Bem que se quis


Bem que se quis
Depois de tudo ainda ser feliz
Mas já não há caminhos pra voltar
E o quê que a vida fez da nossa vida
O quê que a gente não faz por amor

A lua já ia alta no céu e Susan mantinha seus olhos abertos, a cabeça encostada no peito nu de Sirius, que subia e descia com a respiração dele.

- "Por favor, Su... Cuida de mim..." - eccou a voz dele novamente em seus pensamentos.

A morena sorriu, respirando profundamente, seus sentidos ainda totalmente embriagados com tudo o que acontecera; cada arrepio, cada beijo insano, cada suspiro... Jamais se esqueceria de como ele lhe roçara os lábios na nuca ou de como cravara as unhas nas costas dele enquanto sentia todo o peso do corpo dele sobre o seu.

Não sabia o que ia acontecer no dia seguinte quando Sirius acordaria com a mente já livre do álcool e da tristeza pelo casamento de Camille. Mas também não se importava com isso. Fossem quais fossem as consequências de ter se entregue àquele maroto, nada era demais diante da lembrança da recompensa.

Ela sempre estivera lá, ouvindo-o, aconselhando-o, mesmo quando sabia que seus conselhos o levariam para longe dela. Sua alegria era participar, nem que fosse muito pouco, da vida do moreno. E ninguém poderia tirar isso dela.

- Eu prometo que sempre estarei aqui para cuidar de você, Almofadinhas. - ela sussurrou antes de afinal cair no sono.

Mas tanto faz
Já me esqueci de te esquecer porque
O teu desejo é meu maior prazer
E o meu destino é querer sempre mais
A minha estrada corre pro seu mar


Sirius acordou pouco depois de o sol ter nascido. Por alguns instantes ele se perguntou onde estava, mas as lembranças da noite anterior voltaram quando ele viu a cabeça de Susan repousando sobre seu peito, os cabelos castanhos espalhados pela cama.

Com cuidado para não acordá-la, ele se levantou, vestindo-se rapidamente, observando a morena dormindo. Susan tinha um ar tão inocente... Ele sorriu com esse pensamento ao observar num espelho os vergões avermelhados de suas costas que as unhas dela tinham deixado. Bem, não tão inocente...

Ele tirou a varinha do bolso, conjurando uma rosa e depositando a flor num vaso junto a cama da italianinha. Não queria que ela achasse que a estava usando, que aquela noite fora apenas um erro de um bêbado. O moreno debruçou-se sobre o corpo da jovem, roçando os lábios dela levemente. E, ainda sorrindo, deixou o quarto.

Agora vem pra perto, vem
Vem depressa, vem sem fim
Dentro de mim
Que eu quero sentir o teu corpo
Pesando sobre o meu
Vem meu amor, vem pra mim
Me abraça devagar
Me beija e me faz esquecer...


O sol já ia alto quando Susan acordou. Ela se encolheu na cama, como se procurasse por alguém, mas abriu os olhos quando percebeu que estava sozinha. Piscando-os repetidas vezes, ela se perguntou se não estivera sonhando. Mas todas as sensações eram tão nítidas, não podia ter sido um sonho...

Ela levantou-se, enrolando o corpo no lençol, e caminhou até a janela. Lá fora, o sol brilhava radiante e o céu estava limpo. Susan encostou-se à parede e só nesse momento notou a rosa solitária num vaso perto da cama. Com um sorriso a morena se aproximou, tocando as pétalas delicadas com suavidade.

- Ele vai voltar. - ela sussurrou para si mesma, sonhadoramente.

Sim, ele voltaria. Por noites e noites, ele voltaria. Agora era tarde demais para voltar atrás, tarde demais para controlar algo simplesmente incontrolável. Dançando uma alegre tarantella, Susan seguiu para o banheiro, disposta a tomar um banho e comer alguma coisa. Ainda tinham um dia inteiro antes de a noite chegar...


Eu tive um pouco de dificuldades para escrever esse capítulo, para escolher as palavras certas. Morri de medo de acabar caindo na vulgaridade e só o que eu queria era que, depois de quase quarenta capítulos de enrolação, Sirius e Susan tivessem seu momento perfeito. Sejam bonzinhos comigo, comentem para que eu saiba se consegui meu objetivo.

A música desse capítulo é "Bem que se quis", da Marisa Monte. Eu ia usar uma canção do Chico Buarque, mas acabei decidindo usá-la em outro capítulo com esses dois então.

Bem, então, não se esqueçam de comentar!

Beijos,

Silverghost.