Mary Sue: A Verdade por trás do Mito!
Capítulo X – Aquele em que Mary Sue se despede!
Mary Sue, Parvati e Lilá estavam sentadas à mesa da Grifinória, com olheiras enormes marcando seus rostos jovens, a cabeça latejando de ressaca. O almoço era a última refeição que Mary Sue faria antes de ir embora com o pai.
– Subornei o Filch! – comentou num sussurro Lilá. – Ele não vai contar para ninguém que você tem pés de porco, Parvati!
– Obrigada, Lilá! – as duas se abraçaram.
– O pior vai ser a Granger! – falou Mary Sue. – Não sei como vão convencê-la de fechar o bico! Tipo... A menina foi vestida de galinha só para arruinar meu Baile! Sabe-se Deus o que vai fazer com uma informação com tamanho potencial de destruição!
– Eu já tenho uma idéia! – Lilá deu uma piscadela. – Vou atrás dela agora mesmo!
Harry sentou-se no lugar que Lilá desocupou. Cumprimentou as meninas. Parvati não pôde deixar de reparar que Rony, fiel escudeiro de Harry, estava do outro lado da mesa, junto de Dino Thomas, da perna de Neville e dos outros meninos da Casa.
– Vocês brigaram?
Harry arregalou os olhos, como se não soubesse de quem Parvati estava falando.
– Você e o Rony! Vocês brigaram? – repetiu a menina.
– Não... É que às vezes cansa, sabe? Ficar o tempo todo com a mesma pessoa!
– Ah... – Parvati entendeu o argumento do amigo.
– QUER DIZER! – Harry começou a se justificar. – QUANDO EU DIGO FICAR, NÃO ME REFIRO A FICAR, TIPO BEIJAR! EU QUERO DIZER PASSAR O TEMPO JUNTOS!
– Tá, Harry! A gente entendeu! – Mary Sue estranhou um pouco a agitação do menino.
– MAS QUANDO EU DIGO JUNTOS, EU TÔ FALANDO NO MESMO CÔMODO! NÃO, JUNTOS NO SENTIDO DE AGARRADINHOS!
– Tá! Pode deixar! Não vamos fazer confusão! – Parvati também estava estranhando o comportamento de Harry.
– Agarradinhos... – Harry começou a divagar. – Ouvindo a respiração baixinho, no pé do ouvido... Sentindo o corpo quente um do outro, aquele cheirinho de sândalo que ele tem, aquela língua morna na minha boca...
– Harry? Você tá bem?
– TÔ ÓTIMO!!!! – Harry voltou para o estágio de paranóia em que estava antes. – POR QUÊ? DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO? O QUE VOCÊ SABE? ONDE VOCÊS ESTAVAM ONTEM À NOITE? O QUE VIRAM?
– Ai, nem me fale de ontem à noite! – Parvati massageou a têmpora. – Foi o maior vexame! Aliás, nem sei o porquê de ninguém estar comentando!
– Parece que dois viadinhos se pegaram ontem no final do Baile. A Escola inteira está comentando isso! - explicou Mary Sue.
Harry engasgou com a água que estava bebendo e cuspiu um jato do líquido longe.
– HARRY! Você está bem? – Mary Sue se levantou.
O menino não respondeu, apenas saiu correndo para o banheiro.
– Meninos! Vai entender... – Parvati balançou a cabeça negativamente.
Lilá segurou Hermione pelo braço.
– Granger! Preciso conversar com você?
– Conversar? – Hermione estranhou. – A última vez que me puxou para um canto, rolou sangue, e eu perdi um dente!
– Dessa vez venho em paz! É sobre o segredo da Parvati!
– O que tem a porquinha?
– Shhhhh! Fale baixo! Podem te ouvir e não quero ter de subornar ninguém mais! Já me bastam você e o Filch!
– O que poderia me oferecer que eu já não tenha?
– Ontem, quando brincamos com as bolinhas, eu não cheguei a usar a minha! – Lilá tirou a bolinha de iVeritaserum/i do bolso. – Eu posso dá-la de volta a você, e pode descobrir finalmente o que o Weasley sente por você!
– Eu CRIEI essas bolinhas, Brown! Posso fazê-las a hora que me der na telha!
– Sim, é claro! – falou Lilá. – Mas com a minha bolinha, pode saber em questão de minutos! Acabei de vê-lo entrando no banheiro! Por que não o espera do lado de fora e descobre tudo de uma vez?
Hermione não resistiu à tentação e tomou a bolinha das mãos de Lilá.
– O que quer que eu assine para me comprometer a manter o segredo?
– Eu aceito sua palavra! – falou Lilá. – Você pode ser uma feiona careca, não se depilar e estar claramente acima do peso, mas palavra você tem! Confio que guardará o segredo!
As duas apertaram as mãos e seguiram seus rumos.
Harry encharcava o rosto na pia do banheiro. Secou-o com uma toalha e virou-se. Foi quando percebeu que Rony estava de pé ao lado da porta. Queria lhe falar.
– Precisamos conversar! – o ruivo arriscou-se a começar. – Sobre ontem à noite...
– O quê? – Harry o interrompeu. – Veio aqui para me agarrar, me beijar, me tacar no chão e fazer um amor louco comigo aqui mesmo nesse banheiro?
– É isso que você quer que eu faça?
– Sim... Quer dizer, NÃO!
– Sim ou não?
– NÃO! Não! De jeito nenhum!
– Então me deixa terminar de falar!
– Tá! Continua! "Ontem à noite..."
– Nós partilhamos um momento íntimo...
– Não chama de momento íntimo! – irritou-se Harry. – Tá parecendo uma bicha falando!
– Tem razão! – concordou Rony. – Bem, nos beijamos...
– Shhhhhhhhh!!!! Alguém pode passar perto do banheiro e te ouvir!
– Não importa como queira chamar! A questão é: não vai acontecer de novo!
– Exatamente! De pleno acordo! – Harry estendeu a mão para Rony.
– Acho melhor a gente não se tocar!
– Bem posto!
Os dois se olharam por alguns instantes.
– Quer fazer alguma coisa? – perguntou Rony.
– Só se for alguma coisa bem masculina!
– Podemos jogar quadribol!
– Melhor não... Depois tem todo aquele negócio de vestiário. Corpos suados, nus no vapor... Vamos fazer outra coisa!
– Quer ficar sentado nas escadas, vendo as calcinhas das meninas que passam?
– Boa!
Harry ia saindo quando algo ocorreu a Rony.
– Mas e se, ao invés de reparar na calcinha, alguém fizer um comentário sobre o corte das saias? Ou sobre fendas?
– É só não fazer!
– Claro que não, Harry! Viado enrustido é que quer comentar sobre moda e não fala! Homem de verdade simplesmente nem pensa nisso!
– É verdade... É melhor não dar sopa para o azar! Vai que passa uma menina com uma saia de cintura alta? Não vai ter jeito! Vamos ter de comentar!
– Então o que podemos fazer? – perguntou Rony.
– Eu já sei! Eu vou propor casamento à Mary Sue!
Harry saiu decidido rumo à mesa da Grifinória no Salão Principal. Rony ficou para trás. Quando o ruivo finalmente saiu do banheiro, encontrou Hermione de pé esperando por ele.
– Rony, você tem algo que queira me dizer?
– Acho que não. Por quê? O que você sabe? O que você viu? Onde você estava ontem à noite?
– Eu acho que você tem alguma coisa importante para me dizer! Um segredo, talvez? – Hermione fazia charminho.
– Eu acho é que você está doida!
Rony ia seguindo embora. Entrou no Salão Principal. Hermione veio atrás dele. Apressou o passo.
– RONY! – gritou.
O garoto parou no meio do Salão Principal e se virou. Hermione arremessou a bolinha de vidro nos pés do garoto.
– Que diabo é isso? – Rony ainda teve tempo de perguntar, antes de inalar o iVeritaserum/i. Então, foi tomado por uma ânsia louca e falou. – Eu e o Harry nos beijamos ontem à noite, no Baile!
A cara de pavor e surpresa de Hermione só não era maior do que a do próprio Rony. A bruxa-trouxa saiu correndo, cobrindo o rosto para não deixarem ver as lágrimas. Draco começou uma corrente de gargalhadas. Rony ficou roxo como um repolho, assim como Harry – que ainda não se declarara para Mary Sue. Essa, aliás, era outra completamente em choque com a notícia.
Lilá viu Hermione correndo pelo Salão afora e foi atrás. No meio do caminho acertou um soco no olho de Rony:
– DROGA, WEASLEY! O seu dever era o de namorar as minhas amigas! E não o de tentar roubar o homem delas!
Lilá alcançou Hermione no banheiro (aliás, como acontecem coisas no banheiro nessa fic, não é mesmo?).
– Mione... – falou num tom ameno. – Você está bem?
– ELE É GAY!
– Ora, querida! Não adianta se martirizar! Não é culpa sua se ele gosta de sentar na boneca! Pelo menos, agora, você sabe que não tem esperança e se desencanta dele logo de uma vez!
Hermione abriu a porta do cubículo onde estava e comentou:
– Olha que situação mais ridícula! Pareço a Murta que Geme!
Lilá a abraçou.
– Se quiser te apresento para uns gatinhos da Corvinal! Conheço vários! Algum deles deve gostar de mulher careca!
Hermione riu, mesmo sem vontade.
– Vamos! Anime-se! Nem parece a mesma menina determinada de ontem! Eu... Quer dizer, o Snape te acorrentou e te atiçou no Lago e nem assim você morreu!
– É verdade! – Hermione enxugou as lágrimas. – Hermione Granger não é mulher de chorar por homem!
– Se é que podemos chamá-lo de ihomem/i!
– Vamos sacudir a poeira e sair do banheiro em cima do salto! – Hermione se empolgou.
– É isso aí, garota! Você tem de arrasar mesmo! É a franga mais cocota dessa escola!
As duas saíram do banheiro. Hermione de alma lavada.
– Posso te fazer uma pergunta? Por que está sendo tão legal comigo?
– Agora que a Mary Sue vai embora, ela já me designou para ocupar sua posição de Pop de Hogwarts. Eu preciso de alguém para ser meu braço direito!
– E você me escolheu?
– Sim!
– E a Parvati?
– Ah... Eu pensei nela... Mas é que ela é muito burra!
– Quer dizer que eu agora vou ser uma das patricinhas da Grifinória?
– Assim que você perder um pouco do seu peso! E que depilar as pernas e as axilas! Patricinha tem de ser lisinha! Nada de pêlos em lugares indevidos! Aliás, precisamos dar um jeito no seu cabelo também, ou melhor, na falta de! Nunca vi isso! Não ter cabelo onde deve e ter onde não deve...
– LILÁ!
– Sim?
– Quer parar de me detonar?
– NO QUE ESTAVA PENSANDO? – Harry gritava.
– Desculpe... Não sei o que me deu! – justificou-se Rony.
– HARRY! EU NÃO VOU ACEITAR QUE A FOFOCA DE QUE EU FUI AO BAILE COM UM HOMOSSEXUAL SE ESPALHE POR AÍ!
– VOCÊ ACHA QUE EU ESTOU RADIANTE COM ESSA HISTÓRIA, MARY SUE? ACHA?
– Eu realmente não sei o que aconteceu! Eu senti um cheiro estranho... Aí me deu uma vontade louca de contar meu maior segredo!
– iVERITASERUM/i! – gritou Mary Sue. – Isso é coisa da Granger! EU SABIA! SAFADA! Inventou aquela história de pés de porco só para me distrair! Ela queria é me ferrar o tempo inteiro!
– Pés de porco? – Rony e Harry perguntaram ao mesmo tempo.
– NADA DE IMPORTANTE! ESQUEÇAM OS PÉS DE PORCO! – Parvati interveio. – Voltemos ao beijo! Foi de língua?
– Foi! – respondeu Harry irritado.
– Foi um senhor beijo! – comentou Rony baixinho.
– Também não precisa exagerar!
– Como assim iexagerar/i? Você disse que foi o melhor beijo da sua vida!
– O QUÊ? – gritou Mary Sue. – Melhor do que o meu?
– Não, claro que não! Minha Deusa! O melhor beijo da minha vida foi com você!
– Não foi o que você me disse ontem à noite! – Rony cruzou os braços.
– RONY! Cala a boca! Aquele foi um beijinho de nada!
– Beijinho de nada? – Rony sentiu o orgulho ferido. – Então me diz o que você acha desse!
O ruivo agarrou Harry pelo colarinho e lascou-lhe um beijo cinematográfico. Harry não pareceu nem um pouco incomodado. Pelo contrário, retribuiu o afeto do amigo com prazer.
– MAS QUE NOJO!!!!!! – Mary Sue estava histérica. – VAMOS EMBORA DAQUI, PARVATI!!!!!!!
– Se não se importa... – falou a morena. – Vou ficar aqui e assistir aos dois!
Mary Sue balançou a cabeça negativamente e voltou ao salão Principal batendo o pé com firmeza.
– COM LICENÇA! – gritou para todos ouvirem. – EU PRECISO DE UM HETEROSSEXUAL COM URGÊNCIA!
Draco prontamente surgiu cheio de charmes e xavecos. Lilá e Hermione surgiram logo depois, de mãos dadas. A última estava completamente diferente. Exibia uma vasta cabeleira loura e estava incrivelmente mais magra.
– O que é isso? – estranhou Mary Sue. – Não vão me dizer que vocês também resolveram virar sapatonas?
– Claro que não! – Lilá riu. – Ela é o meu projeto!
– Realmente! Ela está totalmente mudada. O que fez nela? Um feitiço milagroso?
– Não... Por enquanto os responsáveis por essa mudança são só uma peruca e uma cinta elástica! Mas é só me dar umas semaninhas que ela vai estar digna para ser uma de nós!
Harry surgiu esbaforido, suado, com as vestes ao contrário e, estampada no rosto, uma expressão que misturava satisfação e desespero.
– Mary Sue! Espera! Eu preciso falar com você!
– Se manda, Potter! A Mary Sue agora só quer saber de homens de verdade!
– Então você não se qualifica, Malfoy! Ou pensa que me esqueci de que você gosta de brincar travestido de Cameron Diaz?
Draco gelou e ficou branco, enquanto o salão todo se escangalhou de rir.
– Mas qual é o meu problema? – perguntou-se Mary Sue. – Será que eu só escolho homem que não gosta da fruta?
Rony apareceu de novo no Salão. As vestes também amassadas, um fulgor de contentamento nos olhos, um cigarro aceso na mão. Parvati veio logo atrás com uma cara de quem acabara de assistir a um filme eletrizante, do qual não conseguia descolar os olhos. Mary Sue virou-se novamente.
– Onde está o Dino Thomas? Preciso de um macho! – insistiu Mary Sue.
– Vamos conversar, Mary Sue! – Harry fez um apelo.
– É, Mary Sue! – Lilá fez uma intervenção a favor do menino. – Vamos todos nos sentar e conversar!
– Nos sentar? É melhor ficarmos em pé, mesmo! – Harry discordou. – Sabe o que é? É que minha região traseira está meio, ahn, prejudicada!
– NOSSA! – Hermione arregalou os olhos. – Mas afinal, o que aconteceu por aqui enquanto estivemos fora?
– De tudo, franguita! TU-DO! – respondeu Parvati.
– Nos quinze minutos em que eu fui buscar a Mione no banheiro?
– Bem... – justificou-se Rony. – Na nossa idade não dura muito mais tempo do que isso... Vocês sabem como é!
– AINDA TENHO QUE OUVIR ESSE TIPO DE COISA! NINGUÉM MERECE! É MELHOR SER SURDA!
– MARY SUE! – Harry atirou-se de joelhos no chão e falou. – Case-se comigo!
Mary Sue virou, num misto de paixão e desespero. Não sabia o que fazer.
– Vai aparecer com certeza na capa do Profeta Diário! – lembrou Lilá.
– EU ACEITO!!!!!! – Mary Sue jogou-se nos braços de Harry.
O Salão Principal explodiu em palmas, vivas, tiros, fogos de artifício, canhões de luz, fumaça de gelo seco, risos e gargalhadas gerais.
Harry beijou Mary Sue. Draco, para não ficar atrás, agarrou Lilá e deu-lhe um longo beijo. Dino Thomas saltou da mesa e beijou Parvati. Justino Finch-Fletchley beijou Gina, Dumbledore agarrou Minerva, as pessoas em todo o Salão se atracaram. Snape bem que tentou se engraçar para cima de Madame Pince, mas ela tratou de despachá-lo com uma bofetada.
Rony estava se sentindo meio deslocado no meio daquela beijação quando um garoto louro do sétimo ano da Lufa-Lufa, com dois brinquinhos em cada orelha, se aproximou e perguntou com um sorriso charmoso:
– E então... Isso quer dizer que você está disponível?
Por volta do crepúsculo, Sirius apareceu para levar sua filha embora.
– Adeus, Harry! – Mary Sue disse. – Vê se não troca de time enquanto eu estiver fora, ouviu?
Eles se beijaram novamente, e Mary Sue nunca mais botou os pés em Hogwarts... Para sempre!
