— Harry!
Harry sentou-se na cama rapidamente ao som do próprio nome. Só que não era Hermione quem estava chamando. Ele jogou os lençóis para longe e pegou seu roupão de dormir e os óculos no caminho para a porta.
— Harry Potter! Você tá aí?
Ele abriu a porta e examinou o andar de baixo. Ali estava o segundo dos seus melhores amigos, Rony Weasley.
— Aí está você. Escuta, mamãe e a Gina tão presas ali fora, tem alguma coisa impedindo elas de entrar.
Ele tateou o bolso roupão à procura da sua varinha e a apontou para a porta.
— Intrare.
A porta se abriu e ele ouviu os sons da mãe e da irmã de Rony.
— Agora sim, está melhor. O que no mundo estaria nos mantendo lá fora, eu me pergunto — Molly Weasley reclamou enquanto empurrava a porta.
Harry olhou de volta para Rony.
— Estaremos aí embaixo num minuto, e então eu explico. Oi, Sra. Weasley, Gina.
Harry se virou e viu Hermione à porta, esfregando os olhos. Ele ficou ali e encarou aquela que ele esperava que fosse sua nova namorada.
— O que tá acontecendo? Foi a voz do Rony que eu ouvi?
Ele balançou a cabeça afirmativamente.
— A Sra. Weasley e a Gina também tão aqui.
Ela se sobressaltou.
— Harry, todas aquelas coisas na sala…
Ele riu baixinho.
— Eu acho que nós temos que dar algumas explicações.
Hermione relaxou e sorriu sonolenta:
— Eu tenho que me aprontar.
Ele fez que sim com a cabeça e se dirigiu a seu próprio quarto. Antes que ele tivesse a chance de fechar a porta, Hermione o parou.
— Harry.
Ele se virou e viu a cabeça dela para fora da porta.
— Hã?
O sorriso dela se tornou travesso.
— Sim.
Nisso, ela se jogou dentro do quarto e fechou a porta antes que ele tivesse chance de responder.
Ele desceu os últimos lances de escada num pulo para o chão devido a sua excitação, e se virou para a sala de estar para ver Gina olhando tudo que ele e Hermione tinham comprado no dia anterior.
— Oi, Harry.
— Oi, Gina. Sua mãe já viu isso tudo?
Ela fez que sim.
— Já, e eu espero que você possa explicar. Parece que você comprou metade do Beco Diagonal.
Harry sorriu e se dirigiu à cozinha, onde sentiu cheiro de café da manhã cozinhando. A Sra. Weasley parecia estar se sentindo em casa.
— Bom dia, Harry, querido — ela pegou a frigideira que estava usando e serviu em vários pratos. — O café está pronto.
— 'Brigado, Sra. Weasley. Oi, Rony — ele cumprimentou se amigo.
— Oi, Harry — ele baixou o copo de suco de abóbora. — Então, o que têm todas aquelas coisas de menina na sala? Mamãe tá doida pra saber.
Harry pegou a jarra e se serviu de um copo de suco.
— Hermione e eu fizemos compras ontem.
Rony ficou chocado.
— Caraca, eu sabia que ela tava bem de dinheiro com os pais dela sendo dentistas e tudo…
— Ronald Weasley! Quanto dinheiro os pais de Hermione Granger possuem não é da sua conta — a Sra. Weasley reclamou com o filho.
— Mas eu não tava falando de dinheiro, eu juro. Eu tava dizendo que eu tou surpreso por eles terem deixado ela ter tudo isso.
— Eles não deixaram — Harry disse baixinho.
A Sra. Weasley colocou o prato de Harry na frente dele.
— O que foi, Harry, querido?
— Eu… hã… recebi uma coruja do Gringott's na quarta-feira sobre a herança do Sirius.
A Sra. Weasley levou a mão à boca em choque.
— Ah, Harry, eu sinto muito. Eu quase tinha esquecido que Sirius tinha feito o testamento ano passado. Espero que não tenha sido um golpe muito amargo.
Harry sorriu triste.
— De primeiro, foi, mas Hermione me ajudou a superar.
À menção do nome, um barulho alto veio do cômodo adjacente:
— CarAAAAAAca!
A Sra. Weasley deixou a frigideira cair sobre a mesa.
— Isso pareceu a Gina. Vá descobrir o que aconteceu, Rony.
Ele assentiu e encheu a boca de batata frita e ovo antes de sair. Alguns instantes passaram e Harry se preparou.
— Puta merda!
— Ronald Weasley! Eu não vou tolerar esse tipo de linguagem dentro dessa casa!
A porta da cozinha se abriu de uma vez.
— Mas mãe, a senhora tem que ver isso.
Ela secou as mãos no avental e circulou a mesa, quando viu Hermione entrando.
— Hermione, querida. Como você está essa man…
Harry olhou por cima do ombro e viu Rony segurando a mão da sua nova namorada e o anel que ele tinha dado.
— Pelo fantasma de Merlin, Hermione! Isso é real? — A Sra. Weasley pegou a mão e olhou mais de perto. — É lindo! Onde você conseguiu uma coisa dessas?
Hermione sorriu com orgulho para Harry. A sensação que isso provocou nele não foi nada menos que excitamento.
Agora a Sra. Weasley estava impressionada.
— Harry?
Hermione concordou com a cabeça e ficou balançando nos pés.
— Era uma parte das jóias da família Black. Harry a herdou de Sirius.
A Sra. Weasley correu o olhar entre Harry, Hermione e o anel.
— Fora. Para a sala de estar. Rony, você e Harry ficam aqui. Esta é uma conversa de mulheres.
Rony torceu a cara com desgosto. Evidentemente, ele estava acostumado à expressão conversa de mulheres, tendo uma irmã mais nova na família.
Harry estava mais do que interessado em descobrir o que se passava na sala ao lado.
— Eu não faria isso se fosse você, cara —Rony comentou quando viu Harry se aproximando da porta. — Da última vez que eu meti meu nariz numa conversa de mulheres, fui brindado com uma certa coisa feminina biológica e mensal. Nojenta, se você quiser saber.
— Eu duvido mesmo que elas tejam falando disso.
— Vá em frente — mesmo assim, ele tentou manter o amigo longe da porta. — Ouvi dizer que você fugiu.
Harry fez sinal para que ele se calasse, enquanto ouvia atentamente.
— Então, você e Hermione estão noivos?
Harry se virou com uma expressão no rosto como se tivesse levado um tapa.
— O quê?
Rony sorriu sabendo que finalmente tinha ganhado sua atenção.
— Bem, o que você acha que quer dizer dar a uma garota um anel enorme no seu dedo anelar?
Harry ficou aturdido.
— O que… hã… eu…
Ele não teve chance de terminar, ou melhor, começar sua frase antes de a porta da cozinha abrir e uma Hermione de rosto corado entrar.
— Você é o próximo.
Ele olhou para ela e depois para a sala de estar, onde viu a Sra. Weasley expulsando Gina. As mãos de Hermione afagaram as suas.
— É só dizer a verdade, Harry.
Ele sorriu para sua nova namorada e enquanto isso fez uma mesura de coragem.
— Harry, venha aqui, por favor.
Ele entrou na sala de estar e se sentou na poltrona escura de frente para o sofá e para a Sra. Weasley. Ele já a tinha visto em ação uma vez quando ela estava com raiva de Fred e Jorge por uma razão ou outra, e ele não queria estar próximo da mão que ela usava para dar algum juízo a eles.
— Harry, quais são as suas intenções para com a mocinha ali?
Mocinha?, ele pensou.
— Hermione? — ele perguntou.
Ele fechou os olhos e tentou manter seu ânimo sob controle.
— Claro, Hermione. Ela acha que é sua namorada.
O sentimento de orgulho voltou.
— Bem, é verdade, mas eu só descobri isso hoje de manhã.
— Você descobriu? Você está me dizendo que Hermione está te forçando a ser o namorado dela?
Harry negou com a cabeça.
— Não, Sra. Weasley — ele começou a se sentir o mesmo garotinho sem força de vontade do ano anterior e tratou de se livrar da sensação. — Isto é ridículo…
Ele não conseguiu terminar a frase antes de ser cortado por ela.
— Ridículo? Eu vou dizer o que é ridículo. É quando um menino de quinze anos de idade…
— Dezesseis — ele corrigiu.
Ela parou.
— Como?
— Tenho dezesseis anos. Meu aniversário foi ontem.
Ela se acalmou.
— Ah, Harry, querido. Parabéns.
Foi enquanto ele não conseguiu dizer nada. Ela voltou ao seu tom normal.
— Quando um menino de dezesseis nos de idade dá a uma menina de quinze um anel de noivado…
— Não é um anel de noivado — Harry não tinha passado tantos verões com os Weasley para não saber como desinflar o ânimo da Sra. Weasley. O truque era pará-la antes que ela chegasse ao máximo.
Ela parou e olhou para ele.
— É uma mostra da minha afeição, claro, mas nada mais do que isso.
Ela encontrou a resposta que estava procurando e deixou seu temperamento esfriar.
— Você tem que diminuir aquele anel, antes que comece o período letivo.
— Sim, senhora.
— Ela é um amor de menina, Harry. Não a magoe.
Ele ficou de pé e se aproximou dela.
— Sra. Weasley, as duas pessoas mais importantes da minha vida são Hermione e Rony. Eu nunca os magoaria, de propósito.
— É claro que não, querido. Só estou sendo uma mãe.
