Uma Sombra no Coração
Capítulo 6 - O espelho revelador de mente parte III - voltando
Não sei bem o que era aquilo, mas com certeza, a coisa mais linda que já vi em toda a minha vida. Eu nunca havia visto coisa igual. E pela boquiaberta de Inu-Yasha, diria que ele também não. O rei também estava impressionado, mas não parecia querer transmitir isso.
Quando cruzamos o portal, escutamos algumas vozes e seguimos para o fim do corredor. Lá chegando, encontramos uma gruta imensa. Muito grande, o teto deveria estar a uns sete metros de minha cabeça. Parecia uma igreja católica, me lembro por que havia um quadro no quarto de minha mãe. O local era imenso, porém completamente redondo. Não sei do que eram feitos as paredes, o teto e o piso, mas era algo brilhante que parecia até gelo. Mas eu sabia que era cristal. Ele reluzia a luz de duas velas, iluminando o local todo com o azul bebê das paredes. E à nossa frente, muitas, muitas sereias estavam em cima de elevações, rochas e cantavam num coro.
Sim, igual a uma capela. Um coro maravilhoso elas formavam, cantando numa língua que não conhecia. Poderia ficar ali para sempre. Porém...
-Vamos seguir em frente. - Inu no Taisho guardou a espada de volta nas costas e prosseguiu, andando em direção a um buraco negro que havia na parede onde as sereias estavam cantando.
Eu, porém, parecia não tê-lo escutado, estava apenas escutando as sereias. Como Inu-Yasha. Mas ele estava diferente, quando o olhei, ele fitava perplexo para as sereias, como se só houvesse elas no mundo. Ele não parecia nem saber onde estava ou quem era.
Parecia totalmente hipnotizado.
Naquele momento, o coro parou. Mergulhamos num silêncio de três segundos, quando todas as sereias pularam para o chão, impedindo o rei de passar. Inu-Yasha balançou a cabeça levemente e fez cara de quem estava meio enjoado, olhando seu reflexo no chão. Arqueou as sobrancelhas.
-De novo não. - Nós dois olhamos para o pai que se posicionava para lutar. As quase cinqüenta sereias também se posicionaram, sorrindo malignamente. - Vamos ter que lutar.
Foi tudo tão rápido, quando me dei por mim, estava me abaixando no chão e dando uma rasteira numa das três sereias que voaram para cima de mim. Ela, entretanto se esquivou num pulo para trás, enquanto as outras duas se aproximaram por trás de mim. Consegui me virar, mas não a tempo de impedir que uma delas segurasse meu braço e o arranhasse pela fenda do quimono vermelho de Inu-Yasha - eu o tinha vestido, mas não amarrado como ele faz, em mim ficou parecendo um quimono de dormir aberto... E vermelho. Fingi não sentir a dor e puxei uma espada da cintura - Ayame me emprestara.
Numa linha horizontal, da esquerda para a direita, cortei a barriga de uma sereia, que pôs a mão no ferimento pequeno. Notei que apesar de raças diferentes, o sangue delas é tão vermelho quanto o nosso. Ela sorriu e partiu de novo para cima de mim.
Peguei a espada e mudei a posição, empunhando agora para trás. Num rápido movimento, coloquei-a ao lado de minha cintura segurando-a com as duas mãos. Senti o impacto da primeira sereia que me atacara na espada. Ela caíra para trás com um enorme furo que atravessava seu quadril. O sangue escorreu pelo cristal do chão.
Antes de seu corpo atingir o chão, entretanto, as outras que estavam à minha frente me seguraram, uma pegou meu braço e a outra, a minha cabeça, fincando suas unhas no meu cabelo e apertando forte. Senti uma tremenda dor de cabeça e quis gritar quando uma delas - a que segurava meu braço - o torceu fortemente.
No momento seguinte, senti que ela me soltou rápido e eu fui empurrada duramente contra o chão. Não evitei um grito quando caí em cima de meu braço. Fechei os olhos com força, amaldiçoando a dor e os abri novamente ao ver Inu-Yasha. Ele acabara de matar uma delas, atravessando seu corpo com as garras e partira para o mano-a-mano com a outra. Arregalei os olhos, mas não me esqueci da dor.
Outras três pularam em cima dele e Inu-Yasha teve de se apoiar num joelho para não cair. Uma agarrou seu braço, tentando torcê-lo como fez comigo, apesar de não obter um resultado. Duas estavam em suas costas, tentando arranhar-lhe o quimono de baixo e a última estava à sua frente, empurrando seu rosto contra o solo e segurando uma mecha de seu cabelo, pronta para cortá-lo.
-Não... - Murmurei sem saber e com alguma força no meu braço direito, o quebrado, cortei sua cabeça com a espada, fechando os olhos nesse momento. O sangue caiu todo no cabelo dele. Não sei o que me deu, mas ver o seu cabelo, quase pronto a ser cortado me deu nos nervos. Eu tinha que impedi-la de fazer aquilo.
Depois disso, acho que Inu-Yasha se concertou e levantou-se, abrindo os braços e empurrando todas elas para longe dele. Elas deram um gritinho agudo que me incomodou e a ele também. Depois voltou a lutar com uma que ainda estava ali. Ela arranhou seu quimono e seu peito com a mão. Ele se afastou um pouco, mas parecia nem sentir o suor que escorria e fazia o ferimento arder. Num movimento impressionantemente rápido, levou a mão até o ferimento e lançou mais um ataque. Pude ouvi-lo gritar algo como Hijin Kessou. E subitamente a sereia estava no solo, com vários rasgos e furos em sua pele. Olhei perplexa aquilo.
Mas não tive muito tempo quando voltei a lutar com mais sereias e sereias e sereias. Inu no Taisho já devia ter eliminado umas vinte, Inu-Yasha umas treze e eu só umas sete... Quando vi, faltavam apenas dez.
-Kagome, cuidamos delas, avance! - Olhei-o preocupada e depois para o filho. Ele acenou positivamente com a cabeça.
Olhei para o rei novamente e concordei. Comecei a correr em direção a saída e nem percebi quando entrei num lugar apertado e quente. Um corredor. Miseravelmente quente, apesar de não ter fogo ali por perto. Tanto que retirei o quimono de Inu-Yasha. Senti que o suor percorria todo o meu corpo. Senti-me tonta com essa onda quente e comecei a respirar mais devagar e a puxar mais ar. Olhei para trás, mas já tinha corrido tanto que nem sabia onde estava a entrada. Segui em frente, me apoiando na parede.
No final do corredor, achei um santuário. Pequeno, devia ter sido feito por alguém para orar. Andei até o mesmo devagar e olhei o pequeno santuário. Tinha um desenho em cores marrom e branco ali. Parecia uma deusa usando roupas de monge. Uma Deusa felina, eu vi. No topo da capelinha havia um hamafuda, daqueles usados para afastar maus espíritos. Abri cuidadosamente a capelinha e tive de me abaixar para ver o que tinha lá dentro.
Apenas um simples... Espelho.
Não sei quanto tempo passei olhando-o, mas depois entrei minhas mãos naquele local e peguei o objeto. Olhei o espelho. Para mim, era um espelho normal. De repente, senti algo em minha mão que me deu um susto, mas continuei segurando o espelho. Parecia pequenas ondas de choque. Olhei o hamafuda. Ele estava descarregando energias elétricas por todo o solo, paralisando meu corpo.
-Merda...
Olhei para o chão que começava a ceder. Era uma armadilha. Vi lentamente quando meu corpo caiu no buraco e eu não conseguia me mexer por estar paralisada. Bati com a cabeça em alguma coisa enquanto mergulhava na escuridão aos meus pés e caí rapidamente na inconsciência.
... Então assim é a inconsciência, tudo negro. Estou flutuando em algum lugar completamente negro. Não sinto meu corpo e não consigo abrir os olhos. Mas sinto que estou flutuando para algum lugar. Onde eu realmente estou?
Consigo com muito, muito esforço, abrir meus olhos, mas não completamente. Estava fitando o teto da gruta. Estava em outro lugar, não sabia aonde. Vejo o teto em movimento. Não, eu estou sendo carregada.
Mas Quem...?
Conheço-o... Sesshou-maru. Ele me carregava e não parecia ter percebido que eu acordei. Olhava fixamente para o caminho à frente. Mas eu o fitava. Tinha algo errado com ele, eu sei, mas não sei o quê. Seu rosto está... Cadê o...?
Não consigo manter meus pensamentos ativos e caio na inconsciência de novo.
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Sento-me rapidamente, nem senti que estava com o quimono de Inu-Yasha. Olho para os lados e vejo Inu no Taisho sentado ao lado de uma fogueira com Inu-Yasha. Olho para o céu e percebo que não estou mais na gruta. Estou ao ar livre. Nenhum deles me olha, apesar de terem percebido que eu tinha acordado. Ao lado do pai estava um lagarto do seu tamanho, verde e... nojento. Olho para o filho.
-O que aconteceu? Onde estamos?
Por algum motivo, ele taca algo para mim que seguro entre minhas mãos. Só então percebo que minhas mãos estão enfaixadas. As faixas estão levemente vermelhas, de sangue. Meu sangue. Ao invés de dar valor para isso, noto o que ele me deu. Era um vidro. Um caco de vidro. Olho-o sem entender.
-O que é isso? - Levanto o caco.
-O espelho. - Olho-o. - Ou melhor, o que sobrou dele.
Arregalei os olhos, de espanto, surpresa. Como assim, espelho? O que aconteceu enquanto desmaiei? Fitei atônita o caco de vidro, de boquiaberta. Ele percebeu e logo começou a explicar.
-Quando te achamos, você estava com o espelho quebrado entre as mãos completamente ensangüentadas. - Ele apontou para a minha mão. - O espelho deve ter se quebrado nelas. O que estranhamos é que você estava com o espelho, mas não os cacos de vidro. Bem, na verdade, só esse.
Pensei.
-Você estava sentada na parede, bem afastada de onde ocorreu o desmoronamento. Deve ter doído andar aquele trecho todo. - O pai interferiu.
-Mas e Sesshou-maru? Eu o vi lá dentro. - Perguntei preocupada. Nem percebi que o pai estremeceu.
-Sesshou-maru? - Inu-Yasha cuspiu. - Aquele idiota não está aqui. Acho que você bateu forte demais a cabeça.
Não respondi. Ao invés disso, olhei para o vidrinho em minhas mãos. Será mesmo que aquele suposto Seshou-maru era algo de minha mente? Não, lembro-me muito bem que ele era real. Eu estava meio inconsciente na hora, mas tenho certeza de que o vi. Ele estava lá. Suspirei.
-Viemos para cá à toa, então. - Os dois se levantaram e Inu no Taisho falou com um sorriso triste.
-Foi uma noite perdida para todos nós, mas não adianta chorar sobre o leite derramado. Vamos voltar.
Eu me levantei e só então vi o mar, percebendo que estávamos em cima da ilha. É Naraku, dessa vez você teve sorte. Mas na próxima vez, juro que te pego.
Observei o pai se transformando, e enquanto ele fazia isso, olhei para trás rapidamente, sem realmente ver algo. Estava pensando. Não sei por que, mas voltei a pensar em Sesshou-maru. Nunca pensei vê-lo naquele estado. É difícil de imaginar, mas aquele Sesshou-maru... Sem a lua na testa... Sem as marcas nas bochechas... Loiro! É, para mim, ele parecia um tanto humano.
-Anda! - Inu-Yasha falou e corri para suas costas. Num pulo, ele me levou até as costas do pai.
Entreguei a veste para Inu-Yasha.
-Obrigada. – Eu Sorri. Ele me olhou com carranca por um momento antes de se virar para frente.
-Feh. - ...Idiota....
Subitamente, Inu no Taisho parou.
-Ué? – Perguntei. Será que acabou a gasolina?
Qual não foi minhas surpresa quando ao olhar mais pra frente, ver Naraku sobre a água? Ele dá um risadinha nojenta.
-Boa noite minha pequena. – Ele fez um sinal com a cabeça para mim, sob a pele de babuíno. Senti meu sangue correr mais rápido de ódio. – Meu rei... – Virou-se para o mesmo. – Então, como foi a estada na Ilha das Sereias? Espero que tenham apreciado.
-Idiota. – Murmurei baixinho, cerrando o punho.
-HIRAIKOTSU! – Ouço Sango gritar ao longe.
O enorme bumerangue dela acertaria Naraku, se ele não pegasse a arma dela. De costas, ainda por cima. Olhei espantada. Ele segurou aquela arma de costas, sem mexer nada mais que o braço e com UM braço! Nem Sango é capaz disso. Ele sorri.
-Temos companhia.
Olho para a praia e vejo Sango, Kagura, Ayame, Kikyou, um youkai lobo ( o que estava dando bola para Ayame) e Sofy na areia. Todos estavam muito preocupadas.
-Inu-Yasha! – Diz o pai. – Leve a garota até a praia, não queremos feridos.
Inu-Yasha não respondeu, ao invés disso, me pegou na cintura e me pôs debaixo de seu braço, como se eu fosse... Ser eu fosse um alce morto que ele acabou de caçar! Pode isso?
-Ei! – Reclamo, mas ele não me ouve. Olho para baixo e vejo a água do mar passando rapidamente e então ele me joga fortemente na areia da praia. Chego a engolir dois quilos. – Não pode...
-Fique aqui! SANKONTESSOU!!! – E se lança para cima de Naraku. Este desaparece no mar e Inu-Yasha cai de car na água, jorrando água para todos os lados.
Naraku reaparece em outra parte.
-Kagome! – Sofy corre até mim. – Você está bem? Cadê o espelho?
-É uma longa história, não tenho tempo agora. – E corro na direção de Ayame. Devolvo a ela a espada que me emprestara. – Ayame, vou precisar da sua ajuda. Sango! – Ela corre até nós.
-Pode contar comigo! – E sorri.
-Kagura, você pode chegar até Naraku por cima, certo? Ayame, você vai com a Kagura, quero que o intercepte.
-Certo. – Ela corre até Kouga, que fica confuso. – Vou precisar da sua ajuda. – Ouço-a dizer. Ele concorda com a cabeça.
Dou um pouco de espaço e Kagura forma sua pena gigante. Kouga e Ayame sobem nela.
-Kagome, e agora? - Sango murmurou para mim. Fitei-a um pouco pensativa.
-Chame Kirara, vamos pegar esse bandido.
Sango não respondeu, apenas se virou para trás e pôs uma mão na boca. Soprou forte e deu um grande, longo e alto assovio.
Um rugido felino baixo foi ouvido ao alto e me virei para o céu, onde vi uma sombra negra vindo em nossa direção. Sorri.
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Oi! Quanto tempo, hein? Gostaram desse capítulo? Ação, ação e mais ação, é só o que teremos daqui para frente... Por favor sejam gentis, é a primeira vez que escrevo ação... Sério, não sou boa nisso... prefiro o angst... o clima dark... as mortes e os suicídios... Isso combina mais comigo Brass com os olhos brilhando esfregando uma faquinha no rosto Hehehehe...
Gente, desculpe, não vou responder as reviews hoje... Estou completamente sem tempo, olha só... Eu tenho que escrever o capítulo dois de Um Conto de Valsa Eterna (já está quase pronto, esperem, viu? u.u) e também tenho que fazer um monte de coisinhas a mais... Desculpe pelo capítulo curto, sério mesmo...
Mas antes de tudo, UM AVISO IMPORTANTE. Não sei quem fez isso, mas alguém reportou a minha fic O Dia Que Não Terminou. Eu tinha classificado a fic como R, mas mesmo assim, reportaram por não estar adequado às classificações. Isso me magoou muito e estou no meio de um processo dark. É por isso que pode demorar a eu postar o próximo capítulo, não estou com muita cabeça para ação no momento. Estou magoada, demais, isso eu não nego.
Mesmo assim, se você que reportou está lendo isso, por favor entre em contato comigo, tá? Meu e-mail e meu MSN estão no profile... Desculpe se estou tirando o tempo de vocês, mas precisava desabafar um pouco...
Bem, é isso... Ah, os votos estão fechados, o resultado sai no próximo capítulo, ok? Outra coisa, percebi que no capítulo anterior, esqueci de comentar a review de algumas pessoas... Não se desesperem, no próximo capítulo estará tudo em ordem, tudo será esclarecido...
Inu-Kisses para todos!
Mas antes que eu me esqueça, o capítulo sete sai quando a gente chegar a cinqüenta reviews, viu? Quero ser um pouquinho malvada... XD (huahauhuahua, estou descontando a raiva em vocês, seus pobres coitados, huahauhauaua XD)
Brass
