N/A: BeBeL Malfoy, acredito que você não tenha sido a única a não entender o nome do capítulo, porque ele só faz sentido na minha cabeça. A referência é aos nomes dos personagens citados: "princesas", é devido a Ginevra, "estrelas" por causa do Draco e dos Black em geral e "flores", por causa da Narcisa. Carol Maphoter, sim, eu estava no PR2, e fui a Lily no concurso individual de cosplay, daí o "cabeça cheia de titica". A vocês duas e a Fabi – chan, carol, Lu (jow), Bianca Black Malfoy, Biba Wood, Elfa Ju Bloom e Dea Snape, muito obrigada pelas reviews.
N/A2: Vocês devem reparar que mudei a restrição da fic de PG para PG-13. É basicamente para manter minha consciência limpa e deixá-los avisados.
N/A3: Capítulo dedicado à Bia, nosso ratinho(a) favorito(a).
Ginny saiu correndo do quarto para a sala, deixando Draco ali parado e sem saber se corria atrás dela ou sumia da face da Terra. Ele havia beijado uma Weasley - com todo o seu cabelo ruivo flamejante e suas sardas. Realmente havia perdido todo o senso de ridículo e amor próprio. Era o fim da linha. Ele estava prestes a começar a bater sua cabeça contra a parede quando a ruiva entrou novamente no quarto com a mesma velocidade com a qual havia saído e foi direto para o banheiro batendo a porta atrás de si.
-Mas que diab... – ele começou, mas o som vindo do banheiro respondeu sua pergunta antes mesmo de ele terminá-la: Ginny estava revendo seu almoço. – Ah, Weasley, que nojo! – ele gritou para a porta.
-Cala a boca, Malfoy! – ela conseguiu gritar antes de ser impossibilitada de falar novamente.
Draco não ficaria ali para ouvir aquilo. Já a beijara; certamente não iria ficar segurando seu cabelo. Havia um limite para insanidade, e aquilo estava bem além da linha. Ao invés disso, o loiro escolheu ir para o mais longe que conseguisse e desceu as escadas.
Ginny, por sua vez, não tinha outra opção a não ser ficar ali, no chão frio. Certamente as coisas não poderiam piorar. Afinal, ela estava trancada com um Comensal da Morte que não tinha vergonha de admitir ser tal, que a agarra do nada e ainda por cima, a pastinha suspeita do almoço resolvera fazer efeito. Mas algo precisava ser feito. Era a casa de um bruxo, excêntrico no mínimo, mas ainda um bruxo, e ele havia de ter ingredientes para poções. Contudo, só a idéia de pôr algo no estomago foi suficiente para fazer a ruiva voltar-se para o sanitário.
E o resto do fim da tarde se passou assim: Ginny incapaz de se levantar do local onde estava, e Draco tentado manter sua mente afastada da sensação que percorrera seu corpo ao ter a ruiva em seus braços por aqueles breves momentos.
Quando a noite caiu, o rapaz era incapaz de comer, visto o que havia acontecido com a moça. Esta, contudo, pareceu finalmente recuperar algumas de suas forças e, após mais um banho (desta vez, quente), saiu do banheiro, completamente vestida. Estava de suéter, uma vez que, febril, ela estava com frio, e se jogou na cama, se enterrando embaixo das cobertas.
Nesse momento, Draco adentrou no quarto para encontrar aquela montanha de cobertores na cama.
-Finalmente, você saiu de lá. Já estava pensando que tinha desmaiado ou morrido. O que seria bem desagradável para explicar para o Ministério. – comentou ele, frio. Contudo, a ausência de resposta da outra o deixou, infelizmente, preocupado. – Weasley, responda, criatura! – ele gritou, tentando não demonstrar que, no fundo, estava preocupado.
-Malfoy, por favor, agora não. – ela disse com uma voz fraca e abafada pelas cobertas.
-Ok, Weasley, vou perguntar isso uma vez só, não vou repetir e é melhor você não se acostumar: não seria melhor você tomar alguma coisa? – perguntou ele, repetindo para si mesmo que só oferecia ajuda pois não queria passar a noite com uma enferma ao seu lado. – ele a ouviu murmurar algo, mas incapaz de distinguir as palavras, se aproximou da cama e descobriu a cabeça dela. – Febre? – ele perguntou com um tom de desprezo.
-Não preciso da sua ajuda – respondeu ela, seca. Certamente não pediria nada a ele. – Estou bem assim.
-É, posso ver que está. – disse ele, sarcástico.
-Ai, droga... – ela xingou, se levantando e correndo para o banheiro. O mal-estar, já controlado, estava de volta.
Dessa vez não houve tempo de Ginny fechar a porta e Draco acabou por presenciar a cena nada agradável.
- Esplêndido estado de saúde. Pálida desse jeito e com esse cabelo, você parece uma pira humana. – ele ressaltou, parado à porta, olhando para ela quase desfalecida no chão.
Ela se levantou com dificuldade, sem se dignificar a responder, lavou o rosto e, com a intenção de mais uma vez se esconder sob as cobertas, caminhou para porta, onde Draco ainda permanecia. Seu objetivo, contudo, nunca foi atingido, e ela, como suas feições já ameaçavam, desmaiou. Por reflexo, o outro a segurou.
Draco a pegou no colo e levou-a para a cama. Cobriu-a cuidadosamente e, então, foi para a cozinha procurar alguns ingredientes para fazer uma poção. Afinal, somente seus feitiços estavam bloqueados, apesar de ser impossível fazer algo que simplesmente derretesse a porta.
O Sr. Borgin, sendo um "ex" bruxo das Trevas, tinha um belo conjunto de ingredientes guardados no fundo do armário embaixo da pia, como o loiro havia comprovado ao procurar por comida no primeiro dia.
"Vejamos..." pensou ele, tentando lembrar o que levava uma poção para acalmar o estômago. "E era pra isso que eu devia ter prestado atenção nas aulas de verão que minha mãe me obrigava a ter." O rapaz procurou durante um tempo até que sua memória o assegurou ter tudo o que precisava: espinhos de porco-espinho, asfodélio, raízes rubras, raízes de margaridas. Ele, então, pegou um caldeirão de cobre e deixou a água ferver enquanto cortava suas raízes.
Já sabendo o que fazer, a mente de Draco começou a se desviar para outros assuntos e, inevitavelmente, foi parar na ruiva desfalecida no outro cômodo e... no beijo. Ele não entendia qual era a importância daquilo tudo. Já havia beijado muitas outras; mesmo assim, ela, a que deveria ser a mais insignificante, estava transformando-o num idiota completo que fazia poções quando ela passava mal. Isso não era da índole dele. O que ele ganharia em troca com aquilo tudo? Menos vômito nas suas vestes, talvez. É, pensando dessa forma, era por uma boa causa. E se ela se sentisse melhor, quem sabe ele poderia... "NÃO!"
-Ai! Mas que...– ele xingou alto. Assustado com seus próprios pensamentos, ele havia cortado o dedo.
Pelo que parecia ser a milionésima vez naqueles dias, Draco foi para o banheiro improvisar um curativo. Na volta, parou para checar Ginny. A moça ainda estava desacordada, mas pelo menos, ele constatou, respirava. Inconscientemente, o loiro tirou uma mecha de cabelo ruivo que caía em seus olhos fechados antes de retornar à sua poção.
Meia hora depois, estava pronta. Isso considerando que o rapaz tivesse feito tudo corretamente. De fato, a poção atingira uma coloração rosada e exalava um odor agradável de framboesa; logo, não havia razão para acreditar no contrário.
Draco encheu um copo particularmente grande até a borda com o líquido e levou para Ginny. Quando começava a pensar em uma forma de acordá-la, viu- a mexendo-se e, repousando o copo na cômoda, se aproximou. Ela abriu os olhos lentamente e com dificuldade e pareceu demorar um tempo antes de perceber que Draco a observava.
-Ginny, - ele chamou, tentando soar sem emoção – beba isso. – disse apontando para o copo e se afastando.
-Quê? – perguntou ela, ainda desnorteada.
-Beba. – ordenou ele, um pouco mais grosso do que era necessário.
-O que é isso? – questionou ela, se sentando com esforço e pegando o copo.
-Veneno. – respondeu ele sarcástico.
-Pensei que fosse. – Ginny sorriu, e parte da cor começou a voltar a seu rosto.
-Beba logo, ruiva! – ele exclamou, tentando conter um sorriso. – Não perdi a última meia hora pra ficar vendo você segurar o copo.
-Você fez isso pra mim? – a outra não podia acreditar no que ouvia, e se divertia com a situação. Mas, ao olhar a expressão séria de Draco, decidiu que seria mais prudente não rir e, concluindo que venenos não são cor de rosa, bebeu. – Não tem um gosto tão bom quanto o cheiro. – ela afirmou com uma careta.
-Se não lhe matar, a fará se sentir melhor. – Draco concluiu.
Certamente não parecia estar a matando. Depois que o gosto havia passado, uma sensação quente e confortável se espalhou por seu corpo renovando-a completamente.
-Você não aprendeu isso em Hogwarts. – Ginny falou, já querendo se levantar.
-Deite-se – Draco disse, tocando-a no ombro e fazendo-a voltar para a cama. –, você pode ter uma recaída.
-Desde quando você se importa? – perguntou ela desconfiada, mas sem frieza na voz.
-Desde que divido a cama com você. Já é algo desagradável; com você passando mal seria simplesmente mais do que qualquer ser humano é capaz de aguentar.
-Obrigada, de qualquer forma. – agradeceu a ruiva, ligeiramente contrariada por agora dever um favor a ele. Algo dentro dela a proibia de esquecer que ele, de fato, havia lhe ajudado, independente do motivo ou de ela ter pedido ou não.
-Está ficando tarde, – começou o outro, cortando aquele momento que poderia se tornar meloso. – Estou cansado e você tem que dormir.
-Quanto tempo eu fiquei desacordada?
-Não faço idéia. Agora sossegue, Weasley. – seu tom dava fim à conversa, e Draco se encaminhou para o outro lado da cama, apagando a luz antes. Sentando-se, tirou os sapatos no escuro e entrou embaixo das cobertas.
-Boa noite. – Ginny disse enquanto se ajeitava, virando-se de costas para ele como na noite anterior.
-Boa noite. – ele respondeu, em um tom neutro, também se virando.
Dessa vez, ambos pegaram no sono mais facilmente. Contudo, ao que seria em torno de três horas da manhã, Draco acordou com alguns murmúrios vindos de Ginny. Forçando a vista para poder enxergar na escuridão, o rapaz pôde ver que a ruiva tremia e suava frio: estava tendo a recaída sobre a qual ele havia falado. Era difícil distinguir suas palavras. Mas no meio de tudo ele pôde ouvir claramente: "Harry... Harry... Me desculpa...".
-Por que isso não me surpreende? – disse ele para si mesmo com raiva. Estava prestes a se levantar e ir buscar um copo d'água quando ouviu seu nome. - Draco... é você? Não, não me deixe aqui... Fica comigo...
Aquilo o fez parar subitamente. Por algum motivo, ele perdera a sede. Seus olhos, já acostumados com a falta de luminosidade, podiam ver que ela tremia com mais força. Draco sabia que a poção não mais adiantaria, era algo muito leve e, se ela não havia respondido à primeira dose, a segunda não surtiria efeito. Ele colocou a mão em sua testa. Ginny estava gelada. O loiro, então, se aproximou dela e a pegou em seus braços, abraçando-a numa tentativa de esquentá-la. Ela continuava a murmurar palavras, mas ele foi incapaz de distinguir outras coisas.
Demorou para Ginny parar de tremer. Quando o fez, Draco estava exausto. Decidiu-se por permanecer daquela forma, com ela em seus braços, repetindo para si mesmo que seria um esforço demasiado mudar de posição. Poucos minutos depois, adormeceu.Na manhã seguinte, Draco não abriu os olhos imediatamente após acordar. Estava extremamente confortável naquela forma e, somente ao sentir o movimento do que deveria ser um travesseiro, percebeu o porquê: ele estava na mesma posição na qual havia adormecido, assim como... ela. Foi aí que o conflito começou. Ele queria soltá-la e levantar-se, mas seus braços não obedeciam a seu comando. Por que ela exercia esse poder sobre ele? "Uma Weasley. WEASLEY!" Ele não podia se conformar. "Malfoys não querem abraçar e beijar e sentir o cheiro de... de... Weasleys! Mas... Por que não? Ela era bonita e divertida e PARE, DRACO!". Aquele pensamento havia sido o que faltava para ele se empurrar para fora da cama: precisava de um banho frio. Talvez ele também estivesse apresentando sintomas de intoxicação alimentar.
Após o banho, Draco foi ao armário do Sr. Borgin e pegou camisa e calças limpas. Não agüentava mais ficar com as mesmas roupas. Depois, nem sequer considerando a possibilidade de fazer café, pegou uma maçã. Tudo que ele fazia era com esforço para não pensar em Ginny.
Ele ficou a procura de algo para fazer e se distrair, quando encontrou a bolsa da moça. A curiosidade levou a melhor, e ele acabou por ir ver o que tinha dentro dela. A princípio ele ficou assustado com a quantidade de coisas que realmente existiam numa bolsa tão pequena. Aquilo certamente tinha magia. Isso o incentivou a continuar xeretando. Ele não procurava nada em especial. E basicamente ali dentro só tinha coisas que poderiam ser consideradas normais. Lixa de unha, batom, uma escova, um cachecol, óculos, um caderno com um monte de anotações sem sentido para ele, um saquinho com alguns galeões e um livro sobre dragões com uma dedicatória dentro:
"Querida Ginny,
Espero que você goste. Um dia tenho certeza que vai criar admiração por eles assim como eu.
Com amor, Charlie."
Aquele nome gerou, contra a vontade dele, um pouco de ciúmes em Draco. "Mas não foi por ele que ela chamou ontem...". Ele se xingou por ter tais pensamentos e jogou o livro de volta na bolsa. Porém, ao olhar mais uma vez a seu redor, acabou voltando atrás em sua decisão, e resolveu sentar-se para ler.
-Ei! Isso é meu! – esbravejou ela, arrancando o livro das mãos do outro.
-Sente-se melhor? – perguntou ele, em um tom sarcástico de falsa preocupação. – Quem é Charlie? – a última palavra foi dita de forma melosa.
-Meu irmão, seu pervertido! Você mexeu na minha bolsa?!
-Acalme-se, Weasley. Você ainda está fraca. – ele se divertia com a raiva dela.
-Fraco é como VOCÊ vai ficar quando eu tiver minha varinha de volta! – Ginny ficou tonta de repente e teve que se apoiar na mesa para se manter em pé.
-Sabe, Weasley, se o Potter não fosse tão retardado, eu diria que você está grávida.
-O que exatamente você está querendo insinuar com isso? – perguntou ela, sentando-se na cadeira oposta a ele.
-Enjôos, tontura, não é preciso ser muito esperto pra saber o que isso significa... - Draco explicou como se estivesse falando sobre uma simples equação.
-Não acredito que eu acordei para ouvir isso. Além do mais, onde diabos o Harry entra nisso? – a ruiva perguntou impaciente.
-É, tem razão. O Potter deve ser eunuco. Senão, você já estaria tentando bater o recorde da sua mãe de filhos idiotas. – ele disse com naturalidade.
-Por que você fica insistindo que eu tenho algo com o Harry? – questionou ela, se esforçando para não cair na gargalhada, apesar do insulto à sua mãe.
-Você delirou ontem à noite. – começou o loiro, se divertindo com o poder que tinha sobre ela naquele momento. – Chamou pelo Potter.
-Er... e? – Ginny tentava não demonstrar, mas estava apreensiva com a situação.
-Nada, só achei estranho. – respondeu ele passando a mão pelo cabelo. – Pensei que vocês tivessem algo...
-Tivemos, depois não tínhamos mais. Aí tivemos de novo. Agora não temos. É complicado. – a ruiva gesticulava freneticamente conforme falava.
-Como tudo na vida de um grifinório. – o loiro acrescentou.
-Por que você me beijou? – perguntou ela de repente.
-Ah, Ginevra, – começou Draco, como se fosse fazer uma profunda reflexão. – o que você realmente deveria estar perguntando é por que você me beijou.
-Engraçado, podia jurar que tinha te empurrado, Estrelinha. – ela disse fingindo estar pensativa e sibilando a última palavra.
-Mas me beijou por pelo menos quinze segundos. – concluiu ele.
-Ah, pelo amor de Deus! Você me agarra do nada e espera que eu tenha uma reação rápida? – a outra questionou incrédula. – Estava processando a informação.
- Você sempre processa a informação com a língua dentro da boca de alguém?
Ginny ficou vermelha de raiva e de vergonha, levantou-se e começou a falar coisas uma atrás da outra, que Draco só conseguia imaginar o que significavam.
-E pensar que eu beijei essa boca. – ele falou, tentando se sobrepor aos gritos dela.
-Qual é o seu problema, Malfoy?! – Ginny esbravejou.
-O meu problema é que você está muito longe. – seu sorriso misturava malícia e ironia.
-Sorte minha! – a ruiva exclamou, mais uma vez incapaz de acreditar em seus ouvidos.
-Será mesmo? – Draco se levantou e deu um passo na direção dela. Ela automaticamente deu um passo para trás. – Vai fugir, Ginevra? Está com medinho? – ele deu uma ênfase quase que teatral na última palavra.
Ao ter sua coragem questionada, Ginny deu um grande passo para frente, ficando a centímetros dele com um olhar desafiador. Draco sorriu e puxou-a pela cintura.
-Você sempre cai nessa. – ele disse antes de beijá-la.
-Pára, pára. – pediu Ginny, batendo contra o peito dele. – Você perdeu a noção? – ela não brigava apenas com ele, mas consigo mesma. – Eu não posso ficar aqui. – ela voltou para o quarto e, assim como ele havia feito previamente, tomou um banho frio.
Raiva. Tudo o que ela sentia era raiva. "Por que ele insiste em me beijar? Por que ele tem que ser tão imbecil? Por que ele tem que estar tão... certo?". Era inevitável negar que ela havia gostado. E Ginny Weasley estava extremamente consciente de que ao sair, caso ele fizesse "aquilo" de novo, ela não correria. E tal pensamento a corroia por dentro. "Weasleys e Malfoys se detestam. É assim que as coisas funcionam."
-Ei, Ginevra! – gritou Draco na porta do banheiro, interrompendo os pensamentos da ruiva que deu um pulo de susto.
-O que você quer? – gritou ela de volta, rudemente.
-Quer trocar de roupa?
-Como é que é?! – exclamou ela, incerta sobre o que o rapaz estava perguntando.
-Roupas, Ginevra. – Draco disse, abrindo a porta e entrando sem cerimônias. – Estou deixando aqui em cima da...
-O QUE VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FAZENDO?! – esbravejou Ginny.
-Relaxa! – respondeu o loiro com naturalidade. – O vidro é fosco. Não vejo nada. – ele tinha um sorriso malicioso no rosto, mas dizia a verdade.
-SAI AGORA! – berrou ela, suas bochechas em chamas.
-Calma! Já estou saindo! – Draco deu uma última olhada para o box, e saiu.
Mentalmente, Ginny xingou Draco de todos os nomes que conhecia e rapidamente terminou o banho com a certeza de que iria socar cada parte do corpo dele. Saindo do box, ela compreendeu o motivo da invasão: ele havia levado uma muda de roupas para ela. Não justificava, mas explicava. Eram roupas masculinas, mas ela mal teve tempo de parar pra pensar que elas eram do Sr. Borgin, pois continuava convicta de que iria bater no loiro. Com um cinto e dando um nó na camisa, ela conseguiu deixar as roupas, muito maiores do que ela, de uma maneira que não impedissem seus movimentos. E então saiu, furiosa, ainda penteando o cabelo, para encontrar Draco sentado na cama, apoiado em seus cotovelos de barriga para cima, claramente esperando que ela saísse.
-Conseguiu se ajeitar direitinho? – perguntou ele, sarcástico.
-Seu rato de esgoto nojento, quem você acha que é para sair entrando desse jeito? – ela tremia de raiva.
-Só queria ajudar. – disse ele, em um tom calmo e controlado, sentando-se melhor para encará-la.
-Você nunca "só quer ajudar". – respondeu ela seca. – Você vai me explicar qual é o motivo dos seus surtos, ou terei que arrancar de você? – perguntou ela, sacudindo o pente de pedra perigosamente.
-Porque eu quis. – Draco respondeu, simplesmente.
Entre todas as respostas que Ginny esperava ouvir, essa não estava na sua lista. Ela, então, ficou desarmada.
-Você não pode. – disse ela, finalmente, contudo mais para si do que para ele.
-O quê? Inventaram uma lei agora? – o rapaz sentia como se estivesse do lado de fora de seu corpo, vendo seus lábios se mexerem e formarem palavras que ele nunca seria capaz de dizer.
-É algo implícito nas leis que regem a Terra. – ela respondeu, um pouco da raiva voltando.
Ginny, tendo terminado de pentear o cabelo (ou pelo menos desistindo de continuar), foi colocar o pente sobre a cômoda. Ao passar por Draco, contudo, este a segurou pelo pulso, fazendo-a voltar-se para ele. Seus olhares se encontraram por um segundo, e a coisa que Ginny temia acontecer, tomou proporções que ela jamais imaginara possível. Sim, eles estavam se beijando, mas dessa vez, ela era a culpada.
Draco foi pego de surpresa, mas rapidamente se recompôs e retribuiu o beijo. Ele a puxou pela cintura e a deitou na cama. Nenhum dos dois estava pensando agora. Lentamente, ele foi se deitando por cima dela e sua mão, antes na sua cintura, começou a subir por debaixo da blusa dela.
-Não! – Ginny exclamou, tentando se desvencilhar dos lábios dele e segurando sua mão.
-Algo errado? – perguntou Draco, descendo a mão e usando-a para se apoiar e encará-la. -Eu não quero fazer isso. – ela disse, saindo debaixo dele e sentando-se com a cabeça encostada na cabeceira.
-O que você quer fazer então? – ele foi para o lado dela, ligeiramente decepcionado, mas sua voz não demonstrava impaciência ou raiva.
-Sei lá. – respondeu a moça descontraída e sinceramente. – Conversar.
-Conversar? – aquilo parecia brincadeira. – Sobre o quê?
-Que tal sobre essa coisa queimada no seu braço? – perguntou ela como quem pergunta as horas.
-Boa tentativa, Ginevra. – retrucou ele, nervoso.
-Prometo que não vou contar pra ninguém. – a ruiva abriu um largo sorriso.
-Sorrir não vai adiantar para me convencer. – Draco já começava a se levantar para sair dali.
-Não dessa vez. – Ginny falou, segurando-o pelo braço esquerdo e levantando sua manga. Ela percorreu o dedo pela Marca Negra, causando um arrepio no rapaz, que então voltou para o lado dela e segurou sua mão com um pouco mais de força do que o necessário.
-O que você quer saber? – perguntou ele, contrariado.
-Quando? – ela puxou sua mão.
-Logo que saí de Hogwarts. – respondeu o loiro, sem emoção.
-Por quê?
-Você ainda lembra quem era meu pai, não? – retrucou ele sarcástico. Vendo-a revirar os olhos, acrescentou: - Não tinha motivo para não fazer.
-Poupar vidas inocentes? – ela falou lentamente, fingindo dificuldade em encontrar um motivo.
-E o que eu ganharia com isso? – perguntou ele, como se ela tivesse falando o maior absurdo de todos.
-Ai, meu sapatinho verde... – murmurou ela para si mesma, exigindo um grande esforço de Draco que quase caiu na gargalhada. – Ok, então. Por que você não foi preso?
-Tenho minhas conexões. Não sou estúpido de ficar ao lado de alguém que está para cair. – nada indicava arrependimento em seu tom.
-Basicamente você se junta com quem te traz mais vantagens?
-E você não? – perguntou ele, como se aquilo fosse algo óbvio.
-Ai, minha luva cor-de-rosa...
-Seu guarda-roupa deve ser deprimente... – Draco disse, sorrindo marota e maldosamente.
-Ahn? – perguntou Ginny, perdida em pensamentos. – Ah! – ela exclamou, quando entendeu. – Ei! Cala boca, Estrelinha!
-Adoro te ver irritada. – disse ele num tom que ele não sabia que podia emitir.
-Não mude de assunto. – a outra falou, imitando o tom dele.
-Já não ouviu tudo o que queria? – perguntou Draco, voltando a perder a paciência e o sorriso.
-Você não falou nada! – exclamou Ginny incrédula. – Você ainda não explicou o que você fez para estar parado aqui na minha frente ao invés de estar trancado numa cela em Azkaban.
-Você não acreditaria se eu dissesse.
-Não me surpreendo facilmente. Principalmente com algo vindo de você.
-Quer que eu faça uma lista de quantas vezes te fiz perder as palavras nos últimos quatro dias?
-Você não é tudo isso. – ela cruzou os braços e o desafiou a responder com o olhar.
Draco a beijou profundamente, de uma forma que ele ainda não havia ousado fazer. Sua mão subiu pelas costas de Ginny até seu pescoço, parando em seus cabelos, causando um arrepio em sua espinha e fazendo-a emitir um som baixo e rouco.
-Você estava dizendo... – disse ele, soltando-a finalmente.
-Responda a minha pergunta. – a voz dela saía como se ela tivesse corrido um quilômetro.
-Tudo bem. Eu me juntei a vocês.
