Sob os Holofotes - by Lili Psiquê
Disclaimer: Saint Seiya / Cavaleiros do Zodíaco pertence a Masami Kurumada.
Resumo: Universo Alternativo. Afrodite é um ator em busca da fama. Romances, decepções e grandes alegrias irão cruzar seu caminho até que ele consiga um cantinho cativo sob os holofotes do sucesso. Romance yaoi / lemon.
Parental Advisory: Explicit Content - Este capítulo contém cenas explícitas de lemon!!! Uhuuu, finalmente!!
Este é o penúltimo capítulo! Sim, finalmente a fic está quase no final. Só não prometo o último capítulo para a semana que vem. Esse daqui saiu a duras penas, após um belo bloqueio. Mas, para compensar a delonga, ele está maior do que os outros. E dessa fez o final não está tão cruel... heheheheh
Eu tinha uns 20 agradecimentos para fazer, mas vou dar uma generalizada... Os principais vão pra Celly M e pra Susu-chan, que suportaram as crises de falta de inspiração... E pra TODO mundo que deixou reviews!! Eu dava pulinhos cada vez que recebia um comentário!!
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Capítulo 5 - Idas e Vindas
Afrodite estava estático. E ficou ainda mais pasmo quando o italiano levantou-se de seu colo, ficando sentado de lado no sofá. Mas, ao invés de colocar as pernas para fora do estofado, ele sentou-se olhando para Dite, com as pernas meio dobradas, uma mão no encosto do braço, quase o abraçando, e a outra em seu rosto, acariciando seus lábios. Seus rostos ficaram próximos demais. Dava pra sentir a tensão das respirações, misturada com o cheiro de bebida e cigarro.
- Carlo... - Di estava branco.
E foi beijado.
Afrodite demorou para assimilar a informação, e só depois de receber muitos beijos em seus lábios, ele abriu a boca. O beijo foi terno, calmo. As línguas se enroscavam com medo, como se ainda estivessem aflitas com aquela situação. Carlo tirou a mão do rosto do sueco, e a firmou em sua nuca, forçando-o, com delicadeza, a virar o rosto, para assim aprofundar o contato.
O que era meigo começou a se tornar intenso. Dite finalmente retornou de seu estado letárgico, e começou a participar com mais vontade do carinho. Soltou suas amarras mentais, e se entregou ao beijo, enquanto permitia que suas mãos vagassem nas costas largas de Carlo.
O italiano estava em uma posição um pouco incômoda, e, com uma certa urgência, sentou-se no sofá e puxou Dite para seu colo, fazendo com eles ficassem um de frente para o outro. Reiniciaram o beijo, enquanto as mãos tornaram as carícias mais ousadas. As duas camisas sociais foram ao chão em segundos, e, enquanto Carlo oscilava entre beijos e mordidas no pescoço de Afrodite, o sueco rebolava e gemia em seu colo.
Carlo percebeu então a ereção do outro ali, presente, extremamente nítida, mesmo por baixo do jeans, e ficou sem reação. Afrodite abriu seus olhos quando notou que o outro havia parado com os beijos.
- Eu... eu fiz alguma coisa errada? - Afrodite, então, caiu em si. Carlo nunca havia se relacionado com um homem antes! E ele ali, entregue, apaixonado, sem pensar no que o outro ator poderia estar pensando. Provavelmente o sentimento não era recíproco... ou poderia ser? O amava tanto... E Carlo estava tão carinhoso, tão diferente... Ou seria a bebida?
- Não, Di, você não fez nada errado... é que eu... eu tô meio perdido, sabe? - Realmente, se estivesse sóbrio, Carlo não teria assumido isso com tanta simplicidade.
- Perdido como?
- Eu nunca...
- Você quer? Você me quer? - Afrodite frisou o pronome.
- Quero. - Carlo não titubeou.
- Então, não se preocupe... deixa acontecer.... - E voltou a beijá-lo.
Os dois ainda ficaram um bom tempo nessa posição, trocando beijos nos pescoços, puxões de cabelos, carícias no tórax e abdômen, lambidas, mordidas... Dite rebolava cada vez mais, e Carlo estava começando a ficar com a sensação de que iria gozar, daquele jeito mesmo. Mas já era manhã, e seus empregados deveriam estar acordando. Não seria nada prudente um flagra na melhor parte...
- Di... vamos para o meu quarto...
- Vamos! - Como se Afrodite fosse discutir...
E subiram as escadarias da mansão, se agarrando pelos corredores, para passarem horas trancados no quarto do italiano. Definitivamente, aquela foi uma das melhores 'manhãs' que Dite poderia querer.
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Mas o dia seguinte chegou, junto com a ressaca. Carlo acordou com dor de cabeça e uma sensação péssima no estômago, e percebeu que o quarto estava bem claro, mesmo com a cortina fechada. "Já deve ter passado do meio-dia."
Esfregou as têmporas, e já ia se levantar, mas percebeu o peso em seu peito. Viu a cascata de cabelos azuis claros espalhados por seu corpo, e viu o dia, a noite e a madrugada anteriores passarem em sua mente em flashes rápidos. A tentativa de reconciliação de Afrodite. A festa. A bebedeira. A volta para casa. O beijo. O sexo. "O que foi que eu fiz?", pensou, transtornado, enquanto esfregava suas mãos em seu rosto. Como ele fora se deixar levar desse jeito? Era óbvio que o sueco gostava dele, mas ele não iria poder responder ao sentimento. Não, jamais teria um relacionamento com ele. Seria arriscar sua carreira.
Afastou Afrodite com delicadeza, e levantou-se. Entrou no banheiro da suíte, abriu a torneira, e lavou o rosto. Olhou-se no espelho. Sentia culpa. "Mas que cazzo! Por que eu fiz isso com ele? Eu provoquei, eu vi a malícia enquanto ele só queria me ajudar!" Desviou a linha de pensamentos quando reparou que o outro estava despertando. O viu se levantar, nu, enquanto se espreguiçava, olhando discretamente pelo quarto enorme. Provavelmente o procurava. "Lindo."
Carlo terminou de escovar os dentes, e pegou um robe negro que estava largado em uma poltrona do quarto.
- Pode dormir mais um pouco, Di. Vou trazer alguma coisa pra gente comer. - E saiu do cômodo.
"Mas... nem um bom dia?" Di estranhou a maneira ríspida com a qual foi tratado. O italiano não foi grosso, mas foi seco. Sentou-se na cama, triste. É, aquilo não era um filme. Não haveria final feliz. "Eu já devia saber que isso iria acontecer. Ele estava bêbado, excitado. Foi uma transa... só isso. Uma novidade."
Foi ao banheiro, lavou o rosto e penteou os cabelos. Quando Carlo entrou no quarto com uma bandeja nas mãos, Dite já estava com sua calça jeans, sentado na cama.
- Carlo, você pode me emprestar uma camisa? Acho que a minha ficou largada na sala. - Sua voz soou triste, distante.
- Mas por que a pressa, Di? Você pode tomar um banho, comer...
- Melhor não. - Levantou-se da cama, e olhou para Carlo, que já havia apoiado a bandeja em uma mesinha. - Eu acho que você não vai poder oferecer o que eu quero, não é verdade?
Carlo ficou mudo, observando aqueles olhos azuis tão claros, tão tristes. Sabia o que ele queria dizer. E sabia que era um covarde, e que não teria coragem de assumir qualquer coisa com Dite.
Afrodite não hesitou. Dirigiu-se ao closet, que era adjunto ao quarto, escolheu uma camisa azul, vestiu-se, e olhou mais uma vez para o italiano.
- Foi bom. Aliás, foi muito bom. - Aproximou-se e beijou sua boca com ternura. - É uma pena...
Carlo queria gritar. Dizer que queria sua presença, seu cheiro, seu corpo, seus beijos, seus sorrisos... Mas era melhor assim. Não estava disposto a abdicar de nada em sua vida para mantê-lo ao seu lado. E, por isso, deixou-o ir embora. Viu seu sonho abrindo a porta de seu quarto e a fechando, levando sua alegria consigo. Sentiu-se vazio.
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Afrodite não sabia por quanto tempo havia andado. Saíra da mansão do italiano sem dar satisfações aos empregados, e, a princípio, teve vontade de correr. Mas conteve-se e andou por todo aquele bairro chique. Suas pernas não cansavam, e ele não se deteve quando percebeu que já se encontrava em frente à sua residência.
Continuou andando, andando, rodando por aquela cidade imensa. Só desistiu de sua caminhada quando o reconheceram, mas não foi simpático como costumava ser. Correu e sinalizou para o primeiro táxi que viu naquela avenida movimentada. Entrou no carro amarelo, e notou então que não fazia idéia de onde estava, e que seu rosto estava banhado em lágrimas. Percebeu que havia chorado durante todo o caminho. Viu o horário no relógio. "Nossa, mas eu estou rodando há mais de três horas! Daqui a pouco vai escurecer!"
- Boa tarde! Para onde?
Viu-se mais perdido ainda, quando o motorista lhe perguntou em um arremedo de inglês onde ele gostaria de ir.
Não tinha aonde ir. Não podia ir chorar no colo da sua mãe, que estava do outro lado do Oceano Atlântico. Seu grande amor o considerava mais uma noite de prazer. A maioria das pessoas com quem convivia não eram amigos. Acabou dando o endereço da loja indiana.
Secou o rosto como pode, mas a pele e os olhos claros o denunciavam, pois não podia esconder a vermelhidão. A loja ainda estava aberta. Afrodite agradeceu à todos os deuses por isso.
A conversa com Mú e Shaka foi longa. Eles estavam atordoados, pois os empregados de Afrodite o procuravam desde de manhã, já que ele jamais havia sumido sem avisar. O rapaz justificou-se, dizendo que havia perdido o celular na festa, preocupado em levar Carlo embora. Contou tudo o que aconteceu, sem conseguir reprimir um sorriso aos descrever a maneira como o italiano o beijou. Sentiu-se mais leve, apesar de ainda estar melancólico.
Os dois insistiram para que ele ficasse na casa deles aquela noite, mas o sueco frisou seu desejo de ficar sozinho.
- Eu tenho que encarar isso de algum jeito, meus anjinhos. Já estou melhor, podem ficar tranqüilos. - E forçou uma risada.
- Tem certeza, Di? Pra que nós servimos, se não podemos nem lhe dar conforto na hora em que você precisa? - Mú ainda se preocupava. Sabia que Afrodite já tinha uma certa tendência a ser depressivo, apesar de esconder isso de todos com seus largos sorrisos.
- Tenho, querido. Vão para casa, eu vou ficar bem. - E despediu-se, entrando em casa, acalmando seus solícitos empregados, e indo para sua cama. Mas não conseguiu dormir. Passou a noite toda apertando a camisa azul com suas mãos finas, sentindo o cheiro de Carlo na peça de roupa.
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Miro estava no aeroporto, tentando passar por despercebido, algo quase impossível. Kamus estava partindo naquela manhã para a França, e o ator teve um impulso incontrolável de ir até lá. Ainda não sabia o que iria fazer, se iria falar com ele ou não. Mas não teve muito tempo para pensar no assunto. Foi quase que obrigado a dar vários autógrafos até chegar no portão de embarque correto. Pensou em ficar ao longe, só observando, mas a multidão o denunciou.
Kamus viu o grego, e ficou dividido: cumprimentava-o, ou fingia que nem o havia notado? Bem, era impossível não percebê-lo lá, no meio daquele monte de fãs histéricas. Aliás, Miro continuava com a péssima mania de sair acompanhado de apenas um segurança.
Quando viu que a confusão começou a realmente sair do controle, e que os próprios seguranças do aeroporto corriam para tentar ajudar Miro, Kamus desistiu. Nem se quisesse iria conseguir falar com o grego. Embarcou, deixando um infeliz par de olhos azuis para trás.
Os seguranças conseguiram controlar a situação, e logo 'escoltavam' o furioso ator até longe do saguão de embarque. Nunca amaldiçoara tanto sua fama. Tiveram que ajudá-lo a ir até a saída, onde seu motorista o aguardava. Mas, ao dirigir-se ao seu carro, olhou de soslaio para banca de jornal que havia ali na calçada, e viu o tablóide National Enquirer em destaque. Chegou perto, com a sensação de que alguma coisa estava errada.
E estava mesmo. Comprou o jornal, entrou em seu carro e discou para Afrodite de seu celular.
- Alô... - Di atendeu, ainda sonolento.
- Oi, Di... - Miro estava com um tom de voz péssimo.
- Miro? Há quanto tempo... Tudo bem?
- Dite... Você já viu os jornais de hoje? - O grego não conseguiu esconder a preocupação.
- Não Miro, não vi. Acabei de acordar... por favor, não me dê uma má notícia. - Di se sentou na cama, inconformado. Já imaginava que devia ter saído novamente na capa de um daqueles malditos tablóides.
- Eu acho que, antes de você sair de casa, deveria ler o National Enquirer¹.
- De novo o Enquirer?
- De novo, Di.
- Tá bom Miro, eu vou pedir para alguém comprar o jornal. Depois eu te ligo, ok? E obrigado pela informação.
- Desculpa... Não queria te acordar com más notícias.
- Imagina, eu que agradeço por me avisar.
Afrodite desligou o telefone, e percebeu que havia dormido de jeans. Colocou qualquer camiseta que viu pela frente. Pediu para uma empregada comprar o tal do jornal, e voltou ao seu quarto, para tomar um banho. Ainda tinha o cheiro de Carlo em sua pele, mas preferiu não se perder nessas sensações. Estava preocupado demais para pensar nisso.
Desceu as escadas de sua casa, já arrumado, e sentou-se a mesa. O jornal estava ali. Com ele na capa. Alguém o fotografou no dia anterior, enquanto ele se afastava de algumas fãs. A fotografia mostrava bem seus olhos vermelhos, inchados de tanto chorar, e seu rosto ainda molhado pelas lágrimas, enquanto ele empurrava uma fã desesperada. Seria um ótimo trabalho fotográfico, se não fosse ele ali. A matéria dizia que ele estava em depressão, tomando remédios de tarja preta. A tal da fã, que ele empurrou, mostrava escoriações nos joelhos e nos braços, pois havia caído no chão depois da 'agressão', como ela mesma disse.
Obviamente, Afrodite ligou para seu advogado, para que ele desse entrada num processo de difamação, e tentasse entrar em contato com a fã. Ligou também para Shion, para que ele desse um parecer sobre o assunto para a imprensa. Mas o estrago já estava feito.
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Os convites para festas desapareceram. Gradualmente, os roteiros bons foram deixando de aparecer. Dite não recebia um 'não' em um teste há anos, mas esses 'nãos' começaram a tornar-se freqüentes. Era a tão temida queda.
Nenhum estúdio queria dar papéis principais para Afrodite, pois ele sempre estava envolvido em escândalos. A fã 'agredida' havia movido um processo contra ele. Dite começou a só fazer pontas, já que seu contrato anterior era para somente um filme. Seu salário diminuiu, e ele teve que vender sua casa, pois não conseguia mais pagar as despesas, e teve que desembolsar uma ótima quantia para que a menina concordasse com um acordo judicial.
Os colegas sumiram, e Di se viu cada vez mais sozinho. Em seis meses, era a sombra do que já fora. As únicas pessoas que permaneceram ao seu lado foram Mú, Shaka e Miro. Aliás, o grego continuava trabalhando, mas estava cada vez mais triste. Vivia dizendo que ia para a França atrás de Kamus, mas todos sabiam que ele ia precisar de muita força para engolir todo seu orgulho.
Afrodite evitava Carlo. Às vezes tinha a sensação de que o italiano freqüentava os mesmos lugares que ele de propósito, mas logo desistia desses devaneios românticos e voltava a realidade. Afinal, ele tinha sido dispensado, não o inverso.
Voltou a morar em seu apartamento antigo, mas sentia uma falta enorme de atuar com mais freqüência. Agora já não tinha tantas ilusões quanto à fama, mas gostaria de reconquistar algumas regalias. Sentia uma falta dos banhos de banheira...
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Era Junho, e no mês seguinte fariam cinco anos desde que Afrodite começara a gravar seu primeiro grande filme. E não faziam nem 8 meses desde que aparecera pela última vez na última capa do National Enquirer. Estava com 27 anos! Se olhava no espelho e não acreditava que o tempo tinha passado tão rápido. Mas ainda estava belo como sempre fora.
Aquele dia era mais um dia monótono, em sua vidinha agora quase pacata. Ainda recebia cartas de fãs, mas nada se comparava ao montante absurdo que chegara a receber quando o Chasing estreiou. Estava entretido na leitura de tais cartas, quando o telefone tocou. Imaginou ser o Mú ou o Shaka. Afinal, quase ninguém, além deles, o ligava.
- Alô.
- Afrodite?
- Isso. Quem é? - Estranhou. Conhecia aquela voz...
- É o Carlo.
- Pois não? - Di foi seco, mas seu coração disparou.
- Dite... ahn.. tudo bem? - A voz de Carlo transparecia... medo? Talvez insegurança.
- Tudo.
- Hum... novidades?
- Não. O que você quer? - O sueco estava começando a se irritar.
- Sabe o que é... é que nesse mês eu faço 28 anos. E eu gostaria que você fosse a minha festa.
- ... - Dite ficou mudo. Carlo percebeu o seu nervosismo.
- Vai ser no dia 24, este sábado, às 21hrs, na minha casa.
- Eu sei. Recebi o convite. Por acaso você quer mesmo que eu vá? - Realmente, Dite tinha recebido o convite. Mas achou tratar-se de uma mera formalidade, afinal, eles já tinham trabalhado juntos.
- Se eu não quisesse não estaria convidando, né, esperto? - Ah, e ele conseguia deixar de ser irônico?
- Se for para dar de cara com o dono dessa educação, eu dispenso.
- Vai Afrodite, não seja fresco. Até aqueles seus amigos, o Mú e o Shaka vão! O Miro também já confirmou presença, assim como outros atores que já trabalharam com a gente.
- Ah, Carlo, eu não estou a fim de ver todo esse povo de novo.
- Dite... sou eu quem está te convidando. Você vem? - Afrodite jamais irá imaginar a força de vontade de Carlo para desferir essa frase.
- Ai, vou pensar. Não sei se tenho alguma coisa para vestir.
- Sempre o mesmo. - Não conteve as risadas - Você quer que eu vá te buscar?
- Não. Não me desfiz do meu carro, não tive coragem. Pode deixar que eu vou sozinho.
- Então te aguardo. Até sábado!
- Ok.
Dite calmamente desligou o telefone sem fio. E começou a dar pulos pela sala de estar, cantarolando qualquer coisa em sueco. Correu e ligou para Shaka, que confirmou sua presença e a de Mú na festa. Dite ficou mais tranqüilo. Pelo menos não iria se sentir tão deslocado.
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No dia seguinte, foi avisado pelo porteiro de que havia uma entrega na portaria. Desceu, e, realmente, alguém havia entregado uma caixa linda, enorme, e outra um pouco menor, mas não tinha remetente. O porteiro não soube dar maiores informações.
Afrodite subiu correndo, e, logo ao fechar a porta, abriu a caixa. Levantou a seda, e encontrou um jeans azul escuro, de design bem diferente. Tinha dois bolsos atrás, e um deles era torto, mas era como se os bolsos tivessem sido arrancados e houvessem restado somente os fiapos e alguns pedaços do tecido. A camisa era azul clara, combinando com seus olhos. Aliás, ele devia ficar muito bem mesmo com essa cor, pois sempre ganhara camisas dessa tonalidade. Ela tinha listras verticais da cor cinza claro, bem finas, quase imperceptíveis, mas eram elas que davam o ar diferenciado à peça. Na caixa menor encontrou um par de... "Tênis! Não acredito.. quem vai querer que eu use tênis azuis com uma roupa dessa?" Estava na cara que a roupa era de algum estilista famoso.
Havia ainda um cartão embaixo da seda, onde estava escrito: 'Sei que você não precisa de nada para ficar mais belo, mas, por favor, aceite o presente e o use na festa. Carlo'
Tremedeira? Ataque do coração? Colapso nervoso? Dite quase teve tudo isso de uma vez. Experimentou a roupa, e não acreditou: ficou perfeito. O tamanho, a cor, o modelo... ficou simplesmente lindíssimo. Não é que o tênis combinou mesmo com o restante?
Não conseguia se controlar, e passou o dia rindo sozinho. Estava receoso, pois jamais esperou uma delicadeza dessas vinda de Carlo.
O sábado chegou. Vestiu-se, e colocou uma maquiagem bem leve. Penteou os cabelos, e até pensou em prendê-los, mas achou que a roupa já chamava atenção demais. Combinou mais ou menos o horário com Shaka e Mú, para que eles chegassem antes na festa. Seria o fim para ele chegar lá... E não ter ninguém para conversar.
Parou o carro na frente da mansão às 22hrs, extremamente nervoso. Não conseguia parar de torcer as mãos, apertando os dedos até que eles ficassem vermelhos. A casa aparentava já estar cheia. Deixou o automóvel com o manobrista, entregou o convite na porta, já que a festa era totalmente restrita, e entrou.
Carlo ainda era considerado um ator de filmes 'A', e por isso toda a nata do mundo dos espetáculos se encontrava reunida ali. E todas essas pessoas importantes viraram o pescoço ao ver o decadente Afrodite entrar na mansão.
Sim, podia estar decadente, como os invejosos de plantão gostavam de dizer, mas continuava belíssimo. E, naquela noite, parecia ter roubado toda a essência das estrelas, simplesmente para mostrar que Afrodite Thorsson ainda era tudo aquilo que sempre fora.
Surpresa ainda maior foi a atitude de Carlo. Quando viu a entrada do sueco, e a feição de sem graça dele, dirigiu-se com pressa até a porta, e, pegando-o pela mão, apresentou-o a alguns diretores que ele ainda não conhecia, à sua família, seus amigos... Dite nem viu Mú e Shaka, muito menos Miro, mas foi se deixando levar. Sempre simpático, cordial, mas meio perdido. Não acreditava que aquilo estava acontecendo, aliás, estava acontecendo tudo rápido demais. Era óbvio que o tratavam bem somente por causa do italiano, mas mesmo assim se sentiu extasiado. Sim, aquela atenção toda havia feito falta. Mas o que estava lhe fazendo bem mesmo era a atenção de Carlo.
Absurdamente lindo. Não, estupidamente divino. Melhor, encantadoramente deslumbrante. Afrodite poderia esgotar seu dicionário de adjetivos que não iria encontrar uma forma adequada de descrever a beleza do italiano. Ele estava com um terno preto, sapatos italianos combinando, uma camisa branca e uma gravata azul, do mesmo tom de seus cabelos. Mas ele brilhava. A roupa era de um estilista famoso, mas não era isso que o deixava belo. Era o brilho de alegria em seu olhar.
Dite pôde não ter encontrado seus amigos, mas os três estavam de olho em seus passos. Mú e Shaka haviam chegado alguns minutos antes dele na festa, e viram sua entrada e a recepção do italiano. Preferiram não atrapalhar os dois, e acabaram ficando na festa para fazer companhia para Miro. Aliás, o grego andava com um humor terrível, desde que o Kamus voltara para a França.
Di e Carlo passaram a festa juntos, bebendo, rindo, conversando. A família toda de Carlo - que, diga-se de passagem, era enorme! - fez questão de pegar o autógrafo de Dite. Por volta das 3hrs da madrugada, os convidados estavam dispersando. Alguns familiares já haviam se despedido de Carlo e Dite, e ido para os respectivos quartos de hóspedes da mansão. Discretamente, o italiano puxou Di pelas escadas do meio da sala, até atingirem o corredor principal do andar superior, que estava vazio naquele momento.
- Di... passa a noite aqui?
Branco? Não, imagina, Dite só quase sumiu. Quem podia entender esse italiano?
- Mas, Carlo... eu não te entendo. Por favor, não quero discutir contigo no dia do seu aniversário. A noite está tão maravilhosa, não estraga tudo!
- Estragar? Dite, estragar? Você ainda não entendeu? A noite não está maravilhosa... ela vai ficar maravilhosa se você me perdoar.
- Perdoar?
- Eu sei que eu fui um completo babaca aquele dia. Passei os últimos oito meses me remoendo, pensando naquilo tudo, procurando maneiras de te encontrar. Eu descobri que gosto muito de você, que passei todos aqueles meses te provocando e te irritando só para chamar sua atenção. - Afrodite ameaçou falar, mas Carlo colocou o dedo em seus lábios. - Mas, por favor, entenda que foi muito difícil assumir tudo isso pra mim mesmo. Eu sou um covarde, Dite... E tive medo. Aliás, ainda tenho medo da reação das outras pessoas. Só que agora eu sei que estou disposto a passar por cima de tudo isso, a deixar minha carreira de lado, só para te ter ao meu lado.
Dite estava completamente pasmo. Parecia que os deuses haviam escolhido aqueles últimos anos para surpreendê-lo de todas as formas possíveis.
- Deixar sua carreira? Jamais! Carlo, eu nunca pediria isso pra você, aliás, eu nunca permitiria que você fizesse uma coisa dessas. Gosto de você há muito tempo, mas não quero te prejudicar, e, além do mais...
Carlo puxou-o pelo pulso, fazendo com que ele ficasse bem perto, deixando-o sem chance para escapar. Ele o beijou sofregamente, como se desejasse sentir aqueles lábios novamente há muito tempo. Beijaram-se durante vários minutos, envoltos em um abraço terno, com as mãos alternando entre carinhos nas costas, nas nucas e nos cabelos.
Foi bruto, quando o prensou na parede, ainda de frente para ele. Mas deu um gemido tão sedutor no ouvido do sueco que Afrodite sentiu-se extremamente excitado. Carlo levantou uma perna de Dite, e encaixou-se em seu corpo, enquanto ainda a segurava. Com a outra mão, apertou aquela cintura fina, tão feminina. Subiu a mão da cintura para o peito, fazendo pressão, apertando. Levantou a camisa, para beliscar os mamilos já intumescidos, enquanto mordia aquele pescoço claro. Subiu a mão até a nuca, e forçou Di a olhar pra ele. Dite só gemia baixinho, com medo de que os convidados os ouvissem.
- Eu te quero agora... - Carlo gemeu.
Beijou mais uma vez aquela boca doce, delicada, e mordeu com força os lábios claros. Afrodite já estava entregue desde o primeiro beijo. Sentia o membro do italiano em suas nádegas, por causa da posição de sua perna, enquanto roçava o seu próprio no corpo do outro. Ficaram pouco tempo assim, se amassando, apertando mutuamente as ereções por cima do jeans apertado e da calça social. Mas Afrodite ainda tentou voltar a realidade quando percebeu que Carlo abria com ânsia sua calça.
- Carlo... aqui não, deixa para mais tarde...
- Di, eu quero aqui... - Não deixou Dite começar uma discussão.
Não ligou para as súplicas do sueco de que alguém poderia subir, ou que podiam ouvi-los. Abriu a calça de Dite com força, e enfiou a mão por dentro da roupa íntima. Segurou com firmeza a ereção e começou a masturbá-lo com rapidez. Dite não se lembrava mais nem onde estava, só queria sentir aquele homem dentro de si.
- Você não quer? - Carlo o provocou, gemendo enquanto mordia o lóbulo da orelha.
- Quero...
Carlo abaixou a calça de Di só de uma vez, mas deixou-a acima dos joelhos. Nem precisou abaixar muito a sua, só colocou seu membro para fora. Afrodite correu para segurá-lo e ameaçou se agachar, para fazer uma carícia mais íntima. Mas o italiano não deixou, segurando-o pelos ombros.
- Não é isso que eu quero. - Virou Afrodite de costas, com firmeza, mas carinhosamente, e passou a cabeça já molhada pela entradinha de Dite, que gemeu e rebolou de antecipação.
- Você quer?
- Já disse que quero...
O italiano lambeu suas costas, mordendo com vontade. Colocou um dedo na boca de Di, que o chupou sem reservas. Logo abaixou a mão e penetrou-o com o dedo de uma vez, ouvindo-o gemer de dor. Movimentou o dedo num ritmo rápido, enquanto dava outro beijo avassalador em Dite, que tentava desesperado virar mais seu rosto para olhar o italiano. Carlo percebeu que ele rebolava mais, e colocou outro dedo. Dite já não sentia mais dor, só um leve incômodo, que estava passando com uma rapidez incrível.
Carlo retirou os dois dedos, e passou novamente a cabeça pela entrada já relaxada.
Dite encostou a boca no ouvido do italiano, lambeu a curvinha e falou, ou melhor, gemeu:
- Por favor... me possui....
Carlo obedeceu. Colocou tudo de uma vez só. Com uma mão, segurou a cintura fina. Com a outra, tampou a boca de Afrodite, para que ele não gemesse de dor.
Doeu. Mas menos do que Afrodite imaginara. A excitação era tanta, que ele só pensava em gozar logo e sentir aquele líquido quente dentro de si...
Ficaram naquele movimento cadenciado por pouco tempo. Carlo continuou segurando a cintura de Afrodite, e se controlava para não gemer bem alto, tentando beijar o outro na medida do possível. Com a outra mão masturbava o sueco no mesmo ritmo, enquanto Di se segurava para não gritar de prazer.
Afrodite gozou primeiro, melando toda a mão do italiano, que colocou seus dedos na boca do sueco. Afrodite chupou aquela mão morena com vontade, com o olhar fixo naqueles olhos azuis. Carlo gozou.
O sêmen dos dois escorreu pelas pernas de Dite. O italiano estava com o rosto aninhado no pescoço de Afrodite, respirando pesado. Na mesma hora, Afrodite ouviu alguém subindo as escadas, e, com rapidez, colocou sua calça. Puxou Carlo para dentro do primeiro cômodo que viu. Por sorte, era o quarto do italiano.
Fecharam a porta, e começaram a gargalhar da situação. Carlo deu um beijo terno no sueco, e levou-o até o banheiro para que se arrumassem. Arranjou outra cueca e uma calça jeans para que ele se trocasse. Logo foram interrompidos por uma batida discreta na porta, fazendo Afrodite avermelhar.
- Carlo, a festa! Você ainda está cheio de convidados! - Afrodite realmente havia se esquecido do que se passava no andar de baixo.
- Eles que se explodam! O convidado de honra está aqui na minha frente... - E voltou a beijá-lo, mas foi interrompido por novas batidas. Soltou o abraço e foi até a porta, furioso.
- Mas que merda é... - Calou-se ao ver um constrangido Mú pedir desculpas.
- Carlo, desculpa... mas estão te procurando. Alguns convidados ainda estão aqui, e fotógrafos querem tirar fotos suas...
- Mas eu não convidei ninguém da imprensa!
- Então eles se auto-convidaram! Acho que eles aproveitaram o final da festa para entrar na casa. Eu e o Shaka vimos quando vocês vieram para cá, e não queríamos incomodar, mas a situação está ficando esquisita. Afinal, não te encontram em lugar nenhum!
- Va bene... Vamos, Di? Não se importa?
Dite já estava trocado. Viu a mão estendida pra ele. Será que Carlo pretendia sair dali com a maior cara lavada do mundo, de mãos dadas com ele? Seria assinar a sentença de morte...
- Mas Carlo, não seria melhor você ir antes, para não desconfiarem de...
- Desconfiarem de que? De que você é meu namorado? Por favor, Di, anda logo! Me dá a mão e vem comigo.
Você acha que ele discutiu? Lógico que não!
E se você acha que, ao descerem as escadas, eles encontraram meia dúzia de fotógrafos e poucos convidados, se enganaram. A festa parecia estar cheia novamente.
Adivinhe as manchetes do domingo? Carlo de Angelis e Afrodite Thorsson juntos! Isso sim era assunto para muitos anos...
To be Continued...
1 - O 'National Enquirer' é um tablóide americano, um dos mais famosos do mundo. Adora estampar qualquer tipo de polêmica envolvendo famosos. Muitas vezes tem sua credibilidade contestada.
O próximo capítulo é o final..... O que acontece com Miro? Será que ele se conforma em perder para sempre seu francesinho? E Dite e Carlo? Realmente serão 'expulsos' do firmamento de Hollywood?
