Mary Sue: A Verdade por trás do Mito!
Capítulo VII – Aquele em que Mary Sue decide: quanto mais rico melhor!

Os alunos estavam no Salão Principal quando as corujas surgiram distribuindo a correspondência de todos. Uma enxurrada de presentinhos, bilhetinhos e cartões chegaram para Mary Sue.

– Mas que droga! – reclamou Lilá parta Parvati. – Todo dia agora é isso! Todos os meninos querem ir ao baile com a Mary Sue e ficam mandando mensagens e presentes! A gente não tá dando conta de inspecionar tudo isso!

– Há uma vantagem! – exclamou Parvati. – Outro dia, por exemplo, mandaram uma cesta recheada de bolinhos. Comi todos! Estavam ótimos!

– Parvati, sua louca! UMA CESTA INTEIRA DE BOLOS? Isso é muito calórico!

– Ih, menina! Até parece que eu digeri alguma coisa. Não deu dois minutinhos e eu já estava com a cabeça na privada, vomitando tudo!

– Ah... – Lilá respirou aliviada. – Que susto que você me deu! Só me faltava essa, agora! Minha melhor amiga virar uma gorda!

– E aí, meninas? – perguntou Mary Sue. – Quantas propostas para me levar ao baile eu recebi hoje?

– Umas cem mil! – respondeu Parvati.

– Só? Puxa, ontem foram quatrocentas milhões! Até que o dia hoje está pouco movimentado!

Dito isso, trocentas corujas surgiram no Salão despejando ainda mais badulaques, bugigangas e bibelôs sobre as três meninas.

– Nossa! Que coincidência! – gritou Mary Sue, batendo palminhas. – Agora só falta chover!

Um relâmpago fulminou os jardins e, instantes depois, um trovão ecoou pelo salão, anunciando a poderosa tempestade que desabaria pelo resto da tarde.

– Hihi! – Mary Sue achou graça. – Imaginem se chovesse ouro ao invés de água?

Uma coruja arremessou sobre as garotas um enorme pote cheio de moedas de ouro, que esparramaram pela mesa. As meninas levaram um susto com o barulho do pote batendo na mesa.

– OURO! – Parvati agarrou um punhado das moedas e colocou no bolso do uniforme. – CARA! QUE MÁXIMO ISSO!

– Ok! Ou essa é a série das coincidências mais esdrúxulas da história do planeta, ou as minhas suspeitas são verdadeiras! – Lilá encarou a colega com seriedade. – Mary Sue, me responda com sinceridade: você é Deus?

– Óbvio que não! Não me qualifico nem para santa!

– Além do mais... – acrescentou Parvati. – Deus mandou um recadinho pedindo para ir ao baile com ela!

– O QUÊ? – Lilá e Mary Sue se surpreenderam. – Deixe-me ver isso!

Parvati estendeu um papelote vermelho dobrado ao meio, escrito com tinta prateada. As meninas avaliaram o recadinho:

Mary Sue, uma deusa estonteante como você só pode ir ao baile acompanhada pela criatura mais fenomenal do Universo, ou seja, EU!

ass: Deus

– Parvati, sua besta! – ralhou Mary Sue. – Tá na cara que isso aí foi escrito pelo Draco!

Draco estava sentado na mesa da Sonserina observando as meninas. Lançou um sorriso para Mary Sue ao ouvi-la dizer seu nome.

– Nojento! – a deusa disse entre dentes. – Mudando de assunto, quem mandou o dinheiro?

– O Draco também. – falou Lilá, vendo o cartãozinho que veio amarrado numa das moedas de ouro.

– O DRACO? – Mary Sue se animou toda. – Vou lá falar com ele!

– Mas você acabou de dizer que o acha nojento! – ponderou Parvati.

– É nojento, mas é rico! E é isso que importa!

– Vai fundo, garota! – aconselhou Lilá.

– Como assim: "vai fundo"? – Parvati continuava cobrando coerência. – Você não pode estar falando sério! Ela não suporta o menino!

– Ih, Parvati! Não aprendeu nada comigo nesses meses? Nessa vida, a gente tem de ser falsa!


– É, Rony... – Hermione conversava com o ruivo e com Harry num outro extremo da mesa. – Se Mary Sue realmente preferir ir ao baile com alguém endinheirado, você fica meio fora da disputa.

– Meus pêsames! – disse Harry, na verdade, feliz de ter um adversário a menos.

– É claro que não! Eu não vou desistir ainda! O baile é em duas semanas! Eu tenho tempo de sobra para ficar rico!

– É só acertar na loteria umas seis vezes seguidas! – desdenhou Harry.

– Para o seu governo, Harry Tiago Potter, eu já tenho absolutamente tudo planejado! No período de duas semanas, eu vou arrumar uma viúva ricaça e sem herdeiros, casar com ela, dar cabo na velha e herdar tudo!

– O QUÊ? – Hermione arregalou os olhos. – RONY! ISSO É LOUCURA!

– Loucura nada! Até já escolhi em quem vou dar o golpe!

– Em quem? – Harry estava interessadíssimo. – Naquela velhota da Plataforma 9½?

– ÓBVIO QUE NÃO!

– Em quem, então?

– Na Trelawney!

Harry deu uma gargalhada sonora e se inclinou para trás com tanto entusiasmo que caiu da cadeira e se esborrachou no chão.

– Será que sou eu a única que acha isso tudo um absurdo de proporções bíblicas? – Hermione continuava perplexa.

– Fala sério, Rony! – Harry se levantou do chão. – Você vai ter coragem de comer a Trelawney?

– Pela Mary Sue eu faço qualquer coisa!

– Até comer a velha?

– Até comer a velha!

– PRIMEIRO DE TUDO! – Hermione irritou-se. – PAREM DE DIZER QUE VAI "COMER" A TRELAWNEY! É VULGAR E GROSSEIRO! E DEPOIS, NINGUÉM VAI "COMER" TRELAWNEY NENHUMA PORQUE ISSO TUDO É UM ABSURDO!

– E como você pretende seduzi-la? – Harry ignorou solenemente o faniquito de Hermione. – Vai mandar uns presentinhos para ela?

– Presentinhos? Com que dinheiro? – Rony devolveu. – Só se você financiar!

– Vai fazer o que então?

– Vou chegar na velha e mandar a real: "Escuta aí, Trelawney! Quero comer você, mas para isso a gente precisa casar".

– EU NÃO ACREDITO NO QUE ESTOU OUVINDO!

– É... – Harry pensou um pouco. – Deve dar certo!

– E, mesmo que a Mary Sue não me escolha, pelo menos eu vou deixar de ser um pobretão esfarrapado sem tem onde cair morto! – Rony levantou-se da mesa. – Vou tratar disso agora mesmo!

– Boa sorte!

Hermione observou o colega se levantar. Virou-se para Harry com o queixo caído e disse:

– Eu estou numa outra dimensão e vocês não podem me ouvir? É isso? Só pode ser isso!

– Ah, não! Nós podemos ouvi-la claramente! Optamos por ignorá-la!

– HARRY! NÃO É POSSÍVEL QUE VOCÊ ACHE ISSO ACEITÁVEL!

– Eu acho ótimo. O Rony vai conseguir o dinheiro, e a Trelawney vai arrumar alguma diversão nesse final de vida! Tá na cara que já faz o maior tempão que ela não vê um p...

– HARRY!!!!!! – Hermione começava a ficar vermelha.

– Ih, Hermione! Deixa! Todo mundo vai se dar bem nessa história!

– ELE VAI MATÁ-LA!

– Já tava na hora de ela morrer mesmo! Quantos anos aquela velha tem? Uns cem mil? Todo mundo sabe que ela já era viva no tempo da construção das pirâmides! Ela foi mestra do Nostradamus inclusive!

– Sério? Ela foi mestra do Nostradamus? – Hermione por um momento desligou-se do chilique que estava tendo. – Isso explica por que ele só previa tragédias!

Harry balançou a cabeça concordando.

– DE QUALQUER FORMA, – Hermione voltou ao seu estado furioso de antes, – eu até posso aceitar perder um homem para Mary Sue! Mas para aquela velha? Nem morta! EU VOU LÁ! E vou impedir esse casamento! Nem que eu precise capá-lo!

Hermione levantou-se decidida. Tinha um brilho vitorioso nos olhos e um sorriso decidido.

– Você vai capar o Rony? – Harry estranhou. – E para que você vai querer namorá-lo depois disso?

– É verdade! – Todo o entusiasmo de Hermione desmoronou. Ela tornou a se sentar ao lado do amigo. – O que eu devo fazer, então?

– Case a Trelawney com outro, antes que ela se case com o Rony!

– EXCELENTE IDÉIA! Mas quem?

– Eu sugiro o Snape. Esse é outro que não deve ter visto nunca na vida uma buc...

– HARRY!!!!!

– OK! Pare de gritar o meu nome e vá colocar o seu plano em ação.

– Obrigada pela idéia! – Hermione voou pelos corredores.


Era aula de Feitiços quando Hermione voltou a aparecer. Sentou-se ao lado de Susan Bones, a filha de Chris Columbus, e jogou um bilhetinho para Harry.

Tudo resolvido! .

Ele tacou o papel de volta.

Casou a Trelawney com o Snape?

Hermione rabiscou rapidamente no papel e o lançou de volta para o amigo.

Não! O Rony trancou o portão da torre da Trelawney quando me viu chegando, correndo como uma louca, trazendo o Snape comigo!

Harry virou para o verso do bilhete e escreveu:

O que você fez, então?

Hermione tacou o bilhete de volta e inclinou-se para o lado, remexendo na bolsa, à procura de algo:

Corri na biblioteca e resolvi a questão!

Hermione ergueu um livro pesado, de capa vermelha, letras bordadas a fio de ouro. O título era "Os Divinos Segredos das Feiticeiras mais Poderosas de toda a Eternidade: Como Arrumar um Homem, Como Tirar seu Homem de Outra e Como se Vingar de um Homem que te Feriu".

– Hermione... – Harry estava assustado. – O que você fez?

– Você vai saber em alguns instantes!

Um grito de terror ecoou por toda a escola. Harry reconheceu a voz na mesma hora. Era Rony. Levantou num salto e foi encontrar o menino, que estava tremendo no corredor, branco como um fantasma. Hermione chegou um pouco depois.

– RONY! O que aconteceu?

– A Trelawney... O Trelawney... Ou sei lá o que é aquilo!

– Acalme-se! Respire fundo e me diga o que é o problema! O que aconteceu?

– E-eu tava lá com a velha. E de repente comecei a sentir um troço me incomodando...

– Um troço? Que tipo de troço?

– Um troço lá embaixo!

– Lá embaixo? Onde?

– LÁ! Onde não deveria ter troço nenhum!

Harry levou a mão na boca!

– Não acredito! – olhou para Hermione. – Você não fez isso!

Hermione balançou a cabeça confirmando; um sorriso cruel nos lábios.

– Você botou um p...

– BOTEI!

– Na velha?

– Na velha!

– Inclusive com s...

– Inclusive! O aparato completo!

– Estou de queixo caído! – Harry realmente estava pasmo.

– Não tanto quanto o nosso Roniquinho! – Hermione desdenhou.

– Sabe, Mione... Esse seu plano B foi muito arriscado! – cochichou Harry no ouvido de Hermione. – Você parou para pensar no que podia dar errado? E se, de repente, ele gosta?


Ao final do dia, Mary Sue subiu num palanque improvisado com um papelzinho na mão para anunciar, finalmente, com quem ela iria ao baile.

– Foi uma seleção difícil! – a menina falou. – Todos aqui são adoráveis! Exceto é claro, os gordos, os feios, os nerds, as sapatonas e os hippies sujos! Mas essa gente, nós desconsideramos! Bem! Eu já me decidi! QUANTO MAIS RICO, MELHOR! E, portanto, eu irei ao baile com HARRY POTTER!

– QUÊ? – Draco ficou injuriado. – Eu sou mais rico do que ele!

– Claro que não! – explicou Lilá. – Você não tem dinheiro algum! Vai herdar do seu pai! E, mesmo assim, só vai herdar metade! O resto vai para sua mãe! O Harry é órfão e já é emancipado! A grana já é toda dele, e ainda por cima é famoso!

Harry abraçou Mary Sue e beijou-lhe o rosto. Por todo o salão, os meninos, cabisbaixos e injuriados, começaram a convidar outras meninas ao baile. Rony chamou Hermione. Ela fez charminho e disse não!