Os primeiros raios de sol já invadiam o quarto. Pulando feito louco na cama de Sirius, Peter tentava acordar o amigo. Lentamente e muito mal humorado o garoto abria os olhos.
- Acorda! Hoje é nossa excursão de formatura. Ou você já se esqueceu?
Esquecera. Toda a agitação da noite passada varrera esse pensamento de sua mente. Se haveria excursão era provável que Remus fosse. Tinha uma ultima chance de falar com ele. E para que desperdiça-la? Daria um jeito de falar com o amigo, longe da turma. Mas o que falaria? Foi então que percebeu. Era isso... Sabia exatamente o que fazer e como fazer.
Levantou-se de um salto, derrubando rabicho no chão, que entre palavrões e resmungos tentava se levantar.
- Levanta Pontas! Excursão se lembra? – Sirius tinha um sorriso no rosto enquanto ajudava James a espantar o sono.
- O que foi? Só aquela maldita excursão sobre cultura trouxa não é o suficiente para te por de pé logo cedo. Não tão animado...
- Lupin não voltou... – Tentou desviar do assunto, apontando para a cama vazia.
- Ele deve ter ficado na farra. Conte logo o motivo do bom humor e pare de tentar me enrolar, Paddy.
Sirius apenas sorriu como resposta e saiu a toda velocidade em direção ao banheiro.
- Volte aqui seu cachorro! – Peter esperneava em pé junto a cama.
- Ele não vai voltar. A algo novo naqueles olhos cinzentos. O Sirius mudou... algo nele mudou. Se eu o conheço como penso, e sei que conheço, algo vai acontecer. – Divagava James, mais para si mesmo do que para rabicho.
- Algo bom?
- Algo... Se bom ou ruim só Sirius pode nos dizer. E talvez seja bom para ele e ruim para nos. Aquele garoto é um grande mistério.
- Ou talvez ele seja menos complicado do que imaginamos.
"Agora em um templo aos deuses trouxas, eles a chamam de Igreja. Naquele lado temos altares" Sirius fingia estar dormindo e James imitava o guia, que tentava fazer os estudantes prestarem atenção. Inutilmente.
- Bah... igrebas, igrehas, ou seja lá o que for. Quem precisa saber disso?
Paddy tentava prestar atenção ao que James falava porem seus pensamentos pairavam sobre Lupin. Ainda não encontrara o garoto. A excursão estava quase no fim e ainda não tinha visto ele. Droga! Será que faltou? Podia estar se escondendo. Muitos alunos... Não seria difícil sumir entre eles. Precisava vê-lo antes do final, senão tudo poderia se perder. Desesperado Sirius não notara ter sido deixado sozinho na catedral, perdido em seus pensamentos enquanto os outros se dirigiam para fora. Quando voltara a si estava sentado sozinho na imensa sala rodeada por altares e bancos. Não! Não estava só... Alguém ficara. Preso em pensamentos como ele... Observando desinteressado um altar a Santo Antônio. Não podia ser! Muita coincidência, boas circunstancias, sozinhos ali.
- Lobinho... – Sirius murmurava enquanto ia silêncioso como um gato até o outro garoto.
- Paddy? – Lupin virou-se assustado. Muitas coisas a dizer. Nenhuma delas quis sair.
Ia falar, mas foi calado por um beijo. Forte e doce, autoritário e carinhoso. Como Remus sonhava que deveria ser... Como só Sirius sabia dar, e só ele poderia fazer o lobo se sentir daquela forma.
De um jeito meigo de quem sabe como aquele momento era importante, Paddy foi conduzindo Lupin, até deita-lo docemente em um dos diversos bancos de madeira rústica.
- Mas Pad... – Lupin começava a argumentar, mas foi interrompido pelo olhar delicado de Sirius.
- Esqueça as palavras... Agora elas apenas nos atrapalharão. – O garoto abriu, ágil, os primeiros botões da camisa de Remus. Desceu o longo dedo pelos botões abertos, sentindo cada depressão do busto do lobo.
Lupin sonhara tanto com esse momento, e agora estava lá. Com Sirius. Não sabia como agir... Não sabia o que fazer. Mas para surpresa de Sirius, e sua própria, não demonstrava isso. Estava completamente relaxado. Estava aproveitando.
- Sirius... Alguém pode dar pela nossa falta e voltar. Vamos parar por aqui! Essa não é a hora nem o lugar...
- Você tem razão, lobinho. Algum programa para hoje à noite?
- Eu desmarco...
Sirius sorriu maroto para Lupin enquanto ajudava o garoto a se levantar. Um banco de igreja... Daria dor nas costas. Mas o que importava? Fizera a coisa certa.
- Sirius...
- Hum?
- Eu não sei... Mas talvez nos não devêssemos contar sobre "isto" para ninguém. Nem mesmo James
- Porque acha isso?
- Sabe... Preconceito bobo... Piadinhas de mau gosto...
- Tá. Vamos embora desse lugar.
Remus beijou matreiro a nuca de Sirius, dando-lhe uma piscadela de lado, sorrindo, os dois saíram juntos se misturando a multidão sem chamar suspeita alguma.
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N/A: Ah socorro! Eu que quase morri escrevendo esse segundo pedaço da história, sinto imensa felicidade ao ver ele indo finalmente ao publico. Ouvi de amigos que eu delirava sobre esse capítulo. E não foram poucas vezes que me peguei assim. Espero, então, que gostem. O que eu posso dizer? Ainda falta uma parte... O final. Quem me acompanhou nessa saga até agora não me abandone no último capítulo. Agora falta pouco, muito pouco. Espero que tenham gostado desse segundo pedacinho da história. Se gostaram deixem Review... Se não gostaram... Deixem também.
Ah... botei a fic com uma semana de antecedência do previsto. Culpem a Marianah.
"Ouço a tua voz a me chamarSigo noite adentro a te procurar
Só você pra me dizer
Que tudo que eu preciso é viver."
Tenchi muyo – Amor à deriva
