18. 06 de julho.
Analisou novamente a porta, mas o mecanismo da mesma estava perfeito, testou com magia, estava tudo, certo, então de alguma forma Harry deveria ter aberto a porta, porquê? Não conseguia imaginar... mas na outra noite ele estivera adormecido, sentiu um arrepio ao pensar no que aconteceria se ele tivesse tomado um segundo gole... estava voltando olhando sua varinha e entrou na cozinha, precisavam conversar, embora estivesse muito consciente do perigo que era encarar aqueles olhos verdes de novo, quase se chocou com o rapaz de pé na porta, toda sua autodeterminação sumiu.
Ele estava chegando e agora, o olhando assim, andando vestido e com os cabelos úmidos só conseguiu pensar que perdera tempo de sua vida não percebendo o quanto ele lhe fora importante... o quanto ele lhe era caro... ele ainda pensando em algo quase trombou ao entrar.
-Harry... você...
O olhou fixamente... não, eu não tenho tempo pra perder Remo... acordei... posso não viver mais um ano... sabia disso? Quando Voldmort vier não quero temer o que não tentei... se aproximou e segurou o rosto dele, maldita altura! Pensou ao se esticar e puxar o rosto do outro...
IN OTHER WORDS, BABY KISS ME
Em outras palavras, amor beije-me
Lupin sentiu o coração disparar, ao sentir os lábios do outro roçarem no seu num átimo de esforço para alcançar sua altura, não, não negou-se, "Eu desejo isso a três anos Harry..." empurrou sua boca contra a do jovem.
Não foi o torpor estranho do primeiro, foi algo quente que lhe subiu pelo corpo, algo que subia-lhe pela barriga ao sentir a língua de Lupin achar o caminho entre os lábios que se abriram... ah, era maravilhoso... então surpreso sentiu-se erguer pelos braços de Lupin... alguns passos e estava sentado na mesa... as mãos de Lupin lhe pressionavam as costas... as suas enroladas nos cabelos úmidos do lobisomem... nunca imaginara que poderia ser assim...descendo a mão pelas costas que vira aquele dia pela veste úmida, pela manhã totalmente nua... soltou um gemido ao sentir a mão do outro em sua nuca, porque sentira um arrepio de prazer naquilo que nunca havia sentido... Lupin lhe mordiscava o pescoço...
-Remo...- fechou os olhos...
"O que estou fazendo? Por tudo que é mais sagrado..." Mas as mãos de Harry passeando pelas suas costas, seus cabelos não o deixavam parar... conseguiu parar ao escutar seu nome e enfim segurar o rosto de Harry e olhar nos olhos verdes por trás dos óculos tortos...
-Harry... o que você...
Harry sorriu..."oh... ele é pior que Sirius..." pensou se desmontando...
-Eu me apaixonei por você Remo...-disse baixo então balançou a cabeça.- NÃO! EU AMO VOCÊ!!!- E o puxou de novo, mas sentiu o outro segura-lo.
-Harry você entende o que está falando? Você entende isso?
-Não... não é pra entender...- olhou-o.- Eu sinto... – engoliu em seco.- O que foi?
Lupin baixara a cabeça.
-Eu tenho quarenta e quatro anos Harry, idade pra ser seu pai... sou um lobisomem...
-Isso só me faz gostar mais de você... Lupin... você não gosta de mim é isso...
"Ah... eu não queria magoá-lo" pensou ao ver a voz do outro sumindo apesar de perceber o esforço para evitar que isso fosse percebido... o olhar desapontado apesar dele manter o sorriso... Meu Harry... agora meu... mas que nunca vai ser meu... não quero te magoar... meu distraído...
-Harry... quando eu te coloquei nessa mesa, quando te beijei... pareceu que eu não tenha gostado?- o olhou "ah entenda Harry... nunca ia dar certo..." ele ainda sorria...
-Então porque isso agora? Eu gostei, gosto de você...
Lupin o abraçou com força... cheirando os cabelos negros com um leve odor de bebida, ainda e o cheiro particular daquela pele clara...
-Não iria dar certo, e só ia trazer sofrimento pra você...
-Eu vou sofrer muito se agora... justo agora, você se afastar de mim...- abraçou-o com força...- eu levei muito tempo para perceber... mas não posso ignorar isso, não uma coisa tão boa...- beijou o pescoço do homem que ainda o abraçava.
-Ah, Harry, as coisas não são assim... já imaginou o que aconteceria com você escondendo isso de todo mundo? É muito difícil eu sei, eu já passei por isso...
-Pra quê esconder?- gemeu olhando a parede.- Eu não quero esconder de ninguém que te amo...
"Desisto... Harry vai teimar comigo até eu desistir ou discutirmos... eu também levei muito tempo pra te ter Harry... quantas vezes não quis beija-lo aos treze anos... quando o via pelos cantos aflito por causa dos dementadores? Quantas vezes não desejei protege-lo das maldades que Skeeter publicou? Quanto eu e Sirius não desejamos livrá-lo do martírio de ser apontado como louco? O que será de tudo isso se souberem o que estamos fazendo agora?" finalmente encontra forças.
-Você vai se apaixonar por alguém mais adequado para você... e não vai ter que se esconder quando quiser sair pra namorar...- sorriu o olhando.- Uma garota da sua idade... que vai te amar...
-E que nunca vai me entender? Que nunca vai me beijar assim? Que nunca vai fazer sentido pra mim como você faz agora? Que eu não vou olhar assim...- encostou o nariz no do homem a sua frente.- Não quero Lupin... Quero você... você não me quer?
-Harry.. não complique mais a sua vida...
-Minha vida já é complicada... mas se você não me quer... não sente nada por mim... seja direto...- disse irritado.- Acaba com isso logo...
Sentiu o garoto finalmente ceder... "ele não pode ser o forte o tempo todo não é? É melhor magoá-lo agora, do que mais tarde quando começarem a falar...
Diga... diga que não faz sentido e que você não quer... só isso.
Não conseguiu... ainda se olhavam.
-Harry.- disse o olhando.- Não...
"Não adianta não é?" pensou ao sentir o rapaz cruzar as pernas em sua cintura e aproveitando sua falta de ação pregar novamente a boca contra a sua... "maravilhosos dezesseis anos..."
-Harry... eu não quero que você se prenda a mim entende?- disse na orelha dele.- Isso vai te machucar muito.
-Eu tenho menos ilusões do que você pensa ... Remo... eu sei que nada é pra sempre... nada é perfeito... eu sei... mas agora foi... eu achei perfeito.- disse ainda abraçado a Lupin.
"Você se cura sozinho sabia?" foi o que meu pai me disse uma vez, logo depois que fui mordido, sempre fiquei na defensiva... sempre fui um pouco medroso... e agora escutando a voz dele endurecer um pouco sei que tenho um guerreiro nos meus braços... parece frágil, mas não é.
