Primeiro Pecado II – A Redenção
Por Hime
-Capítulo 2-
"Fiquei com pessoas que carregavam solidão
Procurei pelo lugar onde pudesse me aproximar de seu coração
Houve noites em que chorei 'Encontramo-nos tarde demais'
Mesmo esse seu desvio era parte da vida
Apesar de lhe ter machucado, quero que saiba
Não há ninguém que eu ame mais"
- Está tudo bem mesmo, Sakura?- Tomoyo perguntou segurando a mão fria da
prima.
-
Sim.- Sakura se levantou da cadeira com um suspiro.- Foi só a minha pressão
que baixou.
Tomoyo
se levantou também. Sakura havia permanecido inconsciente por alguns poucos
minutos, o suficiente para deixar Tomoyo mais que desesperada. Com calma,
andavam devagar para a saída da sala onde Kuroba tinha indicado para que Sakura
pudesse voltar a si. Ao passar pela loja agradeceram a atenção e foram embora,
deixando o pequeno vaso completamente esquecido.
Chegaram
ao colégio e foram direto para a sala da diretoria. Lá o ambiente era mais
fresco e poderiam com certeza conversar com mais privacidade. Sakura se sentou
à sua mesa e encostando o cotovelo direito no apoio da cadeira, tapou os olhos
com a mão. Sentia a visão um pouco turva.
-
Sakura.- Tomoyo sentou-se de frente para a amiga.
- Eu
estou bem, Tomoyo.- Ajeitou-se na cadeira e tentou sorrir.
- Eu
sei que não está bem, Sakura. Você sabe e eu também sei que aquele era Li
Syaoran, sem dúvidas!- A prima não esboçou reação.- Ele está aqui em Tókio
e não poderemos expulsá-lo daqui.
- Não
há motivos para querermos expulsá-lo, afinal, o que temos contra ele?- Tentou
ser sarcástica, numa tentativa frustrada.
- Não
tente ser fria, Sakura. O seu passado mexe com você e ele faz parte deste
passado.- Falava com os olhos fixos nos da sua prima.- Não poderá desmaiar a
cada vez que encontrá-lo.
-
Oras, Tomoyo. E quem disse que eu irei encontrá-lo novamente? Talvez ele esteja
por aqui somente de passagem. Não quero nem vou mais vê-lo.- Cruzou os braços
e abaixou o olhar.
- Tudo
bem, tomara que assim seja, mas... Ele não me parece que virou padre...
- É... Nisso você tem razão...- Voltou sua memória para Syaoran. Ele
estava...
- Ele
estava lindo, né?- Tomoyo falou com um sorriso no rosto. Sabia que Sakura
concordava.- Deve ter mil e uma pretendentes.
Sakura
parou um pouco. Mil e uma pretendentes? Mas como?! Sentiu uma pontada de
desgosto ao 'lembrar-se' de que ela havia se casado, então porque ele também
não teria o direito? Aliás, não havia mais nada entre eles há anos.
-
Sakura.- Tomoyo a tirou de seus pensamentos.- Acho melhor você ir mais cedo
para casa hoje. Kiyohide pode ficar preocupado.
-
Preocupado ele vai ficar se eu falar que desmaiei.
- Não,
minha amiga. Preocupado ele vai ficar quando eu contar que você desmaiou
e não disse nada para ele.- Sakura fez uma pequena carranca.- Vamos, arrume
suas coisas que eu te levo.
- Não
precisa se incomodar, Tomoyo.
- Então
chame o motorista.
- Sabe
que não gosto disso. Eu já estou bem e vou dirigindo mesmo.- Enfiou algumas
coisas que estavam em cima da mesa nas gavetas e as trancou.- Até mais, Tomoyo.
E obrigada por tudo.- Deu um abraço na amiga antes de pegar a bolsa e sair da
sala.
Assim que Sakura saiu Tomoyo juntou as mãos e as levou à testa,
fechando os olhos em seguida. No fundo sabia que Li não era padre e nem parecia
estar ali a passeio. Queria de verdade que nunca mais se encontrassem, mas não
achava que era isso que iria acontecer. Por fim, suspirou resignada. Só
desejava que Sakura fosse feliz.
Sakura mal chegou em casa e foi direto para seu quarto. Sentia o corpo
mole e sem forças. Jogou os sapatos num canto qualquer e deixou o corpo cair na
cama. Suas pálpebras pesavam como nunca e a cabeça parecia zumbir
terrivelmente. Em poucos momentos estava dormindo um sono pesado, custoso.
Kiyohide abriu a porta da sala e encontrou Emi passando pelo corredor.
- Sakura já chegou?
- Sim,
senhor Ogawa. Ela chegou antes das três e está dormindo até agora.
Kiyohide franziu as sobrancelhas, largou a pasta numa mesa e subiu as
escadas preocupado.
- Acho que ela estava passando mal.- Emi completou e viu seu patrão
terminar de subir as escadas correndo.
O homem de olhos azuis abriu a porta do seu quarto vagarosamente, entrou
e fechou em seguida. Pôde ver Sakura dormindo encolhida num canto da cama.
Tirou o paletó, sentou-se ao seu lado e colocou a mão em sua testa. Antes que
pudesse identificar algo quanto à febre, pôde ver a mulher abrindo os olhos
suavemente.
- Kiyo...
- Já estava acordada?
- Sim. Estava um pouco cansada.- Sentou-se.
- Sente-se bem?- Passou a mão em seu braço com carinho.- Emi disse que
chegou mais cedo hoje.
-
Sim... Não me senti muito bem depois do almoço.- Sabia que Kiyohide iria falar
algo.- Mas acho que não foi a comida. Nós sempre almoçamos lá.- Sentiu seu
estômago dando um nó.
- Sei... Sentiu-se mal então?
- É... Bom... Depois fomos até uma loja ver algo para colocar na
sala... Você sabe, para substituir aquela estatueta...
- Sei, sei...
- Acho
que minha pressão caiu, acabei desmaiando...- Sentia-se mal em contar para o
marido que havia desmaiado por causa de um fantasma do seu passado. Preocupá-lo
era a última coisa no mundo que queria.
- Foi
ao médico?
-
Calma Kiyo, não deve ter sido nada demais, eu já estou melhor.- Sentiu uma
forte ânsia de colocar seu estômago para fora, mas respirou fundo e
conteve-se.
-
Sakura, você não está bem.
-
Estou sim...- Disse enquanto se levantava, sem poder evitar que seu rosto
demonstrasse seu mal-estar.
- Mas
você...- Não terminou de falar.
Sakura, numa ânsia absurda, saiu correndo até o banheiro, com Kiyohide
em seu encalço.
Tomoyo brincava com Mihoshi em seus braços quando sentiu que havia alguém
à porta. Olhou e pôde constatar que era Eriol que havia acabado de chegar.
- Olá.- Beijou-lhe por alguns instantes.- Chegou agora?
- Não,
já faz algum tempo.- Respondeu sem o encarar.
- Tudo bem?- Tomoyo balançou a cabeça afirmativamente.
Eriol a fitou de modo desconfiado. Ia abrir os lábios quando esta se
levantou com a filha nos braços e disse:
-
Vamos jantar? Takeo já deve estar pronto.
- Sim...- Eriol respondeu girando a cabeça para ver a mulher sair do cômodo.
Tinha certeza de que algo havia acontecido e em breve acabaria descobrindo.
- O quê? Como assim Li está na cidade, não se tornou padre, não me
avisou que chegaria e ainda por cima Sakura o viu?- Disse rápido, depois de se
levantar da poltrona.
-
Oras, isto mesmo o que você acabou de repetir.- Tomoyo disse tranqüila,
sentada na cama.
- Mas Tomoyo...- Passou uma mão pelo rosto enquanto tinha a outra na
cintura.- O que Sakura fez?
-
Desmaiou.
Eriol
rodou os olhos e sentou-se novamente.
- Mas ela está bem?
- Ah sim, está. Foi para casa mais cedo, com certeza Kiyohide cuidará
bem dela.
- Sem
dúvida. Ele a ama mais que tudo.
-
Sim...- Tomoyo confirmou com voz melancólica.- E isso irá contribuir para que
seu sofrimento aumente.
-
Sofrimento?
- Bem,
se Li realmente estiver morando em Tókio, uma hora ele vai se encontrar com
Sakura.
- O
que te dá tanta certeza?
- É o
inevitável, Eriol.- O homem sentiu um arrepio passar por sua espinha.- Eles têm
assuntos inacabados, e uma hora terão que resolvê-los querendo ou não. Nada
pode ficar incompleto, sem um fim.
Eriol
fitou Tomoyo profundamente, apoiando os cotovelos nas pernas. Os longos cabelos
que desciam por suas costas, os belíssimos olhos violetas, a pele alva como a
lua... Aquela figura diáfana por quem era completamente apaixonado, às vezes
empregava tanta força em suas palavras que pareciam ser premonições. Um
pequeno pedaço do futuro escapando por seus lábios.
-
Entende?- Perguntou em busca de uma afirmação já certa.
- Sim,
querida. Você tem razão...- Fez uma pequena pausa.- Você disse que Kiyohide
sofreria...
- Sim.
Ele ama Sakura, e com certeza ela ficará abalada com tudo o que acontecerá um
dia.
-
Entendo... Sabe se Sakura contou alguma vez esta estória para Kiyohide?
- Não,
acho que não... Bom, vou ligar para ela...- Disse antes de pegar o telefone sem
fio e discar o número.
Ficou
em silêncio enquanto ouvia as chamadas. De repente, bateram à porta e Eriol se
levantou para verificar quem poderia ser. Sorriu ao ver que era Takeo, seu
primogênito. Tinha o semblante assustado, talvez tivesse tido um pesadelo.
- Sakura?
Eriol percebeu que já tinham atendido e saiu levando o filho no colo
para o outro quarto. Tomoyo sorriu encantada ao ver como Eriol tinha se tornado
um bom pai. Uma voz do outro lado da linha a tirou de seus pensamentos.
- Ah,
desculpe, Sakura. Melhorou?
[-
Agora sim... Não estive muito bem durante toda a tarde, mas agora estou
melhor.]
- Que
bom!
[-
Depois do chá horrível que o Kiyo me deu, ou eu melhorava ou piorava de vez.-
Fez uma careta engraçada que fez Kiyohide soltar um sorriso.]
- Ah,
mas sabe que pode confiar nele. Escute Sakura, que tal tirar um dia de folga?
[- Hã?]
-
Ficar em casa amanhã. Só por precaução.
[- Eu
não acho que seja necessário, Tomoyo.]
- Tem
certeza?
[-
Sim.]
- Bom,
então tudo bem. Mas qualquer coisa sabe que é só me ligar, não?
[- Sei
sim.- Disse num sorriso.]
- Boa
noite.
[- Boa
noite.]
Tomoyo
desligou o telefone mais tranqüila, ao passo Sakura pôde ouvir pequenos
protestos.
- Por
que não aceitou ficar em casa?
- Não
gosto de ficar parada.- Levantou-se para trocar de roupa.
- Mas
é para o seu bem!- Seguiu-a.
- Não
estou doente, Kiyo.
- Eu
sei, mas...- Balançou levemente a cabeça.- Não adiantará discutir com você,
não é mesmo?- Soltou os braços ao longo do corpo.
- Não.-
Vestiu a camisola.- Sinto-me mal em ficar sem fazer nada, sabe disso.- Virou-se
e acabou por encontrar o corpo do marido. Levantou o rosto para fitá-lo.
-
Claro que sei... Só quero que você e o nosso filho fiquem bem.
Sakura
parou todo o seu raciocínio por alguns instantes. "Nosso filho"... Seu
filho e de Kiyohide, criança que carregaria o sobrenome Ogawa... Há muito
tempo desejou que seus filhos tivessem um outro sobrenome, mas agora... Como num
conto de fadas, foi desperta de seus pensamentos por Kiyohide, que
carinhosamente colou seus lábios ao de Sakura. Esta, sentindo-se culpada por
estar pensando em Syaoran, passou os braços pelo seu pescoço e correspondeu
fervorosamente ao beijo. Assim talvez o impedisse de ler o que se passava em sua
mente.
- Oi Touya!- Sakura sorriu ao ouvir a voz do irmão pelo telefone. Há
semanas não se viam.
[- Olá,
Sakura. Como está?]
-
Muito bem! Estamos todos bem.- Aumentou o sorriso, animada. Realmente estava
muito bem disposta. O mal estar do dia anterior talvez tivesse sido provocado
por alguma outra coisa, não a gravidez.
[- Que
bom. Hoje estarei voltando para Tókio.]
-
Mesmo?- Quase deu pulinhos de alegria.- Que ótimo! Venha jantar aqui! Tenho
certeza de que Kiyo ficará muito contente!
Touya
sorriu do outro lado da linha. Confiava plenamente em Kiyohide, a ponto de lhe
confiar sua irmã. Tinha certeza de que ele era o homem certo para Sakura quando
este pediu a mão da garota em casamento.
[-
Hoje, tem certeza?]
-
Claro! Não temos nenhum compromisso marcado. Posso mandar preparar tudo?
[-
Pode, Sakura...- Deu-se por vencido.]
- Ai
que bom, Touya! Estou morrendo de saudades!
[- Eu
também, maninha, agora preciso desligar. Até à noite.]
- Até.
Tchauzinho!- E ouviu um clique do outro lado da linha.
Sorridente,
Sakura foi até a cozinha e deixou algumas recomendações, correndo depois ao
encontro de Kiyohide, que vinha em direção à sala. Fitou-o e disse com uma
expressão travessa no rosto:
-
Adivinha quem vem jantar conosco hoje?
-
Tomoyo e Eriol?
- A
Kiyo, que falta de imaginação!
O
homem sorriu belamente. Era bom ver Sakura de bom humor.
- Ah,
não sei, Sakura. Sou péssimo em adivinhações.
- Tudo
bem. O Touya vem! Ele chega hoje!- Disse como se estivesse revelando o maior
segredo do mundo.
- Que
ótimo. Faz tempo que nós não conversamos.
- Ah,
mas não vão ficar tratando de negócios e me deixar de lado como sempre, por
favor.- Disse com um pequeno biquinho.
-
Claro que não, minha querida.- Envolveu-a com um braço e beijou-lhe o topo da
cabeça.- Não se preocupe.
Durante
aquele abraço Sakura sentiu-se culpada por algo que não soube explicar, mas
logo a sensação ruim passou e falou algo:
- Tudo bem.
- Ah, quase que me esqueço!- Kiyohide bateu a mão espalmada na testa.-
Ontem eu ia contar, mas acabei esquecendo completamente. Um amigo meu virá
jantar conosco hoje, acho que não terá problemas, não é mesmo? Ele estudou
comigo na faculdade.
-
Claro que não.- Sorriu. Na verdade gostaria que fosse um jantar entre família,
mas se Kiyohide se dava tão bem com esse amigo...
- Então
tudo bem. Vou tentar chegar mais cedo hoje. Até mais.- Beijou Sakura e saiu
porta afora.
Já era noite. Sakura, em frente ao espelho, ajeitava uma mecha rebelde
do seu longo cabelo preso num rabo-de-cavalo. Adotou para aquela ocasião uma
bela blusa rosa, leve, juntamente com uma calça também branca. Sapatos baixos.
Ajeitou uma última vez aqueles fios entre mel e dourados quando sentiu alguém
atrás de si. Olhou para Kiyohide admirada. Os cabelos negros ainda estavam úmidos,
porém já penteados. Os olhos extremamente azuis brilhavam como nunca e
acentuavam o seu olhar firme. Vestiu-se como sempre. Uma camisa de cor qualquer,
que no momento era negra e calças e sapatos sociais.
-
Aonde o senhor pensa que vai?- Disse colocando as mãos na cintura, numa falsa
expressão de irritação.
-
Somente ficar ao seu lado.- Olhou-se no espelho por trás de Sakura.
Nem o mais terrível dos pessimistas poderia negar que faziam um belo
casal. Com a roupa escura os olhos azuis do senhor Ogawa se destacavam ainda
mais. Sakura tinha um ar mais leve, mais brilhante. Kiyohide abraçou-a por trás.
A diferença de alturas fez com que ele abaixasse a cabeça, encostando seu
rosto ao da mulher amada. Sorriu verdadeiramente. A sua felicidade era palpável,
simplesmente perfeita.
- Já
está pronta para descer?
- Acho
que sim...- Se olhou no espelho mais uma vez.- Mas não sei quanto a esta
blusa...
Kiyohide
não pôde evitar em girar os olhos. As mulheres realmente eram complicadas.
- Eu já
estou descendo, assim que ficar pronta desça também.
- Está
bem.- Viu a porta ser fechada. Suspirou. Será que aquele rosa não estava forte
demais?
Foi até
o closet e o abriu, fazendo uma busca ocular por outra blusa. Pegou uma amarela
e outra azul clara, analisou-as com cuidado, mas acabou guardando as duas e
ficando mesmo com a rosa. Estava ansiosa para ver Touya, e ele já deveria estar
chegando.
Apagou
a luz do quarto e saiu calmamente. Andou por um pedaço do corredor e desceu
elegantemente os degraus. Chegando aos pés da escada pôde ouvir vozes
masculinas, mas não identificou a do seu irmão. Com certeza deveria ser o tal amigo
de Kiyohide. Foi até o marido e postou-se ao lado dele, esperando as apresentações.
Iria cumprimentar o convidado, mas sua atenção foi desviada para um vaso que
Kiyohide tinha em mãos. 'Era um belo e delicado vaso ornamental, cuidadosamente
pintado à mão e repleto de cores'. Já tinha visto este vaso antes, mas em
tamanho menor. Este era o vaso que Li tinha em mãos naquela loja. Sentia sua respiração
ficar irregular. Uma sensação estranha novamente tomou conta do seu corpo. Não
queria e nem tinha coragem de olhar para frente, mas pôde ouvir Kiyohide dizer:
-
Lindo, não é mesmo? Foi Syaoran que trouxe. Ele estudou comigo na faculdade
por dois anos, enquanto eu ainda morava no extremo sul.
Sakura levantou o rosto. Seus trajes apenas diferiam dos de Kiyohide pela
cor da calça e da blusa, que era justa, de linha e gola alta, de cor verde.
Finalmente fitou seu rosto. Os mesmos belos olhos castanhos, mas agora
combinavam perfeitamente com os traços másculos. Os cabelos estavam com aquela
aparência mais leve, um tanto mais compridos, na nuca. Tinha um leve sorriso no
rosto. Demorou um pouco para assimilar tudo. Sorriso? O sorriso de Syaoran se
alargou.
- Sou
Syaoran Li, muito prazer.- Estendeu a mão. O mesmo sorriso vagabundo estava
estampado em sua face.
- ...
Sakura Ogawa.- Tocou aquela mão como se fosse gelo. Um aperto de mãos fraco,
sem trocas de energia.
-
Ficará perfeito para o que queria, Sakura.- Kiyohide disse depositando o
presente numa das estantes, lugar ideal.
-
Sim.- Disse perdida.
Não sabia se olhava para os lados, para o chão ou para Kiyohide. Para
Syaoran é que não olharia. Tinha aquele sorriso no rosto como se fosse o dono
da verdade. Viu que o marido se aproximava e passava o braço em volta da sua
cintura. De certo modo aquele gesto lhe deu algum conforto. Por nada no mundo
desmaiaria de novo.
- Com licença, senhor Ogawa.- Emi apareceu de algum lugar.- Há um
telefonema para o senhor.
- Ah,
já vou Emi. Obrigado.- Olhou para Syaoran.- Sakura lhe fará companhia, eu
prometo não demorar.- Saiu em direção do escritório.
Sakura
olhou novamente para Li, que mantinha aquele sorriso idiota no rosto.
-
Sente-se.- Apontou um sofá. Sua voz tinha soado áspera.
Antes
que também se sentasse e explodisse falando uns bons desaforos, a campainha
soou. Levantou-se e viu Emi passar apressada para atender. Sakura suou frio. Era
Touya, tinha certeza. Logo viu a figura do irmão entrar pela porta
principal.
Touya
agradeceu a simpática senhora que trabalhava para os Ogawa. Era muito
prestativa.
Logo viu a irmã o olhando com um semblante assustado, mas seu sorriso morreu
completamente quando focou sua visão mais ao fundo, caindo exatamente em cima
de Li. Com passos largos e rápidos preparava-se para dar um soco bem dado nas
fuças daquele cafajeste, mas parou por intervenção de Sakura. Todo o seu
sangue circulava rápido. Há anos desejava socar aquele infeliz e não ficaria
satisfeito até fazê-lo.
-
Touya, por favor... Kiyohide pode
aparecer...- Disse com as mãos no peito do irmão, como se pudesse impedi-lo.-
Kiyo é amigo dele.
Fitou
seriamente os olhos da irmã. Não sabia o que fazer. Apesar do ódio mortal que
sentia, estava na casa do seu cunhado.
- O
que Kiyohide pensa sobre isso, Sakura?- Disse em voz baixa, fazendo sua voz
grave sair quase sussurrada.
- Ele
não sabe.- Moveu os lábios.
Syaoran
olhava aquela cena intrigado. Estava crente que Sakura teria um ataque
fulminante quando o visse, mas não foi bem isso que aconteceu. Tinha que
confessar que estava muito mais bonita do que sua mente rancorosa imaginava, mas
ainda assim ela o tinha magoado. E casado com seu melhor amigo!! Passou a mão na
nuca, sobre os cabelos. Parecia que Touya iria lhe arrancar o couro se aquela
mulher não intervisse. O que diabos estava acontecendo ali? Ruídos de passos
lhe chamaram a atenção. Observou Kiyohide chegar. Cumprimentou Touya, que mal
disfarçou seu estado nervoso e pôde concluir que Sakura disse já ter apresentado
os dois. Sorriu forçadamente. Novamente se perguntava. O que diabos estava
acontecendo ali?
N/A: 'Capítulos de ligação'
são assim mesmo, só o finalzinho ficou mais ou menos. Até agora não me
conformo como aquela cena E+T ficou ridícula, mas não vou mudar agora. Vocês devem ter
percebido que a primeira parte se passou no 'universo' do Li, e agora estou
trabalhando em cima do 'universo' da Sakura. Em breve pretendo trabalhar com os
dois, se for
possível.
Respondendo à pergunta da
Violet-Tomoyo, desde o último encontro entre Sakura e Syaoran se passaram sete
anos.
Agradecimentos:
Miaka
Hiiragizawa(eu estava até meio pessimista quanto a esta continuação.
Dá-lhe Touya! XD), Nina-Kinomoto Li(Bom, final feliz não prometo, mas
quem sabe, né? Li o poema, tem razão, tem algo a ver nas entrelinhas sim. thanx!), Dark
Angel(No mesmo dia eu não prometo, mas pretendo atualizar toda semana sim,
thanx), Dai(capítulos curtos é a minha sina, apesar deste ter saído
relativamente grande. Não tem jeito XD Obrigada
por acompanhar, amiga), Nakizinha(O.o Nossa, eu sou tão má assim? Pode
ter certeza que tristes, no fundo do poço eles não vão acabar, ^.~. Para
falar a verdade eu também já sabia que haveria uma continuação... _
bjos!), Holly Amphir Demonangels(aqui está a continuação, espero que
continue acompanhando.bjos), Violet-Tomoyo(você não imagina o quanto me
deixa feliz saber que gosta do que escrevo. ^_^ Pergunta respondida, se tiver
mais alguma, não hesite em questionar! bjos), Saki Kinomoto(claro que
custou, quase morri! XD E nunca mais faça propostas homicidas entendeu? Ah, 'Motto' é muito boa! Quase me tornei viciada.
XD bjos!), Yoruki Mizunotsuki(que
bom que está gostando, Yoru. Oras, não é tão ruim os dois separados, afinal,
a Sakura fica com o Kiyo e o Li (e o Touya) comigo! XD bjos!), Jully(epa!
Crápula não, hein! E é verdade, a Sakura se deu muito bem. Achar alguém
bonzinho como o Kiyohide é muito difícil!), Rê_~ chan(Tá horrível
esse capítulo, eu sei. Só deu um *upa* no finalzinho. Espero que não tenha
decepcionado. _), MeRRy-aNNe(Ah, o Li não teve culpa de não
olhar, afinal, ele não gosta de confusões. bjos!), Miyazawa Yukino-Erika(é,
Sakura casada e grávida... Vamos ver no que isso vai dar. Criativa, eu? #^^#
Obrigada, Erika. Espero poder melhorar no próximo capítulo. bjos!),
Jenny-Ci(aqui está o segundo capítulo, mas a maior parte está tão... SEM
GRAÇA!! _ Obrigada por acompanhar ), Madam Spooky( se me chamar
de má mais uma vez eu vou acabar acreditando. ¬¬ Bom, se sobrar Kiyohide,
pego p/ mim! XD), Diana-Lua(olá! Eu também adorei o marido dela.
_ A confusão já foi armada, hehe. Que bom que gosta das músicas,
Diana, são especiais. bjos), Kirika(não! Não gosto de ver os outros
sofrerem! Apenas é necessário. _ thanx pelo review.), Sayo Amakusa(imagina,
Sayo, não foi culpa sua, eu é que não percebi que poderia confundir. XD
Obrigada pelos elogios, quase engasguei de rir do 'quase-gêmeo-siamês'. rs
bjos!).
Até o próximo capítulo.
Hime
