Título: Alguém como você
Autora: Bélier
Categoria: Romance Yaoi
Retratação: Eu não possuo Saint Seiya/Cavaleiros do Zodíaco. Infelizmente (ou felizmente) eu não os possuo, pois do contrário eles teriam namorado mais do que lutado... De qualquer forma, eles são propriedade de Kurumada, Toei e Bandai.
Resumo: Depois de tantas batalhas, o Cavaleiro de Virgem quer encontrar alguém especial para lhe fazer companhia. Será que realmente os opostos se atraem?
Capítulo 2
Logo a surpresa que o anúncio de Atena havia causado se esvaiu, e todos os presentes se adiantaram para cumprimentar o novo Mestre do Santuário. Shaka notou que a maior parte dos cavaleiros demonstrava satisfação. Ele também não conseguiria entender se alguém ousasse se opor à escolha de Atena. Mu era inteligente e culto, pertencia à mesma linhagem que o antigo mestre, vestia a mesma armadura... E como muito poucos ali, parecia saber exatamente o que fazia.
Apenas Saga parecia decepcionado. Mas talvez a decepção não passasse de tristeza, por tudo que havia feito de errado quando estivera no lugar de Shion. Shaka não poderia dizer. Gêmeos poderia até ser uma boa escolha para Mestre, se não fosse tão suscetível ao seu lado maligno. Com certeza, Atena não iria se arriscar.
As servas de Saori começaram a servir comida e bebida, o que dispersou um pouco a aglomeração de gente em torno de Mu. Virgem aguardou até que Áries estivesse sozinho.
O tibetano olhava para o nada, pensativo, quando Shaka se aproximou dele, cumprimentando-o.
- Meus parabéns, Mu de Áries.
Mu olhou para o indiano, surpreso. Novamente, sorriu para ele, um sorriso gentil e educado. – Obrigado, Shaka de Virgem, mas... Acredito que este posto lhe caberia melhor do que a mim...
Shaka observou Mu, mentalmente. Tentou se lembrar de quantas vezes ele havia conversado com Áries, depois que este voltara para o Santuário... Durante a Batalha das Doze Casas, havia pedido sua ajuda para retornar do lugar aonde havia sido jogado, durante a batalha contra Fênix.
Fênix. Shaka corou levemente.
Durante a Guerra Santa, Mu havia tomado conta do seu rosário, logo depois que deixara o mundo dos vivos para enfrentar Hades, sozinho. Áries havia lhe devolvido o rosário diante do Muro das Lamentações, dizendo-lhe que ele não morreriam antes que derrotassem todos os espectros.
E fora apensas isso. Nunca mantivera um contato mais próximo com o tibetano. A não ser quando ainda eram crianças.
- Não seja modesto. – Shaka finalmente respondeu. – Atena sabe o que está fazendo.
- Espero que tenha razão... – Mu ia dizer alguma coisa, quando Kiki chegou, feliz.
- Mestre Mu, Mestre Mu!!! – Kiki o puxava pelo braço, eufórico. – Venha ver, Mestre Mu, em cima do trono!
- O que é, Kiki? – Mu perguntou, pacientemente.
- A máscara e o elmo do Mestre, venha ver! O senhor vai ter que usar isso?!
- Eu não sei, Kiki! - Mu fez uma cara desgostosa. Virou-se para Shaka, desculpando-se. – Com licença...
- Veja pelo lado positivo, você já tem até um discípulo em treinamento para vestir sua armadura! – O loiro sorriu.
- E que discípulo... – Mu suspirou, e foi atrás de Kiki.
Virgem ainda o observava se afastar, quando Ikki chegou.
- Ainda acho que deveria ser você! – O moreno comentou, displicentemente.
Shaka observou Fênix. – Não... Atena escolheu corretamente.
- Se você acha... – Ikki foi irônico. – Muito calmo para o meu gosto. – O cavaleiro de Bronze, pela segunda vez no dia, observou Virgem de alto a baixo, e mudou de assunto. – Você fica lindo com essa armadura. Parece realmente um deus...
- Ouça, Fênix, não estou gostando dessas suas insinuações... O que você quer de mim? – Shaka perguntou, aborrecido.
- Ora, não lhe parece óbvio? – Ikki deu risada, enquanto pegava a mão do indiano, disfarçadamente. – Estou interessado em você!
Shaka engoliu em seco. Olhou para baixo, vendo Fênix acariciar seus dedos. – Eu... não sei se quero isso.
- Bem, o fato de você não ter dito não já é alguma coisa. – Ikki sorriu, confiante. – Isso quer dizer que eu posso tentar te convencer...
- Não tenho certeza... – O loiro afastou sua mão da de Ikki.
- Bem, aqui não é lugar para falar sobre isso. Vou esperar você lá fora... – Fênix insinuou. – Se quiser conversar... ou algo mais...
O rapaz moreno deixou o cavaleiro de Ouro sozinho no meio do salão. "E agora?" Shaka se perguntou. "Não era isso o que eu desejava? Essa é minha chance..."
Ainda em dúvida, Virgem circulou pelo salão, conversando com mais alguns cavaleiros, mas ao ver Ikki sair, decidiu-se.
Enchendo-se de coragem, Shaka saiu do templo, parando próximo às colunas da entrada, observando o início do lance de escadas que levava até a casa de Peixes. Sentiu que uma mão agarrava seu braço firmemente, encostando-o contra uma das colunas.
- Então você veio... – Ikki sorriu, seu rosto próximo ao do indiano.
- Digamos que estou... curioso. – Shaka respondeu, tentando parecer confiante, mas sua voz tremeu ligeiramente.
- Ora... – Ikki aproximou mais ainda seu rosto do de Shaka. – Então vamos... satisfazer a sua curiosidade.
Shaka não tinha certeza se era aquilo que queria, mas tinha muita vontade de experimentar um beijo. Fênix debruçou-se sobre ele, tocando-lhe os lábios. Virgem sentiu o cheiro másculo do homem ao seu lado invadir suas narinas, exaltando um pouco os seus sentidos.
O cavaleiro de Virgem apoiou uma das mãos sobre o peito da armadura de Fênix, sentindo o metal frio sob a palma. "Realmente é uma bela armadura... Nem mesmo as de ouro conseguem esse feito incrível de se recomporem sozinhas! Eu teria que dar o meu sangue para que a minha voltasse ao normal... Isso é, se eu a destruísse, é claro, fato esse muito pouco provável..."
Notando que Shaka resistia um pouco ao beijo, Ikki intensificou o carinho, acariciando os lábios do indiano com os seus.
Shaka levou sua outra mão até tocar o cabelo curto de Ikki, acariciando-o. "Não é tão... seco quanto eu imaginava... Bem, essa aparência arrepiada enganaria qualquer um..." Ikki pareceu se animar com a atitude do cavaleiro de Ouro, e aproximou mais ainda seu corpo do dele.
"Bem..." A mente de Shaka trabalhava incessantemente. "Então isso é o que chamam de 'amasso'... Interessante"
Ikki interrompeu o beijo, observando-o. - Algum problema? – O moreno perguntou, intrigado, ao notar que o indiano parecia a quilômetros de distância.
- Não, não! – Virgem respondeu, corando. Percebeu então que não deveria estar correspondendo da forma como Fênix esperava. Mas o quê o cavaleiro de bronze realmente esperava? Era seu primeiro beijo.
Ikki voltou a beijá-lo, com mais impaciência do que antes, forçando sua língua contra os lábios fechados do loiro, que os abriu levemente, deixando o outro explorar sua boca. Retribuiu de forma contida, acostumando-se com o sentimento da língua quente tocando a sua.
Depois de algum tempo, o cavaleiro de Ouro repeliu o moreno. – Chega.
- Por quê? – Ikki perguntou, chateado, tentando beija-lo novamente.
- Porque aqui não é a hora, nem o lugar. – Shaka se afastou de Fênix, decidido. – Depois conversaremos.
- Bem, então... – Ikki ficou extremamente sem graça. – Vamos voltar lá para dentro?
- Eu... – Shaka suspirou. – Eu já vou. Pode ir na frente. Preciso de um tempo a sós. – Ao ver o olhar indagador que o moreno lhe lançou, o indiano explicou-se.- Para pensar.
- Então tá, eu... te espero lá dentro! – Fênix deixou Shaka a sós, entrando novamente no grande salão.
O cavaleiro de Ouro observou Ikki se afastar, voltando para dentro do salão.
Então era isso um beijo. Muito estranho, na sua opinião. Ou talvez ele tivesse feito alguma coisa errada, já que havia sido sua primeira vez. Talvez fosse o ângulo da cabeça, ou a posição dos braços...
Mas, independente de existir prática ou não em seus gestos, Shaka acreditava que ele deveria ter se sentido mais eufórico. Virgem – infelizmente - estava acostumado a ouvir os comentários mundanos dos colegas mais experientes, como Máscara da Morte ou Shura. Nesses comentários, os amigos sempre falavam maravilhas a respeito disso. Encontros, beijos, sexo, e outras coisas. O indiano chegou a conclusão de que ele realmente era um leigo nesse assunto. Bem, talvez nem tanto assim. Shaka ruborizou-se ao lembrar das noites em que se dera prazer.
Shaka já se encontrava ali há alguns minutos, tentando se convencer que talvez da segunda vez fosse melhor, quando sentiu que alguém se aproximava. Não querendo encarar ninguém naquele momento, o loiro afastou-se da entrada, ficando envolto na escuridão.
Viu curioso quando Mu apareceu. O cavaleiro dourado avançou até as colunas, encostando-se em uma e cruzando os braços, pensativo. Áries olhava para o céu, e o luar que iluminava a noite banhava seus cabelos lavanda, que brilhavam.
Shaka imaginou que Mu deveria estar mesmo muito distraído ou preocupado para não notar a presença de seu cosmo. O tibetano então suspirou, fechando os olhos e voltando seu rosto para baixo. Virgem não queria incomodar o colega, mas acabou decidindo sair do anonimato, antes que o ariano o descobrisse, o que seria pior.
- Mu? – O indiano chamou. – Algum problema?
Áries assustou-se ligeiramente. – Oh, é você, Shaka? Não, problema algum, eu só... – Mu fez uma pausa. - ... só queria sair daquele tumulto um pouco.
Shaka sentiu pena do amigo. Ele imaginava que a índole de Mu era como a dos carneiros montanheses que viviam em lugares ermos, longe de tudo e de todos. – Você sabe que a partir de agora vai ser assim o tempo todo...
- É, eu sei. – Mu deu um sorriso forçado. Olhou para o loiro atentamente, como se estivesse decidindo se poderia confiar nele ou não. – Sabe, não que eu esteja desprezando o posto, meu mestre ficaria por demais satisfeito comigo, é só que... – Áries deu de ombros. – Não me vejo Mestre.
Virgem sorriu diante da humildade do tibetano. "Esses são sempre os melhores"
- Não se preocupe, você vai se sair bem.
Mu deu um sorriso mais animado. – Você viu isso na sua meditação?
Shaka devolveu o sorriso. – Não, é a minha opinião, mesmo.
- Obrigado. – Mu voltou a olhar as estrelas, e o indiano decidiu que já era hora de deixá-lo a sós novamente. Olhando para a entrada do salão, entretanto, Shaka não sentiu vontade de retornar. Virou-se para as escadarias e começou a descer os degraus.
- Não vai voltar para a festa? – Mu perguntou, surpreso.
- Não. – Sem se virar, Shaka ergueu uma das mãos, num breve aceno. – Até mais.
- Até.
Shaka notou que a conversa com o outro cavaleiro de Ouro havia afastado momentaneamente os sentimentos um tanto quanto frustrantes que haviam se apossado dele, depois do encontro com Ikki. Sorriu amargamente, imaginando se não estaria melhor sem ter feito aquilo. Chegou a conclusão de que não, pois ele já era bem maduro e precisava deixar para trás os idealismos que possuía com relação ao amor. Talvez fosse aquilo mesmo. Talvez não fosse tudo um conto de fadas.
Mas ele continuava achando que deveria ter sentido um friozinho na barriga...
Continua
Comentários da autora:
Ai, coitado do Shaka. Leitoras, me perdoem por isso, porque EU não vou me perdoar. Mas foi necessário.
A partir do próximo capítulo vai ficar melhor... (hê... hê, hê...HÊ, HÊ, HÊ)
Dois detalhes importantes: eu não esqueci do fato de que o Shaka deu o sangue dele para consertar a armadura do Ikki no final da Batalha das Doze Casas... Mas Cavaleiros é um desenho complicado: foi falado que a armadura de Fênix se conserta sozinha, mas ficou claro que Virgem ajudou a conserta- la naquele episódio... Decidi manter a crença de que ela (a armadura) se vira sozinha, mesmo...
O outro detalhe: essa história de que o Mu e o Shaka são bons amigos, que eu uso nas fics, na verdade é mito. Infelizmente, no desenho todo, inclusive no mangá, eles conversam pessoalmente apenas uma vez, que é no final da fase Inferno, de Hades.
Imagina, Prudence-chan!!! Euzinha, abandonar o Mushakismo??? Nunca, jamais!!! Aliás, a gente precisava montar os dez mandamentos do Mushakismo, pra começar a difundir a crença... Pensei em dois, ó: "Amar o Mu e o Shaka acima de todos os outros casais" e "Não furtarás a batata frita alheia" (esse é pecado grave!!!). Por falar nisso, amei de paixão o desenho do Shaka com o saquinho de batatinha, ficou demais!
Beijinhos!
Bélier
Autora: Bélier
Categoria: Romance Yaoi
Retratação: Eu não possuo Saint Seiya/Cavaleiros do Zodíaco. Infelizmente (ou felizmente) eu não os possuo, pois do contrário eles teriam namorado mais do que lutado... De qualquer forma, eles são propriedade de Kurumada, Toei e Bandai.
Resumo: Depois de tantas batalhas, o Cavaleiro de Virgem quer encontrar alguém especial para lhe fazer companhia. Será que realmente os opostos se atraem?
Capítulo 2
Logo a surpresa que o anúncio de Atena havia causado se esvaiu, e todos os presentes se adiantaram para cumprimentar o novo Mestre do Santuário. Shaka notou que a maior parte dos cavaleiros demonstrava satisfação. Ele também não conseguiria entender se alguém ousasse se opor à escolha de Atena. Mu era inteligente e culto, pertencia à mesma linhagem que o antigo mestre, vestia a mesma armadura... E como muito poucos ali, parecia saber exatamente o que fazia.
Apenas Saga parecia decepcionado. Mas talvez a decepção não passasse de tristeza, por tudo que havia feito de errado quando estivera no lugar de Shion. Shaka não poderia dizer. Gêmeos poderia até ser uma boa escolha para Mestre, se não fosse tão suscetível ao seu lado maligno. Com certeza, Atena não iria se arriscar.
As servas de Saori começaram a servir comida e bebida, o que dispersou um pouco a aglomeração de gente em torno de Mu. Virgem aguardou até que Áries estivesse sozinho.
O tibetano olhava para o nada, pensativo, quando Shaka se aproximou dele, cumprimentando-o.
- Meus parabéns, Mu de Áries.
Mu olhou para o indiano, surpreso. Novamente, sorriu para ele, um sorriso gentil e educado. – Obrigado, Shaka de Virgem, mas... Acredito que este posto lhe caberia melhor do que a mim...
Shaka observou Mu, mentalmente. Tentou se lembrar de quantas vezes ele havia conversado com Áries, depois que este voltara para o Santuário... Durante a Batalha das Doze Casas, havia pedido sua ajuda para retornar do lugar aonde havia sido jogado, durante a batalha contra Fênix.
Fênix. Shaka corou levemente.
Durante a Guerra Santa, Mu havia tomado conta do seu rosário, logo depois que deixara o mundo dos vivos para enfrentar Hades, sozinho. Áries havia lhe devolvido o rosário diante do Muro das Lamentações, dizendo-lhe que ele não morreriam antes que derrotassem todos os espectros.
E fora apensas isso. Nunca mantivera um contato mais próximo com o tibetano. A não ser quando ainda eram crianças.
- Não seja modesto. – Shaka finalmente respondeu. – Atena sabe o que está fazendo.
- Espero que tenha razão... – Mu ia dizer alguma coisa, quando Kiki chegou, feliz.
- Mestre Mu, Mestre Mu!!! – Kiki o puxava pelo braço, eufórico. – Venha ver, Mestre Mu, em cima do trono!
- O que é, Kiki? – Mu perguntou, pacientemente.
- A máscara e o elmo do Mestre, venha ver! O senhor vai ter que usar isso?!
- Eu não sei, Kiki! - Mu fez uma cara desgostosa. Virou-se para Shaka, desculpando-se. – Com licença...
- Veja pelo lado positivo, você já tem até um discípulo em treinamento para vestir sua armadura! – O loiro sorriu.
- E que discípulo... – Mu suspirou, e foi atrás de Kiki.
Virgem ainda o observava se afastar, quando Ikki chegou.
- Ainda acho que deveria ser você! – O moreno comentou, displicentemente.
Shaka observou Fênix. – Não... Atena escolheu corretamente.
- Se você acha... – Ikki foi irônico. – Muito calmo para o meu gosto. – O cavaleiro de Bronze, pela segunda vez no dia, observou Virgem de alto a baixo, e mudou de assunto. – Você fica lindo com essa armadura. Parece realmente um deus...
- Ouça, Fênix, não estou gostando dessas suas insinuações... O que você quer de mim? – Shaka perguntou, aborrecido.
- Ora, não lhe parece óbvio? – Ikki deu risada, enquanto pegava a mão do indiano, disfarçadamente. – Estou interessado em você!
Shaka engoliu em seco. Olhou para baixo, vendo Fênix acariciar seus dedos. – Eu... não sei se quero isso.
- Bem, o fato de você não ter dito não já é alguma coisa. – Ikki sorriu, confiante. – Isso quer dizer que eu posso tentar te convencer...
- Não tenho certeza... – O loiro afastou sua mão da de Ikki.
- Bem, aqui não é lugar para falar sobre isso. Vou esperar você lá fora... – Fênix insinuou. – Se quiser conversar... ou algo mais...
O rapaz moreno deixou o cavaleiro de Ouro sozinho no meio do salão. "E agora?" Shaka se perguntou. "Não era isso o que eu desejava? Essa é minha chance..."
Ainda em dúvida, Virgem circulou pelo salão, conversando com mais alguns cavaleiros, mas ao ver Ikki sair, decidiu-se.
Enchendo-se de coragem, Shaka saiu do templo, parando próximo às colunas da entrada, observando o início do lance de escadas que levava até a casa de Peixes. Sentiu que uma mão agarrava seu braço firmemente, encostando-o contra uma das colunas.
- Então você veio... – Ikki sorriu, seu rosto próximo ao do indiano.
- Digamos que estou... curioso. – Shaka respondeu, tentando parecer confiante, mas sua voz tremeu ligeiramente.
- Ora... – Ikki aproximou mais ainda seu rosto do de Shaka. – Então vamos... satisfazer a sua curiosidade.
Shaka não tinha certeza se era aquilo que queria, mas tinha muita vontade de experimentar um beijo. Fênix debruçou-se sobre ele, tocando-lhe os lábios. Virgem sentiu o cheiro másculo do homem ao seu lado invadir suas narinas, exaltando um pouco os seus sentidos.
O cavaleiro de Virgem apoiou uma das mãos sobre o peito da armadura de Fênix, sentindo o metal frio sob a palma. "Realmente é uma bela armadura... Nem mesmo as de ouro conseguem esse feito incrível de se recomporem sozinhas! Eu teria que dar o meu sangue para que a minha voltasse ao normal... Isso é, se eu a destruísse, é claro, fato esse muito pouco provável..."
Notando que Shaka resistia um pouco ao beijo, Ikki intensificou o carinho, acariciando os lábios do indiano com os seus.
Shaka levou sua outra mão até tocar o cabelo curto de Ikki, acariciando-o. "Não é tão... seco quanto eu imaginava... Bem, essa aparência arrepiada enganaria qualquer um..." Ikki pareceu se animar com a atitude do cavaleiro de Ouro, e aproximou mais ainda seu corpo do dele.
"Bem..." A mente de Shaka trabalhava incessantemente. "Então isso é o que chamam de 'amasso'... Interessante"
Ikki interrompeu o beijo, observando-o. - Algum problema? – O moreno perguntou, intrigado, ao notar que o indiano parecia a quilômetros de distância.
- Não, não! – Virgem respondeu, corando. Percebeu então que não deveria estar correspondendo da forma como Fênix esperava. Mas o quê o cavaleiro de bronze realmente esperava? Era seu primeiro beijo.
Ikki voltou a beijá-lo, com mais impaciência do que antes, forçando sua língua contra os lábios fechados do loiro, que os abriu levemente, deixando o outro explorar sua boca. Retribuiu de forma contida, acostumando-se com o sentimento da língua quente tocando a sua.
Depois de algum tempo, o cavaleiro de Ouro repeliu o moreno. – Chega.
- Por quê? – Ikki perguntou, chateado, tentando beija-lo novamente.
- Porque aqui não é a hora, nem o lugar. – Shaka se afastou de Fênix, decidido. – Depois conversaremos.
- Bem, então... – Ikki ficou extremamente sem graça. – Vamos voltar lá para dentro?
- Eu... – Shaka suspirou. – Eu já vou. Pode ir na frente. Preciso de um tempo a sós. – Ao ver o olhar indagador que o moreno lhe lançou, o indiano explicou-se.- Para pensar.
- Então tá, eu... te espero lá dentro! – Fênix deixou Shaka a sós, entrando novamente no grande salão.
O cavaleiro de Ouro observou Ikki se afastar, voltando para dentro do salão.
Então era isso um beijo. Muito estranho, na sua opinião. Ou talvez ele tivesse feito alguma coisa errada, já que havia sido sua primeira vez. Talvez fosse o ângulo da cabeça, ou a posição dos braços...
Mas, independente de existir prática ou não em seus gestos, Shaka acreditava que ele deveria ter se sentido mais eufórico. Virgem – infelizmente - estava acostumado a ouvir os comentários mundanos dos colegas mais experientes, como Máscara da Morte ou Shura. Nesses comentários, os amigos sempre falavam maravilhas a respeito disso. Encontros, beijos, sexo, e outras coisas. O indiano chegou a conclusão de que ele realmente era um leigo nesse assunto. Bem, talvez nem tanto assim. Shaka ruborizou-se ao lembrar das noites em que se dera prazer.
Shaka já se encontrava ali há alguns minutos, tentando se convencer que talvez da segunda vez fosse melhor, quando sentiu que alguém se aproximava. Não querendo encarar ninguém naquele momento, o loiro afastou-se da entrada, ficando envolto na escuridão.
Viu curioso quando Mu apareceu. O cavaleiro dourado avançou até as colunas, encostando-se em uma e cruzando os braços, pensativo. Áries olhava para o céu, e o luar que iluminava a noite banhava seus cabelos lavanda, que brilhavam.
Shaka imaginou que Mu deveria estar mesmo muito distraído ou preocupado para não notar a presença de seu cosmo. O tibetano então suspirou, fechando os olhos e voltando seu rosto para baixo. Virgem não queria incomodar o colega, mas acabou decidindo sair do anonimato, antes que o ariano o descobrisse, o que seria pior.
- Mu? – O indiano chamou. – Algum problema?
Áries assustou-se ligeiramente. – Oh, é você, Shaka? Não, problema algum, eu só... – Mu fez uma pausa. - ... só queria sair daquele tumulto um pouco.
Shaka sentiu pena do amigo. Ele imaginava que a índole de Mu era como a dos carneiros montanheses que viviam em lugares ermos, longe de tudo e de todos. – Você sabe que a partir de agora vai ser assim o tempo todo...
- É, eu sei. – Mu deu um sorriso forçado. Olhou para o loiro atentamente, como se estivesse decidindo se poderia confiar nele ou não. – Sabe, não que eu esteja desprezando o posto, meu mestre ficaria por demais satisfeito comigo, é só que... – Áries deu de ombros. – Não me vejo Mestre.
Virgem sorriu diante da humildade do tibetano. "Esses são sempre os melhores"
- Não se preocupe, você vai se sair bem.
Mu deu um sorriso mais animado. – Você viu isso na sua meditação?
Shaka devolveu o sorriso. – Não, é a minha opinião, mesmo.
- Obrigado. – Mu voltou a olhar as estrelas, e o indiano decidiu que já era hora de deixá-lo a sós novamente. Olhando para a entrada do salão, entretanto, Shaka não sentiu vontade de retornar. Virou-se para as escadarias e começou a descer os degraus.
- Não vai voltar para a festa? – Mu perguntou, surpreso.
- Não. – Sem se virar, Shaka ergueu uma das mãos, num breve aceno. – Até mais.
- Até.
Shaka notou que a conversa com o outro cavaleiro de Ouro havia afastado momentaneamente os sentimentos um tanto quanto frustrantes que haviam se apossado dele, depois do encontro com Ikki. Sorriu amargamente, imaginando se não estaria melhor sem ter feito aquilo. Chegou a conclusão de que não, pois ele já era bem maduro e precisava deixar para trás os idealismos que possuía com relação ao amor. Talvez fosse aquilo mesmo. Talvez não fosse tudo um conto de fadas.
Mas ele continuava achando que deveria ter sentido um friozinho na barriga...
Continua
Comentários da autora:
Ai, coitado do Shaka. Leitoras, me perdoem por isso, porque EU não vou me perdoar. Mas foi necessário.
A partir do próximo capítulo vai ficar melhor... (hê... hê, hê...HÊ, HÊ, HÊ)
Dois detalhes importantes: eu não esqueci do fato de que o Shaka deu o sangue dele para consertar a armadura do Ikki no final da Batalha das Doze Casas... Mas Cavaleiros é um desenho complicado: foi falado que a armadura de Fênix se conserta sozinha, mas ficou claro que Virgem ajudou a conserta- la naquele episódio... Decidi manter a crença de que ela (a armadura) se vira sozinha, mesmo...
O outro detalhe: essa história de que o Mu e o Shaka são bons amigos, que eu uso nas fics, na verdade é mito. Infelizmente, no desenho todo, inclusive no mangá, eles conversam pessoalmente apenas uma vez, que é no final da fase Inferno, de Hades.
Imagina, Prudence-chan!!! Euzinha, abandonar o Mushakismo??? Nunca, jamais!!! Aliás, a gente precisava montar os dez mandamentos do Mushakismo, pra começar a difundir a crença... Pensei em dois, ó: "Amar o Mu e o Shaka acima de todos os outros casais" e "Não furtarás a batata frita alheia" (esse é pecado grave!!!). Por falar nisso, amei de paixão o desenho do Shaka com o saquinho de batatinha, ficou demais!
Beijinhos!
Bélier
