Daisuke estava sentado ao lado de Yami colocando um curativo em seu rosto devido ao leve arranhão que a bala perdida causara na noite anterior.

- Imbecil! O que está fazendo!? Eu sou uma persocom lembra? Esse curativo não vai adiantar nada...

- Haha... Sim, tem razão...- Sorriu – Mas sempre me esqueço que você é uma persocom e além disso estou só tentando ajudar!

- Você é muito estranho... Pois saiba que aquela bala nem chegou a causar grandes danos, foi só um arranhão... Nem aparece direito...

- Me desculpe... Eu vou levá-la para consertar esse arranhão mais tarde...

- Aiii... Já disse que nem aparece direito! E eu sei que você não tem muito dinheiro, não pode ficar gastando comigo só para tirar um arranhão estúpido!

- Mas você salvou minha vida...

- Olhe aqui, eu não salvei sua vida por querer! Foi só uma reação rápida! Eu não tive tempo de raciocinar... – Levantou-se e saiu sem dizer mais nada.


Yami entrou correndo na biblioteca quando percebeu que alguém a seguia. Ficou aguardando para ver se descobria quem era seu perseguidor. Um garoto entrou na biblioteca, deveria ter uns onze anos. Era loirinho, tinha a pele clara e olhos verdes. Como era uma criança Yami nem ligou para ele, mas foi este quem foi falar com ela. Foi rápido, apenas entregou um bilhete para Yami e disse que um homem alto pedira para ele entregar aquilo. O garoto deu uma ajeitada nas muitas balas que tinha em seu bolso, pois estavam quase caindo e foi embora. Yami deu uma olhada nas balas e logo pensou: "Hah... Dar balas para uma criança me entregar um bilhete... Chega a ser irônico...". Foi para um lugar mais reservado para ler o bilhete e neste dizia:

"Mate aquele jovem, ele é uma ameaça para todos... Tome cuidado, ele está armando algo contra você enquanto se finge de amigo. Acabe com ele, você foi feita para isso...". Yami sabia que aquele bilhete era de seu criador, mas ignorou as escritas dele. Não queria matar Daisuke e mesmo que quisesse não teria coragem para machucar o garoto, pois aos poucos começava a lembrar de momentos bons que tivera com ele há tempos. Não sabia se aqueles momentos tinham mesmo acontecido, não sabia quem ele realmente era, mas aquilo descobriria depois. A única coisa que importava para ela no momento era poder vê-lo sorrir ao seu lado.

Ao voltar para a casa de Daisuke, Yami disse que precisava muito falar com ele. Ele percebeu pelo olhar dela que era algo sério, então resolveu dar uma volta com a jovem pelo bosque que ficava perto de sua casa para ver se descontraía um pouco aquele clima tenso. As pessoas que entravam naquele bosque ficavam completamente envoltas por milhares de cerejeiras, era primavera e as pétalas das flores de cerejeira cobriam grande parte do caminho como se formassem propositalmente uma trilha. Ambos caminhavam juntos e queriam ficar daquele jeito por muito tempo. Daisuke jogava pétalas de flor nos cabelos de Yami enquanto caminhavam, esta apenas sorria sem jeito.

- Ei...Você sabe que a bala de ontem não foi uma bala perdida, não? Estão atrás de você... Isso é muito óbvio para mim... – Enquanto Daisuke jogava as pétalas em seu cabelo ela as tirava e as jogava em cima dele como se fossem duas crianças brincando para ver quem joga mais pétalas em cima do outro.

- Sim, eu sei... – Falou sem nem se preocupar muito.

- Me diga... Quem é você? Por que querem tanto te matar!?

- Uhm... Ei, Fique em silêncio e me diga... Consegue ouvir os pássaros? – Os dois ficaram quietos por um tempo enquanto ouviam o canto dos pássaros que voavam pelos arredores daquele bosque. Daisuke sentou no chão e puxou Yami para seu colo. Ele a envolveu em seus braços como se estivesse protegendo-a de algo. Ficaram assim por um tempo, Yami com os olhos fechados enquanto o jovem afagava-lhe os cabelos. Uma leve brisa fazia o cabelo deles esvoaçar enquanto criava uma nova chuva de pétalas de cerejeira. Aquele bosque, aquele pôr-do-sol, aquela brisa, aquelas pétalas... Aquela tarde era como se fosse só deles, ambos desejavam que o tempo pudesse parar naquele momento para que ficassem lá eternamente. Daisuke aproximou seu rosto do rosto da persocom e ficaram se entreolhando por algum tempo sem dizer nada. Ele inclinou um pouco sua cabeça para frente e encostou levemente seus lábios nos dela. Aos poucos aquilo foi se tornando um beijo intenso e provavelmente naquele momento Yami já descobrira o que Daisuke iria dizer-lhe na noite anterior. O jovem apoiou sua cabeça no ombro da persocom e sussurrou em seu ouvido:

- Eu não tenho medo de nada se você estiver comigo...

- Não entendo isso... Não sou eu quem vai te proteger se você precisar... Eu não tenho toda essa capacidade– Yami recordava naquele momento as duras coisas que seu criador sempre lhe dizia. – Isso é amor...? Meu criador sempre me disse que o amor e o ódio andam juntos... A diferença é que o amor machuca a nós mesmos e o ódio machuca apenas quem odiamos...

- Isso não é verdade... – riu. Estava feliz por aquele momento e achara engraçado o que o criador de Yami dissera para ela. Ele devia mesmo estar desesperado! - O amor só... – Yami encostou seus dedos levemente sobre os lábios de Daisuke para que este parasse de falar. Aquilo não era importante no momento. Yami podia ver que Daisuke estava feliz e aquilo era o suficiente, era o que ela mais queria.

- Daisuke... – Ela apenas acariciou seu rosto e o beijou novamente...


Ai, ai, ai... Acho q ficou meio meloso d, mas jah era... Espero que estejam gostando

Yuki Kuray