Oi gente, muito obrigada pelo carinho que tenho recebido de vocês! Valeu mesmo!!!! Espero que gostem desse capítulo.
CAPÍTULO IINesse momento toda raiva de Marguerite veio à tona. Seu rosto estava irreconhecível tamanha ira que sentira. O rubor tomou conta das maçãs do rosto. Fechou os olhos e respirou o mais profundo que pôde. Mas em se tratando da sra. Krux, como sempre, o impulso foi mais forte que a razão.
-Onde você pensa que vai mesmo Lord Roxton?
-Eu vou sair, não é da sua conta Mylady- disse irônico
-Vai para algum encontro secreto com alguma vadia, suponho.
-Acho melhor parar por aí Marguerite...
-Parar por aqui? Eu nem comecei.
-Marguerite, chega – disse Finn
-Você sabia, Lord Roxton que é apenas um criado meu? Essa maldita expedição foi financiada por quem? Será que eu vou ter que reavivar sua memória?
-Acho melhor você ficar mais calma Marguerite senão...
-Senão o quê? você vai me bater?. Você não vai pra essa maldita tribo Roxton e ponto final
-E quem vai me impedir?
-Não John, eu não tenho força pra te impedir. Vá e diga a sua vadia, qual é o nome dela mesmo?Ah! Tiuna, então diga a Tuina sua prostituta da selva que...
- Quem é você pra dizer alguma coisa - Roxton estava atônito - como você pode falar de uma pessoa que nem conhece. Pelo menos ela não tem segredos pra mim. Ao contrário de você. Quem é você? Sra. Krux?? Smith??? ou nenhuma??
-Pare agora John, em nome do que fomos um para o outro nesses últimos anos – os olhos de Marguerite começaram a lacrimejar.
-Ah! Agora você quer que eu pare. Não Marguerite- Roxton estava completamente tomado pela raiva- Sabe o que fomos um para o outro durante esses anos? Você Marguerite significou muito pra mim, mas eu cansei. Cansei de ser apenas, como você disse no começo, seu empregado. Você nunca foi verdadeira comigo Marguerite. Você sempre foi e sempre será a mesma egoísta, egocêntrica e mimada de sempre. Cansei do seu jogo.
Marguerite ficou ali, parada, escutando tudo sem reagir. Parecia anestesiada. Não esperava escutar tudo aquilo. Foi a maior dor de toda sua vida. Seu coração estava em pedaços e, naquele momento, parecia que tinham acabado com a sua única esperança de ser feliz.
-Roxton, agora chega!- Malone interveio.
Roxton calou-se e ficou parado olhando fixamente para os olhos de Marguerite que continuava em transe. Todos ficaram mudos, esperando qual seria a próxima reação dela.
De repente, em um súbito movimento, ela pegou o elevador e desceu. Chegando no térreo sentiu uma louca vontade de correr, correr até cansar. E assim ela fez, correu, correu o mais rápido que pôde, esqueceu que estava no meio de uma floresta cheia de dinossauros e tribos canibais. Ela nem pensou nos perigos que estava correndo. De que valia sua vida naquele instante? Então, chegando na beira de um lago, ela finalmente parou se ajoelhou no chão e chorou, chorou compulsivamente, como nunca tinha chorado na vida.
-marguerite
-me deixa em paz verônica- disse enxugando as lágrimas que teimavam descer
-tá todo mundo preocupado com você. Vamos voltar pra casa
-pra lá eu não volto- respondeu como numa atitude quase infantil.
-mas você precisa voltar. Quer ser comida por um raptor?
-problema dele que vai morrer de indigestão. Nem minha carne presta. Você ouviu o que ele disse verônica? Egoísta, egocêntrica e mimada.
-ah Marguerite ele estava chateado com você- sentou ao lado da amiga e segurou sua mão – ele falou tudo da boca pra fora. Afinal de contas você provocou, não é verdade?
-não é justo verônica. Não é justo que ele fique com aquela sirigaita.
-mas Marguerite você nunca se declarou pra ele. Nunca pegou na mão, digo voluntariamente, muito menos aceitou os intermináveis pedidos do Roxton pra que vocês tivessem um relacionamento mais sério. E, nesse exato momento, ele está desesperado.
-eu sei disso Verônica, mas é que eu não sou uma pessoa...digamos assim...afetiva. Eu não sou assim, eu não sei demonstrar...sabe...é... difícil. Eu o amo mas não consigo demonstrar, ou talvez não queira – voltou a chorar - e além disso, eu não o mereço.
Marguerite nunca se sentiu querida ou amada. Não sabia o significado dessas palavras. Sua infância foi cruel. Aprendeu a não se apegar a ninguém nem a nada. Foi criada sem referenciais. Nunca deveria confiar em ninguém. Apenas seu dinheiro e o luxo que desfrutou durante anos eram seus verdadeiros companheiros. As jóias eram suas melhores amigas. Estavam sempre ali e nunca a abandonariam nem a fariam sofrer, ao contrário das pessoas. Essas sim, eram cruéis. Seu instinto de autopreservação era mais forte que qualquer outra coisa.
Roxton foi um incidente em sua vida. Alguém que conseguiu desarmá-la emocionalmente. Mas ela deveria ser forte a ponto de não criar laços afetivos com ele. Resistiu o quanto pôde, mas não conseguiu, e só percebera isso depois da briga.
Ela gostava de testá-lo pra saber se, além de ser abandonada pelos pais, seria abandonada por ele. Mas foi longe demais. Roxton, após agüentar o máximo que pôde os infindáveis anos de testes de Marguerite, desistiu.
Marguerite sabia que após aquele incidente do jantar, seu instinto de autopreservação iria voltar de uma maneira extremamente rígida. Não poderia baixar a guarda novamente. Esse seria seu maior objetivo a partir daquele momento.
-Minha amiga. Pare de se cobrar tanto. Diga a ele tudo que sente.
-não verônica. A partir de hoje John morreu pra mim. Tudo que ele significava e tudo que foi dito será apagado da memória. Eu quero que ele seja feliz ao lado de alguém que o trate como ele merece. Mesmo que esse alguém seja aquela indiazinha sem vergonha.
-enxugue essas lágrimas e vamos pra casa. Você vai tomar um banho quente, deitar essa cabeça no travesseiro e pensar melhor.
-eu não preciso pensar em nada verônica. Já está decidido.
E as duas voltaram. Nenhuma palavra foi trocada. Verônica respeitou o momento difícil pelo qual Marguerite estava passando. As duas haviam consolidado uma grande amizade durante os anos de convivência. Confidencias, experiências, temores, anseios e conselhos foram sendo trocados entre as amigas-irmãs Marguerite e verônica.
Enquanto andavam um turbilhão de imagens passavam pela cabeça de Marguerite. A cena do jantar a todo tempo invadia sua mente. E, além de tudo, como iria conseguir encarar o Roxton novamente? Aliás, como iria encarar a todos. Ela nunca havia mostrado tanta fragilidade para os seus companheiros de jornada. Se pudesse se enfiava no primeiro buraco que aparecesse na frente e nunca mais sairia de lá.
- Inferno de floresta! – ruminava na mente - inferno de vida! Inferno de Roxton! Inferno de dor nas costas! Inferno de mosquitos! Inferno de indiazinha safada! Inferno de tudo! Eu quero sumir! Droga! O que eu fiz! Que vergonha! Que se danem todos! Eu devia ter ido morar com o Tribuno...
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-não adianta ficar assim John. A verônica vai cuidar de tudo. Ela disse que sabia onde a Marguerite estava. Então se acalme um pouco.
-como eu posso me acalmar Finn? Você viu o que eu disse a ela? Eu a magoei. Nunca vou me perdoar por isso.
-mas John, você estava nervoso com tudo que ela havia dito...
-eu sou um covarde, um covarde. Agora eu tenho buscá-la...
-pára com isso John. Ela está bem, além do mais não vai querer falar com você agora – disse Ned.
-mas lá fora é perigoso. E se acontecer algo com ela eu...juro Ned...
-não aconteceu nada olha só, o elevador está subindo.
