser discreto, mas não foi possível encontrá-lo. Ele achava que Ginny também devia ter reparado nisso, porque ela o olhou com uma expressão estranha.

-Eu tenho um carro, dois na verdade. –falou Draco, querendo parecer superior. –E eu sei dirigir.

-Eu também sei dirigir. –respondeu Rony. –Mas eu não tenho um carro. –completou, parendo um pouco humilhado e contrangido. Draco ficou contente com isso e não pôde evitar que um sorriso de superioridade se formasse em seu rosto.

Draco teve vontade falar "foi o que eu imaginei", mas controlou-se e apenas assentiu com a cabeça, sentindo-se vitorioso.

-Vejo que tem muitos filhos. –comentou, sem assunto.

-Ah, sim. São só homens. O mais velho é o John, depois vem o Paul, depois o Philip, o Roger e o bebê que minha esposa está segurando nasceu a um ano e se chama Eustace.

Draco teve vontade de fazer uma careta por causa daqueles nomes, mas se conteve novamente.

-Foi um filho por ano, no meu casamento com a Hermione. Ela está grávida de mais um, mas só de dois meses. –falou Rony, um pouco envergonhado pela expressão surpresa de Draco. –Sabe como é... e Hermione acha que será outro menino. Mas eu quero que seja menina.

"Mon Dieu! Esses dois não devem parar nunca para descansar", pensou Draco.

-Se for menino vai se chamar Frank e se for menina vai se chamar Margareth.

Essa Draco não aguentou! Rony Weasley falando sobre bebês com ele? Draco ficou enojado só de lembrar daquelas palavras "se for menino se chamará Frank e se for menina o nome será Margareth". Aproveitou que Ginny estava indo servir-se de champagne, pediu licença e foi ao encontro de sua esposa.

-Seu irmão está ficando maluco. –comentou, servindo-se de vinho branco.

-O Rony?

-Oui. Ele já tem cinco filhos e um está para nascer. Épatant!

-Hermione já havia me contado. Surpreendente, não? Seis filhos, igual meus pais.

-Há uma pequena diferença, Ginny. Seus pais tiveram seis filhos em vinte e cinco anos de casamento. Seu irmão teve seis filhos em seis anos, porque ele casou um ano antes de nós. Não sei nem como ele consegue alimentar a todos.

-Draco, não seja maldoso, por favor. –disse Ginny, olhando bem nos olhos do marido. –Bem, mudando de assunto, mamãe contou-me que adorou o presente que lhe mandamos. E ela reparou na letra W, que estava cravada e disse-me que foi o melhor presente que recebeu. Fico muito feliz, você não?

-Acho melhor voltarmos para junto do resto das pessoas, senão podem pensar que estamos falando mal de alguém e isso não é educado.

-Você reparou que nessa festa não tem música? Dava tudo para dançar uma valsa, flutuar pelo sala, ah! Vou falar isso para mamãe. –assim, Ginny voltou-se a sentar do lado de sua mãe e comentar sobre a falta de música.

-Oh, Ginny, tem razão! Eu esqueci completamente. –dizendo isso, Molly Weasley tirou, de dentro de suas vestes simplórias, sua varinha e, com um movimento, uma valsa leve começou a tocar. –Eu havia prometido não fazer mágicas hoje, mas essa é uma exceção por uma causa nobre. Bem melhor assim, não?

-Com licença, Madame Mamãe, mas será que posso roubar-lhe minha esposa por uns momentos, para dançarmos tal valsa tão adorável? –perguntou Draco, fazendo uma reverência e encantando sua sogra.

Draco e Ginny valsavam perfeitamente e como ela mesma dizia, como se flutuassem. Eles adoravam dançar e, quando o faziam, ninguém conseguia tirar os olhos deles. Só o casal Malfoy dançava, mas rapidamente Hermione convenceu Rony de dançar e eles foram para um espaço mais vazio da sala, que tinha sido aumentava por causa da ocasião. Eles dois não dançavam tão bem e tão graciosamente quanto Draco e Ginny, mas não eram maus dançarinos.

-Eu acho que ela é feliz, Arthur. Draco a faz muito feliz e, por mais estranho que pareça, faz muito bem à ela. –comentou Molly Weasley a seu marido.

Em um outro momento, em que Ginny estava no quarto de seus pais, junto de sua mãe, vendo os presentes que ela recebera, Molly parecia meio aflita para fazer várias perguntas à sua filha. Essa olhou-a, divertindo-se, e falou:

-Mamãe, estou pronta, completamente preparada. Pode fazer as perguntas que quiser.

-Oh, Ginny, que bom. Estava pensando que você não gostaria se eu começasse a perguntar muito, então eu estava bem apreensiva quanto a fazê-lo ou não. –respondeu a Sra. Weasley.

-Não vejo problema nenhum em você perguntar. Diga-me, o que quer saber?

Molly Weasley ficou alguns segundos em silêncio e depois falou:

-Conte-me sobre sua vida de casada. Como seu marido é com você?

-Draco? Oh, ele é maravilhoso, maravilhoso. No começo do casamento, no primeiro ano, quero dizer, eu estava meio deslumbrada e achava meu marido perfeito sobre todos os aspectos.

-E não acha mais?

-Hoje eu consigo ver seus defeitos e tolerá-los, assim como ele vê os meus e os suporta. Ele é um sujeito de sorte, como costumam dizer, e vive me mimando e mimando as crianças. Mas ele é sempre muito presente, diz o tempo todo que me ama e adoramos conversar. Ele é muito inteligente e esforçado. Temos uma vida boa e eu sou muito feliz.

-Não tenho dúvidas disso, Ginny. E seus filhos?

-Eles são uns anjinhos. Quando eles ainda eram bebês, eu desenvolvi um instinto maternal muito grande e fiquei absorta para cuidar deles, rejeitando qualquer outra atividade e colocando até Draco de lado. Ele não reclamou, me entendeu e me ajudou. Agora, as crianças estão crescendo. Fiona está se tornando uma menina muito vaidosa, mas muito atenciosa. Théo às vezes nos deixa malucos com suas brincadeiras, será como os gêmeos quando for mais velho, tenho certeza. Mas ele tem uma alma boníssima e sempre se arrepende das maldades que faz para todos nós.

-Eles são lindos, lindos. Fiona é parecidíssima com Draco, e Théo parece imensamente com você. E sua casa? É bonita?

-É linda, você precisa ir conhecer um dia e eu posso lhe mostrar Paris. Minha casa, a Mansão Malfoy, fica localizada no melhor bairro da capital da França. É muito grande e tem tantos quartos, o que considero desnecessário, mas quando mudamos para lá, Draco estava com mania de grandeza. A decoração é linda, eu e Draco cuidamos de tudo, quando a casa estava sendo construída, pessoalmente. Parece aquelas casas do século dezoito por causa da decoração, mas eu adoro. A casa geralmente cheira a doce e Draco adora isso, não é um amor o meu marido? É um verdadeiro lar e somos muito felizes lá dentro. Temos vários criados e todos são muito úteis e prestativos e gostam de nós e respeitam-nos. Minha dama de companhia se chama Margot, é francesa, e eu a adoro. Devo ter-lhe falado dela por carta. Ela é sempre atenciosa comigo e somos muito amigas. Ela venera meus filhos e tem uma imensa admiração por Draco, o que me deixa muito satisfeita. Ela gosta de brincar com Théo no jardim e pentear o cabelo de Fiona. Eu a considero como a irmã que eu não tive!

-Sua vida parece-me perfeita, mesmo.

Ginny concordou com a cabeça.

-E como você se vira com o francês? –perguntou a Sra. Waesley.

-Eu falo fluentemente francês, assim como Draco e as crianças. Para falar a verdade, falamos francês o tempo todo, mas estamos evitando falar nessa língua aqui, para todos entenderem o que conversamos. Nos jantares de negócios que vou com Draco, todos falam francês, mesmo que sejam de outra nacionalidade. É considerado mais chique, não tinha como eu não aprender. Assim como aprendi normas de etiqueta, como me portar e essas coisas mais.

-Eu vejo isso, até comentei que você tem atitudes de pessoas que sempre foram ricas. –depois de uma pausa, continuou: -Agora, Draco te proporciona tudo que eu e seu pai não pudemos proporcionar. Ele tem muito dinheiiro.

-Ele ganhou esse dinheiro de maneira honesta, mamãe. Negou a fortuna que havia sido de seu pai e começou a batalhar por sua própria. Admito que estamos muito bem financeiramente e Draco pode financiar todos meus caprichos. Que não são poucos, confesso.

-Você faz muitas compras?

-Oh, várias. Eu sei que Draco acha que eu vou ficar fútil e consumista, mas eu não vou. Eu gosto de comprar sedas, vestidos, coisas para casa, enfeites, luvas... eu sei que exagero de vez em quando, mas agora prometi para Draco que vou me controlar.

-Você me assustou agora, Ginny. Não acho certo ficar esbanjando dinheiro dessa maneira só porque o possui. Você tem que se controlar e dar um bom exemplo a seus filhos.

-Acho que não sou um bom exemplo? –perguntou Ginny, um pouco preocupada.

-Não, não acho, mas eu tenho simpatia por você. Eu acho que Draco está agindo corretamente ao tentar fazer você gastar menos.

-A senhora está certa, mamãe. Eu prometo tentar melhorar nesse aspecto. Vamos descer agora? Já devem ter notado que demos uma escapadinha! Draco deve estar louco, coitado.

-Por que pensa assim?

-Você sabe como ele é. E sabe também como meus irmãos devem estar rondando ele. Eu tenho que ficar lá para protegê-lo, por mais ridículo que isso soe.

E as duas riram gostosamente, enquanto desciam as escadas, voltando para a sala onde deviam estar todos.

Ginny sentou-se do lado do marido, que conversava com seu irmão Percy. Eles não pareciam estar brigando, mas nenhum parecia estar gostando de falar com o outro. Draco parecia um pouco entediado, pois Percy falava de seu novo trabalho, que era mais chato do que qualquer outro que ele já executara.

-Oi Ginny, onde você estava? –perguntou Percy, para a irmã.

-Conversando com mamãe. –respondeu ela.

-Ah, sim. Como eu estava dizendo, Malfoy, eu trabalho todos os dias, menos domingo. É um departamento pouco conhecido no Ministério da Magia, mas o trabalho é muito complexo e...

Percy continuou falando, parecia não pretender parar. Ginny também achava aquilo muito chato. Em um momento, seu irmão falou, indicando para a porta:

-Olha! O Harry está chegando...

Num movimento repentino e impensado, Draco e Ginny (que estavam de costas para a porta) viraram seus corpos e miraram Harry Potter. Ele estava muito quase igual a última vez que eles o haviam visto. Continuava magro e até um pouco desengonçado, seu cabelo todo desarrumado e sem corte, os olhos verdes ainda eram completamente vivos. Ele continuava usando óculos, também, só que esses eram bem mais bonitos do que os de sua adolescência. E a cicatriz, aquela cicatriz em forma de raio, ela também estava lá. Não haviam dúvidas, aquele era Harry Potter e Draco pareceu bem nervoso por isso.

Logo que entrou, Harry só pôde ver uma pessoa: Ginny Weasley. Ela estava linda e ele reparou bem na elegância que ela havia adquirido e na postura de uma verdadeira lady que ela tinha. Depois, uma menina de cerca de três anos entrou na casa, segurando na mão de seu pai. A menina era muito parecida com o pai, se não fossem pelos olhos um pouco puxados, como de oriental.

-Harry, estávamos pensando que você não viria! –exclamou Rony, indo cumprimentar o amigo. Enquanto eles se abraçavam, Rony sussurou: -Draco Malfoy está na minha casa porque foi convidado. Já ouviu algo mais ridículo?

-Não, Rony, é realmente inacreditável. –concordou Harry, partindo para cumprimentar Arthur e Molly Weasley.

-Que bom que veio. –diziam todos para o menino que sobreviveu e depois partiam para fazer alguma brincadeira com a filha dele, Hannah Potter.

Harry hesitou um pouco, mas decidiu cumprimentar o casal Malfoy. Andou até eles e falou:

-Quanto tempo que não nos vemos, Ginny. –dito sem muito entusiasmo. –Boa noite, Malfoy. Vejo que vocês dois continuam juntos. –dito com certa relutância.

-Ah, sim, continuamos. –falou Draco. –Sabe como é a vida, algumas pessoas casam porque se amam e ficam juntas por toda a eternidade. Outras têm a triste sorte de viver sozinho.

-É sua filha, Harry? –perguntou Ginny, tentando evitar uma confusão.

-É minha filha, sim. Ela se chama Hannah.

Depois de mais uma frases soltas, Harry afastou-se do casal, para cumprimentar Hermione. Enquanto o fazia, não tirava os olhos de Ginny, o que irritava Draco.

-Ele não tira os olhos de você. –comentou, para a esposa.

-Quem?

-Não se faça de tola, Ginny, você sabe que estou falando do odioso Potter. Ele continua o mesmo imbecil.

-Draco, por favor, pare com besteiras. Ele só não me vê a muito tempo e está meio surpreso ao perceber que eu mudei muito, nada mais. E, além do quê, ele me conhece desde que eu tinha dez anos, é normal essa reação dele ao me ver casada e com filhos.

-Não me interessa se ele te conhece desde dos dez anos, Ginny. Você é minha esposa e pelo menos o sagrado matrimônio ele devia respeitar.

-Não exagera, Draco, por favor. Eu estava pensando... você sabe quem é a mãe da filha dele?

-Eu? Não, eu não.

-Então vou perguntar para mamãe e depois te conto. -Ginny se levantou do sofá, mas Draco a segurou pela mão.

-Por que esse interesse na vida do Potter?

-Como assim, Draco? O que você está sugerindo? Eu só estou interessada em saber quem é a mãe da filha de um dos meus mais antigos amigos e, mesmo se não fosse Harry, eu perguntaria à minha mãe. Deixe de fazer suposições malucas, porque você acabará se aborrecendo. –dizendo isso, Ginny foi para o lado de sua mãe, querendo saciar sua curiosidade. Depois, voltou-se para Draco e lhe disse: -A mãe de Hannah é Cho Chang! –ela parecia surpresa. –Está explicado os olhos puxados...

-Eles foram casados, o Potter e a Chang? –perguntou Draco, desejando intimamente que Harry fosse viúvo.

-Mamãe me disse que não. A Cho morreu três meses depois que Hannah nasceu. Coitadinha, é orfã.

-Eu não sabia que o Potter era dado a essas aventuras românticas. Aquele jeito de filhinho da mamãe pode enganar, ah, se pode.

-Não seja tão maldoso, Draco. Não tem dó na menina? Imagina, ela tem só três anos!

-Eu tenho pena dela, por ser uma criança. E tenho pena dela por ser filha do Potter, porque até que a menina tem uma cara simpática. Me divirto com crianças de caras simpáticas. Geralmente não fazem barulho, é o paraíso.

-Muito diferente dos nossos filhos. Mas eu prefiro crianças mais ativas. Hannah deve ser assim, quieta e tímida, porque está traumatizada.

-Pode ser. E eu também prefiro nossos filhos, é claro. Essa filha do Potter não vai brincar com as outras crianças?

-Deixa ela, Draco, coitada. Ela deve ter medo... –falou Ginny, com compaixão na voz. –Coitada. –repetiu.

O tempo foi passando e Harry continuava a olhar Ginny. Ela também se irritava e Draco estava se controlando para não ir tirar satisfações. Sua esposa o impedia, fazendo prender sua atenção, para que ele não reparasse que Draco a olhava. Quando isso já não fazia mais efeito, Ginny segurou a cabeça de Draco e lhe deu um beijo repentino, o que, definitivamente, tirou a atençãso dele de Harry.

Ao ver a cena, Harry Potter desviou o olhar e se entristeceu, mas ninguém chegou a reparar nisso. Rony lhe falava:

-E como vai a vida, amigão?

-Vai indo, Rony, vai indo. Assim como sempre.

-Nenhuma novidade? E os trabalhos de auror?

-Estão parados. Não há mais nada para se combater. Pelo menos não cortaram meu salário por isso. Não digo isso por minha causa, mas por Hannah. Eu tenho que cuidar nela, como Cho me implorou que fizesse quando ela estava para morrer. Você sabe, aquela doença era meio esquisita. Nunca se sabia ao certo se ela estava boa ou não.

-Hum, eu lembro. Você, um dia, chegava todo feliz, dizendo que ela estava se recuperando. No dia seguinte, ela piorava de novo. Nós não entendíamos nada. –e, mudando de assunto, perguntou com malícia: -E as mulheres?

-O que há com elas?

-Ora, você sabe. Nenhuma nova namorada, nem nada?

-Não, Rony, nenhuma namorada. Não tenho tempo para isso, Hannah ocupa quase meu dia todo. Não há mais espaço para romances na minha vida e eu já me acostumei com isso.

-Nunca conheci ninguém tão amargo quanto você.

-Não é amargura. É questão de fazer escolhas. –olhou para Hermione e falou: -E você não pára mesmo, não? Mais um fillho! Como consegue decorar o nome de todos?

-Isso envolve um trabalho muito complexo e penoso, meu caro. –e os dois amigos riram, fazendo um brinde para a fertilidade de Rony e Hermione.

-O que será que aqueles dois estão brindando? –perguntou Draco, depois que Ginny o havia beijado, se referindo a Harry e Rony. –Será que brindam a pobreza do Weasley e a solidão do Potter? –dito com sarcasmo.

-Draco, céus, como você está implicante hoje! –exclamou Ginny. –Você presta mais atenção no Harry do que em mim!

-Ah, não se preocupe. O Potter, definitivamente, está prestando mais atenção em você do que em qualquer outra pessoa.

Ginny riu, divertida. Colocou a mão no rosto do marido e lhe falou:

-Sabe que fazia muito tempo que você não era tão ciumento comigo? Eu me sinto importante quando você age assim. –e puxou Draco, para beijá-lo novamente.

Quando o beijo terminou, Draco sussurou em seu ouvido:

-Não é mal-educado darum beijo desses em público, madame?

-E não é mal-educado sussurrar em público, mon cher? –retrucou ela, olhando-o com desdém.

-Olha, Arthur, como eles se dão bem! –falou Molly Weasley, para seu marido, se referindo a Draco e Ginny. –Conversei com Ginny e, pelo o que ela me conta, ela é muito feliz.

-Me alivia saber disso. Eu nunca fui com a cara do Malfoy, mas se ele faz bem para nossa filha, eu fico feliz. –respondeu o Sr. Weasley.

-O Harry também não tira o olho de Ginny e Draco não parece muito contente com isso... não sabia que ele é dado a ter tanto ciúmes.

-Eu concordo com ele nesse ponto. Se um sujeito, antigo namorado de minha esposa, ficasse olhando para ela o tempo todo, eu também não ia gostar!

-Você também teria ciúmes de mim, Arthur? –disse Molly, esperançosa.

-Eu não teria, não. –respondeu o Sr. Weasley, deixando sua mulher aflita e decepciona. Depois, ele continuou: -Eu não teria ciúmes de você. Eu tenho ciúmes de você. –e ele abraçou a esposa, pela cintura.

-Mesmo depois de vinte e cinco anos de casado? Mesmo eu sendo gorda e feia? –suplicava a Sra. Weasley.

-Para mim, você é perfeita. –dizendo isso, ele deu um beijo na testa de Molly, que ficou encantada com tal gesto.

Enquanto Draco discutia sobre quadribol com um convidado desconhecido da festa, Ginny conversava com Hermione, e as duas tinham esperado esse momento para mostrarem uma à outra o quanto eram felizes, à sua maneira.

-Eu dou aulas particulares de todas as matérias bruxas. Eu fui convidada para lecionar em Hogwarts, mas minhas freqüentes gravidezes impediram que eu aceitasse. Estou indo para o sexto filho. –falou Hermione para a amiga.

-Já estou sabendo disso, você me disse! Parabéns, querida... eu só tenho dois e duvido que tenha mais. –respondeu Ginny, dando um curto abraço na outra.

-Por quê? Você é tão jovem. Ainda dá tempo...

-Pode ser, mas eu e Draco não pensamos nisso agora. Estamos curtindo os filhos que já nasceram e que já dão o maior trabalho!

-Imagino. Os meus também não são anjinhos... –Hermione mudou de assunto e falou: -E você resolveu não trabalhar? Não tem vontade de ter uma profissão?

-Eu trabalho, sim! Não fora de casa, sabe? Mas administrar aquela mansão dá um trabalho desgraçado. E, além da casa, há ainda os filhos, o marido. Eles não conseguiriam viver sem serem controlados por mim, a vida seria uma desordem completa! Mas eu adoro o que eu faço e sou gratificada quando vejo que tudo está bem e que todos são felizes. –falou Ginny, com orgulho.

-Você teve a sorte grande! Seus filhos são lindos, Draco gosta de você, vocês não têm dificuldades financeiras...

-Então você também tirou a sorte grande, porque dinheiro não determina a felicidade de uma pessoa.

-É, você tem razão... eu também tirei a sorte grande! –as duas sorriram e se abraçaram, o que, dessa vez, demorou um tempo relativamente maior.

Naquele momento, Rony chegou ao sofá onde as duas estavam e falou:

-Mione, mamãe está perguntando se você pode ajudá-la a colocar o bolo na mesa. Ela está na cozinha, te esperando.

-Claro, Rony, claro. Diga para ela que eu já estou indo. –respondeu Hermione, já se colocando de pé.

-Eu vou também. –falou Ginny.

-Não, não, não. –disse Rony, fazendo um sinal de negativo com o dedo. –São ordens da mamãe. Ela disse para eu não deixar você tentar ajudá-la, porque você é uma dama rica e damas ricas não fazem essas coisas.

-Ah, Rony, imagina que eu não ajudarei por um motivo tão bobo! Eu vou, sim, e está acabado. –retrucou Ginny.

-Eu concordo com o Rony, Ginny. Você não deve estar acostumada com essas coisas, deve ter mil empregados para fazer isso para você. –Hermione tentava convencer a amiga, sem obter sucesso.

-Ora, agora vejo a idéia que vocês têm de mim! Vocês me consideram uma mulher mimada e inútil. Pois eu irei ajudar, afinal, não sou feita de porcelana. Vamos, Hermione. –dizendo isso, as duas mulheres foram para a cozinha.

"Ao menos, Ginny não se tornou uma criatura desagradável e imbecil como o marido dela", pensou Rony.

Na cozinha, Hermione tentava convencer a Sra. Weasley a usar um feitiço para levar o bolo da festa até a sala, mas a anfitriã dizia ter prometido a si mesma que conseguiria se virar sem mágica naquele dia, estava irredutível. Vencida, Hermione partiu para tentar achar uma maneira de carregar aquele bolo, que parecia muito com A Toca: várias camadas empilhadas, que ameaçavam cair a qualquer momento.

Antes daquilo acontecer, Molly Weasley, ao ver que, junto de Hermione, sua filha Ginny também viera ajudá-la, repreendeu verbalmente, com as mãos na cintura:

-Ginny, o que faz aqui? Uma cozinha não é lugar para uma mulher como você! Rony não te avisou que não era para você vir, menina?

Ginny, por alguns momentos, não havia conseguido responder. Sempre que sua mãe fazia aquela pose, ou seja, colocava as mãos na cintura, a moça tinha a impressão de que estava conversando com um açucareiro, pois era o que parecia. Ginny balançou a cabeça, afastando de sua mente aqueles pensamentos maldosos sobre sua própria mãe e respondeu em seguida:

-Ora, mamãe, a senhora devia saber que eu nunca conseguiria deixar você e Hermione fazerem tudo sozinhas, porque, como falei ao Rony, eu não sou feita de porcelana!

-Não, você não é –respondeu Molly Weasley. –Mas é quase! Você é educada, fina, com maneiras requintadas e gestos elegantes. Pessoas como você não passam a comida na mesa, quando isso é solicitado, não gritam e, definitivamente, não ajudam na cozinha! E está acabado.

-Não está acabado coisíssima nenhuma! Eu não vou sair da cozinha. E vou ajudar a levar esse bolo.

-Não vai, não, mocinha. Você pode estar casada, mas ainda tem que me obedecer. Você usa luvas de renda e seda e cetim –Molly Weasley nem tinha idéia do que eram feitas aquelas luvas que Ginny usava -e se fosse ajudar estragaria tudo. Poderia manchar seu vestido e...

-Eu ficaria em desalinho! –completou Ginny. –E eu não me importo. Eu vou ajudar e não há mais nada que você possa fazer a respeito.

-Está bem, está bem! Você é muito teimosa, Ginny, cabeça-dura mesmo...

-Somente como você, mamãe, só como você... –completou Ginny, baixinho, e só ela mesma pôde se escutar.

Depois dessa pequena desavença, que se constituiu numa discussão tola, houve aquela outra briga, agora entre duas Senhoras Weasley, Hermione e Molly, só que dessa vez, Molly havia vencido.

-Se você não quer mesmo usar um feitiço -falava Hermione, contrariada. –, nós teremos que carregar isso nos braços mesmo! E é bem capaz de derrubarmos tudo, porque esse bolo não está muito equilibrado, não. Parece até A Toca!

-Não seja pessimista, Hermione, vá... temos seis mãos, podemos equilibrar o bolo dessa maneira –disse Molly, segurando embaixo do bolo. –e colocar nossa mão aqui –pousou sua mão sobre uma lateral do bolo, protegida por um papel. –e fazer a mesma coisa do outro lado! –dito com animação. –Viu, dá certo!

Quando Molly Weasley proferiu aquela última frase e ergueu o bolo, esse se balançou como gelatina e o creme que o cobria por completo começou a se espalhar e pingar sobre a bandeja, tirando qualquer rastro de equilíbrio que existia. Ginny e Hermione foram ao socorro da mulher e, com agilidade, conseguiram devolver a bandeja com o bolo para cima da mesa. Molly Weasley suspirou, aliviada:

-Muito obrigada, meninas. Eu acho que o meu jeito de levar o bolo não é um dos melhores...

-Será que estou vendo nascer uma chance de usarmos mágica? –perguntou Hermione, sorrindo.

-Não, não, não! De jeito nenhum... eu prometi por tudo o que há de mais sagrado que hoje não faria nenhuma mágica. Eu posso me virar sem feitiços, afinal, eu tenho que me garantir, mesmo sem varinha! Eu prometi, não posso. Promessa é promessa.

-Mas... –Hermione viu uma idéia chegar-lhe. –eu e Ginny não prometemos nada! –dito como se aquela frase fosse a solução para todos os problemas mundiais.

-Err... desculpa, Mione, mas... –Ginny falava com cautela. – eu quase não tenho feito mágicas ultimamente e... bem, eu não trouxe minha varinha.

Hermione não deixou-se desanimar e, num gesto exagerado, tirou de dentro de seu vestido sua varinha, a ergueu no ar, exclamando, com um ar vitorioso:

-Pois eu trouxe a minha! Pronto, está tudo resolvido... tudo resolvido...

Assim, com um feitiço simples e fácil, Hermione ergueu o bolo no ar e o fez flutuar até a sala, tomando o maior cuidado para que ele não desmoronasse nem batesse em nenhuma parede e em nenhuma cabeça.

Todos que estavam na sala pareceram interessados no que estava ocorrendo e ficaram observando até que Hermione fizesse o bolo pousar sobre uma mesa. Molly e Ginny suspiraram, de alívio, por ver que o bolo estava intacto e que tudo correra da melhor maneira possível.

-Muito obrigada, Hermione... –falou Molly Weasley, para a nora. Depois, se dirigindo a todos que estavam na festa, completou: -Viram? Eu sempre gostei dessa garota! –o que deixou Hermione bastante envergonhada.

Draco, discretamente, andou até estava Ginny e falou em seu ouvido, para que ninguém mais ouvisse:

-Aonde você estava?

-Na cozinha, com mamãe e Hermione. Vi que você estava conversando com um senhor, sobre quadribol, e achei que não se importaria. –dito com igual tom de voz.

-Não me importo, mesmo. É que Harry Potter desapareceu na mesma hora e eu já fiquei imaginando coisas tolas, só besteiras mesmo. Você sabe como eu sou.

-Ele deve estar com a filha, não sei. Você não tem que pensar bobagens sobre mim, afinal confiamos um no outro.

-É verdade. Mas não creio que o Potter esteja com a filha dele, olha ela lá. –e Draco indicou Hannah Potter. –Não é estranho?

-Um pouco, mas ele pode estar só tomando ar. Ah, Draco, vamos parar de falar no Harry... vou te contar umas coisas engraçadas que aconteceram na cozinha. Eu queria ajudar mamãe, mas ela tinha colocado na cabeça que eu não poderia ajudar, porque... –Ginny contou ao marido a história inteira e ele era um bom ouvinte, fazia algumas observações e soltava algumas risadas discretas. –Mas acabou que eu a convenci de que estava apta a ajudar! E depois houve outra discussão entre mamãe e Hermione! Meu Deus, só de lembrar eu me divirto.

Depois que alguns minutos haviam passado, Molly Weasley chamou a todos, para que se aproximassem da mesa. Ela cortaria o bolo, mas não sabia o que fazer antes disso.

-Ginny, Ginny, Ginny, me ajuda! –gritou a Sra. Weasley para a filha, que estava do outro lado da mesa. –Em Bodas de Prata se canta "Parabéns à você"? –todos no salão puderam ouvir e, os que tinham mais noção de normas de educação, soltaram algumas risadinhas.

Ginny, decidida a não desapontar sua mãe, respondeu que ela era a dona da festa, ela que haveria de decidir. Se quisesse cantar a música, estaria no seu direito. Isso tudo fora dito com um certo gaguejo da parte de Ginny.

Todas as pessoas começaram a cantar, quando a sala ficou em quase completa escuridão, iluminada somente por suas velas que estavam colocadas em cima do bolo (que ameçava cair a qualquer momento). Alguns se divertiam com aquilo, outros achavam a informalidade presente naquela festa muito agradável. Quando a cantoria cessou, Arthur Weasley falou, fazendo todos os presentes concordarem com suas palavras:

-E que esse casamento dure mais vinte e cinco anos! Que dure até quando for possível!

Cortado e servido o bolo, a festa só durou mais uma hora. Dentro desse tempo, todos se despediram e foram indo embora, a medida que se passava o tempo. Com Draco e Ginny não foi diferente, pois dentro de meia hora iniciavam todo um palavrório cheio de agradecimentos e congratulações.

-Oh, mamãe, parabéns! Não imagina como estou feliz por você e pelo papai e a festa foi muito boa, muito obrigada por me convidar... ah, papai, mais felicidade ainda... –dizia Ginny, abraçando os pais.

Draco fazia despedidas menos calorosas, com algumas reverências e discretos agradecimentos.

-Ginny, eu vou buscar as crianças... –falou Draco para a esposa.

-Está bem... elas estão no meu antigo quarto. Eu vou lá com você.

Os dois subiram para o andaronde ficava o quarto de Ginny. Ela, por sua vez, estava meio ansiosa por ver seu quarto de novo, depois de tantos anos. Quando entrou nele, ficou surpresa ao ver o quanto tudo estava mudado. Havia virado uma espécie de "quarto dos brinquedos", como uma sala de recreação para as crianças. Não havia mais cama, mas os ármarios e as prateleiras ainda estavam lá, cobertas de brinquedos.

-Então, aqui era seu quarto. –comentou Draco, olhando o espaço minúsculo, onde sua mulher havia dormido por quase toda sua vida.

-Era, sim. Mas está mudado, não era exatamente assim. Havia uma cama, sabe? –falou sua esposa, que estava, ao mesmo tempo, triste e contente, num misto bastante peculiar. –Crianças, vamos embora?

Depois de alguma lamentações, Fiona e Théo seguiram seus pais e se despediram de todos seus parentes que ainda estavam na festa.

Ginny aproveitou e falou para sua mãe, com sutileza:

-Mamãe, por favor, venha nos visitar qualquer dia desses. Draco não se importará, não é mesmo?

Draco não esperava por aquilo, mas não chegou a ser uma surpresa que o deixasse estupefato. Ele respondeu, com condescendência:

-Não, absolutamente. Tenho certeza que todos ficariam felizes em tê-la conosco por algum tempo.

Ginny sorriu para o marido e continou insistindo:

-Vamos, mamãe, diga que vai! E o senhor também, papai, se tiver uma folga...

Molly Weasley suspirou e resolveu assentir:

-Está bem, Ginny, eu vou... só espere eu arrumar dinheiro suficiente para uma viagem para a França.

-Nós pagamos a passagem do trem e qualquer outra eventualidade para você. –falou Draco, resolvendo de vez o assunto.

Já no quarto do hotel, Draco e Ginny concordaram que tudo havia transcorrido bem naquele dia e ela agradeceu à ele, ternamente, por suas gentilezas para com a mãe dela. No dia seguinte, retornaram à França, com uma sensação de que a paz, finalmente, estava sendo declarada.

N/A 2: Estou totalmente desmotivada a escrever essa fan fic... e tenho a impressão que ninguém está lendo mesmo... vou encurtar a história que, agora, terá NO MÁXIMO 10 capítulos. Ou até menos... Beijos