Título: Aquilo que é vital
Autora: Miss Lyric
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Sinopse: Nem estranhos acontecimentos podem deter duas pessoas de se apaixonarem. Ginny e Draco aprendem a se gostar e mostram que para uma alma conturbada não há melhor esconderijo que o amor.
Disclaimer: Nenhum dos personagens me pertencem. Eles são de J.K.Rowling, que tem todos os direitos sobre eles. Essa fan fic não foi escrita com fins lucrativos. Somente por diversão.
N/A: Essa fan fic está sim centrada em Draco e Ginny. Terá cerca de quinze capítulos (no máximo, se eu estiver realmente inspirada) e conta como esse casal se apaixonou, entre alguns mistérios "casuais" em Hogwarts. Tentarei fazer o melhor possível e conto com a ajuda de quem ler a fan fic para melhorar cada vez mais. Isso poderá acontecer através de críticas construtivas, elogios e sugestões. Ficaria grata se reviews fossem deixadas ou se eu recebesse e-mails. No mais, espero que gostem.
6º CapítuloGravidez em dose dupla
Já estava amanhecendo. Há poucas horas, Draco Malfoy havia encontrado pela última vez na sua vida com seu pai, Lúcio, e, depois disso, ficara ainda mais difícil que ele conseguisse adormecer. Uma coisa era verdade: estava mais tranqüilo. Ele não conseguia duvidar de seu pai, quando esse mesmo assegurou que não era o novo Voldemort. Draco sempre soube perceber quando Lúcio mentia, no entanto, ele não havia percebido nada daquela vez. Aquela certeza foi um tanto reconfortante.
Dali a pouco, as pessoas da casa começariam a acordar. Todos estranhariam se encontrassem Draco sentado naquela poltrona, com roupas do dia a dia, naquela hora. Ele não se sentia tentado a dar mil e uma explicações. Reuniu forças, subiu as escadas e andou até seu quarto. Com muito cuidado e discrição, empurrou a porta de madeira, o que fez um leve grunhido.
O quarto estava escuro e o único foco de luz vinha de uma fresta da cortina. Uma faixa mais clara corria diretamente ao encontro do rosto de Ginny e, pelo jeito, ela ainda estava dormindo.
"Ainda bem", pensou Draco, andando até sua cama e sentando-se ao lado do corpo de sua esposa. As mãos dele deslizavam pelo cabelo ruivo dela, os dedos cavavam, com delicadeza, dentro de cada mecha vermelha. -Ela é tão linda –falou Draco, bem baixinho, sorrindo de leve.
Ele adorava o contraste que via em Ginny. A pele alva, bem clarinha, delicada. E os cabelos vermelhos, quentes, chamativos. Ela tinha uma aparência assustadoramente frágil, na opnião de Draco, como uma boneca de porcelana amedrontada. Mas, só quem conhecia Ginny de verdade, sabia que aquela impressão não correspondia com o que ela era de verdade. Era uma mulher forte, corajosa, boa e cheia de amor. Capaz de despertar a estima de muitos e a raiva de um número mínimo de pessoas.
Ginny começava a se mexer com mais freqüência e sua boca se contorceu em um sorriso feliz.
-Hum –gemeu ela, virando-se para o lado onde estava Draco. Ginny abriu os olhos e piscou algumas vezes. –Draco... aonde você esteve? –perguntou, mas o tom de sua voz não era de cobrança.
-Se eu te disser, Ginny, você não acreditará –respondeu Draco, sorrindo.
Ginny sentou na cama, espreguiçou-se por alguns momentos, bocejou e, dentro de instantes, estava completamente desperta.
-Então, me conte. Quer me matar de curiosidade? –falou ela, encostando na cabeceira da cama e virou sua cabeça para encarar Draco. –Se tivesse passado a noite aqui, comigo, teria sentido os bebês mexerem. Eles estavam animados essa noite...
-Não acredito que perdi isso! –exclamou Draco, sem o entusiasmo que ele teria se não estivesse sem dormir por mais de trinta horas. –Mas, não posso dizer que não passei por emoções violentas essa madrugada também...
-Diga-me logo o que aconteceu!
-Você vai achar que eu sonhei com tudo isso, que eu estou louco, ou qualquer coisa do gênero, mais eu estava mais lúcido do que nunca essa madrugada.
-Eu não duvido da sua lucidez, Draco, mas, pelo amor de Deus, me fale o que houve! Pare de enrolar e diga logo...
-C'est bien! –falou Draco, jogando o corpo para trás, que bateu na cabeceira da cama. Ele pareceu nem sentir dor. Estava do lado de Ginny, bem próximo, e envolveu a mão dela dentro das suas próprias. Os dois viraram o rosto para se encararem. Os olhos de cada um mergulhava no olhar do outro, bem fundo, e não se moviam.
-E então...?
-Recebi uma visita essa noite. Alguém inesperado... antes de tudo, quero desculpar-me com você por ter permitido que ele entrasse nessa casa. Eu poderia estar colocando a vida de todos em risco, mas não consegui evitar. Eu precisava falar com ele.
-Quem é ele? Draco, deixe de rodeios!
-Meu pai. Meu pai esteve aqui esta noite –contou, enfim, Draco. Sua expressão estava séria, muito séria.Ginny se assustou. Ele poderia esperar por qualquer resposta, mas aquela parecia muito irreal. Tirou sua mão de dentro da de Draco e recuou, um pouco, para trás. Sua boca se contorceu em um sorriso estranho, um misto de medo e descrença.
-Lúcio Malfoy esteve na minha casa essa noite? –falou Ginny, elevando o tom de voz e dando mais destaque para as palavras "minha casa". –É isso que você está me dizendo?
-Sim, Ginny, mas fique calma, por favor! –pediu Draco, olhando, com um leve desespero, para a esposa, que se levantava da cama e colocava-se em pé.
Ginny segurou umas mechas do seu cabelo, que teimavam cair em seu rosto, com as mãos. Ela começou a andar de um lado para o outro.
-Ele não estava morto? Eu pensei que ele estivesse morto! –gritou ela. –O que ele queria? Ele fez alguma coisa com meus filhos? Ah, meus filhos! Cadê eles? Eles estão bem? Me responde!
-Calma, Ginny, meu pai não queria nada de mais! –Draco se levantou e andou até sua mulher, segurando os braços dela junto a seu corpo. Ela levantou seu rosto e seus olhos, cheios de lágrimas, nunca haviam parecido tão desesperados ao seu marido. –Nós não saímos do primeiro andar... fique calma...
Draco passou seus braços ao redor do corpo de Ginny e puxou ela para junto dele. Ela deixou-se abraçar, sem resistir, e chorou um tanto.
-Jura que aquele monstro do seu pai não fez nada com meus filhos? –perguntou ela, toda dengosa.
-Juro, Ginny, juro! Você acha que eu teria deixado, se ele quisesse fazer qualquer coisa contra Fiona ou contra Théo? Eu defenderia os dois com a minha própria vida, você sabe disso. Além do mais, meu pai está fraco. São poucas as forças que restam a ele e elas só são suficientes para ele conseguir andar, respirar e coisas assim. Se ele tentasse fazer mal algum contra uma das crianças, o que ele não quis, absolutamente, qualquer um deles, Théo ou Fiona, poderiam dar um pontapé na canela de meu pai. Isso poderia resultar na morte dele, o que não me surpreenderia. Para você ter uma idéia de como ele está.
-Não posso acreditar que seu pai esteja assim, tão fragilizado.
-Eu sei. Se me dissessem, eu também não acreditaria. E ele não está fragilizado, ele é fraco agora. É diferente.
-Mas, ele era tão forte, corajoso, cruel... cheio de saúde, eu acho...
-Ele era assim. Com certeza, eles tem passado por maus bocados. Os últimos anos não devem ter sido fáceis para ele, sem dúvida.
-O que é muito merecido, aliás. Por tudo o que ele fez, durante toda a vida, a morte para ele seria uma benção –falou –falou Ginny, com raiva, e enxugando as lágrimas com a ponta dos dedos. –Ele merece viver sofrendo ou até mesmo ir para Azkaban.
Draco não falou nada, só abaixou sua cabeça, sem jeito.
-Oh, me desculpe, Draco, mas eu me esqueço, às vezes, que ele é seu pai. Pelo menos, para uma coisa ele serviu. Você tenta ser, para seus filhos, exatamente o oposto que ele foi para você. Ou seja, você é para Fiona e Théo o melhor pai do mundo.
-Também não é assim, Ginny. Eu... eu gostava do meu pai. Ou, pelo menos, não lembro de não gostar dele. Durante toda a minha vida ouvi falar que eu sempre quis ser como meu pai. É claro que isso pode ser exagero da minha família, fantasia, ilusão. Mas, acho que não é. Eu já fui muito diferente do que eu sou hoje, Ginny, e se eu não tivesse te conhecido, poderia estar igual ou ainda pior que meu pai.
-Não diga uma coisa dessas! –gritou Ginny, soltando-se dos braços de Draco e ameaçando-o com o dedo indicador. –Nunca mais... nunca mais ouse falar uma besteira assim!
Draco sorriu de leve. Seus dedos foram ao encontro do rosto macio de Ginny. Sua mão deslizou por toda a pele dela e sua esposa se rendeu àquele carinho. Sua mão, bem menor que a de Draco, cobriu a dele e eles ficaram alguns instantes ali, esquecendo-se do mundo que rodeava aos dois.
-Agora –falou Ginny, andando até a cama e chamando Draco para perto. -, você irá me contar tudo o que aconteceu, detalhe por detalhe. Sem esquecer de nada.
Draco suspirou e resolveu obedecer.
-Ele não queria nada de mais, eu já te disse isso –falou ele. –Nós conversamos, como se nada tivesse acontecido, ele falou sobre você, viu fotos das crianças... ele me assegurou que não é o novo Lorde das Trevas e, quer saber?, eu acreditei nisso.
-Ele pode muito bem estar mentindo, Draco!
-Não... se ele estivesse, eu saberia... não sei como, mas se ele estivesse mentindo para mim, eu perceberia isso na hora. Além do mais, ele não tem porquê mentir.
-Ah, claro, ele não é Lúcio Malfoy, um dos maiores Comensais da Morte que já existiu. Ele tem um coração bom e todos devemos ter misericórdia por sua pessoa tão digna! –dito com muita ironia.
-Ora, Ginny, você não viu meu pai. Você não sabe como ele está. Em certo momento, ele se deitou no sofá e ficou lá, se contorcendo, completamente acabado. Lúcio Malfoy não representa mais perigo. Ele vai morrer em breve, Ginny, eu te asseguro disso. Não vale a pena discutir por causa dele, acho mesmo que meu pai veio até mim para se despedir, e eu não quero brigar com você.
-Eu também não quero brigar com você, mas é difícil para mim aceitar que Lúcio Malfoy esteve na minha casa há algumas horas. É muito surpreendente para mim que ele tenha vindo para levar uma conversa amigável e ir embora. Não, Draco, para mim tem alguma coisa por trás disso tudo!
-Não tem, Ginny, não tem. Eu nunca colocaria a vida de vocês em perigo. E te garanto que meu pai não representa mais perigo para nós... eu me responsabilizo. Ele não fará nada de mal para nós. Será que, de repente, assim, muito inesperadamente, você poderia acreditar em mim, nem que seja um pouco?
Ginny balançou a cabeça, positivamente. Jogou seu corpo para frente e caiu nos braços de Draco. Os dois ficaram assim por algum tempo.
Começaram a bater na porta e o barulho ecoou por todo o quarto. Draco e Ginny soltaram-se um do outro e ele levantou-se para abrir a porta. Mantinha a cabeça reta e não viu ninguém. Ora, que estranho... alguém deveria ter batido. Quando abaixou sua cabeça, viu que Théo e Fiona estavam sentados, todos encolhidos, no chão e dedicavam a ele um sorriso angelical.
-Vocês precisam crescer, ou um dia serão pisoteados, como dois vermes estúpidos –falou Draco, erguendo os filhos com os braços e levando os dois para dentro do quarto. Enquanto isso, Ginny fechava a porta, antes de ir se juntar ao seu marido e seus filhos.
-Que maldade, Draco! –exclamou ela. –Eles têm muito tempo para crescer e, quando isso acontecer, ficarei muito deprimida. Queria meus filhos pequenininhos e fofinhos assim para o resto da vida! –Ginny abraçou seus filhos, com um sorriso iluminado no rosto. –Coisas lindas da minha vida!
-Eu quero crescer! –gritou o rebelde Théo, se soltando de seus pais e, em um pulo, subindo na cama, antes de lançar um olhar a todos, como quem avisa que os momentos de tranqüilidade estavam cessando. Como um diabo endoidecido, o qual não tem controle sobre suas emoções, saltou vezes seguidas no colchão, amarrotando os lençóis e fazendo um som engraçado e esquisito ecoar pelo quarto.
-Théo! THÉO! –gritou Ginny, pegando o filho pela cintura e colocando-o no chão. –O que pensa que estava fazendo?
-Mãe, porque não trocamos o Théo por uma bicicleta para mim? –sugeriu Fiona, esperançosa. –Perto da escola, tem uma mulher, ela tem uma verruga do lado do olho, sabia?
-Ah, que legal, Fiona –falou Ginny, estranhando a esquisita ligação que sua filha tinha estabelecido em trocar o irmão por uma bicicleta e verrugas.
-E essa mulher, sabe, mãe?, ela não pode ter filhos. A minha amiga que me disse.
-Ah, jura? Coitada... deve ser muito triste.
-Que nada, ela é horrível –falou Fiona, com uma espécie de nojo. –Mas tem uma bicicleta, que ela usa para entregar jornais, sabe? Ela odeia todas as crianças, minha professora diz que é porque ela queria ser mãe da gente. Aí, eu pensei, a gente podia fazer uma troca com ela... a gente dava o Théo para ela e ela dava a bicicleta para mim, aí ela ficava mais feliz e eu também.
Draco, rindo, respondeu:
-Essa é uma idéia ótima, realmente!
-Draco! –ralhou Ginny, antes de se virar para a filha e explicar com carinho: -Querida, não podemos trocar seu irmão por uma bicicleta.
-Por que não, mãe? –perguntou Fiona, tristonha.
-Porque eles mais de mim do que de você, sua feia! –falou Théo, mostrando a língua para a irmã.
-Nós gostamos igual dos dois –garantiu Ginny. –Amamos você, Théo, do mesmo jeito e com a mesma intensidade que amamos Fiona... não é, Draco?
Draco confirmou, em um movimento de cabeça.
-E –continuou Ginny. -, digo por mim, mas acredito que seu pai sinta o mesmo, às vezes o que eu sinto por vocês é tudo o que eu tenho e todo o meu corpo é tomado por esse amor, parece que não vai caber em mim e eu vou acabar explodindo...
-Como uma bexiga, quando a gente enche muito?
-É, como uma bexiga –falou Ginny, sorrindo de leve. –Não conseguiríamos viver sem vocês dois... não mesmo.-Vocês vão entender quando tiverem filhos –garantiu Draco.
-Eu nunca vou ter filhos –falou Théo, mexendo em um abajur de cristal na mesa de cabeceira da sua mãe.-Eu pensava isso até uns... não sei, uns seis anos atrás. Mas, pelo jeito, mudei de idéia, certo? –disse Draco, tirando o filho de perto daquela mesa, pois se algo fosse quebrado, Ginny acabaria enfartando. Draco podia até ouvir ela dizendo "ai, meu filhinho, você se machucou? Não? Que bom... agora, seu demônio, o que achava que estava fazendo, hein? Hein? Maldito". Draco sorriu com esse pensamento.
-Eu nunca vou mudar de idéia –falou Théo.
-E eu queria tanto uma bicicleta –suspirou Fiona e, com um impulso, sentou-se na cama. Com os cotovelos nos joelhos, apoiou a cabeça sobre as mãos e assumiu um ar de completa tristeza. Claro, ela sabia, sua mãe ficaria agonizada.
-Ah, filhinha, seu pai sai com você um dia e ele compra para você a bicicleta mais linda da loja –falou Ginny, sentando-se ao lado da filha e passando seus braços pelos ombros da menina.
-Promete?
-Sim.
-E eu posso ter uma cesta na bicicleta?
-Claro. E pode colocar flores lá dentro.
-Posso ter uma buzina?
-Contanto que prometa não buzinar perto de mim, pode sim.
-Eu também quero uma bicicleta. Azul –falou Théo, olhando, todo pidão, para seu pai.
-Certo –falou Draco. –E a sua, Fiona...? Será de que cor?
-Rosa ou cinza.
-Cinza? –perguntou Draco, descrente.
-É, cinza.
-Se ela quer uma bicicleta cinza, Draco, ela vai ter uma cinza –falou Ginny, espreguiçando-se e se levantando da cama. –Agora, crianças, vão procurar pela Margot. E, dêem à ela um recado por mim. Digam que quero ela pronta, às nove, vestida e tudo o mais, porque nós duas vamos precisamos fazer algumas visitas. Vou entregar os convites do meu chá de bebê. Não é o máximo?
-Chá de bebê? –perguntou Draco, surpreso. –Para quê?
-Como para quê, Draco? Eu não fiz um para a Fiona, depois para o Théo? Você devia saber pra quê serve um chá de bebê.
-Eu deveria, é? Pois, ao meu ver, eles não tem nenhuma utilidade, se você quer saber, além de estarem meio, ahn, antiquados.
-O QUÊÊÊ..? –disse Ginny, perplexa. –E você pensava isso também quando a Fiona e Theodore nasceram? –se Ginny dizia o nome inteiro de seu filho, significava que ela realmente não estava pra brincadeira.
-Ah, Ginny, você não entendeu nada! Esquece, vamos fingir que eu acho super a idéia do chá de bebê, certo? Tudo bem agora?
-Não, não está tudo bem! Não mesmo.
Théo olhou para Fiona com um sorriso maroto no rosto e indicou a porta com a cabeça. Os dois não foram notados quando saíram por ela.
-Ginny, faça o chá, se isso que você quer. Por mim está bem, acredite.
Ginny ficou alguns momentos em silêncio, encarando Draco, como se seus olhos atravessassem o corpo do marido e atingissem algo bem mais distante e complexo. De uma hora para outra, sem que tivesse dado qualquer sinal da sua intenção, ela sorriu gloriosamente.
-Eu faria o chá de qualquer jeito, mesmo que você não aprovasse –falou ela.
-Eu sei disso –respondeu Draco, lançando a ela um sorriso de quem diz "sim, baby, você às vezes é muito óbvia".
Ginny andou até Draco e eles ficaram se olhando, calmamente, por alguns instantes. Até que ela enroscou seus braços em volta do pescoço dele e se equilibrou na ponta dos pés. Com os olhos fechados, ela sentiu o perfume do marido, que a embriagou, do mesmo jeito que acontecia nos tempos de Hogwarts. Então, inclinou sua cabeça para frente e beijou o rosto do marido, no limite entre o pescoço e a orelha esquerda dele. Depois, afastou-se um pouco, mas não chegou a recolher seus braços. E, assim, foi a vez de Draco inclinar sua cabeça para sempre e beijar sua esposa. Mais ousado que ela, sua boca atingiu os lábios dela, de leve. Os dois ficaram envoltos naquele beijo por um tempo não muito longo, um ou dois minutos.
-Eu amo você, sabia? –perguntou Ginny, quando os dois se separaram.
-Amo você também. Demais –dizendo isso, Draco, pegou a mão de sua esposa e a beijou, bem na palma.Sem mais uma palavra, os dois andaram juntos até o banheiro. E só voltaram a sair de lá depois de um tempo significante.
Ginny assumia uma aparência um tanto quanto patética quando ela resolvia assumir muitas responsabilidades, ou somente uma, que ela considerasse de muita importância. Ela enchia o peito, empinava o queixo, ficava na ponta dos pés, dobrava os braços para cima e deixava as mãos caírem para baixo. Assim, nessa pose incomum, ela mostrava-se inquieta. Andava de um lado para o outro, controlando o que cada pessoa se dispunha a fazer, dando ordens e fazendo alguns comentários estúpidos e reclamando algumas vezes coisas como "o mundo está para acabar e vocês me pedem calma, francamente".
Naquele dia, não foi diferente. Veio descendo as escadas de sua casa com uma aparência que revelava seu nervosismo.
-Draco! Margot, venham aqui! É importante... oh, sim, muito importante! –chamou Ginny, quando ainda estava na metade da escada.
Não demorou para que Draco e Margot aparecessem.
-Chamou, madame? –perguntou Margot, prontamente.
-Ginny, você não devia estar entregando os convites do chá de bebê, chérie? –falou Draco, com um sorriso. Ele sabia que essa era a razão do nervosismo de Ginny.
Ginny, com os olhos fechados, sacudiu a mão impaciente. Seu rosto assumiu uma expressão cômica, um misto de tristeza e impaciência.
-Nem me fale disso, Draco –falou ela, em voz de choro. –Estou completamente atrapalhada e atrasada –ela deu um longo suspiro, ontes de virar-se para Margot e falar: -Margot. Margot! MARGOT!
-Madame? –Margot controlava-se para não rir. O desespero exagerado de Ginny era extremamente engraçado.
-Os convites, Margot. Os convites!
-Sim, madame, o que tem de errado com os convites?
Ginny a fuzilou com o olhar. Desceu o que faltava da escada lentamente, deixando seus pés tocarem de leve cada degrau antes de avançar mais um passo. Depois, caminhou até Margot, até ficar face a face com ela. Seus lábios abriram devagar... mas, não foi com essa mesma calma que ela gritou:
-Errado? Com os convites? Não há nada de errado com os convites, Margot. E sabe por quê? Sabe?
-Porque... porque não há convites? –arriscou Margot, com o rosto assustado.
Ginny bateu três palmas. Um longo intervalo entre o fim de um e o começo da outra. Seu rosto tinha uma expressão indefinida: uma mistura estranha de insano prazer e um ódio mortal.
-Um viva para a senhorita Margot! –gritou ela, com uma voz gelada.
-Madame, eu pensei... eu... eu não pensei... quero dizer... eu pensei... mas eu não pensei... é um pouco confuso... eu não sei... eu sei que... bem... quero dizer... é... é –Margot cobriu o rosto com as mãos e, logo em seguida, começou a dar em si mesmas alguns tapas.
Ginny agarrou os pulsos de sua dama de companhia, tentando controlá-la. Draco não se aguentava de rir – sentou-se no degrau mais baixo da escada, gargalhando.
-Essa é a cena mais patética que eu já assisti –disse ela, meio a muitas risadas. Seus dedos secaram uma ou duas lágrimas que ele tinha deixado cair, de tanto que ele tinha rido. Um pouco mais controlado, continuou: -E, olha lá, o Potter tem passagens na sua vida muito patéticas...
-Draco, cala a boca! –ordenou Ginny, segurando com força os pulsos de Margot. –Agora, quanto a você, Margot, pare com isso!
-Como quiser, madame –e Margot, dizendo isso, parou de fazer força com os braços para se soltar de Ginny e abaixou a cabeça.
-Olhe para mim –mandou Ginny e, imediatamente, sua dama de companhia a encarou. –Desculpe por ter descarregado meu nervosismo em você. Eu estava errada e todos nós acabamos nos descontrolando, cada um a sua maneira –ela olhou feio para Draco, antes de voltar sua atenção para Margot. –Agora já está tudo bem. Traga minha varinha, Margot, nem eu sei onde ela está.
-Como quiser, madame –Margot abaixou-se e, de dentro de sua meia de algodão, retirou sua própria varinha. –Recomendo as meias para guardar sua varinha, se me permite, madame.
Ginny sorriu.
Margot andou por quase todos os cômodos do primeiros andar da casa. Ela falava algumas palavras mágicas, encostava a ponta de sua varinha em gavetas e armários e ele íam abrindo. Depois, fazia o feitiço para que eles voltassem a fechar. Voltou para o lugar onde Ginny e Draco estavam, trazendo a varinha de Ginny.-Aqui está, madame –falou, entregando a varinha para Ginny.
-Oh, muito obrigada –disse Ginny, fazendo alguns movimentos com a varinha, e uma torrente de faíscas coloridas saíram da ponta, como fogos de artifício, e os fagulhos caíram sobre o cabelo de Draco, que não reclamou. –Faz anos que eu não faço uma mágica –suspirou. –Será que consigo?
-Não custa tentar –falou seu marido.
-O que pretende fazer? –perguntou Margot.
-Esperem... verão em breve –Ginny pediu um bloco de folhas para Margot, que prontamente a atendeu. Ginny fez um movimento com sua varinha e murmurou algumas palavras. O bloco de papel foi transfigurado por ela em convites e envelopes. Melhor que isso: a mensagem nos convites já estavam escritas, em letras cheias de floreios, e douradas. Dizia mais ou menos assim:
"Draco Black Malfoy e Ginny Weasley Malfoy têm o prazer de convidar ao remetente para o chá de bebê que estarão promovendo.
Tal evento será realizado no oitavo dia do mês de agosto do ano de 1996, à décima sétima hora, na mansão Malfoy – o endereço segue anexado.
Sua presença é muito estimada pelos anfitriões e pelas crianças a nascer.
Répondez s'il vous plaît."
-O que pensa sobre o convite? –perguntou Ginny ao seu marido.
-Informal e funcional, ótimo –Draco sorriu. –E você deixa claro que está grávida de mais de uma criança.
-Tentei fazer isso da forma mais sutil possível. Seria muito desagradável se alguém chegasse aqui com só um presente –falou Ginny.
-Sem dúvida –concordou Draco.
-Acha que vinte unidades é suficiente?
-Oui –respondeu Draco, sem jeito por estar sendo perguntado sobre aquilo. em matéria de chás de bebês, ele era um leigo.
-Não pretendo convidar muita gente.
-Mas... pensei ter ouvido você dizer... vinte unidades. Devo ter ouvido errado –falando isso, Draco levantou-se e abraçou Ginny por trás.
-Não, foi isso mesmo o que eu disse.
Draco pensou, naquele momento, que ele e sua esposa tinham idéias diferentes sobre o que seria muita gente. Sorriu.
-Está pronta, Margot? –perguntou Ginny, já que sua dama de companhia parecia meio avoada, encarando as paredes ou o teto. A verdade é que ela realmente não gostava de olhar para seus patrões juntos.-Oui, madame. Podemos ir quando quiser.
-Certo, acho melhor irmos logo... Draco, cuide das crianças por mim –ela virou-se e encostou seus lábios de leve nos de seu marido. –Tenha uma boa manhã.
Ginny soltou-se dos braços de Draco e enroscou seu braço no de Margot, que guardou os convites em sua bolsa. As duas saíram alegremente, tagarelando sobre assuntos sem importância, e soltando algumas risadas.
Faltavam poucos convites a serem entregues. Ginny parecia exausta de andar sob aquele sol da manhã e a sombra das árvores já não eram suficientes para evitar seu desconforto. Levantou sua saia até a altura dos tornozelos e acelerou seu passo – não via a hora daquilo terminar, para ela poder voltar para casa, para seu marido, para seus filhos e, especialmente, não via a hora de descansar.
-Falta muito, Margot? –perguntou com uma voz arrastada.
-Não muito, madame.
-Quantos exatamente? –Ginny estava perdendo o fôlego – sentia como se tivesse andado cem quilômetros.-Cerca de três ou quatro ou cinco.
-Três, quatro ou cinco, Margot? –dito com impaciência.
Margot, levemente ofendida, tirou os convites de dentro de sua bolsa e verificou quantos eles eram, em voz baixa.
-Na verdade, dois, madame –respondeu. –Um para os Condè, que será nossa próxima parada. Cerca de dois quarteirões e estaremos lá.
-Os Condè? Margot, lembre-me quem são eles... eu sou péssima com nomes.
-Os Condè, tenho certeza que sabe quem são eles. Jean Condè e mounsieur Malfoy participam de uma competição muda e surda no ramo de trabalho deles e, bem, mounsieur Malfoy costuma ganhar. É claro que essa competição é do conhecimento de todos, mas ninguém ousa comentá-la. Ariadne Condè é uma mulher esquisita e sua conversa é um tanto quanto desgradável e, bem, isso é um problema, já que ela passa a maior parte do tempo tagarelando. Ela já passou dois abortos naturais, nunca uma gravidez dela foi levada até o fim, mas ela não costuma levar como ofensa um convite para um chá de bebê. É claro, isso só se ele tiver certeza de que poderá fofocar muito durante o evento.
-Céus! Me recordo vagamente deles, sim, faz algum tempo que não encontro com eles em algum jantar... são criaturas horrendas e antipáticas, minha vaga memória não deixa dúvidas disso. Por que diabos tenho que receber pessoas assim na minha casa, no chá de bebê dos meus filhos, que tem que ser um momento praseroso e especial?
-Eles são peças importantes da sociedade, madame.
-Ah, às vezes me pergunto se eu não seria mais feliz se Draco fosse um homem pobre... as coisas seriam tão mais fáceis! –suspirou Ginny. –De qualquer maneira, quem é a segunda casa que visitaremos, Margot?
-A mansão dos Bianchi –respondeu Margot, checando uma lista que ela havia feito com todas as famílias que seriam convidadas. –Não é muito longe daqui.
-Lembro dos Bianchi. Eles são muito agradáveis e eu acho a senhora Bianchi um amor. Mas, sei que é só aparência. Eles estão envolvidos em várias confusões, deconfia-se que tenham roubado milhões de seus sócios. E, mesmo assim –soltou um longo suspiro. -, preciso convidá-los.
-Eles são peç...
-Peças importantes na sociedade, eu sei –os olhos de Ginny, tão tristes naquele momento, deram à ela uma aparência sofrida. Era estranho ver toda essa tristeza, essa fraqueza em Ginny. Acima de tudo, era horrível vê-la tão desacredita e decepcionada com as pessoas, com a raça humana.
–Vamos, vamos logo. Creio estarmos chegando à casa dos Condè, não?
-É aquela, com o mastro prateada ao lado da porta principal.
-Ah, sim, estou vendo. Vamos, Margot, acelere o passo. Espero que os Condè sejam educados o bastante para nos chamar para sentar e para nos oferecer um chá gelado ou, ao menos, uma água. Vamos, ande depressa.
Margot bateu na porta, três vezes, forte o bastante para ela e Ginny serem atendidas em menos de um minuto. Uma criada bem jovem e aparentemente tímida ficou de chamar Ariadne Condè, que não demorou a mostrar sua pessoa na porta da frente da sua casa (provavelmente havia sido chamada com mágica). Ficava claro que Ariadne era uma mulher espalhafatosa. Várias gargantilhas e colares de pérolas e pedras preciosas rodeavam seu pescoço grosso e não havia um só dedo em sua mão que não suspendesse um anel. Tais anéis continham, na sua maioria, imensas pedras de todas as cores (roxo, vermelho, verde) e tamanhos (nunca menores do que seria um ovo de avestruz). Sua veste, um vestido brilhante, púrpura, até a altura de seus tornozelos e com uma fenda do lado direito que seguia até seu joelho, era quase totalmente escondido por vários panos e bandanas de cetim que ela amarrava na cintura, no pescoço ou que encaixava no decote. Tudo das mesmas cores que os anéis, obviamente. Seus braços (não havia evidência que eles existiam, na verdade) eram completamente cobertos por pulseiras e braceletes de ouro e diamantes. Era realmente um visual esportivo (como Ginny, ironicamente, arriscaria definí-lo, se não estivesse em uma espécie de surto –como se tivesse sido atingida por algum feitiço ou algo como isso)! Completando o visual, uma túnica (naturalmente inclinada para o lado esquerdo) esquisita equilibrava-se na cabeça daquela senhora, ao mesmo tempo suspendendo uma pena cor de vinho, que, de tão comprida, enconstou na parte mais alta da porta.-Ora, mas diga se não é Ginny Weasley Malfoy! –exclamou ela, arranhando bem a garganta para falar seu francês, por mais que ela tivesse mesmo nascido na França e não precisasse forçar o sotaque. Envolveu Ginny em seus braços e deu nela um beijo molhado na bochecha (o que resultou em uma marca de batom deselegante). Ginny podia sentir o perfume enjoativo daquela senhora penetrando em suas narinas, infectando todo seu corpo (até mesmo seu cérebro, se duvidassem) e sentiu, de repente, uma série de náuseas. Aquela mulher deveria evitar chegar muito perto de mulheres grávidas – poderia ser comprometedor a saúde dessas.
-Ariadne, que prazer revê-la! –exclamou Ginny, com um sorrisinho falso, assim que conseguiu se soltar daquela aberração da natureza que era errada e geralmente definida como mulher. –Creio que lembra-se de minha mais fiel amiga, Margot, não é?-Oh! –a senhora Condè não parecia esperar por uma pergunta como aquela, pois realmente não conseguia se lembrar da dama de companhia. Acabou se enrolando tanto para mostrar o quanto sentia a falta de Margot, que acabou denunciando que nada lembrava dela –Oh! Como não lembraria? Querida Margot, não sabe como sinto-me radiante em vê-la! Se tivessem me dito que você, uma amiga que tanto prezo, e Ginny, outra flor da minha vida, estavam me esperando, eu mesma teria voado para abrir a porta!
-Dividimos da mesma felicidade em vê-la de novo, querida –falou Ginny e precisou recorrer mais uma vez aos falsos sorrisos. –Não é mesmo, Margot?
-Faço das suas palavras as minhas, senhora –disse Margot, perguntou-se se seus sorrisos seriam tão convincentes quanto os de Ginny.
Ficaram alguns instantes sem assunto. Todas as três pareciam um tanto quanto aborrecidas de manter permanente as bocas contraídas em grandes sorrisos e as sobrancelhas arqueadas – Ginny quis mais do que nunca ser convidada para entrar, mesmo que fosse na casa de uma mulher como aquela. Não pode controlar seus olhos que, subitamente, espicharam-se para dentro da mansão, muito mesmo controlar que um suspiro corresse solto pela atmosfera. Sentia-se tão cansada!
Ariadne pareceu entender o recado e rapidamente pôs-se a convidar as outras duas para entrar na casa.
-Oh, que gafe a minha! Fiquei tão radiante em revê-las que simplesmente cometi a deselegância de não convidá-las para entrar! Espero que me perdoem se seus rostos ficarem com rugas... esse sol é mesmo danado! –suspirou e Ginny teve a leve impressão que pelos olhos daquela senhora (que beirava os seus cinqüenta anos) tivesse passado uma rápida onda de satisfação com a idéia de ver o rosto delicado de Ginny enterrado em rugas. Ariadne balançou sua cabeça, como quem sai de um transe para de volta à realidade. Foi um grande espanto, mas sua voz soou ainda mais desagradável quando ela falou: -Entrem, vamos... não reparem na simplicidade da casa, mas nós, os Condè, somos sempre extremamente desligados dessa coisa de luxo. O simples sempre combinou muito melhor conosco...
Entretando, Ginny e Margot rapidamente perceberam que de simples aquela casa não tinha nada. Era extravagante do começo ao fim – dos móveis e das paredes até o último prego. Cada ambiente fora decorado por um papel de parede mais chamativo do que o outro e as cores berrantes eram de cegar os olhos. Os móveis, imensos e coloridos, pareciam dançar sobre as tábuas de madeira do assoalho (artificialmente, se alternavam nas cores púrpura e lilás, resultado de alguma espécie de mágica). A decoração, todos os objetos e enfeites, fariam facilmente a casa ser confundida com um antiquário. Tinha-se a impressão de que os objetos eram conseguidos com o tempo, em viagens ou surtos de insanidade por parte dos moradores, e não combinavam entre si. A casa era poluída visualmente, o que dava um efeito contrário ao desejado: não dava a impressão de riqueza ou de luxo, e, sim, de pobreza e falta de asseio, como se o próximo passo a ser percorrido fosse empilhar os incontáveis artefatos do lugar.
-Ahn... uma bela casa, a que vocês têm –mentiu Ginny, olhando de um modo estranho para os tapetes cor-de-rosa felpudos. –Muito... ahn... agradável.
-Bem simpática –acrescentou Margot, mirando com desconfiança para os retratos que pareciam terem sido encaixados na parede; eram muitos. As pessoas só podiam ser parentes daquela mulher e de mais ninguém no mundo, pois Margot duvidava que mais alguém se vestisse e agisse daquela maneira.
Ginny tinha uma impressão bem parecida com a de Margot. Ela achava que se tivesse sido desafiada a descobrir a quem pertenceria aquela casa, sem saber da resposta, teria dito, sem pensar duas vezes, "Ariadne Condè". A casa tinha a cara, o jeito, o cheiro, tudo da dona. Isso geralmente acontece com as pessoas que apresentam uma personalidade marcante e, de alguma maneira, excêntrica.
-Sentem-se –ofereceu Ariadne e isso soou mais como uma ordem do que qualquer coisa. –Aceitam alguma coisa para beber? Um chá? Um café? Água? Vinho? Talvez champagne, para comemorar nosso feliz reencontro?
Ginny e Margot se entreolharam, mas desviaram rapidamente para evitar um acesso de risos.
-Um água seria suficiente –aceitou Ginny.
-O mesmo para mim, por favor –disse Margot.
-Água, é? Hum... está bem, então –falou Ariadne, com desgoto. Ou seria desprezo? –EEEELFOOOO...! –chamou ela, com a voz bem fina, bem irritante.
"Hermione ficaria irada se visse isso", pensou Ginny. Hermione continuava totalmente contra à exploração sobre os elfos domésticos, por mais que a vida adulta tivesse feito com que ela desistisse do movimento F.A.L.E.
Um elfo domético apereceu quase imediatamente à porta da sala de estar. Um assombro parecia ter tomado conta de seu rosto – o que não era supresa tratando-e de um elfo. Eles geralmente pareciam assustados.
-Chamou, minha senhora? –falou ele, com uma voz bem aguda. –A senhora está precisando de alguma coisa, minha senhora?
-O que mais seria, elfo burro? Estaríamos eu e mais essas duas agradáveis mulheres competindo quem consegue gritar mais alto? É claro que te chamei, elfo!
-Perdoe esse velho elfo imprestável, minha senhora, perdoe Jonky! Jonky não fez de propósito, minha senhora, mas é que a senhora, minha senhora, gosta de me chamar quando está entediada! –o elfo pareceu, subitamente, apavorado. A Sra. Condè tinha acabado de lançar a ele um olhar furioso. Jonky, então, pegou o cinzerop de estanho de uma mesinha de canto e bateu, repetidas vezes, com o objeto na testa. –Jonky mau, muito mau! Jonky foi injusto com sua senhora... Jonky merece ser punido!
-Pare de fazer isso, elfo estúpido! –gritou Ariadne, não podendo conter um cuspe na última palavra. –Traga dois copos de água, do jeito que te ensinei, pra as minhas duas amigas. Pra mim, pode ser conhaque. Vá, vá rápido!
-Sim, minha senhora... como quiser, minha senhora! –dizendo isso, o elfo saiu em disparada, ainda muito assustado, em direção à cozinha.
-Um contratempo cotidiano –comentou a Sra. Condè, refazendo o sorriso depois da partida de Jonky. –Espero que não tenham ficado aborrecidas com essa cena lamentável e com a incapacidade de meu elfo em obedecer ordens –soltou uma risadinha. –Acho que vocês compreendem que essas criaturas estão ficando à cada dia mais desobedientes e estúpidas... mas, fazer o quê? Despedir os elfos que temos em casa? Não, não, não! De jeito nenhum... está cada vez mais difícil de se arranjar um que seja realemnte fiéis aos segredos dos seus senhores, se é que vocês me entendem. Obviamente que sim, pois devem lidar com a mesma situação naquela casa, como se chama mesmo?, ah, claro, na Mansão Malfoy.
-Na verdade, não –respondeu Ginny, lutando para conseguir manter seu sorriso. Estava detestando aquela mulher. –Draco e eu somos contra a escravidão a qual esses elfos são submetidos... não podemos evitar que os outros continuem com isso, mas nós não permitimos que em nossa casa ocorra essa injustiça.
Margot podia ter aplaudido, naquele momento, e gritado, com euforia, uma seqüencia de "viva!".
Ariadne fingiu ter ficado temporariamente surda, porque ignorou o fato de ter hábitos criticados pela outra senhora.
-Um Malfoy é contra o trabalho dos elfos domésticos? Conta outra, Ginny, você é espetacular com piadas –falou a Sra. Condè, debochada.
Ginny pareceu, de repente, muito ofendida. Tentando manter sua voz o mais controlada que pôde, ela respondeu com frieza:
-Draco não segue o que os antepassados Malfoy fazim, tampouco eu e as crianças, ou qualquer outra pessoa da casa. Draco tem uma boa índole e é lamentável que algumas pessoas nem sequer saibam o direito dessa palavra. Se a senhora não é capaz de perceber o quão ridícula e imbecil se mostra na in;umeras vezes, creio que não a quero em minha casa. Passar bem.
Dizendo isso, Ginny levantou-se e saiu de nariz em pé daquela casa, andando muito rápido e seguida de perto por Margot. No corredor, ainda trombou com Jonky que perguntou:
-E as águas? As senhoras não queriam beber água?
Ginny lançou a ele um olhar penoso, mas continou andando. Até chegar ao lado de fora da propriedade, nada mais tirou sua atenção.
-Mas, e os convites? –perguntou Margot, quando ela e Ginny já estavam a uma quadra daquela casa. –Como convidaremos os Condè agora?
-Margot, você me ouviu, eu não quero aquela mulher na minha casa! –falou Ginny, palavra por palavra.
-E o chá de bebês?
-Será um momento agradável com pessoas agradáveis. Nada de pessoas como Ariadne Condè, quem desprezo profundamente. E nem mais uma palavra sobre ela.
Margot não arriscou dizer mais nada. Fazia tempo que não via sua patroa tão furiosa.
-Creio que os Bianchi moram ali, madame –falou Margot, indicando uma propriedade grande (não maior que a dos Malfoy, mas ainda sim imensa) com uma casa majestosa quebrando a linha dos muros que a envolviam. –Sim, é naquela casa rosa... ouvi dizer que eles tinham mudado a cor, que costumava ser azul. Engraçado, não? Pintar uma casa desse tamanho à essa altura do campeonato. Hum... –Margot ficou pensativa por alguns instantes, mas voltou a si quando viu que Ginny já estava a muitos passos à frente.
-Vamos logo, não vejo a hora de chegar na minha casa –falou Ginny, se aproximando do portão daquela propriedade.
Ela olhou desconfiada por todo o portão, procurando uma campanhia. Não iria bater, é claro, pois seria impossível de algu;em escutar. Será?
Então, ela arriscou e deu três batidinhas de leve. O barulho ecoou por toda aquela propriedade, mil vezes mais alto, alguma espécie de mágica, naturalmente.
-Hum, interessante o efeito disso –comentou Ginny, sorrindo para Margot.
Não demorou muito para que o portão fosse aberto e, na frente de Ginny e Margot, surgisse um fantasma de uma mulher. Tal mulher deveria ter morrido no auge da juventude e não chegava a ser mais velha que Ginny. Seria o prateado ou a transparência de seu corpo gasoso ou ela estava pálida mesmo, como quem leva um susto? Ginny ponderou sobre o assunto por alguns instantes, analisando os traços suaves do rosto da menina e perguntando-se como alguém poderia ter uma parência como aquela, mesmo depois de morta. Seus pensamentos foram interrompidos quando a voz fina da menina atingiu seus ouvidos.
-Sra. Bianchi espera por vocês –anunciou a fantasma, em francês, sem nenhum entusiasmo na voz e abrindo caminho para as outras passarem (mera convenção, pois ela poderia ser facilmente atravessada).
-Obrigada –agradeceram as outras duas, no mesmo momento.
Andaram até a porta da casa, que já estava aberta, e Ginny reconheceu imediatamente o lugar. Assim, foi fácil para ela guiar a si mesma e à sua dama de companhia até a sala de estar, onde uma mulher com aparência frágil esperava, mirando apática para a lareira.
-Voleur Bianchi? –chamou Ginny, gentilmente, com as mãos daquela senhora dentro das suas próprias.
A Sra. Bianchi pareceu sair do transe. Piscou algumas vezes, enquanto encarava o rosto de Ginny e sorria um sorriso bobo. Mas, seus olhos continuavam a parecer assustados.Ginny já tinha encontrado com aquela mulher outras vezes. Tinha criado até uma certa afeição por ela, talvez pelo seu aspecto frágil e permanentemente apavorado. Voleur tinha a pele bem branca, os cabelos bem finos e bem claros, sempre presos em um coque na nuca. nunca tinha sido vista usando roupas escuras, sempre em tons pastéis. Sua aparência era um tanto quanto fanstasmagórica, ela parecia um grande borrão descorado em uma paisagem.
Pouco falava, a Sra. Bianchi, fosse em um jantar formal de negócios ou em um encontro casual, durante um passeio em um belo dia ensolarado. E, quandon alguma coisa era dita por ela, era preciso que as pessoas chegassem mais perto para ouvir sua voz. Mas, com Ginny ela até conversava normalmente, nunca entrando em detalhes sobre sua vida íntima. Era extremamente discreta. Algumas pessoas evitando manter uma assunto com ela – tinham medo de assustá-la ainda mais.
Houve só uma ocasião, Ginny se lembrava. O Sr. Bianchi havia quase obrigado sua esposa a tomar um cálice de vinho (sujeito estranho, na opnião dos Malfoy), dando ao seu ato a impressão de que havia sido uma leve persuassão. Voleur não deveria estar acostumada a beber e Ginny percebeu isso imediatamente, já que a Sra. Bianchi desatou a falar, a tagarelar, para ser mais exata, e falava sobre os assuntos mais imprevisívies, aqueles que ela havia evitado a vida toda de se manifestar sobre.Ginny, na ocasião, não pôde conter sua curiosidade. Baixando levemente a voz, perguntou:
-E as fraudes de seu marido no sistema econômico bruxo? Não são verdade, não é? –jogava verde, para ver a reação da outra mulher. –É tudo uma grande confusão?
-Confusão? –repetiu a Sra. Bianchi, ofendida. –Sra. Malfoy, faça o favor de não subestimar meu marido... e nem à mim, afinal, Alésage Bianchi não seria nada se não tivesse a mim como parceira. Eu dei a idéia de ele fraudar aquele sistema. Eu descobri os furos na segurança. Eu armei tudo. E eu não levei a culpa. Eu que sou brilhante. Não ele. Um dia o mundo verá o quanto me subestimaram. Ah, sim, um dia todos saberão –e nunca mais voltará a tocar naquele assunto.
É claro que na ocasião Ginny contou tudo o que a mulher havia dito a Draco. Os dois concordaram que não tocariam no assunto com mais ninguém e só os dois saberiam que aquele jeito de sonsa de Voleur Bianchi era uma farsa.
No entanto, quando Ginny voltara a encontrar com aquela mulher e a presenciar sua encenação, era como se tivesse esquecido da confissão que tinha ouvido. Ou a Sra. Bianchi era uma atriz espetacular ou havia se empolgado com o vinho, aproveitando a ocasião para dizer várias mentiras que talvez ela mesma se forçasse a acreditar. E isso havia sido há tanto tempo...
Mas, ali, parada na frente de Voleur Bianchi, com os olhos desta parecendo atravessar o seu corpo, Ginny teve uma sensação ruim. Que criatura misteriosa era aquela mulher!-Sra. Malfoy, que prazer revê-la –falou a Sra. Bianchi, sem entusiasmo. Inclinou sua cabeça e mirou Margot, inexpressiva. –Olá –falou pra ela, o que soou um pouco dissimulado.
-Olá –retribuiu Margot, não podendo evitar seu olhar desconfiado na direção de Voleur. –Eu me chamo Margot, sou a dama de companhia da Sra. Malfoy.
-Oh, sim? É adorável –falou a Sra. Bianchi, antes de voltar seu olhar para Ginny, que ainda segurava sua mão. –Estava me perguntando se você não viria me ver –disse ela, soltando a mão de Ginny, delicadamente, da sua própria, e indicando os dois lugares vagos no sofá, onde Margot e sua patroa sentaram-se rapidamente. –Os Menteur, a Sra. Menteur, para falar a verdade, passou aqui há pouco e disse que você tinha convidado-a para comparecer no seu chá de bebê. Estava tão ansiosa, comecei a achar que não me convidaria.
-Como pôde pensar uma coisa dessas? –perguntou Ginny, fingindo um ultraje que não existia. Sorriu. –Estou grávida, obviamente. De gêmeos... farei uma reunião simples em minha casa, para poucas pessoas, mas estimaria muito se você comparecesse.
Margot tirou um envelope de dentro de sua bolsa, que continha os dizeres "Família Bianchi", e o passou para Ginny. Desta desta, foi direto para as mãos da Sra. Bianchi, que forçou a ponta dos dedos sobre a superfície do envelope.
-Todas as outras informações, como dia, horário e local, estão escritas no convite, aí dentro –falou Ginny, apontando para o envelope.
-Ah, sim –disse uma avoada Sra. Bianchi e o envelope nem chegou a ser aberto, pelo menos, não enquanto Ginny e Margot estiveram ali.
Finalmente, Ginny pôde tomar algum refresco. Conversou alguns instantes com a anfitriã, que estava mais dispersa do que nunca. A conversa caiu diversas vezes em pausas desastrosas, nas quais era possível assistir a Voleur Bianchi mirando um objto qualquer com uma apatia fora do comum, até mesmo para ela.
Depois de algum tempo, Ginny despediu-se e foi embora, com Margot, até sua casa. Tinha sido um dia difícil e ela se sentia exausta. À noite, contou a Draco tudo o que havia acontecido. Eles concordaram que nenhuma das duas mulheres, nem a Sra. Condè ou a Sra. Bianchi, era o tipo de pessoas que valiam à pena alguém se preocupar a respeito. Eram desprezíveis, mas praticamente inofensivas.
Naquela mesma noite, Ginny enviou uma coruja para sua mãe, convidando-a para seu chá de bebê. Viu a ave levantar vôo e sumir na escuridão do céu, torcendo para que seu convite não fosse recusado. Não conseguiu, aliás, controlar o impulso de cruzar seus dedos, para dar boa sorte. Nesse momento, toda a carga daquela mulherzinha, que era mãe e esposa e tinha amadurecido antes do tempo, foi como se tivesse desaparecido. Ela parecia uma jovem comum, com seus vinte e poucos anos, cujos os desejos não passavam de caprichos juvenis. Draco a observou de longe na ocasião – a ele, sua esposa pareceu novamente a garota que ele conhecera a Hogwarts e há muito isso não acontecia.
Dois meses passaram em um piscar de olhos e agosto chegou antes do que todos esperavam. A barriga de Ginny, grávida de seis meses já, crescera bastante nesse período. Ela ia freqüentemente a consultas com a Dra. Amelie e os bebês estavam bem. Ginny e Draco já haviam sido alertados pela doutora de que a gravidez poderia não chegar a completar os nove meses previstos – o que era natural que acontecesse quando se tratavam de gêmeos. Por causa do calor do verão, Ginny evitava sair muito de casa e passou a maior parte do tempo, ajeitando a casa para receber os novos integrantes da família. Fiona e Théo até pareciam mais conformados, o que foi do alívio geral.
Draco ficava à cada dia mais deslumbrado com a idéia de ser pai novamente e em dose dupla, de uma só vez. Ficava todo bobo, acariciando o barrigão de Ginny, e quando os bebês se mexiam, só faltava ele soltar fogos e anunciar para toda a vizinhança o acontecimento. Leo e Sophia, aliás, estavam a cada dia mais animados.
Foi um dia muito alegre aquele quando Ginny recebeu sua coruja de volta, com a resposta de sua mãe. A senhora Weasley iria ao chá de bebês e levaria Hermione junto! Ginny ficou muito feliz com a perspectiva de contar com a ajuda de sua mãe e de sua cunhada e a amiga para lidar com aquelas mulheres desprezíveis que fora praticamente forçada a convidar para seu chá de bebês.
-Será que Potter está sabendo da sua gravidez? –perguntou Draco, casualmente, enquanto ele e Ginny estavam reunidos na sala de estar, ele lendo o Profeta Diário e ela escrevendo um bilhete à mão para a professora de Théo, pois havia recebido desta uma reclamação de mau comportamento do menino na sala de aula e da fixação que ele tinha por magia, considerada incomum pelas pessoas daquela escola de trouxas.
Essa pergunta sobre Harry Potter Draco estava para fazer à sua esposa há algum tempo. Detestava aquele estranho acordo que havia sido firmado, pelos anos, entre ele e Ginny: tocar no nome do ex-namorado da esposa era quase um crime e evitava-se ao máximo fazê-lo. Ginny mantinha a posição de não falar de Harry nunca. Com isso, Draco às vezes ficava na dúvida se isso significaria que sua esposa teria esquecido o ex-namorado ou se queria dizer que ela queria muito esquecê-lo, mas achava que falar dele não contribuiria nada para o seu objetivo se concretizar. E Draco precisava se desfazer dessa dúvida.
Ginny olhou para ele, incrédula.
-Como disse? –perguntou.
-Eu perguntei à você se Potter sabe que você está grávida –respondeu Draco, com firmeza.
-E pra que mesmo você quer saber disso, Draco? –dito com desconfiança e um leve ressentimento.
-Pura curiosidade, Ginny –suspirou. –Pura curiosidade. –repetiu.
Ginny deixou seus olhos parados em Draco por alguns instantes. Foi com a voz levemente trêmula que falou:
-Você tem certeza que não precisa me contar nada, Draco?
Levantou os olhos (até então, fixos no jornal à sua frente) e encarou Ginny.
-Eu só estou cansado dessa história de não podermos falar sobre Potter –desabafou, largando o jornal com agressividade.
-Alguém está proibindo você de falar nele? –perguntou Ginny, com cinismo.
-Não se faça de boba, Ginny... nas poucas vezes que tentei falar de Potter, você reagiu como hoje. Já chegou até a ficar furiosa, há uns dois anos, quando eu perguntei se ele havia se casado. Sim, Ginny, eu me lembro perfeitamente dessa ocasião! Como poderia me esquecer? Qualquer um pensaria que você estava era com ciúmes do Potter, que não tinha deixado em nenhum momento de amá-lo. E EU TIVE ESSA MESMO IMPRESSÃO!
Draco havia se levantado e parecia irado. Seu rosto havia ficado vermelho e ele batia os pés nas tábuas de madeira do chão, de tempo em tempo, para acentuar sua raiva. Ginny, no entanto, permancia sentada, com muitosurpresa na expressão de seu rosto.
-Você não pode estar falando sério, Draco, não pode... não depois de tudo o que a gente passou pra ficar junto... você não pode estar sugerindo que eu não te amo! Você só pode estar ficando maluco –falou ela, quando retomou a consciência.
-Talvez eu esteja... mas, ainda é estranho você evitar falar no Potter –Draco estava se acalmando e voltou à sua poltrona.
-Eu faço isso para não chatear! Sempre pensei que voc6e detestaria se eu tocasse no nome de Harry!
-Acho que sim –admitiu Draco. –Às vezes, eu acho que você preferia ter se casado com ele... seria tudo tão mais fácil! Você não teria, por exemplo, que agüentar pessoas como Ariadne Condè duvidando do que eu me tornei, coisas assim. Acho que você teria sido mais feliz, além que viveria perto de sua família, o que é impossível sendo minha esposa. Seus irmãos ainda me odeiam... sua mãe me trata bem, assim como seu pai, mas está na cara que eles sempre acharam e preferiram que você acabaria se casando com o Potter e não comigo. E você continua a chamá-lo pelo primeiro nome!
-O que tem isso?
-Não sei, não gosto... dá a impressão que vocês são íntimos, sei lá, só não gosto!
-Eu sempre chamei o Harry...oh, desculpe... eu sempre o chamei pelo primeiro nome, e não é porque não somos mais amigos hoje em dia que mudarei esse meu hábito. Mas, eu chamá-lo assim não significa nada, é paranóia da sua cabeça.
-Acho que sim. Me desculpe, Ginny, é que às vezes eu não consigo acreditar que você tenha se casado comigo. você é boa de mais para mim –ele suspirou, enquanto Ginny balançava a cabeça, negativamente. –Vou deitar... acho que é o melhor que tenho a fazer. Você vem?
-Preciso terminar esse bilhete aqui e pedir para Margot me lembrar amanha de dar uma bronca em Théo. Acredita que ele ainda não aprendeu que não pode ficar falando de magia e bruxos na frente dos trouxas? –Ginny, no entanto, não parecia brava. Ao contrário, ela sorria. –Vou me deitar em seguida.
-Certo, vou estar te esperando –concluiu Draco, sorrindo também. Ele andou até esposa e beijou a testa dela. –Obrigado.
-Pelo o quê?
Mas, Draco nunca chegou a responder.
O dia do esperado chá de bebês, oito de agosto, chegou depressa. Ginny estava afobada, conferindo se estava tudo ok.
-Haverá chá para se beber no meu chá de bebês, é claro –gritou ela, para as cozinheiras da casa. –Não entendo aquelas pessoas que servem café nessa ocasião... o nome diz "chá" e não "café". É chá de bebê e não café de bebê! Cada coisa que as pessoas inventam...
A senhora Weasley e Hermione tinham chegado à Mansão Malfoy pela manhã, como combinado, para ajudar Ginny nos preparativos. Foram recebidas com muita festa por Ginny e as crianças – Draco estava trabalhando e arranjaria um jeito de sair mais cedo para poder comparecer ao chá de bebês do seu filho. Ao contrário, sua esposa ficaria simplesmente furiosa e ele não queria isso de maneira alguma.
Já eram quatro horas da tarde. Estava tudo pronto: os canapés, o bolo de chocolate, o perfume de bebê tinha sido espalhado pela sala, que tinha sido totalmente modificada e parecia agora com um quarto de criança, tudo para dar um "clima", como disse a senhora Weasley (a autora da idéia).
Às cinco horas da tarde, Ginny começou a ficar ansiosa. Andava de um lado para o outro, inquieta, enquanto seus filhos, Hermione, Molly Weasley e Margot a seguiam, com os olhos, para lá e para cá, espantados. Eles não compreendiam, como Ginny pensou, os diversos motivos do nervosismo dela. Estava preocupada por Draco ainda não ter chegado – ela não começaria a reunião sem ele de maneira alguma. E se alguma das convidadas chegasse antes de Draco? Como Ginny poderia explicar a ausência do marido? Ninguém falaria, é claro, mas no fim todos teriam em sua mente pensamentos maldosos... se ao menos ela pudesse cancelar tudo! Não estava nada se saindo como ela havia planejado, absolutamente. As convidadas não eram pessoas que ela gostava, seu marido estava muito atrasado, Fiona estava com um mau humor terrível e Théo mais inquieto do que nunca. A cabeça de Ginny parecia latejar...
Então, como por um milagre, ouviu-se passos vindos do hall e, em instantes, um homem alto apareceu na sala de estar, sorrindo preocupado e conferindo o relógio. Ele olhou para Ginny e suspirou.
-Draco! –exclamou a senhora Malfoy, para seu marido. –Achei que não chegaria nunca –e correu para o esposo, e o abraçou, livrando-se de praticamente toda a sua aflição de antes.
-Não me atrasei tanto, Ginny –disse Draco, consultando novamente o relógio. Depois, pegou a mão de Ginny e não pôde evitar uma exclamação: -Nossa, Ginny, você está gelada! E tremendo! O que aconteceu?
-Estive nervosa, pensei que você não viria mais... que ia dar tudo errado, ai, Draco, sei lá o que aconteceu comigo. Mas, agora que você chegou, sinto que vai ficar tudo bem...
Eles se encararam rapidamente. Depois, Draco desviou o olhar.
-Como vai senhora Weasley? Senhora Granger? –perguntou gentilmente.
-Weasley –corrigiu Hermione. –Eu sou casada com Rony, sabe?
Draco sorriu, e, ao mesmo, fuzilando Hermione com o olhar. Aquela sabe-tude ridícula, como ele ainda detestava ela.
Hermione tinha uma barriga tão grande quanto a de Ginny, já que, apesar de estar grávida só de um filho (seria mesmo um menino e se chamaria Frank, como Rony contara a Draco – um ato espantoso – nas Bodas de Prata dos Weasley), ela já estava para completar o oitavo mês de gestação.
-Você está gorda –Draco comentou, casualmente para Hermione.
-Eu estou grávida –sibilou Hermione, com raiva.
-De novo? –gritou Draco, arregalando os olhos e tapando a mão com a boca. –Você e o Weasley são uma máquina de fazer bebês ou superpopulam o mundo sem querer? –dito com sarcasmo.
-Draco, pare com isso! –gritou Ginny, olhando feio para o marido. Depois se dirigiu à Hermione. –Desculpe, Hermione, o Draco às vezes fica muito engraçadinho...
-Não tem problema, Ginny... eu, de certa maneira, não espera coisas muito melhores dele.
Molly Weasley deu um beliscão no braço de Hermione, encerrando de vez aquela confusão.
As convidadas não tardaram a chegar e eram somente mulheres. Draco, em determinado momento, começou a se sentir um pouco deslocado e ficou brincando com os filhos – ninguém parecia se importar, nem mesmo Ginny, que estava se multiplicando em dez para poder entreter todas as convidadas ao mesmo tempo.
Tudo correu muito bem e Ginny gostou da maioria dos presentes que ganhou.
Todo mundo concordou que a reunião havia sido um sucesso.
Molly Weasley e Hermione foram embora no memso dia, alegando ter um compromisso para o dia seguinte. Depois, enquanto se despediam de Ginny, confidenciaram somente à ele que almoçariam com Harry Potter, mas que não queriam dizer isso na frente de Draco para não aborrecê-lo. Ginny compreendeu.
Mais um mês e meio se passou. Já estavam na terceira semana de setembro, quando Ginny recebeu uma coruja de sua mãe, durante o café da manhã. A carta dizia o seguinte:
Nasceu! NASCEU, GINNY! O sexto filho de seu irmão Rony e da queridíssima Hermione nasceu ontem (20 de setembro – um dia depois do aniversário da mãe dele, não é lindo?) e é muito lindo! Adivinhe só: tem cabelos ruivos, mais um! É super saudável e ativo... a Hermione está ainda no hospital, mas passa muito bem. Rony está eufórico... e o pequeno Frank já é muito amado por todos! Achei que devia te contar dessa ótima notícia, afinal, você também faz parte da família, apesar de ter feito uma escolha diferente da que achamos, no passado, que faria.
Agora falta os seus nascerem. Será um momento de muito alegria, como foi o nascimento de Frank Granger Weasley.
Com amor,
Sua mãe
Ginny leu a carta em voz alta para o marido e para os filhos. Draco não teve nenhuma reação e somente voltou a comer seu café da manhã. Fiona e Théo (esse último, especialmente) ficaram empolgadíssimos com a perspectiva de um novo primo (mesmo não convivendo com os que já tinham). Ginny se sentia muito bem, também, e ainda mais ansiosa para quando chegasse a sua vez de parir. Ela não via a hora.
O dia transcorreu normalmente. No final da tarde, entretando, Ginny começou a se sentir um pouco indisposta e teve a leve impressão que sua barriga estava mais dura do que antes, mas achou que era coisa da sua cabeça.
Estava mirando a barriga no espelho na parte interior da porta de seu closet. A eliminação do muco, um tampão gelatinoso que vedou o colo do útero durante a gravidez, foi um alerta e ela gritou desesperadamente por seu marido que, graças a Deus, já tinha chegado em casa. Rapidamente ele apareceu na porta do quarto e ela contou-lhe o que havia acontecido. Draco achou que era melhor esperar mais um pouco, afinal a gestação tinha um pouco mais que sete meses e não podia estar na hora dos bebês nascerem. Ginny, sem muita opção, concordou.
O rompimento da bolsa de água aconteceu depois de algum tempo e esse foi o sinal que Ginny precisava para começar a gritar novamente.
-Draaaaco! DRAAACOOOO...! –chamou ela, aos prantos, só parando quando o marido apareceu na sua frente. –Vai nascer, Draco, vai nascer...!!! –gritava ela, as lágrimas rolando soltas por seu rosto, e as contrações começaram. A repetição delas acontecia cada vez em intervalos menores, de 10 para 5, 3, 2 minutos, sem parar. Ela urrava de dor. Draco, atônito, não sabia o que fazer. –Vai nascer, Dracoooo... –gritou Ginny, mais uma vez, com esforço. –Vai nasceeeer....!
Draco olhou para ela, com os olhos arregalados. Sem conseguir pensar em mais nada, só conseguiu dizer:
-Vou chamar a doutora Amelie, fique calma, por favor!
Mas, pedir calma à Ginny numa hora como aquela era perda de tempo. Seus gritos ecoaram por toda a casa, ao mesmo tempo que um trovão estourou no céu.
N/A: hauahauaha, nossa O.o faz muuuuuuuuuito tempo que eu não atualizo isso daqui. Será que alguém vai ler ahauaha??? Bom, eu tava dando uma bisbilhotada aqui no , como há mto tempo não fazia, e acabei dando uma olhada nessa minha história. Eu estranhei que só tivesse publicado até o capítulo 5, porque eu tenho ela escrita até o 7... resolvi publicar o 6 e, em breve, o 7... e quem sabe me anime de novo a escrever né.. bom, é só.. espero que alguém se lembre de mim ahauahauaha... beijooo
aaaaaaaaah e eu tô fazendo francês agora.. já faz 1 ano e meio na verdade, ahauaha, quem sabe eu não possa incrementar o "bilinguismo" (????) dessa história agora né. ahaauaha
