Depois que eu sai daquele hospital fiquei rodando pela cidade sem saber o
que fazer, por onde começar, ou recomeçar. Eu não estava muito bem
preparada para enfrentar toda a papelada que eu teria que assinas naquele
momento. Eu senti num banco de uma praça e fiquei observando tudo ao meu
redor. Os pássaros em bando, as arvores, flores, o casal de velhinhos
sentado de mãos dadas num banco próximo a mim, crianças rindo alto e
correndo ao redor de seus pais, crianças chorando, crianças felizes... como
eu queria poder volta no tempo e minha mãe ter sido a mãe que eu tanto
esperei, como eu queria ter o meu irmão, meu pequeno irmãozinho que tanto
eu ajudei, protegi quando foi necessário, do meu lado, rindo juntos...
porque a vida foi tão injusta comigo? e fez com que ele também herdasse a
doença da minha mãe?... ele antes me parecia tão normal... mas agora eu me
vejo aqui só, sentada, sem ninguém pra conversar, me confortar, segurar a
minha mão... então eu começo a chorar, eu simplesmente desabo aqui no meio
da praça, na vista de todos... eu coloco as mãos na minha cabeça tentando
evitar que muitas pessoas me vejam naquele estado. De repente eu sinto uma
mão em mim, num primeiro instante eu hesito em levantar a minha cabeça...
"Senhorita... você esta se sentindo bem?", eu levanto a minha cabeça ao ouvir aquela voz de criança, ela esta sentada ao meu lado olhando pra mim com uma cara de preocupação, se ele tiver uns 8 anos eu acho que é muito.
"Estou sim....", eu falo sorrindo pra ele "obrigada por perguntar"
"Mas porque você esta chorando?"
"É que.... a minha mamãe e meu irmãozinho foram pro céu...."
"Não fique triste não.... – ele fala passando a mão no meu rosto limpando as minhas lagrimas – um dia a minha vovó também foi embora, papai me explicou tudo, ela estava sofrendo muito, então Deus a levou pra ela poder descansar la em cima, no céu, do lado dele, em paz... com certeza eles estão bem... você sabia que quando alguém que a gente ama muito vai pro céu eles viram um dos nossos anjos da guarda!?"
"Hum... eu não sabia.. que bom saber que agora eu vou ter mais anjinhos...", eu lhe falo já sem lagrimas nos meus olhos.
"Michael, Michael – uma voz grita ao longe – venha aqui, nos já estamos indo embora"
"Desculpa, minha mãe esta me chamando, não se preocupe, tudo vai ficar bem", ele vai embora correndo e acenando pra mim, mais antes me da um beijo na bochecha.
Eu o vejo correndo pra longe e abraçando a mãe dele. Pouco tempo depois daquele menino estar ali eu senti uma paz tão grande, então decidi resolver logo tudo do "meu passado", pra poder deixa-los seguir em paz e eu assim poder continuar levando a minha vida. Primeira coisa que eu faço é ir ao hospital assinar papelada de óbito, e tudo mais. Logo depois decido ir a casa da Maggie verificar se tem algo que eu queira pegar antes que eu a coloque a propriedade à venda. O enterro deles só vou fazer amanha pela manha, hoje eu ainda preciso ligar para algumas pessoas avisando o que aconteceu e por ultimo resolver o que for mais urgente. Eu entro na casa onde minha mãe estava morando, eu já estive aqui poucas vezes, mas mesmo assim me traz algumas lembranças. Logo na entrada eu vejo uma foto enorme minha com meu irmão. Essa foto eu lembro bem, foi tirada num piquenique que nós tivemos um dia da escola. Foi um dos únicos que a nossa mãe nos levou e que ela estava normal. Algumas fases da vida dela ela ate que tomava o seu medicamente direitinho e eu e o Eric sabíamos que tínhamos que aproveitar aqueles momentos pois eles não iriam durara para sempre. Eu passei pela casa por um bom tempo, pego alguns álbuns de fotografia, algumas jóias que deve ter alguma valor, os documentos deles, algum dinheiro que eu achei e empacoto tudo numa caixa para eu poder ver direitinho quando eu chegar ao hotel. Eu poderia ficar aqui na casa, mas eu não vou me sentir bem com tudo isso que me faz lembrar eles. Eu inspeciono a casa mais uma vez, acho algumas coisas que tem valor sentimental a mim e levo. Antes de ir embora eu deixo um recado com a vizinha, que caso alguém me procurasse me procurasse onde eu estiver hospedada. Chegando ao hotel, eu ligo pra quem eu pude me lembrar pra avisar da missa e do enterro que vai acontecer amanha as 8 da manha. Eu converso com padre, funerária, advogado e tudo mais. Já eram 2 da manha quando eu acabo com tudo, eu realmente estou exausta, mas não sei bem se eu vou conseguir dormir. Eu abro uma das caixas que eu trouxe da casa de minha mãe e começo a olhar os álbuns, folhear uns livros... eu fico revendo isso, matando as minhas saudades ate cerca de 4 horas da manha quando eu sinto que preciso tirar um cochilo. Quando dá 6 da manha eu já estou em pe. Eu sinto mais cansada agora do que quando eu dormi. Mas eu preciso ir na funerária pra ver se os corpos chegaram, checar os últimos detalhes da missa e do enterro. Eu não trouxe muita coisa pra vestir... então eu pego um vestido preto que por acaso eu trouxe e visto isso. Coloco uma maquiagem bem leve e saio pra acertar todos os últimos detalhes. Já são 8 da manha e já vão começar a missa. Estão la alguns parentes, amigos da família, amigos deles... eu estou me sentindo tão deslocada aqui, tão só, ninguém aqui pôde me proporcionar o conforto que eu estou almejando. Eu choro quase a missa toda, no enterro eu já estou completamente sem lagrimas, eu sei que estou com a face inchada de chorar, eu não gosto de chorar na frente dos outros, mas hoje é impossível esconder e conter todos esses sentimentos. Eu não posso nem mais contar quantos "sinto muito" eu ouvi hoje. Parece que o povo só sabe falar isso... eu também sinto tanto... acho que nem eu imagino o quanto... eu ainda preciso revisar alguma papelada antes de voltar pro hotel. Eu preciso dormir mais um pouco e relaxar mais uns dias antes de voltar a minha rotina a Chicago. Vou pedir a Weaver mais uns 3 dias pra organizar o resto da papelada. Eu quero chegar la com uma aparência melhor do que a que eu estou agora, eu não quero a pena de ninguém, eu não preciso disso. Eu me sento num banco e me sinto enjoada, tonta, também pudera, faz mais de um dia que eu não coloco nada na boca, antes eu preciso comer pra agüentar mais um dia cansativo. Mas antes de tudo, eu volto ao hotel pra trocar a roupa, ajeitar a minha maquiagem e comer algo. Quando eu chego lá...
Continua..
"Senhorita... você esta se sentindo bem?", eu levanto a minha cabeça ao ouvir aquela voz de criança, ela esta sentada ao meu lado olhando pra mim com uma cara de preocupação, se ele tiver uns 8 anos eu acho que é muito.
"Estou sim....", eu falo sorrindo pra ele "obrigada por perguntar"
"Mas porque você esta chorando?"
"É que.... a minha mamãe e meu irmãozinho foram pro céu...."
"Não fique triste não.... – ele fala passando a mão no meu rosto limpando as minhas lagrimas – um dia a minha vovó também foi embora, papai me explicou tudo, ela estava sofrendo muito, então Deus a levou pra ela poder descansar la em cima, no céu, do lado dele, em paz... com certeza eles estão bem... você sabia que quando alguém que a gente ama muito vai pro céu eles viram um dos nossos anjos da guarda!?"
"Hum... eu não sabia.. que bom saber que agora eu vou ter mais anjinhos...", eu lhe falo já sem lagrimas nos meus olhos.
"Michael, Michael – uma voz grita ao longe – venha aqui, nos já estamos indo embora"
"Desculpa, minha mãe esta me chamando, não se preocupe, tudo vai ficar bem", ele vai embora correndo e acenando pra mim, mais antes me da um beijo na bochecha.
Eu o vejo correndo pra longe e abraçando a mãe dele. Pouco tempo depois daquele menino estar ali eu senti uma paz tão grande, então decidi resolver logo tudo do "meu passado", pra poder deixa-los seguir em paz e eu assim poder continuar levando a minha vida. Primeira coisa que eu faço é ir ao hospital assinar papelada de óbito, e tudo mais. Logo depois decido ir a casa da Maggie verificar se tem algo que eu queira pegar antes que eu a coloque a propriedade à venda. O enterro deles só vou fazer amanha pela manha, hoje eu ainda preciso ligar para algumas pessoas avisando o que aconteceu e por ultimo resolver o que for mais urgente. Eu entro na casa onde minha mãe estava morando, eu já estive aqui poucas vezes, mas mesmo assim me traz algumas lembranças. Logo na entrada eu vejo uma foto enorme minha com meu irmão. Essa foto eu lembro bem, foi tirada num piquenique que nós tivemos um dia da escola. Foi um dos únicos que a nossa mãe nos levou e que ela estava normal. Algumas fases da vida dela ela ate que tomava o seu medicamente direitinho e eu e o Eric sabíamos que tínhamos que aproveitar aqueles momentos pois eles não iriam durara para sempre. Eu passei pela casa por um bom tempo, pego alguns álbuns de fotografia, algumas jóias que deve ter alguma valor, os documentos deles, algum dinheiro que eu achei e empacoto tudo numa caixa para eu poder ver direitinho quando eu chegar ao hotel. Eu poderia ficar aqui na casa, mas eu não vou me sentir bem com tudo isso que me faz lembrar eles. Eu inspeciono a casa mais uma vez, acho algumas coisas que tem valor sentimental a mim e levo. Antes de ir embora eu deixo um recado com a vizinha, que caso alguém me procurasse me procurasse onde eu estiver hospedada. Chegando ao hotel, eu ligo pra quem eu pude me lembrar pra avisar da missa e do enterro que vai acontecer amanha as 8 da manha. Eu converso com padre, funerária, advogado e tudo mais. Já eram 2 da manha quando eu acabo com tudo, eu realmente estou exausta, mas não sei bem se eu vou conseguir dormir. Eu abro uma das caixas que eu trouxe da casa de minha mãe e começo a olhar os álbuns, folhear uns livros... eu fico revendo isso, matando as minhas saudades ate cerca de 4 horas da manha quando eu sinto que preciso tirar um cochilo. Quando dá 6 da manha eu já estou em pe. Eu sinto mais cansada agora do que quando eu dormi. Mas eu preciso ir na funerária pra ver se os corpos chegaram, checar os últimos detalhes da missa e do enterro. Eu não trouxe muita coisa pra vestir... então eu pego um vestido preto que por acaso eu trouxe e visto isso. Coloco uma maquiagem bem leve e saio pra acertar todos os últimos detalhes. Já são 8 da manha e já vão começar a missa. Estão la alguns parentes, amigos da família, amigos deles... eu estou me sentindo tão deslocada aqui, tão só, ninguém aqui pôde me proporcionar o conforto que eu estou almejando. Eu choro quase a missa toda, no enterro eu já estou completamente sem lagrimas, eu sei que estou com a face inchada de chorar, eu não gosto de chorar na frente dos outros, mas hoje é impossível esconder e conter todos esses sentimentos. Eu não posso nem mais contar quantos "sinto muito" eu ouvi hoje. Parece que o povo só sabe falar isso... eu também sinto tanto... acho que nem eu imagino o quanto... eu ainda preciso revisar alguma papelada antes de voltar pro hotel. Eu preciso dormir mais um pouco e relaxar mais uns dias antes de voltar a minha rotina a Chicago. Vou pedir a Weaver mais uns 3 dias pra organizar o resto da papelada. Eu quero chegar la com uma aparência melhor do que a que eu estou agora, eu não quero a pena de ninguém, eu não preciso disso. Eu me sento num banco e me sinto enjoada, tonta, também pudera, faz mais de um dia que eu não coloco nada na boca, antes eu preciso comer pra agüentar mais um dia cansativo. Mas antes de tudo, eu volto ao hotel pra trocar a roupa, ajeitar a minha maquiagem e comer algo. Quando eu chego lá...
Continua..
