Capítulo 8
Descobertas
Rony acordou feliz como não acordava há tempos. Ele sabia exatamente o motivo sem sequer abrir os olhos. Podia senti-la respirar ao seu lado. Ele abriu os olhos devagar e a observou dormir por alguns minutos, dominado por uma sensação maravilhosa. Só saiu de seu transe quando uma coruja bateu com o bico na janela.
- Afrodite – disse Rony, abrindo a janela. – Bom dia pra você também.
Ele acariciou a coruja e pegou o pergaminho que estava em sua perna. A mensagem estava escrita em garranchos e dizia "Preciso falar com você agora! Encontre uma conexão ao vivo onde quer que você esteja. Barker".
Rony foi até a sala e ligou o computador, mas nada aconteceu. Então ele lembrou que não pagava a conta de luz há tempos. Desamparado, sentou-se no sofá, mas levantou-se quando teve uma idéia.
Ele entrou no quarto com cuidado e se debruçou sobre a cama. Delicadamente, passou os dedos pelos cabelos de Mione.
- Mione – sussurrou. – Mione.
Ela abriu os olhos com dificuldade por causa da claridade e sorriu.
- Oi.
- Mione, alguém do Ministério levou seus pertences para o hospital quando estávamos lá ontem?
- Hum-hum.
- E depois você os encaminhou para o hotel onde vai ficar?
- Hum-hum. Menos minha bolsa e minha maleta.
- Seu lap-top está aí?
- Hum-hum. Na maleta.
- Será que você me emprestaria? Preciso falar com o pessoal do Ministério.
- Claro. Está na poltrona.
- Obrigado.
Ele beijou sua testa e saiu do quarto correndo. Ligou o lap-top o mais rápido possível e logo estava em transmissão ao vivo com Barker.
- Finalmente! Onde estava?
- Em casa.
- Por que demorou tanto?
- Fala logo o que você quer, Barker.
- Quero saber se está tudo bem, ora essa! Os agentes de Morrice me disseram que você e sua amiga foram torturados.
- Nada muito preocupante. Fomos ao hospital, estamos bem agora. Era só isso?
- Não! Precisamos conversar sobre o julgamento.
- Que julgamento?
- O seu! E de Sabrina também.
- O que?
- Vamos conversar melhor sobre isso. Vou até aí, me passe seu endereço.
- Não!
- Vamos lá, Balaço, preciso ir até aí. Não é mais seguro conversar por aqui, ficamos sabendo de um certo agente que tem dois empregos.
- Um corrupto?
- Sim, o informante de Morrice.
- Quem era?
- Não sabemos ainda. Vai, me passa seu endereço.
- O que aconteceu? – perguntou Mione, entrando na sala.
- Não sei ainda, Barker está vindo aí.
- Sério? Quer que eu vá embora?
- Não precisa. Acho que o assunto dele também é de seu interesse.
- Tudo bem.
- Seu lap-top – disse Rony, estendendo o computador para Mione. – Muito obrigado.
- Não tem de quê.
Ela guardou o computador na maleta e, quando ficou de pé novamente, Rony a puxou pela cintura.
- Está com fome? – perguntou, beijando seu pescoço.
- Sim – disse ela, sorrindo.
- Vou preparar alguma coisa para nós.
Ele deu um beijo rápido nela e partiu para a cozinha.
- Vamos ver no que isso dá... – murmurou ela, ainda sorridente.
Sentou-se no sofá e ficou ali parada, sorrindo como uma criança que ganhara um doce. Não precisava nem dizer em quem ela estava pensando. De repente, a campainha tocou.
- Atende pra mim, por favor – gritou Rony. – Estou meio ocupado na luta contra a frigideira.
Ela foi rindo até a porta e deu de cara com Barker. Ficou um pouco vermelha, pois estava usando apenas uma camisa velha de Rony.
- Ah, você – disse Barker, sorrindo com a surpresa. – Como vai?
- Bem – respondeu Hermione, ainda vermelha. – E o senhor?
- Ótimo, obrigado, Hermione.
Mione arregalou os olhos quando ele disse seu nome.
- Não se preocupe, nós já descobrimos sua identidade secreta, Hermione Granger. Não vamos fazer nada de mal para você, fique tranqüila.
- Como vocês descobriram?
- Ora, Balaço nos contou. Vocês são amigos de infância, não é!?
- Balaço?
- É, seu amigo, o morador dessa casa. Credo, vocês têm a memória muito fraca.
- Rony é o Balaço?
- Ah, ele se chama Rony? – Barker puxou um pedaço de pergaminho e anotou alguma coisa. – Bom saber disso. Sabe, no começo eu coloquei ele atrás de você para ficar na sua cola, coisa e tal, mas agora parece que você está limpa, enquanto tem gente no nosso próprio escritório nos traindo.
- Ele estava me espionando?
- Bom, espionar é uma palavra muito forte, ele só estava de olho em você, só isso. Não foi muito difícil, afinal, vocês já se conheciam há tempos e...
Hermione pegou suas coisas e passou correndo por Barker.
- Ei, onde você... vai com essa roupa?
- Como assim fugiu? – perguntou Rony, secando as mãos e indo para a sala.
- Fugiu, correu, desapareceu, puft!
- E você não fez nada para impedi-la?
- Ora, o que você queria que eu fizesse, a garota é rápida, eu já não tenho mais sua idade, Rony! Posso chamar de Rony? É bem mais pessoal e...
- Ela deve ter tido um motivo para sair desse jeito, não é, Barker?
Rony cruzou os braços e encostou-se na parede.
- Não me olhe assim, Balaço, eu não gosto disso, não me intimide.
- O que você disse a ela?
- Nenhuma mentira, isso eu garanto. A garota estava bem desinformada, eu diria.
- Não acredito que você contou tudo pra ela, Barker!
- Ué, não era pra contar?
- Não! Você mesmo mandou eu não falar nada!
- Ah, isso é passado, a moça está limpa. Se tem alguém traindo o Ministério, esse alguém não é ela.
- Então você chegou e disse que eu era o Balaço?
- Sim. E ela ficou toda revoltada e saiu correndo.
- Foi só isso que você disse?
- Bom, não exatamente... Eu citei a sua missão.
- O QUE? Citou como?
- Ahn... Disse que você estava a espionando.
- ARNOLD BARKER! EU NÃO ACREDITO!
Rony se jogou no sofá e acariciou o lugar onde Mione esteve sentada.
- Qual é o problema, Balaço?
- Você é burro ou só se finge? Agora ela vai pensar que eu só dormi com ela para espioná-la! Que todos momentos que passamos juntos foram grandes mentiras!
Barker colocou as mãos nos bolsos e suspirou.
- Desculpe, Rony. Não foi minha intenção.
- Em nenhum momento eu quis espioná-la. Eu sequer sabia que ela era quem ela era até pouco tempo. Você sabe disso.
- Sei. Mas ela não.
- Esse é o grande problema.
Barker soltou mais um suspiro e sentou-se ao lado de Rony.
- Você ama essa garota?
Rony jogou a cabeça pra trás e olhou para Barker.
- Sim.
- Então é melhor começar a trabalhar se quiser tê-la de volta.
- Eles ainda acham que eu matei Hogan? – disse Rony, andando ao lado de Barker pela rua. – Mesmo depois de ontem?
- Sim. Você vai a julgamento, Balaço, e não é qualquer julgamento, é uma sessão especial. Acontecerá na sexta-feira.
- Sexta? Mas hoje é terça!
- Eu sei. Por isso que é especial. E por isso que temos problemas.
- Fale.
- Precisamos arranjar provas concretas a seu favor e encontrar o criminoso antes de sexta-feira. A propósito, o julgamento de Hermione é no sábado.
- Por que ela vai a julgamento?
- Está sendo acusada de ser sua cúmplice no assassinato.
- Mas ela estava no hospital quando encontramos o corpo!
- Mas antes de você encontrar o corpo ela não estava. De qualquer forma, vai ser fácil liberá-la. Temos várias testemunhas a seu favor. Agora precisamos nos concentrar em você.
- O que sabemos até agora?
- Morrice nos falou sobre uma organização secreta de agentes do Ministério, paralela a organização deles. Nunca trabalharam juntas, mas sabiam da existência uma da outra e de suas operações. Há alguns meses, essa organização desapareceu e começou a agir internamente. Hogan desconfiou e mandou rastrearem o movimento dos relacionados com a organização, chegando a dois computadores do departamento de aurores dos Estados Unidos e um daqui.
- Tem um traidor aqui?
- Sim. Ian Norton mandou Hermione Granger para espionar o Balaço, ou seja, você. Ele acreditava que você era o agente corrupto, mas não mandou investigarem seus próprios agentes. Um deles mandou matar McLinn e um dos nossos executou o crime.
- Se Norton estava acobertando os próprios agentes, por que mandaram matá-lo?
- Norton possivelmente era o mandante da organização secreta e, quando ele mandou Hermione para cá, houve um acordo para que o matassem. Ainda não descobrimos o porquê.
- E quanto ao assassinato de Hogan?
- Quando Hogan foi intimado e acusado do assassinato de McLinn, eles ficaram com medo de que ele dissesse algo sobre a organização secreta quando fosse interrogado, então armaram um plano para tirá-lo da prisão e armaram de matá-lo no único dia em que o teatro Odeon não teria espetáculos. Mas não podiam apenas deixá-lo lá, precisavam de algo grandioso para chamar nossa atenção. Fizeram o incêndio porque sabiam que você seria o primeiro a chegar lá e, conseqüentemente, o único a entrar lá em 12 horas.
- E parece que deu certo.
- Pois é. Só precisamos saber agora quem são os três membros dessa organização. Quando eu descobrir quem me traiu, ah, eu mato, juro que mato...
- Calma, Barker. Nós vamos encontrá-los, eu prometo. E sempre cumpro minhas promessas, pode acreditar.
