Draco correu para ver o que estava acontecendo. Encontrou Ginny contra a parede, se debatendo.
-O que foi?
Ela não respondeu, apenas apontou para a poltrona. A cena era realmente nojenta: a poltrona, quebrada, tinha baratas, uma dúzia delas, andando por todos os lados.
-É isso?
-Eu sentei e... e quebrou e... argh... elas estavam por todos os lados... - ela se debateu mais um pouco, sentindo como se as baratas estivessem andando nela.
-São baratas, não basiliscos.
-Mata!
-O quê? Você é incapaz de tirar o sapato e matar sozinha?
-Por favor! A não ser que você esteja com medo...
-Não acredito que estou tendo minha coragem julgada por alguém que está se encolhendo na parede.
Surpreendendo-a, que não acreditava ter conseguido convencê-lo, e a si próprio, que não sabia o motivo de estar fazendo aquilo, Draco realmente matou as baratas.
-Obrigada. - disse Ginny respirando aliviada.
-Você não vai me abraçar, vai?
-Prefiro as baratas. - um leve tremor passou por ela - Preciso de um banho. Er... tem chuveiro aqui?
-É uma residência. O que você acha?
-Acho que o Sr. Borgin não é exatamente o que podemos chamar de homem higiênico.
-Não posso discordar. - respondeu ele indiferente - No quarto, há uma porta, o banheiro é ali. Deve ter toalhas no armário. Você vai ter que procurar.
Ginny, após certificar-se de que não havia nenhuma criatura no banheiro, deixou a água escorrer por seus ombros. Ela ficou ali por uns trinta minutos até sentir que estava completamente livre das baratas. Ao sair, não tendo outra roupa para vestir, colocou a mesma, mas se decidiu por ficar sem o suéter, permanecendo apenas com uma camiseta branca e ligeiramente justa. Ela então começou a sentir fome. Não comia desde o almoço do dia anterior, porém só agora lhe ocorrera o quanto estava faminta. De fato, podia quase sentir o cheiro de café e ovos fritos.
Chegando a cozinha, não pôde acreditar em seus olhos: Malfoy estava no fogão.
-Acho que ficar trancada está causando devaneios em minha mente.
-Acho que isso não tem nada a ver com estar trancada. - respondeu ele rispidamente sem se virar.
-Você sabe cozinhar da maneira trouxa? - perguntou ela ignorando o mau-humor do loiro para que não acabasse batendo nele de novo.
-Se aqueles imbecis fazem, não pode ser muito complicado.
Contudo, a cena demonstrava que ele realmente estava tendo dificuldades: os ovos estavam grudados e agora, o cheiro que Ginny sentia era o de algo queimando.
-Sabe, quando os ovos ficam com essa coloração mais escura, geralmente significa que eles já passaram do ponto... - disse Ginny em um tom de quem explica o mais simples dos feitiços.
-Bom, não estava fritando pra você. De qualquer forma, tenho certeza de que isso, na sua casa, é um grande banq... - ele parou subitamente no meio da palavra. Tinha se virado para Weasley e perdido o controle sob suas cordas vocais que se tornaram incapazes de emitir qualquer som.
-O que foi? Perdeu a capacidade de me atacar? Ou ficou com medinho? - perguntou Ginny, pronunciando a última frase em uma voz aguda como o de uma criança.
-Você não tem tanta sorte, Weasley. - retrucou Draco se recompondo.
-Nós temos comida até o fim da semana? Quer dizer, de onde você tirou esse ovos e o café?
-Eles estavam guardados. Tem bastante comida. O Sr Borgin não sai muito.
-Se isso fosse verdade, não estaria aqui te aturando.
-Lá vem você de novo. E ainda dizem que quando se ajuda alguém, se é recompensado...
-É, a vida é cruel. - disse a ruiva sem emoção - Agora, larga isso. Não dá pra comer nada desse jeito.
-Já disse que isso não é pra você.
-Tudo bem, coma esse lixo. Eu faço algo pra mim.
Ginny constatou que, como Draco havia dito, havia comida o suficiente para eles sobreviverem até saírem dali. Ela fritou um ovo para si mesma e obteve mais sucesso que Draco, que parecia não se dar conta de tal fato. Ele estava mais ocupado tentando calar uma vozinha no fundo de sua mente que dizia "você não pode negar que ela é bonita".
-O café também é exclusividade de Vossa Majestade?- perguntou Ginny lançando a ele um olhar de desprezo.
-Pode pegar. - respondeu Draco, evitando olhar para ela.
-Nossa! Ele está tão ruim assim? - perguntou ela, espantada com a resposta quase educada de Malfoy.
-Prove. - um esboço de sorriso se formava em seus lábios.
-Não, obrigada.
-Acha que eu vou te envenenar, Weasley? Pensei que grifinórios fossem corajosos.
Em uma tentativa de desafiá-la, Draco encheu sua xícara até a borda. Mordendo a isca, Ginny, pegou a xícara das mãos dele e bebeu em um só gole até a última gota.
-Se você queimou a garganta, tem água ali. Bebe que eu deixo. - comentou Draco casualmente.
-Estou bem. - mentiu ela - Não que eu precise de sua permissão para fazer alguma coisa.
-Uma mulher independente. Independente de qualquer forma de inteligência.
-Quem? Sua mãe?
-Posso odiá-la, mas minha mãe certamente não é burra.
-É, parando pra pensar, fugir com todo o dinheiro e te deixar aqui certamente foi a melhor lição que ela poderia te dar. Idiota ela não é. Pena que você não herdou essa característica.
-Por mais que essa conversa esteja muito instrutiva e sua companhia seja muito agradável, vou me retirar e tomar um banho. Não engasgue com a comida, Weasley. Não faça dessa situação em que nos encontramos algo feliz.
-Então prometa não se afogar.
-Tem a minha palavra.
Eles passaram o resto do dia separados. Draco evitava Ginny com o objetivo de "recuperar a sanidade" e afastar aqueles "pensamentos estranhos" que surgiam em sua mente. A ruiva, por sua vez, não queria ficar por perto para não receber o mesmo tratamento do café da manhã. Ela então escolheu explorar a loja no primeiro andar.
A procura de algo com o que ela pudesse se distrair, Ginny encontrou artefatos de todos os tipos, mas todos parecendo suspeitos. Essa loja era, afinal, de produtos para bruxos com uma atração pela Arte das Trevas. Contudo, o feitiço que impedia qualquer forma de magia dentro da casa parecia atingir também os objetos, uma vez que nenhum deles tentou atacá-la.
Chegando a hora do almoço, Draco e Ginny se desencontraram por questão de minutos, tendo tido, ambos, a idéia de comer algo simples para poupar os suprimentos para o jantar até o resto da semana.
Por volta das cinco horas, Ginny subiu novamente para preparar um jantar. Definitivamente ela não poderia deixar essa tarefa para Malfoy. Porém, apesar de saber que ele não fez o mesmo por ela naquela manhã, não o deixaria passar fome. Meia hora depois dela ter começado, Draco apareceu.
-Que grude é esse na panela? - perguntou o loiro com um olhar de nojo.
-Macarrão. Não vamos entrar nessa discussão novamente.
-Suponho que o gosto seja melhor do que a cara...
Ginny desconfiava muito disso, mas não expôs seus pensamentos. De fato, aquilo tinha sido um... elogio?
-Você encontrou algum tipo de bebida alcoólica por aí?
-Whisky de Fogo. Um pequeno estoque. Mas não vou te contar onde está. Se você é chata sóbria, não quero nem imaginar como fica quando está bêbada.
Ela nem se deu ao trabalho de responder. Pelo menos ele tinha voltado ao normal. A última coisa que ela precisava era de um bebum.
-Vai demorar muito? Estou faminto.
-OK, vamos ditar as regras: primeiro, eu não tenho obrigação nenhuma de ficar aqui cozinhando pra você, portanto, pare de me tratar como um elfo doméstico; segundo, ajuda é sempre bem-vinda, contanto é claro que você não exploda ou queime algo.
-Tudo bem. O que você quer que eu faça? - perguntou Draco cruzando os braços.
-Senta e fica de boca fechada até eu terminar!
-Sabe, pensando melhor até que um golinho de Whisky ia te fazer bem...
-Que parte de "boca fechada" você não entendeu?
A bebida havia deixado Draco mais relaxado e ele parou de falar sem mais insistir. Não se passou muito tempo até que o macarrão de Ginny ficasse pronto. A pedido dela, ele pôs a mesa. O jantar definitivamente poderia estar melhor: não grudar no céu da boca realmente seria uma ótima meta a se atingir da próxima vez. Porém, dado o fato de que era a primeira vez da ruiva fazendo tal refeição à maneira trouxa, ela até que tinha se saído bem. Nenhum deles dirigiu mais do que um ocasional olhar ao outro durante todo tempo em que comiam.
-Lave isso! - brigou Ginny, vendo que Draco tinha apenas largado seu prato na pia.
-Nunca na minha vida eu lavei louça! - disse ele indignado.
-Há sempre uma primeira vez. Pode começar!
-Ou o quê?
-É você que vai matar as três dúzias de baratas amanhã.
-Não é possível que tenha mais delas por aí.
-Apenas pegue a esponja e lave!
Ele lançou a ela um olhar fuzilador que ela devolveu da mesma forma, fazendo com que ele começasse a lavar a louça resmungando internamente.
Ginny, cansada, tendo passado a noite anterior acordada, resolveu tentar dormir. Já estava deitada quando Draco entrou no quarto.
-Você deve estar brincando! - exclamou ele incrédulo.
-Como é?
-O que a faz pensar que você vai dormir aí?
-Está vendo mais alguma cama em algum lugar?
-Exatamente! Onde você supõe que eu vá dormir?
-Er... no chão? - disse ela em tom sarcástico.
-Eu não vou dormir no chão! - esbravejou ele já sentando na cama - Durma você! Vai trazer lembranças daquele buraco que você chama de casa e da sua cama dura.
-Cala boca, Malfoy! Desce da cama!
-Não! Desce você!
-Eu não vou descer!
-Nem eu! - ele começou a tirar o sapato e a entrar embaixo das cobertas.
-O que você tá fazendo? - ela não podia acreditar no disparate dele.
-Eu vou dormir aqui. Se isso te incomoda, sinta-se livre para procurar outro lugar.
-Não vou a lugar nenhum. - disse Ginny se ajeitando - Se você ousar encostar um dedo em mim, vai se arrepender de ter nascido homem!
-Bem que você gostaria que eu fizesse algo! - respondeu ele, também se acomodando - É melhor você não roncar, Weasley, senão te jogo da cama!
-Digo o mesmo a você! Boa noite! - gritou ela se virando para o lado oposto, bufando de raiva.
-Boa noite! - retrucou ele.
-O que foi?
Ela não respondeu, apenas apontou para a poltrona. A cena era realmente nojenta: a poltrona, quebrada, tinha baratas, uma dúzia delas, andando por todos os lados.
-É isso?
-Eu sentei e... e quebrou e... argh... elas estavam por todos os lados... - ela se debateu mais um pouco, sentindo como se as baratas estivessem andando nela.
-São baratas, não basiliscos.
-Mata!
-O quê? Você é incapaz de tirar o sapato e matar sozinha?
-Por favor! A não ser que você esteja com medo...
-Não acredito que estou tendo minha coragem julgada por alguém que está se encolhendo na parede.
Surpreendendo-a, que não acreditava ter conseguido convencê-lo, e a si próprio, que não sabia o motivo de estar fazendo aquilo, Draco realmente matou as baratas.
-Obrigada. - disse Ginny respirando aliviada.
-Você não vai me abraçar, vai?
-Prefiro as baratas. - um leve tremor passou por ela - Preciso de um banho. Er... tem chuveiro aqui?
-É uma residência. O que você acha?
-Acho que o Sr. Borgin não é exatamente o que podemos chamar de homem higiênico.
-Não posso discordar. - respondeu ele indiferente - No quarto, há uma porta, o banheiro é ali. Deve ter toalhas no armário. Você vai ter que procurar.
Ginny, após certificar-se de que não havia nenhuma criatura no banheiro, deixou a água escorrer por seus ombros. Ela ficou ali por uns trinta minutos até sentir que estava completamente livre das baratas. Ao sair, não tendo outra roupa para vestir, colocou a mesma, mas se decidiu por ficar sem o suéter, permanecendo apenas com uma camiseta branca e ligeiramente justa. Ela então começou a sentir fome. Não comia desde o almoço do dia anterior, porém só agora lhe ocorrera o quanto estava faminta. De fato, podia quase sentir o cheiro de café e ovos fritos.
Chegando a cozinha, não pôde acreditar em seus olhos: Malfoy estava no fogão.
-Acho que ficar trancada está causando devaneios em minha mente.
-Acho que isso não tem nada a ver com estar trancada. - respondeu ele rispidamente sem se virar.
-Você sabe cozinhar da maneira trouxa? - perguntou ela ignorando o mau-humor do loiro para que não acabasse batendo nele de novo.
-Se aqueles imbecis fazem, não pode ser muito complicado.
Contudo, a cena demonstrava que ele realmente estava tendo dificuldades: os ovos estavam grudados e agora, o cheiro que Ginny sentia era o de algo queimando.
-Sabe, quando os ovos ficam com essa coloração mais escura, geralmente significa que eles já passaram do ponto... - disse Ginny em um tom de quem explica o mais simples dos feitiços.
-Bom, não estava fritando pra você. De qualquer forma, tenho certeza de que isso, na sua casa, é um grande banq... - ele parou subitamente no meio da palavra. Tinha se virado para Weasley e perdido o controle sob suas cordas vocais que se tornaram incapazes de emitir qualquer som.
-O que foi? Perdeu a capacidade de me atacar? Ou ficou com medinho? - perguntou Ginny, pronunciando a última frase em uma voz aguda como o de uma criança.
-Você não tem tanta sorte, Weasley. - retrucou Draco se recompondo.
-Nós temos comida até o fim da semana? Quer dizer, de onde você tirou esse ovos e o café?
-Eles estavam guardados. Tem bastante comida. O Sr Borgin não sai muito.
-Se isso fosse verdade, não estaria aqui te aturando.
-Lá vem você de novo. E ainda dizem que quando se ajuda alguém, se é recompensado...
-É, a vida é cruel. - disse a ruiva sem emoção - Agora, larga isso. Não dá pra comer nada desse jeito.
-Já disse que isso não é pra você.
-Tudo bem, coma esse lixo. Eu faço algo pra mim.
Ginny constatou que, como Draco havia dito, havia comida o suficiente para eles sobreviverem até saírem dali. Ela fritou um ovo para si mesma e obteve mais sucesso que Draco, que parecia não se dar conta de tal fato. Ele estava mais ocupado tentando calar uma vozinha no fundo de sua mente que dizia "você não pode negar que ela é bonita".
-O café também é exclusividade de Vossa Majestade?- perguntou Ginny lançando a ele um olhar de desprezo.
-Pode pegar. - respondeu Draco, evitando olhar para ela.
-Nossa! Ele está tão ruim assim? - perguntou ela, espantada com a resposta quase educada de Malfoy.
-Prove. - um esboço de sorriso se formava em seus lábios.
-Não, obrigada.
-Acha que eu vou te envenenar, Weasley? Pensei que grifinórios fossem corajosos.
Em uma tentativa de desafiá-la, Draco encheu sua xícara até a borda. Mordendo a isca, Ginny, pegou a xícara das mãos dele e bebeu em um só gole até a última gota.
-Se você queimou a garganta, tem água ali. Bebe que eu deixo. - comentou Draco casualmente.
-Estou bem. - mentiu ela - Não que eu precise de sua permissão para fazer alguma coisa.
-Uma mulher independente. Independente de qualquer forma de inteligência.
-Quem? Sua mãe?
-Posso odiá-la, mas minha mãe certamente não é burra.
-É, parando pra pensar, fugir com todo o dinheiro e te deixar aqui certamente foi a melhor lição que ela poderia te dar. Idiota ela não é. Pena que você não herdou essa característica.
-Por mais que essa conversa esteja muito instrutiva e sua companhia seja muito agradável, vou me retirar e tomar um banho. Não engasgue com a comida, Weasley. Não faça dessa situação em que nos encontramos algo feliz.
-Então prometa não se afogar.
-Tem a minha palavra.
Eles passaram o resto do dia separados. Draco evitava Ginny com o objetivo de "recuperar a sanidade" e afastar aqueles "pensamentos estranhos" que surgiam em sua mente. A ruiva, por sua vez, não queria ficar por perto para não receber o mesmo tratamento do café da manhã. Ela então escolheu explorar a loja no primeiro andar.
A procura de algo com o que ela pudesse se distrair, Ginny encontrou artefatos de todos os tipos, mas todos parecendo suspeitos. Essa loja era, afinal, de produtos para bruxos com uma atração pela Arte das Trevas. Contudo, o feitiço que impedia qualquer forma de magia dentro da casa parecia atingir também os objetos, uma vez que nenhum deles tentou atacá-la.
Chegando a hora do almoço, Draco e Ginny se desencontraram por questão de minutos, tendo tido, ambos, a idéia de comer algo simples para poupar os suprimentos para o jantar até o resto da semana.
Por volta das cinco horas, Ginny subiu novamente para preparar um jantar. Definitivamente ela não poderia deixar essa tarefa para Malfoy. Porém, apesar de saber que ele não fez o mesmo por ela naquela manhã, não o deixaria passar fome. Meia hora depois dela ter começado, Draco apareceu.
-Que grude é esse na panela? - perguntou o loiro com um olhar de nojo.
-Macarrão. Não vamos entrar nessa discussão novamente.
-Suponho que o gosto seja melhor do que a cara...
Ginny desconfiava muito disso, mas não expôs seus pensamentos. De fato, aquilo tinha sido um... elogio?
-Você encontrou algum tipo de bebida alcoólica por aí?
-Whisky de Fogo. Um pequeno estoque. Mas não vou te contar onde está. Se você é chata sóbria, não quero nem imaginar como fica quando está bêbada.
Ela nem se deu ao trabalho de responder. Pelo menos ele tinha voltado ao normal. A última coisa que ela precisava era de um bebum.
-Vai demorar muito? Estou faminto.
-OK, vamos ditar as regras: primeiro, eu não tenho obrigação nenhuma de ficar aqui cozinhando pra você, portanto, pare de me tratar como um elfo doméstico; segundo, ajuda é sempre bem-vinda, contanto é claro que você não exploda ou queime algo.
-Tudo bem. O que você quer que eu faça? - perguntou Draco cruzando os braços.
-Senta e fica de boca fechada até eu terminar!
-Sabe, pensando melhor até que um golinho de Whisky ia te fazer bem...
-Que parte de "boca fechada" você não entendeu?
A bebida havia deixado Draco mais relaxado e ele parou de falar sem mais insistir. Não se passou muito tempo até que o macarrão de Ginny ficasse pronto. A pedido dela, ele pôs a mesa. O jantar definitivamente poderia estar melhor: não grudar no céu da boca realmente seria uma ótima meta a se atingir da próxima vez. Porém, dado o fato de que era a primeira vez da ruiva fazendo tal refeição à maneira trouxa, ela até que tinha se saído bem. Nenhum deles dirigiu mais do que um ocasional olhar ao outro durante todo tempo em que comiam.
-Lave isso! - brigou Ginny, vendo que Draco tinha apenas largado seu prato na pia.
-Nunca na minha vida eu lavei louça! - disse ele indignado.
-Há sempre uma primeira vez. Pode começar!
-Ou o quê?
-É você que vai matar as três dúzias de baratas amanhã.
-Não é possível que tenha mais delas por aí.
-Apenas pegue a esponja e lave!
Ele lançou a ela um olhar fuzilador que ela devolveu da mesma forma, fazendo com que ele começasse a lavar a louça resmungando internamente.
Ginny, cansada, tendo passado a noite anterior acordada, resolveu tentar dormir. Já estava deitada quando Draco entrou no quarto.
-Você deve estar brincando! - exclamou ele incrédulo.
-Como é?
-O que a faz pensar que você vai dormir aí?
-Está vendo mais alguma cama em algum lugar?
-Exatamente! Onde você supõe que eu vá dormir?
-Er... no chão? - disse ela em tom sarcástico.
-Eu não vou dormir no chão! - esbravejou ele já sentando na cama - Durma você! Vai trazer lembranças daquele buraco que você chama de casa e da sua cama dura.
-Cala boca, Malfoy! Desce da cama!
-Não! Desce você!
-Eu não vou descer!
-Nem eu! - ele começou a tirar o sapato e a entrar embaixo das cobertas.
-O que você tá fazendo? - ela não podia acreditar no disparate dele.
-Eu vou dormir aqui. Se isso te incomoda, sinta-se livre para procurar outro lugar.
-Não vou a lugar nenhum. - disse Ginny se ajeitando - Se você ousar encostar um dedo em mim, vai se arrepender de ter nascido homem!
-Bem que você gostaria que eu fizesse algo! - respondeu ele, também se acomodando - É melhor você não roncar, Weasley, senão te jogo da cama!
-Digo o mesmo a você! Boa noite! - gritou ela se virando para o lado oposto, bufando de raiva.
-Boa noite! - retrucou ele.
