Demorou um pouco para ambos conseguirem dormir. Eles ficaram deitados, imóveis e de costas um para o outro até que finalmente o sono os atingiu.
Quando Ginny acordou, imaginou já ter passado das dez, mas ao se espreguiçar notou um braço que não lhe pertencia: Draco, ainda adormecido, estava abraçando-a.
Ela ficou deitada como se atingida por uma azaração Immobilus; não sabia o que fazer. Pensou em esbofeteá-lo, mas ele realmente parecia estar dormindo. Tirar o braço certamente iria acordá-lo e o que ela iria dizer? Mas afinal, não era ela que o estava abraçando. Não tem nada com o que se preo...
-Weasley! O que você está fazendo?! – perguntou Draco, pulando para longe dela como se tivesse sido eletrocutado.
-O que eu estou fazendo? Seu tarado! Era você que estava tentando se aproveitar! – exclamou ela, sentando-se.
-Ah, faça-me o favor! Como eu estava me aproveitando? Honestamente, Weasley, se eu quisesse fazer algo, você saberia.
Contudo, nem ele tinha certeza disso. O fato de acordar com Ginny em seus braços estava deixando-o perturbado. Opa! Ele a chamou de Ginny? O que aquilo significava? Não, ele certamente estava ficando louco. Fora só um lapso mental devido ao susto que ele levou ao acordar. Afinal, não é todo dia que se acorda com uma coisa feia... i"Não, ela não é feia. De qualquer forma, aquilo foi um acidente. Não era para ter acontecido. Ponto."/i
-Aonde você vai? – perguntou ele, percebendo que a ruiva já havia se levantado.
-Dar um passeio pelo jardim. Aonde você acha? – perguntou ela, sarcástica.
-És um raio de sol que lança teu calor sobre nós no amanhecer, sabias?
-E você é a nuvem que fica na frente. – respondeu ela sem dirigir o olhar para ele.
-Ovos? – perguntou ele, agora se levantando.
-Como é?! – exclamou ela, horrorizada.
-No café da manhã. Cruzes, Weasley!
-Tente não queimá-los dessa vez.
-Você faz o café.
Ginny balançou a cabeça em consentimento. Conforme ela calçava os sapatos e seguia para o banheiro para lavar o rosto, um pensamento a atingiu: eles estavam... dividindo tarefas! Como um... casal! Não, claro que não. Eles estavam fazendo isso simplesmente para se organizar. Não pareciam casados. Mas que idéia! Deve ser o sono, a forma como ela acordou. A forma como ela acordou. i"Não. Pare. Pelo amor de Merlin, é o Draco! Opa! Draco?! Desde quando ele é Draco?"/i
-Draco! – distraída, ela havia ido de encontro com ele quando saía do banheiro.
-Ginny! Olhe por onde anda! – ele entrou no banheiro e bateu a porta.
Ambos congelaram em lados opostos da porta, mas rapidamente decidiram-se por ignorar aquela situação e continuar suas tarefas. Afinal, havia sido apenas um lapso.
Não demorou muito para Draco se juntar a Ginny na cozinha. Dessa vez, ele havia conseguido acertar o ponto ao fritar; contudo, exagerara um pouco no sal. Já o café da ruiva estava aceitável.
-Sabe jogar xadrez? – questionou Ginny.
-Quê? – perguntou Draco, que estava distraído.
-Xadrez. Aquele jogo com rei, peões, bispos...
-Eu sei qual é. – retrucou ele, interrompendo-a.
-Sabe jogar? – ela já estava impaciente.
-Sei. Por quê?
-Eu vi um tabuleiro lá embaixo ontem. Se você não tiver nada para fazer, pensei em jogarmos.
-Ele é amaldiçoado. – disse Draco casualmente.
-Mas a mágica de todos os objetos parece ter sumido junto com a nossa.
-Pode ricochetear como nossos feitiços.
-É verdade. Não tinha pensado nisso. – ela ficou desapontada com a perspectiva de ter que passar mais um dia sem nada para fazer.
-Se usarmos outra coisa como rei, devemos estar seguros. – a idéia de ficar deitado olhando para o teto não lhe agradava nem um pouco. Além disso, ela parecia desolada. Mas ele não se importava. Claro que não.
Eles terminaram a refeição e desceram para pegar o tabuleiro. Ginny lembrava-se claramente do local, apesar de ser um pouco escondido. Ela tinha tido bastante tempo para explorar tudo.
-Está dentro dessa caixa. – disse ela apontando.
-Você saiu abrindo tudo?
-Estava entediada! E depois de um tempo reparei que nada iria me atacar então virei... aventureira.
-Fascinante. – disse ele sem emoção. – Deixe-me pegar. – Draco retirou o grande livro de cima da caixa e, abrindo-a, pegou o tabuleiro e os dois sacos de veludo que continham as peças. Ele pegou os reis de cada saco e jogou-os de volta na caixa. – Agora precisamos arrumar os substitutos.
-Qualquer coisa serve! Procure, sei lá, uma pedrinha.
-Já sei. – ele subiu as escadas e foi para o quarto com Ginny o seguindo. No armário, atrás de uma porta falsa, havia o que parecia ser pelo menos uma dúzia de garrafas de Whisky. Contudo, não foi uma delas que Draco pegou, e sim duas tampas.
-Podemos, então? – perguntou Ginny.
-Vamos pra cozinha. Jogaremos na mesa.
Ginny concordou e eles começaram a arrumar as peças.
-Por que você joga com as pretas? – questionou Ginny quando Draco colocou o último peão em posição.
-Não me identifico com as brancas. Por quê?
-Sempre joguei com as pretas. Prefiro. Mas tudo bem, eu jogo com as brancas.
-Tudo bem, então. Comece. – disse Draco sem perceber que a moça havia ficado ligeiramente desapontada com o fato de que ele não oferecera uma troca.
Eles jogaram quatro partidas. Ginny ganhou a primeira, mas Draco ganhou as duas seguintes. Ele já estava cheio de si, quando a ruiva conseguiu ganhar a última.
-Estou ficando com fome... – começou ele conforme Ginny recolocava as peças no tabuleiro.
-Está dizendo isso só porque perdeu. – ela brincou.
-Depois de almoçarmos te desafiarei mais uma vez. Estamos empatados.
-Tudo bem então.
Como nenhum deles queria cozinhar, decidiram-se por algo simples e sem risco de ser queimado, salgado, grudento ou representar qualquer outro desastre culinário. Fizeram então sanduíches com um pão de forma que haviam encontrado e uma pasta que ainda não havia chegado na condição de "suspeita".
-Se vamos jogar mais uma vez, que não seja nessa cadeira. – pediu Draco.
-Sei o que quer dizer, acho que estou ficando quadrada! – exclamou Ginny. – Mas onde então?
- No quarto. – respondeu ele, enxugando as mãos após lavar os prato e começando a recolher as coisas.
-Mas não tem mesa lá!
-Exatamente e nem cadeiras. A gente senta na cama.
-Prefiro a cadeira assassina. – disse Ginny, suspeitando das verdadeiras intenções de Draco.
-Weasley, quantos anos você tem? Quantas vezes por dia preciso dizer que não vou atacá-la? Até parece que você é tudo isso! – aquela voz chata do dia anterior voltou a dizer que ela era tudo isso e se possível até mais.
-Tenha em mente que já o soquei uma vez e não hesitarei em fazê-lo de novo.
-Pegue o peão que está no chão e vamos.
Ainda relutante, Ginny recolheu o peão e eles foram para o quarto. Sentaram-se mas antes que Draco pudesse arrumar as peças pretas, a ruiva retirou o saquinho de suas mãos.
-Agora é minha vez.
-Se você perder, mudamos de novo.
Mas ela não perdeu, e Draco, não admitindo ficar atrás no placar, propôs outro jogo. Em uma situação normal, ambos já estariam cansados de jogar, mas ali não havia mais nada a se fazer, e inconscientemente, ambos concordavam que ao menos eles não estavam brigando. De fato, não trocavam palavras suficientes durante o jogo para iniciar qualquer briga. Empataram, e depois, Draco tomou a liderança, mas foi só depois que Ginny empatou novamente, que eles resolveram parar.
-O que agora? – perguntou Ginny, deitando-se.
-Whisky de Fogo? – ofereceu Draco.
-É, por que não?
Draco se levantou e foi novamente ao local "secreto" do armário, voltando com duas garrafas.
-Não vai pegar copos? – questionou Ginny.
-Pra quê? – disse Draco, abrindo uma das garrafas e passando a fechada para Ginny.
-Se você acha que eu não consigo abrir – ela fez uma pausa e retirou a tampa –, desculpe desapontá-lo.
-Impressionante! – exclamou ele fingindo uma expressão de maravilhado.
-Você me mata de rir. – disse ela seca. – Um brinde?
-Devo ter atingido o fundo do poço: estou brindando com uma Weasley!
Eles brindaram e deram um gole. O rapaz parecia não sentir o líquido que descia queimando na garganta, mas a moça fez uma careta. O segundo gole, porém, já foi melhor e no quinto ela já havia se acostumado. Ou talvez fosse o álcool iniciando seu efeito. Passado um tempo, Draco também estava se soltando.
-Você nunca me contou o que estava fazendo na Travessa do Tranco – comentou o loiro com uma curiosidade que nem ele conseguia explicar de onde vinha.
-Você não perguntou. – disse Ginny sinceramente.
-Estou perguntando agora.
-Compras. – respondeu ela com naturalidade.
-Se perdeu? – perguntou ele, sarcástico.
-Meus irmãos precisavam de algumas coisas.
-Que tipo de coisas?
-Do tipo que não se encontra no Beco Diagonal. Nada extremamente ilícito. – ela acrescentou essa última parte devido ao olhar recebido por Draco.
-Não vou denunciá-la. A não ser que você me dê um bom motivo para fazer isso. – ele sorriu maliciosamente.
-Faça isso e irá se arrepender. – disse ela sentando-se melhor e encarando-o também com um sorriso.
-É mesmo? – perguntou ele, estreitando os olhos sem deixar de sorrir e também se sentando melhor para encará-la.
Os dois ficaram a se encarar sem perceber o quão perto estavam um do outro. Aos poucos, quase que inconscientemente, foram se aproximando.
-É Virginia? – perguntou o loiro de repente se afastando.
-Quê? – desconcertada pela situação.
-Seu nome. É abreviação de Virginia? – repetiu ele.
-Por que a pergunta? – ela se mexeu desconfortavelmente.
-Sei lá. Curiosidade. – ele olhou para ela e vendo a expressão em seu rosto acrescentou: - Não é Virginia?
-Não. – respondeu ela baixo.
-O que é então? – ele se virou para observá-la melhor.
-Não é da sua conta! – explodiu Ginny
-É tão ruim assim? – ele estava claramente se divertindo com a situação.
-Cala a boca, Malfoy!
-Eu não disse nada! Só quero que você conte!
Ela murmurou algo quase inaudível.
-Quê?
-Ginevra, tá bom?!
Draco parou por um segundo absorvendo a informação, encarou Ginny e então quase caiu da cama de tanto rir.
-Para a sua informação – disse ela por cima dos risos - , Ginevra é a forma italiana de Guinevere.
-Uma das maiores trouxas que já existiu. Ginevra Weasley. Alguém optar por dar à filha um nome desses deve ser um dos sinais do Apocalipse.
-Draco não fica muito atrás. – retrucou ela irritada, não com o fato de que ele estava fazendo piadas, mas sim devido a ela já ter pensado as mesmas coisas.
-Draco, saiba você, é uma estrela. É tradição na família da minha mãe. – disse ele parando de rir
-Sua mãe é Narcisa. – ressaltou a ruiva
-Tem uma explicação, mas nunca tive paciência para ouvi-la. – ele começou a se fechar. Não gostava de discutir sua família.
-Sente falta dela? – perguntou Ginny, sentindo a mudança no comportamento dele.
-Isso não importa. – respondeu ele, tentando parecer indiferente.
-Não estou bêbada o suficiente para acreditar nisso. Vamos, eu disse o meu nome.
-Não tente comparar suas futilidades com a minha vida, srta "Vida Perfeita"!– ele saiu do quarto batendo a porta.
-Volte aqui, Malfoy! – gritou ela indo atrás dele que havia descido as escadas. Encontrou-o atrás do balcão procurando por algo. – Acha que pode sair assim que vou ficar com peninha de você?! Nunca mais ouse me julgar! Você não sabe de nada! Não é o único com problemas e com dificuldades! A diferença é que, ao contrário de você, não fico sentada me lamentando e afastando qualquer um que chegue perto de saber o que realmente passa nessa sua cabeça cheia de titica!
-Não, Weasley, a diferença é que não fico enchendo o saco dos outros com meus problemas. Não vou ficar chorando no seu ombro dizendo "minha mamãe me abandonou e a quero de volta", até porque não quero! Aprendi a lidar com isso e a continuar com a minha vida!
-Continuar? Isso é continuar? Você está vivendo isolado do mundo!
-Tenho certeza de que é um grande desperdício e que o Ministério deve estar doido para me ter por lá. Afinal, papai era um homem tão bom! Por favor, Weasley, em que universo paralelo você vive?
-Você não fez nada de errado!
-Engana-se, Weasley. Fiz coisas que você nem imagina. – ele levantou a manga esquerda e mostrou a Marca Negra. Era quase imperceptível, mas ainda podia ser vista.
-Mas... você mudou. – ela falava mas para si do que para ele. Sempre suspeitou que ele fosse um Comensal, mas a idéia de ficar trancada com um não a animava. Afinal, mesmo sem mágica, ele poderia usar as mãos, e com certeza era mais forte que ela.
-Mudei? – perguntou ele desafiador.
-Ou talvez nunca tenha deixado de ser aquele menino mimado que só fala, mas não faz nada. – aquela não era a hora de fraquejar. Ele poderia tê-la matado há séculos.
-Acredite no que a fizer dormir melhor à noite. – ele voltou a procurar algo atrás do balcão.
-O que você está procurando?
-Uma forma de sairmos daqui.
-Pensei que não desse pra fazer isso por dentro.
-Se tiver, estará aqui.
-Posso ajudar? – perguntou ela hesitante.
-Pode. Suma da minha frente.
-Ou o quê? Vai libertar o Comensal malvado dentro de você?
-Acha que não teria coragem? – perguntou ele, voltando a olhar para ela. – Não seria a primeira vez.
-Cala boca e me diz o que estamos procurando. – ela foi para o lado dele reunindo toda a coragem que possuía.
Ginny podia jurar que viu um lampejo de sorriso nos lábios de Draco antes dele voltar a falar.
-Absolutamente nada. Não há nada que possamos fazer. – respondeu ele sem encará-la e levantando-se.
-Você está tendo algum tipo de ataque claustrofóbico ou algo do gênero? – perguntou ela honestamente.
-Não quero passar mais quatro dias com você e as suas perguntas idiotas.
-Você que começou! – retrucou Ginny, parecendo, como ela mesma admitia, uma menina de cinco anos.
-Novas regras: de agora em diante, não trocaremos mais duas palavras mesmo que em caso de vida ou morte, a não ser que um de nós tenha encontrado uma maneira de sair desse lugar.
-Perfeito! – gritou ela antes de voltar para o andar superior e se trancar no banheiro.
De início, vários pensamentos como "espero que aquele imbecil role escada abaixo" passaram pela cabeça de Ginny. Mas depois de um tempo embaixo da água gelada, a ruiva, sem o álcool para atrapalhar, começou a avaliar a situação. Draco era chato, egocêntrico, mimado, inútil; de fato, poderia enumerar seus defeitos em ordem alfabética e não faltaria uma única letra. Contudo, representava a única pessoa com quem poderia conversar, mesmo que aos gritos, até ganhar sua liberdade. Deveria então quebrar a "regra"? Não. Falar com ele seria dar o braço a torcer e ela jamais faria isso. Tinha herdado a teimosia dos Weasleys. Além do mais, ele tinha começado aquela baboseira então ele deveria pôr um fim naquilo tudo. Até porque, nem mesmo alguém como ele agüentaria ficar sem falar nada. Ele tinha que comer, e ela era a única capaz de fazer comida não-tóxica.
No andar debaixo, Draco ficou parado com os braços apoiados no balcão. Não suportava que seu passado tivesse aquele poder sobre ele. Não podia acreditar que ele ainda o perseguia. Não que ele se arrependesse de algo que fizera. Estava bem ciente de todas as suas ações. E, sendo um Malfoy, todas foram corretas. Contudo, os tempos mudaram. Haveria ele mudado também? Certamente, ele não havia seguido o caminho traçado por seu pai. Mas que diferença fazia, se as únicas pessoas capazes de comprovar isso estavam mortas? Dumbledore, Snape, seu pai. Não que ele quisesse reconhecimento. Nenhuma glória pode ser dada por um bando de amantes de trouxas.
Nesse momento, sua mente se voltou a uma amante de trouxas ruiva, mas, decidindo ignorar os pensamentos que se formavam, Draco subiu as escadas com a intenção de pegar algo para comer e se deitar, pois o álcool (ou seria Ginny?) estava deixando-o com uma leve dor de cabeça.
Ele se contentou com uma fruta e seguiu para o quarto, tão distraído que nem pensou que ali com certeza esbarraria com a ruiva, o que de fato aconteceu, mas de uma forma que nem ele poderia imaginar. Boquiaberto, ele constatou que era real: Ginny Weasley, saindo do banheiro, estava usando apenas uma toalha.
-Draco! – exclamou ela assustada em vê-lo ali e puxando a toalha para ter certeza de que ela a cobria completamente - O que você quer? – esbravejou ela.
-Um beijo. – disse uma voz que Draco apenas reconheceu como sua.
-Claro, e eu quero um Rabo Córneo como bichinho de estimação. Além do mais, o que te faz pensar que eu vou deixar?
-Não é como se você tivesse opção...
-Não é como se você tivesse coragem... – disse ela imitando o tom dele.
Mas ele tinha. Sem que ela esperasse, ele a beijou. Uma mão estava na face de Ginny, escorregando para sua nuca enquanto a outra ia lentamente para sua cintura. Já a ruiva, sem reação, tinha os braços imóveis ao lado do corpo. Ela começou a retribuir o beijo até que, de repente, como se tivesse percebido o que estava acontecendo, empurrou-o.
N/A1: Depois de passar semanas repetindo "cabeça cheia de titica" para poder participar do concurso de cosplay sem começar a rir descontroladamente, tinha que botar essa frase aqui. TINHA!
N/A2: Quero agradecer a todos que deixaram reviews, à Mariana que me ajudou quando não conseguia encontrar um sinônimo para uma certa palavra, e à minha beta Julie, que atura minha loucura, meus momentos de bloqueio e me ajudou com o momento final, carinhosamente intitulado de "me joga na parede e me chama de lagartixa".
