26 07 de julho

Snape fora e viera algumas vezes... sempre o mandando deitar... sempre o mandando comer ou repousar mais, perguntar menos... a ausência de Harry e o tom de voz de Severo denunciavam que havia algo errado... a forma como ele ia e vinha sempre preocupado... "Oh... não me esconda nada Severo... por favor... Harry está tão mal assim? Harry... não, ah não... você me diria, não?"

-Severo por favor... como está Harry... não minta pra mim...- disse cansado.

-Potter está vivo, irritantemente vivo como de costume... por isso descance.

Impossível tirar algo se Snape quando ele não queria falar... o conhecia suficientemente bem... foi o ar razoavelmente descansado do bruxo que o preocupou.

-Não o torture Severo... ele não merece...

-Não se preocupe...vou saber importunar Potter em outra ocasião... mas posso reconsiderar a idéia se você não se comportar... agora durma... tem a última lua pra enfretar... se bem que com a quantidade de mata-cão que eu lhe dei provavelmente vai dormir e perder a surpresa.

E ele saiu com a veste enfunada ás costas antes que percebesse as últimas palavras...

E perder a surpresa...

Estava tão amortecido que a transformação foi estranha... quase desfocada, desligada, como se não fosse real... começou com um gemido e terminou num ganido cansado... realmente tudo que o lobo desejaria agora era descançar... calmamente, mas havia algo urgente... onde estava o garoto?

Onde estava aquele odor tão leve e bom de liberdade? Por que o gosto de seu sangue ainda estava entramado em suas presas...

Dor do predador...

Um uivo animado e baixo veio de outro ponto da casa... lhe fazendo erguer as orelhas... um leve rosnado... um quase latido... o lobo levantou-se na cama e antes de pular dela viu na porta...

Era... lindo.

Negro.

Totalmente negro... com exceção à marca prateada em sua cabeça...

Arrepiado e peludo... com imensos olhos verdes e brilhantes... que avançou mancando um pouco... mas balançando a negra cauda peluda... até se aproximar e num salto subir na cama onde se aproximando o cheirou... e se abaixando rolou... e o cheirou novamente... tão natural... tão igual... tão seu...

O lambeu... e recebeu um lambida de volta e sentando-se recebeu o impacto do animado jovem que lhe pulara derrubando-o... sentiu nas costas do outro, farejou o ferimento... sim... era lindo... e era seu companheiro, acalmando o jovem deitou-se e o fez aninhar-se em meio a sua imensidão... tão pequeno que repousou enrodilhado em seu corpo...

Aninhados em paz sobre a cama... prata e preto.