Ao Luar
Lá fora, a chuva cessava, sendo substituída por uma brisa fresca. As nuvens finalmente davam liberdade para a lua cheia brilhar com toda a sua força. Um cheiro bom de terra molhada entrava pela janela quebrada do quarto, e raios de luz prateada incidiam exatamente sobre o rosto pálido da jovem adormecida. O hanyou tinha vontade de pular de alegria, mas não tinha coragem de fazer qualquer movimento brusco. Sentado ao lado dela na cama, ele não conseguia parar de olhá-la, ou de acariciar seus cabelos, como se a visão e o contato pudessem se perder ao menor descuido. Ele estava feliz, mas parecia um sentimento muito frágil, que poderia quebrar a qualquer instante. E ele não iria agüentar ter seu coração destruído pela terceira vez.
Kagome estava bem, era isso que importava. Ela estava ali, ao lado dele, sem o menor vestígio de dor na expressão tranqüila. Estava apenas profundamente adormecida, seu peito subia e descia sob as cobertas enquanto ela ressonava. Inuyasha, deitado a seu lado, sussurrava palavras doces ao seu ouvido, dizendo tudo o que ele gostaria de ter dito em todos os anos em que estiveram separados.
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Dor, muita dor. Seu corpo queimava. Ela sentia como se sua alma estivesse sendo rasgada, estilhaçada. Tudo o que conseguia fazer era desejar a morte. Talvez aquele fosse o castigo por ter desistido. Por não ter lutado quando realmente precisou. Talvez aquele fosse o seu destino: sofrer por tudo o que havia deixado para trás. Mas então, tudo cessou, e ela desabou no chão. Ficou assim por algum tempo, antes de levantar-se e abrir os olhos.
Outra vez aquilo. O mesmo jardim, as mesma flores, a mesma iluminação pálida, como se tudo estivesse encoberto por um véu. Mais uma vez ele a chamava. Mas desta vez era tão real... Ela conseguia vê-lo perfeitamente: os cabelos compridos, os olhos dourados, o kimono vermelho, as orelhinhas, as mãos, o rosto, o sorriso... Ele sorria! Ele estava perto, muito perto. Talvez pudesse alcançá-lo se conseguisse esticar os braços. Mas ela já sabia o que aconteceria. Sabia que não conseguiria se mover, e ele iria embora magoado novamente.
Mas – que surpresa! – ele deu um passo à frente. Mais um, e mais um, até ficar tão próximo que ela sentia a respiração dele em seu pescoço. Ela queria abraçá-lo, mas seus braços estavam pesados demais. Na verdade, todo o seu corpo pesava. Não foi preciso se mover, ele próprio passou os braços fortes ao redor dela e a apertou junto ao seu peito. Ela podia ouvir as batidas do coração dele, e as palavras doces que ele sussurrava em seu ouvido, enquanto acariciava seus cabelos. Ela abriu a boca, queria retribuir todo aquele carinho. Sua voz estava trancada. Ela só queria dizer uma coisa, antes do sonho terminar, apenas uma frase antes de ele ir embora... Ela forçou a voz...
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Eu te amo... Inuyasha...
O hanyou abriu os olhos sobressaltado. Tinha adormecido com Kagome em seus braços, e a voz dela o despertou. Muito fraca, muito triste, mas muito clara. Ele olhou para ela, pronto para dizer tudo o que estava entalado em sua garganta, mas ela ainda estava dormindo. Inuyasha apertou a jovem mais forte, desejando que ela acordasse.
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Ela conseguira. Finalmente admitira. Ele continuava abraçando-a, mas tudo ao redor começou a desvanecer. Primeiro as árvores, depois as flores, o azul do céu, a grama. Ficaram os dois em meio a uma grande mancha branca. Ele se afastou um pouco e a olhou nos olhos, alguns instantes antes de desaparecer também, e deixá-la sozinha no vazio outra vez.
Por alguns segundos, ela ficou assim, desamparada, mas então, subitamente, sorriu. Porque o calor dele continuava ali, ao seu redor. Sua cabeça girou, e ela começou a cair.
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Kagome ficou algum tempo em silêncio, depois deu um gemido e se agarrou em seu braço. Inuyasha lhe apertou com força e, de repente ela sorriu. Não era um sorriso tão feliz quanto os que ele lembrava, mas não deixava de ser um sorriso. Ela mexeu um pouco a cabeça e abriu os olhos.
A jovem ficou um tempo parada, olhando ao redor, e a cada objeto que ela reconhecia, seu olhos se arregalavam mais e mais. Quando finalmente viu a figura que estava deitada ao seu lado, encarando-a com os olhos dourados cheios de doçura, sua respiração parou abruptamente. Inuyasha levantou metade do corpo, sem tirar o olhar de cima dela, e disse, sem rodeios ou explicações:
Eu também te amo, Kagome. Eu estou no inferno desde que você partiu.
Ela simplesmente não parecia capaz de falar. Nem de respirar, ou de se mexer. Talvez fosse mais um sonho. Talvez estivesse delirando. Talvez fosse apenas uma brincadeira. A verdade é que ela não queria que aquele momento acabasse. Ele finalmente estava ali, ao seu lado.
Inuyasha pegou nas mãos dela. Ele estava quente, ele não podia mais esperar. Ele se inclinou e tomou os lábios macios da jovem em um beijo cheio de saudade.
Nos primeiros momentos, não houve reação nenhuma, até que Kagome sentiu algo explodir em seu peito. Uma onda de calor que precisava ser extravasada. A energia cálida se espalhava pelo seu corpo, à medida em que ela colocava sua mãos na nuca do hanyou e aprofundava o beijo. Quando ele passou o braço pela sua cintura, um nó se formou na garganta dela. Quando ele a trouxe mais para perto, envolvendo-a com seu corpo, ela finalmente permitiu que as lágrimas quentes caíssem e lavassem seu rosto.
Os dois se separam por falta de ar. Inuyasha estava com os olhos úmidos, e Kagome soluçava. Eles estavam abraçados, embolados na cama, as pernas e os braços entrelaçados.
Kagome, eu... começou ele.
Shhhh... Eu sei... Eu também... interrompeu a jovem, calando-o com os dedos.
Eu não posso viver sem você. Não agüentaria te perder de novo.
Eu não quero te deixar. Mas eu tenho medo... ela desviou o olhar.
Kagome, olhe pra mim delicadamente, ele virou o rosto dela de volta em sua direção Dane-se o resto. Danem-se os outros. Dane-se o passado. Eu só quero ficar com você. Não preciso de mais nada.
Em meio às lágrimas e soluços, ela sorriu e o beijou. Também não precisava de mais nada.
Continua...
Ai, gente, desculpa pela demora. Eu estava em Itapeva, num festival de bandas, e quando voltei, semana passada, quase morri tentando pôr em dia tudo o que eu tinha perdido na escola. Fiz três provas no outro Sábado, e ontem eu passei o dia fazendo um trabalho de inglês (quem sabe se eu aprender um pouco consigo ler fics e me inspirar, né?).
Bem, espero que gostem do capítulo e me desculpem.
Bjus ENORMES da Queen!!!
