Disclaimer: Saint Seiya / Cavaleiros do Zodíaco pertence a Masami Kurumada.
Resumo: Universo Alternativo. Afrodite é um ator em busca da fama. Romances, decepções e grandes alegrias irão cruzar seu caminho até que ele consiga um cantinho cativo sob os holofotes do sucesso. Romance yaoi / lemon.
Mais um capítulo! Thanks pelas reviews, e desculpem pela demora. Deu uma preguiça... e eu nunca acho que o que escrevi tá bom. Ai eu fico reescrevendo milhares de vezes. E acabo comentando isso com vocês também milhares de vezes.
Esse aqui é um caso de insatisfação. Eu tenho uma mania absurda de perfeccionismo, e como sei que nunca vou achar que está realmente bom, desencanei. Please, críticas sinceras!!!! E mais umas reviews tbm não vão fazer mal, né? hehehehe
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Capítulo 4 – Assumindo a Paixão
É engraçado como os dias e os meses passam batidos quando se tem o corpo e a mente ocupados. A nossa noção de felicidade é estranha. Ficamos esperando-a chegar. Serei feliz quando ganhar na loteria. Quando conseguir me casar. Quando tiver filhos. Quando for promovido. Afrodite acreditava que seria feliz quando fosse famoso. E, agora que era, estava frustrado, sentindo-se incompleto e triste. Estava sempre triste.
Desde a estréia de Deadly Seduction, Dite não parou. Emendou projetos em divulgações, entrevistas, e, se não estava na telona do cinema, agradando os olhos de seus milhões de fãs, estava nas filmagens de outra película. Cada vez tinha menos tempo para seus amigos, e, mesmo com os insistentes convites de Mú e Shaka para diversos passeios, eles estavam há meses sem se ver.
O único que ainda via Dite era Miro, mas raramente arrancava alguma coisa dele. Encontravam-se de vez em quando em alguns estúdios, e a conversa centrava-se no sentimento do grego por Kamus. Segundo Shaka, o diretor tinha decidido terminar os roteiros sobre os quais havia assumido o compromisso de dirigir, e voltaria para a Europa, provavelmente para a França. E o orgulhoso ator não pretendia fazer nada a respeito, apesar de assumir chorar todas as noites por sentir falta do seu 'francesinho'.
Dite seguia sua rotina, e de vez em quando cruzava com Carlo de Angelis. Ele não sabe onde buscou tanto autocontrole para mostrar-se impassível em frente às provocações do outro ator. Mas, apesar de Afrodite ter se tornado o 'queridinho' dos diretores primeiro, Carlo também estourou. Pode-se dizer que os dois eram os atores mais procurados nos dois últimos anos, pois eram certeza de sucesso de bilheteria.
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- Oi Shion, como vai? – Afrodite recebeu seu empresário no escritório que possuía em sua nova casa. Sim, nova. Ele não queria sair de seu apartamento, mas os outros moradores começaram a reclamar da bagunça que as fãs faziam no portão. Fora o terrorismo que o Shaka e o Mú fizeram, praticamente obrigando-o a contratar seguranças.
- Olá Dite! Comigo está tudo bem, e com você? Analisou os roteiros que lhe enviei? – Shion aceitou o convite e sentou-se no sofá branco.
- Sim, analisei, Shion, e é impressão minha ou a qualidade deles andam caindo? – Dite sentou-se ao seu lado.
- ... Olha, Afrodite... – Shion hesitou. - Eu não queria ter esse tipo de conversa com você, mas acho que já chegou a hora de falarmos sobre...
- Sobre o que? – Dite cortou-o. - Os altos e baixos da fama? Eu já sei de tudo isso, pois o Kamus fez questão de repetir esse blá blá blá todo milhares de vezes. Só não achei que minha queda viria tão rápido.
- Não é uma queda! – Shion chegava a rir do drama que o outro fazia. - Você entrou para o primeiro escalão de estrelas há menos de dois anos, e já protagonizou dois filmes, além de ter concorrido ao Oscar de melhor ator coadjuvante por Deadly Seduction. Mas seu rostinho não pode estar o tempo todo nas telas Dite! Isso se chama super exposição, e é muito mais negativo do que positivo.
- Tá bom Shion, mas e o que eu faço sem ter nenhum filme pra gravar? – Dite relaxou.
- Você podia viver um pouco! Di, você não vai mais na casa do Mú e do Shaka, não sai mais a noite, não visita sua família... Você só sai de casa para gravações e divulgações. Por que você não gasta um pouco do dinheiro que ganhou?
- Ah, Shion, você sabe que eu não ganhei esse rio de dinheiro. As despesas que eu tenho com a casa, com minhas roupas, aparência e assessores é absurda! – Estressou-se de novo, e levantou-se, gesticulando enquanto falava. – E eu não tenho vontade de fazer nada disso. Sei lá, nem parece que já passaram-se dois anos. Parece que aquela estréia foi ontem!
"Parece que conheci aqueles olhos azuis ontem...." Dite ficou ainda mais triste ao lembrar-se disso. Não se conformava com essa situação ridícula. Agora que ele havia se adaptado à fama, conseguia ter seus casos discretamente, sem que a inconveniente imprensa aparecesse para encher o saco. Mas não tirava aquele italiano esquentadinho da cabeça. Se perdeu pensando naquela língua cínica que tanto o ofendia.
- Di... Di... Afrodite, você tá me ouvindo? – Shion levantou-se e chacoalhou-o. Dite estava olhando para seu jardim, através da janela. "O que está acontecendo com ele?"
- Ai, desculpa Shion! Me distraí. Aliás, vamos mudar de assunto, tá?
- Tá bom! – "Afrodite e seus devaneios..." - Voltando aos roteiros... você quer mesmo escolher algum deles?
- Quero! Eu já descartei alguns, mas, antes de escolher, queria a sua opinião.
- Olha... no momento, eu acho viável este aqui. – E escolheu um dos grossos 'cadernos' que estava em cima da escrivaninha, escrito 'Chasing'. - É um filme de ação, o diretor é o Saga, que eu lhe apresentei há alguns meses. É um papel que precisa de mais preparo, e por isso as gravações vão demorar um pouco mais do que você está acostumado. Fora que é o tipo de filme que provavelmente vai ter umas continuações, e por isso é um rendimento futuro....
- É, eu li esse roteiro. Então tá bom, marca uma reunião com ele. Vamos ver no que dá esse teste. – E sentou-se de novo.
Shion ainda tinha compromissos com outros clientes, e por isso não se prolongou na visita. A reunião fora marcada para a semana seguinte, e o teste foi extremamente simples. Afrodite caiu mesmo nas graças de Saga, e foi escolhido para o papel. Faria dupla com Ikki Amamiya, um ator um pouco mais jovem que ele, mas que também fazia sucesso. E, aliás, o cinismo dele lembrava-o demais de uma certa pessoa...
Qual era o enredo? O mais óbvio possível... Uma dupla de policiais trabalhava numa complexa investigação em cima de políticos corruptos. Eles começam a sofrer ameaças, e o filme esquenta com muitas cenas de perseguição de carros, bombas explodindo, troca de tiros. Quando tudo parecia estar bem, e os caras maus haviam sido indiciados na justiça, Afrodite sofre uma emboscada, e seu carro quase despenca de uma ponte. Ikki aparece, mata os dois 'vilões', e salva seu parceiro.
Nada muito complexo no quesito atuação, mas Di teve que começar a freqüentar aulas de tiros e de artes marciais, pois ele não sabia nem como fechar a mão para desferir um soco.
Mas, como a Lei de Murphy impera em certos momentos da nossa vida, Ikki sofreu um acidente de carro, e teria que ficar alguns meses imobilizado. As filmagens já tinham começado, e o estúdio não poderia esperar sua melhora. As fofocas dos bastidores diziam que, na verdade ele havia levado uma surra do namorado do irmão, por insistir em que ele tivesse uma namorada...
Rapidamente Saga escolheu um substituto, que tinha o mesmo estilo do ator, havia feito o teste e já tinha preparação suficiente para o papel. Quem era? Carlo de Angelis...
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Dite só descobriu isso no estúdio, em uma reunião com o diretor, os produtores e assistentes, e outros atores e seus empresários. Não agüentou, teve um chilique; resolveu soltar na hora mais inapropriada tudo aquilo que havia engolido daquele insolente.
- Saga, com esse canastrão eu não trabalho. – Dite levantou-se da cadeira, e, apesar de estar com o rosto vermelho de tanta raiva, sua fala soou calma.
Todos se surpreenderam. Sempre fora fácil demais lidar com o sueco. Nunca reclamava de nada, trabalhava com o maior empenho e se dava super bem com o elenco e a produção.
- Mas Afrodite... qual é o problema com Carlo? Ele é um ótimo ator, super profissional, tem toda a preparação necessária para o papel...
Dite ficou mudo. Realmente, porque ele não queria atuar com o italiano? Fora o fato dele estar completamente apaixonado por aquele nojento, não havia nenhuma argumentação válida. E, obviamente, estar apaixonado não é um motivo nem um pouco válido.
- Olha Saga.. eu... eu... eu simplesmente não quero trabalhar com ele.
- Mas por que? Você é uma pessoa muito esclarecida, Afrodite. Se você acha que há um motivo realmente forte para que Carlo não participe do meu filme, diga agora.
Mudo novamente.
- Oras, Afrodite Thorsson, – Carlo parecia ter feito uma especialização em como tirar o sueco do sério. – não sabia que você já tinha ficado tão estrelinha assim. Bom, todas as estrelas tem seus chiliques, non é vero? – E terminou a frase com o maior sorriso irônico que podia dar.
- Exatamente por isso Saga! Ele é mal educado, desagradável, irritante, sarcástico, orgulhoso, estúpido e enfadonho. Como eu vou poder contracenar com ele?
- Olha, Dite... Eu já dirigi Carlo algumas vezes, e essa personalidade forte dele nunca interferiu. E, no momento, é até interessante que ele realmente aceite este trabalho, pois o personagem é muito parecido com ele próprio, o que vai tornar a atuação ainda mais interessante. E, exatamente por isso, eu mantenho a minha decisão sobre esse assunto. Não quero ser desagradável com você, mas gostaria que minha escolha fosse acatada sem maiores discussões.
- Não há problemas Saga. Eu vou conversar com meu cliente a sós. Vocês podem me dar licença? – Shion resolveu o problema tirando Dite da sala, sob o olhar indignado, mas de triunfo de Carlo.
- O que foi aquilo tudo, Dite? – Shion estava irritado. Afrodite havia mostrado uma irresponsabilidade e estrelismo que não condiziam com suas atitudes normais.
- Desculpe-me. Eu.. eu não sei o que me deu. Não vai acontecer novamente, Shion. Por favor, diga a Saga que eu me senti indisposto, e fui embora, mas que estarei aqui para as gravações. Envie-me o novo cronograma assim que possível. – Virou as costas e saiu do estúdio.
"Como eu pude ser tão estúpido? Idiota, idiota, idiota! Não vou correr o risco de ser substituído nesse filme por causa de uma paixão..."
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As gravações rolaram até que tranqüilamente. Dite e Carlo não se falavam fora dos sets de filmagem, apesar do italiano sempre provoca-lo. Aliás, Carlo já sabia que sentia algo por aquele rapaz lindíssimo, mas não pretendia ter qualquer relacionamento com ele. Não queria nem pensar na hipótese de ser homossexual, mesmo sabendo que as mulheres não mexiam mais com ele como antigamente.
Adorava ver aquele rosto perfeito quase roxo de tanta raiva. Também achava encantador a maneira dele gaguejar quando não tinha resposta para os seus comentários. Sempre que o via acompanhado, sentia-se mal, com um ciúmes doentio. Passava a inferniza-lo ainda mais.
Afrodite também apaixonava-se cada vez mais. Não havia saído com ninguém desde o começo das filmagens, e revirava toda noite na cama, imaginando aquele homem ao seu lado. Eles eram completamente antagônicos, e era aí onde a magia se encontrava. Dido havia desistido de discutir, simplesmente porque entendeu que, quanto mais nervoso ficava, mas prazer Carlo tinha em irritá-lo.
O ápice dessa estranha relação – se é que isso podia ser chamado de relação – ocorreu no final das gravações. Uma das cenas mais complexas havia sido deixada para o fim. Era justamente a conclusão do filme. Dite estaria dirigindo seu carro em uma ponte, e seria empurrado para fora dela. Enquanto ficava pendurado pela porta do automóvel, Carlo atirava nos responsáveis pelo incidente e depois o tirava de lá, debruçando-se sobre o carro, correndo o risco de cair junto.
A cena teve que ser filmada várias vezes. Como os atores estavam representando em um cenário dentro no estúdio, e não era uma cena perigosa para eles, Saga exigiu que ela ficasse mais do que perfeita. O sueco já estava de saco cheio, pois Carlo o puxava pelo braço e o abraçava para salva-lo... E eles tiveram que se abraçar pelo menos umas 20 vezes...
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Após um pouco mais de um ano gasto entre gravação e edição, o filme é lançado, e começa a maratona de divulgação. Festas, entrevistas, prêmios.... Dite costumava gostar desse ritmo intenso. Mas, dessa vez, dava qualquer coisa para não ser obrigado a comparecer a esses eventos. Sempre tinha que posar com o maldito Carlo de Angelis.
Em uma das festas eles quase se bateram, pois o italiano o irritou novamente com a história do seu papel no filme de Kamus. A situação estava começando a ficar realmente insustentável, tensa demais, e Shion tentava prevenir Dite, pedindo para que ele tomasse cuidado com a imprensa. Se Afrodite Thorsson aparecesse em outra capa de tablóide, brigando com mais alguém, provavelmente traria problemas não só para sua carreira, mas para o filme e o outro ator.
A luz apareceu em uma calma conversa entre Mú, Shaka e Dite. Cansados com as recusas do amigo para jantares e outros passeios, deram um jeito de comparecer aos eventos nos quais ele era obrigado a participar, e assim conseguiram se interar da situação. Dite acabou despindo a máscara de 'está tudo bem', e contou aos amigos tudo o que havia passado nos últimos meses. Como andava deprimido, sem vontade de ver ou falar de ninguém. Das muitas noite de insônia imaginando o peso do italiano, o cheiro, os toques...
O conselho de Shaka foi o mais óbvio possível: tentar conversar com ele! Não se declarar, lógico, mas simplesmente tentar resolver essa situação, afinal, eles eram dois homens adultos! E, se Afrodite gostava tanto assim dele, deveria tentar pelo menos conservar uma amizade.
E o conselho soou tão simples, que Dite o acatou. Realmente, iria falar com o italiano. Assim que surgiu uma oportunidade, ele foi de carro até a casa do ator, que era próxima da sua, afinal, quase todas as celebridades moravam naquele bairro... Foi muito bem recebido, e o empregado que lhe atendeu pediu para que esperasse o 'Sr. Carlo' na sala de visitas.
Admirou a decoração, que era de muito bom gosto. Nem parecia que aquele ser irritante morava ali. "Obviamente foi um decorador que tornou esta casa tão agradável". Continuou andando pelo ambiente, observando os caríssimos quadros que decoravam o recinto.
Sua divagação foi interrompida pelo próprio Carlo, que o cumprimentou com muita educação, e o convidou para sentar no sofá, mas manteve-se em pé.
- Tudo bem, Afrodite? Em que posso ajuda-lo?
"Nossa, será que ele está se sentindo bem? Que educação é essa?"
– Está tudo bem, Carlo. Eu só gostaria de conversar com você. – Sentou-se.
- Quer beber alguma coisa? – Dirigiu-se ao pequeno bar que havia no canto da sala. Serviu uma dose de whisky para ele, e perguntou com o olhar se Dite aceitava.
- Obrigado. – Dite aceitou o copo oferecido. Estava nervoso. Não imaginou que seria recebido com tanta cordialidade.
- Pois então Dite... você ainda não me disse sobre o que gostaria de conversar. – Sentou-se ao lado do sueco, enquanto tomava um gole da bebida.
"Desde quando ele me chama pelo apelido?"
- Sabe, Carlo nós dois não somos mais adolescentes. Ao contrário, somos adultos. E eu acredito que o clima das filmagens já foi terrível de agüentar. E suas provocações continuam me irritando, tornando a divulgação do filme ainda mais difícil. – Di respirou, mas já gesticulava, nervoso. - Quando eu lhe disse que ganhei aquele papel no filme de Kamus através do teste, fui sincero. Sim, eu sou homossexual, e não tenho vergonha disso. Mas tenho muito orgulho por saber que meu primeiro grande papel foi conquistado por mérito, e não através de qualquer teste de sofá. A princípio, suas ofensas me magoavam demais. Mas essa mágoa está se tornando raiva, e esse é um sentimento que eu não quero cultivar, pois gosto muito de você e.... – Parou, surpreso com suas próprias palavras. E ainda mais surpreso, por ver que Carlo não esboçara nenhuma reação.
- Olha, Dite, eu não me importo com o fato de você ser homossexual. Realmente, eu gosto de te tirar do sério – Carlo deu o irritante risinho... -, mas é só isso. A princípio eu tinha mesmo despeito por você, mas percebi seu talento ao atuar ao seu lado. E eu tenho que admitir que acredito em você.
"Simples assim? Tem alguma coisa errada..."
- Então... é isso? Assim simples? – Finalmente o sueco desarmou. – Nossa, você não imagina as forças que eu tive que reunir para vir até aqui! – E começou a rir!
- Forças? Por que?
Dido ainda ria.
- Porque eu achei que iríamos discutir mais uma vez.
Foi a vez de Carlo começar a rir.
- É, eu tenho que admitir que não sou muito fácil de lidar!
- Então está bem. - Dite apoiou seu copo na mesinha de centro, e levantou-se. – Não vou mais incomodá-lo, já que está tudo esclarecido! Você poderia me acompanhar até a porta?
- Claro. Mas não quer ficar mais um pouco? – A voz de Carlo soou trêmula, mas o outro ator não percebeu.
- Obrigado pelo convite Carlo, mas temos aquela outra festa à noite, e eu ainda tenho que me arrumar.
- Ah, é mesmo! Eu nem me lembrava. – Continuaram conversando enquanto o italiano o acompanhava Dite até a porta.
Pararam na porta, e Carlo, ao abrir a porta, falou de uma vez:
- Dite, porque não vamos juntos?
- Juntos? Aonde? – O coraçãozinho de Dite quase saiu pela boca.
- Sabe.... – Carlo viu a feição do outro, e quase voltou atrás. Ainda tinha medo dos sentimentos que o perturbavam. – Acho que deveríamos celebrar essa nova amizade. – Frisou bem a última palavra. – Por isso, poderíamos ir juntos na festa! Se você quiser, eu passo em sua casa e te pego... – Tremeu na base...
- Tudo bem. – O sueco se controlou para não dar pulinhos de empolgação! – Às 8?
- Combinado!
E apertaram as mãos, despedindo-se. Di ainda teve que ficar um pouco sentado no carro, para se acalmar, antes de dar a partida. Carlo ficou estático, encostado na porta fechada, até que um empregado foi ver se estava tudo bem com o patrão... Afinal, ele estava tão pálido...
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Ninguém que conhecia bem aqueles dois estava se conformando com a proximidade deles. Parecia que eram amigos próximos há décadas! Carlo estava tão contente por finalmente ter dado uma dentro em sua vida, que bebeu demais na tal da festa. Afrodite acabou dirigindo seu automóvel, ajudando-o a entrar em casa. Não se importou com o fato de que não estava de carro. Qualquer coisa ligava para sua casa, e o motorista poderia vi-lo buscar. Sim, ele tinha motorista, mas dirigir sempre fora um prazer para ele.
O empregado se assustou um pouco, mas Carlo o dispensou, dizendo que estava tudo bem. Realmente, ele estava alegre, mas achou exagero do outro não deixa-lo dirigir, e leva-lo pra dentro. Mas já havia anos que ninguém se preocupava assim com ele. E, quando foi retirado do carro, sentiu o perfume doce do outro, completamente inebriante...
- Carlo, você está bem? – Dite o sentou no tal sofá onde conversaram algumas horas antes. Mas, naquela tarde, ao contrário de agora, estavam sóbrios.
Dite também havia bebido vodca demais. Mas, ainda assim, estava melhor do que o amigo. "Amigo... engraçado.... Até hoje de manhã eu estava com vontade de trucidá-lo, e agora tento curar a bebedeira dele. Isso sim é irônico!"
- Estou ótimo Di! E, por mim, tinha ficado mais tempo na festa. Não sei porque você quis vir embora! – Sua fala estava um pouco mole, mas o sorriso era contagiante.
- Mas a festa já tinha praticamente acabado! São 5 horas da manhã!
- A noite é uma criança...
- É... uma criança que está indo dormir, assim como o senhor. – Não resistiu e riu da própria ironia. - Precisa de ajuda? Ou você está melhor? Quer que eu pegue alguma coisa?
- Eu quero que você sente aqui do meu lado! – E deu o maior puxão em Afrodite, pois até então ele está em pé, meio debruçado sobre ele, que estava sentado no sofá.
O sueco quase caiu em cima dele, dando risada da própria situação ingrata. Estava quase sentado no colo do homem que amava, e tinha que se segurar para não tirar uma casquinha. Ajeitou-se no sofá, de modo que ficou do lado dele. Sem mais nem menos, o italiano apoiou a cabeça em suas pernas, enquanto reclamava de uma dor de cabeça.
- Lógico que você deve estar com dor de cabeça! Tudo bem que o whisky era muito bom, mas nem por isso você precisava beber tudo aquilo. Nem quero ver sua ressaca amanhã.
- Ah, vai Di... faz uma massagem aí!
- Massagem? Você tá falando sério? – A cara de surpresa dele não passou despercebida ao italiano.
- Tô. – E pegou as mãos do outro e começou a massagear suas têmporas. Afrodite estava tão surpreso, que não teve reação nenhuma. Massageou a cabeça, e quando percebeu, já estava fazendo um leve carinho com as pontas dos dedos naquele rosto lindo, absorto nos traços tão masculinos, imaginando ter aquele homem mais próximo de si.
Carlo estava de olhos fechados, pensando no que fazer. Não conseguia compreender aquela sua atitude. Estava sendo espontâneo, mas sua mente o recriminava. Sabia que o sueco era homossexual. E havia percebido os olhares de fascínio que lhe lançara na festa. Precisava tomar uma decisão, pois entendeu que se não fizesse alguma coisa naquela hora, não faria mais.
Abriu os olhos quando percebeu que os carinhos haviam parado.
- O que foi?
- Pensei que você estivesse dormindo!
- Hum... quase dormi mesmo. Você tem mãos tão leves... - e segurou a mãozinha clara, tão delicada, de unhas bem feitas... E beijou as costas de uma mão. Depois beijou um dedo... e outro.. mas sem malícia, só com muito carinho.
Afrodite estava estático. E ficou ainda mais pasmo quando o italiano levantou-se de seu colo, ficando sentado de lado no sofá. Mas, ao invés de colocar as pernas para fora do estofado, ele sentou-se olhando para Dite, com as pernas meio dobradas, uma mão no encosto do braço, quase o abraçando, e a outra em seu rosto, acariciando seus lábios. Seus rostos ficaram próximos demais. Dava pra sentir a tensão das respirações, misturada com o cheiro de bebida e cigarro.
- Carlo... – Di estava branco.
E foi beijado.
To be Continued!
Pipe: O primeiro beijo do Dite e do Carlo é em sua homenagem!!! Parabéns e muitas alegrias pra você, que inspirou tantas de nós! Beijos!
