Capitulo 5 – O passado de Daisuke

Naquele dia, Daisuke estava meio tenso. Estava daquele jeito desde que acordara e não parava de andar de um lado para o outro enquanto esperava a volta de Yami. Não agüentava esperar mais, ouviu o barulho de alguém abrindo a porta e logo correu para a sala para encontrar com a persocom:

- Onde estava!?

- Ahm...? Eu sai para dar uma volta...

- Deveria ter me avisado, achei que tivesse ido embora!

- Daisuke, calma... Você está muito tenso... E se eu quiser posso ir embora quando eu bem entender... Você mesmo disse isso!

- Sim, tem razão... – Olhou para o chão, meio sem graça – É que eu não quero te perder... Me desculpe...

- Não vai... – Yami aproveitou aquele momento e perguntou a Daisuke quem ele realmente era. Dessa vez não o deixaria escapar, ele teria que responder de qualquer jeito. Naquele mesmo dia, quando Yami saira, ela recebera outro bilhete. No bilhete as ordens eram as mesmas de sempre, mas dessa vez tinha um complemento: "Ele não é quem você realmente pensa... Acabe com ele antes que seja tarde para nós dois..."

- Quem eu sou...? Ora, mas você sabe quem eu sou... Sou o Daisuke, lembra? Quer sair comigo hoje de tarde? – Tentava mais uma vez mudar de assunto, como se quisesse fugir daquela pergunta.

- Dessa vez você não me escapa, Daisuke... Não me escapa! Me diga agora... Quem é você? – Fitou o rosto do garoto por algum tempo, enquanto mantinha aquele olhar vazio de sempre.

- Yami... – Suas pernas ficaram trêmulas, começou a ficar nervoso ao ver que daquela vez não poderia escapar. O que fazer? Simplesmente respirou fundo e sentou-se no chão enquanto se preparava para contar tudo para a persocom – Não posso mais esconder isso de você... Não tenho esse direito... Sinceramente, eu não sei nem como começar... Ahm... Vejamos... Eu.... Ah! Droga... Antigamente eu morava junto com minha família aqui nessa cidade. Na verdade eu morava apenas com meu pai e uma persocom, pois minha mãe havia morrido há alguns anos. Meu pai sempre trabalhou para estabelecer a ordem no país, sempre trabalhou no governo e sempre foi fiel ao seu trabalho. Ele era tão fiel que se esquecia até mesmo de sua própria família... Ele sempre voltava tarde para casa, nunca esteve presente em nenhum momento especial em minha vida, agora penso que nem a data do meu aniversário ele sabia. Às vezes minha avó ia nos visitar e sempre me contava que minha mãe pouco antes de morrer, enquanto ainda estava doente, nunca teve a atenção dele. Nem mesmo durante sua doença, ele se quer deixou o trabalho para fazer companhia para ela...! Ele sempre dizia que no dia seguinte a visitaria no hospital, era sempre a mesma coisa. Mas não, ele nunca a visitava e até hoje acredito que minha mãe morreu de desgosto por causa dele. Quero dizer, que tipo de homem dá mais atenção ao próprio trabalho do que a doença de sua esposa!? Minha mãe morreu quando eu ainda era bem pequeno e depois disso, minha avó cuidou de mim por um tempo, mas logo faleceu. Fiquei sozinho em casa, ele nunca estava presente! Numa época fiquei muito doente e ele acabou sendo obrigado a ficar comigo por um tempo. Não que ele se importasse comigo, ele fez isso apenas para tornar de bom grado sua imagem diante de seus chefes, pois a persocom que tínhamos podia muito bem cuidar de mim. Numa noite eu fiquei com uma febre muito alta e ele já não agüentava mais ficar ao meu lado. Tive que ouvir as duras palavras dele enquanto ainda estava de cama. Ele me disse que eu só trazia problemas para ele, me disse que seria melhor se eu não tivesse nem ao menos nascido! Eu fiquei chocado e muito triste, mas meu ódio era tanto que impediu que eu derramasse uma única lágrima. Naquela mesma noite eu peguei o pouco dinheiro que tinha, coloquei algumas coisas em uma mochila e fugi. Apenas deixei um bilhete em cima da cama: Desculpe por incomodá-lo tanto... Não se preocupe comigo, não voltarei. Depois disso fiquei vagando pelas ruas à noite, sem ter pra onde ir e onde ficar. Não me lembro direito o que aconteceu, mas quando amanheceu eu estava na casa de uma senhora, já de idade, que me encontrara desmaiado na frente de sua casa. Provavelmente a febre me fizera cair inconsciente no meio da rua. Fiquei na casa dessa senhora por alguns dias, até me sentir melhor. Logo fui embora. Fiquei durante algumas semanas indo de cidade em cidade a procura de abrigo. Fiquei com medo que tivesse que passar o resto da minha vida daquela forma. Arrumei um emprego, mesmo sendo menor de idade, e este me ajudou a conseguir um pouco de dinheiro para eu me manter. Uma família muito gentil me acolheu e fiquei morando com ela durante alguns meses,lá me davam amor, carinho, comida, conforto e estudo. Era tudo o que eu queria, eu realmente desejava ficar lá para sempre, mas eu não podia. Não podia ficar vivendo as custas deles. Logo eu me despedi deles e parti. Sinto que os deixei muito tristes, pois realmente eles não queriam que eu fosse embora. Eu não queria ter magoado tanto aquelas pessoas que me acolheram com tanto carinho, mas também não queria crescer vivendo de favor. Eles me desejaram boa sorte e disseram que eu poderia voltar para lá quando quisesse. Depois disso voltei para cá, para ver como andavam as coisas. Tive uma grande surpresa ao chegar, encontrei meu pai voltando para casa tarde da noite. Ele me olhou surpreso, tenho certeza que me reconheceu. Deve ter pensado que eu já estava morto depois de tanto tempo. Aquele canalha... Assim que viu quem eu era ficou pálido, provavelmente pensou que eu poderia por em risco toda a carreira dele. Ele começou a andar rápido para se ver livre de mim e logo começou a correr como se eu fosse uma ameaça. De fato, se eu disser tudo que sei sobre ele posso acabar com sua carreira. Mas mesmo que ele tenha me tratado muito mal eu não me sinto no direito de destruir a carreira dele. A carreira que foi construída com o sofrimento dos outros. Infelizmente, ele pensa que voltei para isto, e agora está atrás de mim. Eu já desconfiava desde que começaram a me perseguir pela cidade. Logo depois que eu fugi ele se mudou para uma casa menor e esta aqui acabou ficando abandonada já que nem tempo para tratar da venda da casa meu pai tinha. Foi ai que ele mandou você atrás de mim... – Fechou os olhos. Seu coração doía muito quando Daisuke se recordava de seu passado.

- Ele me mandou atrás de você...? Isso quer dizer que meu mestre...

- Seu mestre é também meu pai, aquele que te reprogramou...

- Não pode ser... Isso é mentira! Meu mestre não seria tão insensível assim!

- Você tem muito respeito pelo seu "mestre". Por isso não acredita, faz parte do seu programa... Mas vejo que seu "outro programa" já está voltando a funcionar...

- A persocom que morava com vocês...

- Você era a persocom, Yami... Ou devo dizer: Kotori?

- Kotori...? Kotori... Esse era meu nome... Sim! Kotori! Eu me lembro!

- Você teve apenas parte da memória apagada... Antes de partir eu tratei de... – Ambos ouviram um barulho vindo do lado de fora. Alguém chutava a porta e tentava arromba-la para invadir a casa de Daisuke – O que é isso!?

- É agora... Estão atrás de você! Você tem que fugir! Vá pelos fundos, eu fico aqui e seguro eles por um tempo...

- O quê!? Eu não vou sem você!

- Do que está falando!? Não é hora para isso! Corra, agora!

- Você vem comigo! – Puxou o braço da persocom e correu com ela para os fundos da casa. Olhou pela janela e viu que estavam cercados. Levou-a para o porão. Havia uma pequena janela que tinha saída para o jardim. Lá eles podiam sair sem serem vistos e poderiam se arrastar até a casa vizinha. Daisuke subiu num banquinho e passou pela janela com facilidade, em seguida tentou ajudar Yami.

- Droga! Minha roupa prendeu! – Yami fez força para sair, mas estava mesmo presa graças a sua roupa – Vá na frente! Eu vou depois...

- Sem essa! Você vem comigo! – Puxou Yami com força fazendo com que a parte do vestido que tinha ficado presa rasgasse e a deixasse sair – Conseguimos!

- Não cante vitória antes da hora, Daisuke... – Ambos ficaram parados enquanto um homem, que provavelmente trabalhava para o pai de Daisuke, apontava uma arma para a cabeça do garoto.

- Muito bem, voltem para o porão ou eu atiro... Não quero nenhuma gracinha, entenderam!? – O homem falava irritado, como se estivesse a procura de Daisuke faz tempo. Eles obedeceram e voltaram para o porão e logo se viram encurralados por mais três homens armados.

- Finalmente te encontramos, garoto... Você nos causou muitos problemas, sabia? – Falou o homem mais baixo com um olhar assassino... - Mas logo, logo... tudo isso vai acabar...

Hm...Q fria, heim? XX Ahm... A história vai ter mais um ou dois capítulos, já ta no finalzinho...

Srta. Sango, malz a demora GOTA XD na verdade eu tava tentando por mais esse capitulo faz tempo, mas ñ tava conseguindo loga no Mas agora termino d vz...espero

Yuki Kuray