Primeiro Pecado II – A Redenção
Por Hime

-Capítulo 2-

"Fiquei com pessoas que carregavam solidão
Procurei pelo lugar onde pudesse me aproximar de seu coração
Houve noites em que chorei 'Encontramo-nos tarde demais'
Mesmo esse seu desvio era parte da vida
Apesar de lhe ter machucado, quero que saiba
Não há ninguém que eu ame mais"

- Está tudo bem mesmo, Sakura?- Tomoyo perguntou segurando a mão fria da prima.
- Sim.- Sakura se levantou da cadeira com um suspiro.- Foi só a minha pressão que baixou.
Tomoyo se levantou também. Sakura havia permanecido inconsciente por alguns poucos minutos, o suficiente para deixar Tomoyo mais que desesperada. Com calma, andavam devagar para a saída da sala onde Kuroba tinha indicado para que Sakura pudesse voltar a si. Ao passar pela loja agradeceram a atenção e foram embora, deixando o pequeno vaso completamente esquecido.
Chegaram ao colégio e foram direto para a sala da diretoria. Lá o ambiente era mais fresco e poderiam com certeza conversar com mais privacidade. Sakura se sentou à sua mesa e encostando o cotovelo direito no apoio da cadeira, tapou os olhos com a mão. Sentia a visão um pouco turva.
- Sakura.- Tomoyo sentou-se de frente para a amiga.
- Eu estou bem, Tomoyo.- Ajeitou-se na cadeira e tentou sorrir.
- Eu sei que não está bem, Sakura. Você sabe e eu também sei que aquele era Li Syaoran, sem dúvidas!- A prima não esboçou reação.- Ele está aqui em Tókio e não poderemos expulsá-lo daqui.
- Não há motivos para querermos expulsá-lo, afinal, o que temos contra ele?- Tentou ser sarcástica, numa tentativa frustrada.
- Não tente ser fria, Sakura. O seu passado mexe com você e ele faz parte deste passado.- Falava com os olhos fixos nos da sua prima.- Não poderá desmaiar a cada vez que encontrá-lo.
- Oras, Tomoyo. E quem disse que eu irei encontrá-lo novamente? Talvez ele esteja por aqui somente de passagem. Não quero nem vou mais vê-lo.- Cruzou os braços e abaixou o olhar.
- Tudo bem, tomara que assim seja, mas... Ele não me parece que virou padre...
- É... Nisso você tem razão...- Voltou sua memória para Syaoran. Ele estava...
- Ele estava lindo, né?- Tomoyo falou com um sorriso no rosto. Sabia que Sakura concordava.- Deve ter mil e uma pretendentes.
Sakura parou um pouco. Mil e uma pretendentes? Mas como?! Sentiu uma pontada de desgosto ao 'lembrar-se' de que ela havia se casado, então porque ele também não teria o direito? Aliás, não havia mais nada entre eles há anos.
- Sakura.- Tomoyo a tirou de seus pensamentos.- Acho melhor você ir mais cedo para casa hoje. Kiyohide pode ficar preocupado.
- Preocupado ele vai ficar se eu falar que desmaiei.
- Não, minha amiga. Preocupado ele vai ficar quando eu contar que você desmaiou e não disse nada para ele.- Sakura fez uma pequena carranca.- Vamos, arrume suas coisas que eu te levo.
- Não precisa se incomodar, Tomoyo.
- Então chame o motorista.
- Sabe que não gosto disso. Eu já estou bem e vou dirigindo mesmo.- Enfiou algumas coisas que estavam em cima da mesa nas gavetas e as trancou.- Até mais, Tomoyo. E obrigada por tudo.- Deu um abraço na amiga antes de pegar a bolsa e sair da sala.
Assim que Sakura saiu Tomoyo juntou as mãos e as levou à testa, fechando os olhos em seguida. No fundo sabia que Li não era padre e nem parecia estar ali a passeio. Queria de verdade que nunca mais se encontrassem, mas não achava que era isso que iria acontecer. Por fim, suspirou resignada. Só desejava que Sakura fosse feliz.

Sakura mal chegou em casa e foi direto para seu quarto. Sentia o corpo mole e sem forças. Jogou os sapatos num canto qualquer e deixou o corpo cair na cama. Suas pálpebras pesavam como nunca e a cabeça parecia zumbir terrivelmente. Em poucos momentos estava dormindo um sono pesado, custoso.
Kiyohide abriu a porta da sala e encontrou Emi passando pelo corredor.
- Sakura já chegou?
- Sim, senhor Ogawa. Ela chegou antes das três e está dormindo até agora.
Kiyohide franziu as sobrancelhas, largou a pasta numa mesa e subiu as escadas preocupado.
- Acho que ela estava passando mal.- Emi completou e viu seu patrão terminar de subir as escadas correndo.

O homem de olhos azuis abriu a porta do seu quarto vagarosamente, entrou e fechou em seguida. Pôde ver Sakura dormindo encolhida num canto da cama. Tirou o paletó, sentou-se ao seu lado e colocou a mão em sua testa. Antes que pudesse identificar algo quanto à febre, pôde ver a mulher abrindo os olhos suavemente.
- Kiyo...
- Já estava acordada?
- Sim. Estava um pouco cansada.- Sentou-se.
- Sente-se bem?- Passou a mão em seu braço com carinho.- Emi disse que chegou mais cedo hoje.
- Sim... Não me senti muito bem depois do almoço.- Sabia que Kiyohide iria falar algo.- Mas acho que não foi a comida. Nós sempre almoçamos lá.- Sentiu seu estômago dando um nó.
- Sei... Sentiu-se mal então?
- É... Bom... Depois fomos até uma loja ver algo para colocar na sala... Você sabe, para substituir aquela estatueta...
- Sei, sei...
- Acho que minha pressão caiu, acabei desmaiando...- Sentia-se mal em contar para o marido que havia desmaiado por causa de um fantasma do seu passado. Preocupá-lo era a última coisa no mundo que queria.
- Foi ao médico?
- Calma Kiyo, não deve ter sido nada demais, eu já estou melhor.- Sentiu uma forte ânsia de colocar seu estômago para fora, mas respirou fundo e conteve-se.
- Sakura, você não está bem.
- Estou sim...- Disse enquanto se levantava, sem poder evitar que seu rosto demonstrasse seu mal-estar.
- Mas você...- Não terminou de falar.
Sakura, numa ânsia absurda, saiu correndo até o banheiro, com Kiyohide em seu encalço.

Tomoyo brincava com Mihoshi em seus braços quando sentiu que havia alguém à porta. Olhou e pôde constatar que era Eriol que havia acabado de chegar.
- Olá.- Beijou-lhe por alguns instantes.- Chegou agora?
- Não, já faz algum tempo.- Respondeu sem o encarar.
- Tudo bem?- Tomoyo balançou a cabeça afirmativamente.
Eriol a fitou de modo desconfiado. Ia abrir os lábios quando esta se levantou com a filha nos braços e disse:
- Vamos jantar? Takeo já deve estar pronto.
- Sim...- Eriol respondeu girando a cabeça para ver a mulher sair do cômodo. Tinha certeza de que algo havia acontecido e em breve acabaria descobrindo.

- O quê? Como assim Li está na cidade, não se tornou padre, não me avisou que chegaria e ainda por cima Sakura o viu?- Disse rápido, depois de se levantar da poltrona.
- Oras, isto mesmo o que você acabou de repetir.- Tomoyo disse tranqüila, sentada na cama.
- Mas Tomoyo...- Passou uma mão pelo rosto enquanto tinha a outra na cintura.- O que Sakura fez?
- Desmaiou.
Eriol rodou os olhos e sentou-se novamente.
- Mas ela está bem?
- Ah sim, está. Foi para casa mais cedo, com certeza Kiyohide cuidará bem dela.
- Sem dúvida. Ele a ama mais que tudo.
- Sim...- Tomoyo confirmou com voz melancólica.- E isso irá contribuir para que seu sofrimento aumente.
- Sofrimento?
- Bem, se Li realmente estiver morando em Tókio, uma hora ele vai se encontrar com Sakura.
- O que te dá tanta certeza?
- É o inevitável, Eriol.- O homem sentiu um arrepio passar por sua espinha.- Eles têm assuntos inacabados, e uma hora terão que resolvê-los querendo ou não. Nada pode ficar incompleto, sem um fim.
Eriol fitou Tomoyo profundamente, apoiando os cotovelos nas pernas. Os longos cabelos que desciam por suas costas, os belíssimos olhos violetas, a pele alva como a lua... Aquela figura diáfana por quem era completamente apaixonado, às vezes empregava tanta força em suas palavras que pareciam ser premonições. Um pequeno pedaço do futuro escapando por seus lábios.
- Entende?- Perguntou em busca de uma afirmação já certa.
- Sim, querida. Você tem razão...- Fez uma pequena pausa.- Você disse que Kiyohide sofreria...
- Sim. Ele ama Sakura, e com certeza ela ficará abalada com tudo o que acontecerá um dia.
- Entendo... Sabe se Sakura contou alguma vez esta estória para Kiyohide?
- Não, acho que não... Bom, vou ligar para ela...- Disse antes de pegar o telefone sem fio e discar o número.
Ficou em silêncio enquanto ouvia as chamadas. De repente, bateram à porta e Eriol se levantou para verificar quem poderia ser. Sorriu ao ver que era Takeo, seu primogênito. Tinha o semblante assustado, talvez tivesse tido um pesadelo.
- Sakura?
Eriol percebeu que já tinham atendido e saiu levando o filho no colo para o outro quarto. Tomoyo sorriu encantada ao ver como Eriol tinha se tornado um bom pai. Uma voz do outro lado da linha a tirou de seus pensamentos.
- Ah, desculpe, Sakura. Melhorou?
[- Agora sim... Não estive muito bem durante toda a tarde, mas agora estou melhor.]
- Que bom!
[- Depois do chá horrível que o Kiyo me deu, ou eu melhorava ou piorava de vez.- Fez uma careta engraçada que fez Kiyohide soltar um sorriso.]
- Ah, mas sabe que pode confiar nele. Escute Sakura, que tal tirar um dia de folga?
[- Hã?]
- Ficar em casa amanhã. Só por precaução.
[- Eu não acho que seja necessário, Tomoyo.]
- Tem certeza?
[- Sim.]
- Bom, então tudo bem. Mas qualquer coisa sabe que é só me ligar, não?
[- Sei sim.- Disse num sorriso.]
- Boa noite.
[- Boa noite.]
Tomoyo desligou o telefone mais tranqüila, ao passo Sakura pôde ouvir pequenos protestos.
- Por que não aceitou ficar em casa?
- Não gosto de ficar parada.- Levantou-se para trocar de roupa.
- Mas é para o seu bem!- Seguiu-a.
- Não estou doente, Kiyo.
- Eu sei, mas...- Balançou levemente a cabeça.- Não adiantará discutir com você, não é mesmo?- Soltou os braços ao longo do corpo.
- Não.- Vestiu a camisola.- Sinto-me mal em ficar sem fazer nada, sabe disso.- Virou-se e acabou por encontrar o corpo do marido. Levantou o rosto para fitá-lo.
- Claro que sei... Só quero que você e o nosso filho fiquem bem.
Sakura parou todo o seu raciocínio por alguns instantes. "Nosso filho"... Seu filho e de Kiyohide, criança que carregaria o sobrenome Ogawa... Há muito tempo desejou que seus filhos tivessem um outro sobrenome, mas agora... Como num conto de fadas, foi desperta de seus pensamentos por Kiyohide, que carinhosamente colou seus lábios ao de Sakura. Esta, sentindo-se culpada por estar pensando em Syaoran, passou os braços pelo seu pescoço e correspondeu fervorosamente ao beijo. Assim talvez o impedisse de ler o que se passava em sua mente.

- Oi Touya!- Sakura sorriu ao ouvir a voz do irmão pelo telefone. Há semanas não se viam.
[- Olá, Sakura. Como está?]
- Muito bem! Estamos todos bem.- Aumentou o sorriso, animada. Realmente estava muito bem disposta. O mal estar do dia anterior talvez tivesse sido provocado por alguma outra coisa, não a gravidez.
[- Que bom. Hoje estarei voltando para Tókio.]
- Mesmo?- Quase deu pulinhos de alegria.- Que ótimo! Venha jantar aqui! Tenho certeza de que Kiyo ficará muito contente!
Touya sorriu do outro lado da linha. Confiava plenamente em Kiyohide, a ponto de lhe confiar sua irmã. Tinha certeza de que ele era o homem certo para Sakura quando este pediu a mão da garota em casamento.
[- Hoje, tem certeza?]
- Claro! Não temos nenhum compromisso marcado. Posso mandar preparar tudo?
[- Pode, Sakura...- Deu-se por vencido.]
- Ai que bom, Touya! Estou morrendo de saudades!
[- Eu também, maninha, agora preciso desligar. Até à noite.]
- Até. Tchauzinho!- E ouviu um clique do outro lado da linha.
Sorridente, Sakura foi até a cozinha e deixou algumas recomendações, correndo depois ao encontro de Kiyohide, que vinha em direção à sala. Fitou-o e disse com uma expressão travessa no rosto:
- Adivinha quem vem jantar conosco hoje?
- Tomoyo e Eriol?
- A Kiyo, que falta de imaginação!
O homem sorriu belamente. Era bom ver Sakura de bom humor.
- Ah, não sei, Sakura. Sou péssimo em adivinhações.
- Tudo bem. O Touya vem! Ele chega hoje!- Disse como se estivesse revelando o maior segredo do mundo.
- Que ótimo. Faz tempo que nós não conversamos.
- Ah, mas não vão ficar tratando de negócios e me deixar de lado como sempre, por favor.- Disse com um pequeno biquinho.
- Claro que não, minha querida.- Envolveu-a com um braço e beijou-lhe o topo da cabeça.- Não se preocupe.
Durante aquele abraço Sakura sentiu-se culpada por algo que não soube explicar, mas logo a sensação ruim passou e falou algo:
- Tudo bem.
- Ah, quase que me esqueço!- Kiyohide bateu a mão espalmada na testa.- Ontem eu ia contar, mas acabei esquecendo completamente. Um amigo meu virá jantar conosco hoje, acho que não terá problemas, não é mesmo? Ele estudou comigo na faculdade.
- Claro que não.- Sorriu. Na verdade gostaria que fosse um jantar entre família, mas se Kiyohide se dava tão bem com esse amigo...
- Então tudo bem. Vou tentar chegar mais cedo hoje. Até mais.- Beijou Sakura e saiu porta afora.

Já era noite. Sakura, em frente ao espelho, ajeitava uma mecha rebelde do seu longo cabelo preso num rabo-de-cavalo. Adotou para aquela ocasião uma bela blusa rosa, leve, juntamente com uma calça também branca. Sapatos baixos. Ajeitou uma última vez aqueles fios entre mel e dourados quando sentiu alguém atrás de si. Olhou para Kiyohide admirada. Os cabelos negros ainda estavam úmidos, porém já penteados. Os olhos extremamente azuis brilhavam como nunca e acentuavam o seu olhar firme. Vestiu-se como sempre. Uma camisa de cor qualquer, que no momento era negra e calças e sapatos sociais.
- Aonde o senhor pensa que vai?- Disse colocando as mãos na cintura, numa falsa expressão de irritação.
- Somente ficar ao seu lado.- Olhou-se no espelho por trás de Sakura.
Nem o mais terrível dos pessimistas poderia negar que faziam um belo casal. Com a roupa escura os olhos azuis do senhor Ogawa se destacavam ainda mais. Sakura tinha um ar mais leve, mais brilhante. Kiyohide abraçou-a por trás. A diferença de alturas fez com que ele abaixasse a cabeça, encostando seu rosto ao da mulher amada. Sorriu verdadeiramente. A sua felicidade era palpável, simplesmente perfeita.
- Já está pronta para descer?
- Acho que sim...- Se olhou no espelho mais uma vez.- Mas não sei quanto a esta blusa...
Kiyohide não pôde evitar em girar os olhos. As mulheres realmente eram complicadas.
- Eu já estou descendo, assim que ficar pronta desça também.
- Está bem.- Viu a porta ser fechada. Suspirou. Será que aquele rosa não estava forte demais?
Foi até o closet e o abriu, fazendo uma busca ocular por outra blusa. Pegou uma amarela e outra azul clara, analisou-as com cuidado, mas acabou guardando as duas e ficando mesmo com a rosa. Estava ansiosa para ver Touya, e ele já deveria estar chegando.
Apagou a luz do quarto e saiu calmamente. Andou por um pedaço do corredor e desceu elegantemente os degraus. Chegando aos pés da escada pôde ouvir vozes masculinas, mas não identificou a do seu irmão. Com certeza deveria ser o tal amigo de Kiyohide. Foi até o marido e postou-se ao lado dele, esperando as apresentações. Iria cumprimentar o convidado, mas sua atenção foi desviada para um vaso que Kiyohide tinha em mãos. 'Era um belo e delicado vaso ornamental, cuidadosamente pintado à mão e repleto de cores'. Já tinha visto este vaso antes, mas em tamanho menor. Este era o vaso que Li tinha em mãos naquela loja. Sentia sua respiração ficar irregular. Uma sensação estranha novamente tomou conta do seu corpo. Não queria e nem tinha coragem de olhar para frente, mas pôde ouvir Kiyohide dizer:
- Lindo, não é mesmo? Foi Syaoran que trouxe. Ele estudou comigo na faculdade por dois anos, enquanto eu ainda morava no extremo sul.
Sakura levantou o rosto. Seus trajes apenas diferiam dos de Kiyohide pela cor da calça e da blusa, que era justa, de linha e gola alta, de cor verde. Finalmente fitou seu rosto. Os mesmos belos olhos castanhos, mas agora combinavam perfeitamente com os traços másculos. Os cabelos estavam com aquela aparência mais leve, um tanto mais compridos, na nuca. Tinha um leve sorriso no rosto. Demorou um pouco para assimilar tudo. Sorriso? O sorriso de Syaoran se alargou.
- Sou Syaoran Li, muito prazer.- Estendeu a mão. O mesmo sorriso vagabundo estava estampado em sua face.
- ... Sakura Ogawa.- Tocou aquela mão como se fosse gelo. Um aperto de mãos fraco, sem trocas de energia.
- Ficará perfeito para o que queria, Sakura.- Kiyohide disse depositando o presente numa das estantes, lugar ideal.
- Sim.- Disse perdida.
Não sabia se olhava para os lados, para o chão ou para Kiyohide. Para Syaoran é que não olharia. Tinha aquele sorriso no rosto como se fosse o dono da verdade. Viu que o marido se aproximava e passava o braço em volta da sua cintura. De certo modo aquele gesto lhe deu algum conforto. Por nada no mundo desmaiaria de novo.
- Com licença, senhor Ogawa.- Emi apareceu de algum lugar.- Há um telefonema para o senhor.
- Ah, já vou Emi. Obrigado.- Olhou para Syaoran.- Sakura lhe fará companhia, eu prometo não demorar.- Saiu em direção do escritório.
Sakura olhou novamente para Li, que mantinha aquele sorriso idiota no rosto.
- Sente-se.- Apontou um sofá. Sua voz tinha soado áspera.
Antes que também se sentasse e explodisse falando uns bons desaforos, a campainha soou. Levantou-se e viu Emi passar apressada para atender. Sakura suou frio. Era Touya, tinha certeza. Logo viu a figura do irmão entrar pela porta principal.
Touya agradeceu a simpática senhora que trabalhava para os Ogawa. Era muito prestativa. Logo viu a irmã o olhando com um semblante assustado, mas seu sorriso morreu completamente quando focou sua visão mais ao fundo, caindo exatamente em cima de Li. Com passos largos e rápidos preparava-se para dar um soco bem dado nas fuças daquele cafajeste, mas parou por intervenção de Sakura. Todo o seu sangue circulava rápido. Há anos desejava socar aquele infeliz e não ficaria satisfeito até fazê-lo.
- Touya, por favor... Kiyohide pode aparecer...- Disse com as mãos no peito do irmão, como se pudesse impedi-lo.- Kiyo é amigo dele.
Fitou seriamente os olhos da irmã. Não sabia o que fazer. Apesar do ódio mortal que sentia, estava na casa do seu cunhado.
- O que Kiyohide pensa sobre isso, Sakura?- Disse em voz baixa, fazendo sua voz grave sair quase sussurrada.
- Ele não sabe.- Moveu os lábios.
Syaoran olhava aquela cena intrigado. Estava crente que Sakura teria um ataque fulminante quando o visse, mas não foi bem isso que aconteceu. Tinha que confessar que estava muito mais bonita do que sua mente rancorosa imaginava, mas ainda assim ela o tinha magoado. E casado com seu melhor amigo!! Passou a mão na nuca, sobre os cabelos. Parecia que Touya iria lhe arrancar o couro se aquela mulher não intervisse. O que diabos estava acontecendo ali? Ruídos de passos lhe chamaram a atenção. Observou Kiyohide chegar. Cumprimentou Touya, que mal disfarçou seu estado nervoso e pôde concluir que Sakura disse já ter apresentado os dois. Sorriu forçadamente. Novamente se perguntava. O que diabos estava acontecendo ali?

Continua...

N/A: 'Capítulos de ligação' são assim mesmo, só o finalzinho ficou mais ou menos. Até agora não me conformo como aquela cena E+T ficou ridícula, mas não vou mudar agora. Vocês devem ter percebido que a primeira parte se passou no 'universo' do Li, e agora estou trabalhando em cima do 'universo' da Sakura. Em breve pretendo trabalhar com os dois, se for possível.
Respondendo à pergunta da Violet-Tomoyo, desde o último encontro entre Sakura e Syaoran se passaram sete anos.
Agradecimentos:
Miaka Hiiragizawa(eu estava até meio pessimista quanto a esta continuação. Dá-lhe Touya! XD), Nina-Kinomoto Li(Bom, final feliz não prometo, mas quem sabe, né? Li o poema, tem razão, tem algo a ver nas entrelinhas sim. thanx!), Dark Angel(No mesmo dia eu não prometo, mas pretendo atualizar toda semana sim, thanx), Dai(capítulos curtos é a minha sina, apesar deste ter saído relativamente grande. Não tem jeito XD Obrigada por acompanhar, amiga), Nakizinha(O.o Nossa, eu sou tão má assim? Pode ter certeza que tristes, no fundo do poço eles não vão acabar, ^.~. Para falar a verdade eu também já sabia que haveria uma continuação... _ bjos!), Holly Amphir Demonangels(aqui está a continuação, espero que continue acompanhando.bjos), Violet-Tomoyo(você não imagina o quanto me deixa feliz saber que gosta do que escrevo. ^_^ Pergunta respondida, se tiver mais alguma, não hesite em questionar! bjos), Saki Kinomoto(claro que custou, quase morri! XD E nunca mais faça propostas homicidas entendeu? Ah, 'Motto' é muito boa! Quase me tornei viciada. XD bjos!), Yoruki Mizunotsuki(que bom que está gostando, Yoru. Oras, não é tão ruim os dois separados, afinal, a Sakura fica com o Kiyo e o Li (e o Touya) comigo! XD bjos!), Jully(epa! Crápula não, hein! E é verdade, a Sakura se deu muito bem. Achar alguém bonzinho como o Kiyohide é muito difícil!), Rê_~ chan(Tá horrível esse capítulo, eu sei. Só deu um *upa* no finalzinho. Espero que não tenha decepcionado. _), MeRRy-aNNe(Ah, o Li não teve culpa de não olhar, afinal, ele não gosta de confusões. bjos!), Miyazawa Yukino-Erika(é, Sakura casada e grávida... Vamos ver no que isso vai dar. Criativa, eu? #^^# Obrigada, Erika. Espero poder melhorar no próximo capítulo. bjos!), Jenny-Ci(aqui está o segundo capítulo, mas a maior parte está tão... SEM GRAÇA!! _ Obrigada por acompanhar ), Madam Spooky( se me chamar de má mais uma vez eu vou acabar acreditando. ¬¬ Bom, se sobrar Kiyohide, pego p/ mim! XD), Diana-Lua(olá! Eu também adorei o marido dela. _ A confusão já foi armada, hehe. Que bom que gosta das músicas, Diana, são especiais. bjos), Kirika(não! Não gosto de ver os outros sofrerem! Apenas é necessário. _ thanx pelo review.), Sayo Amakusa(imagina, Sayo, não foi culpa sua, eu é que não percebi que poderia confundir. XD Obrigada pelos elogios, quase engasguei de rir do 'quase-gêmeo-siamês'. rs bjos!).

Até o próximo capítulo.
Hime