Título: Alguém como você
Autora: Bélier
Categoria: Romance Yaoi
Retratação: Eu não possuo Saint Seiya/Cavaleiros do Zodíaco. Infelizmente (ou felizmente) eu não os possuo, pois do contrário eles teriam namorado mais do que lutado... De qualquer forma, eles são propriedade de Kurumada, Toei e Bandai.
Resumo: Depois de tantas batalhas, o Cavaleiro de Virgem quer encontrar alguém especial para lhe fazer companhia. Será que realmente os opostos se atraem?
Capítulo 3
Duas semanas se passaram depois da nomeação de Áries. Shaka estava sentado nos degraus da arena de treinamento, observando alguns garotos lutarem contra seus instrutores. Ikki estava entre os que se queimavam sob o sol abrasador.
Virgem, suspirou, desanimado, seu queixo apoiado numa das mãos. Ikki era muito bonito, seu corpo era bem formado, apesar de sua pouca idade, e era muito fogoso. Então...
Por quê?
Desde aquele primeiro beijo que trocara com o cavaleiro de Fênix no Salão do Mestre, tinham se encontrado mais algumas vezes. Os encontros eram sempre breves. Não que Ikki não quisesse passar mais tempo ao seu lado – se dependesse dele, passaria provavelmente todo o tempo livre ao seu lado. O problema era que Virgem ainda não tinha se acostumado muito bem ao assédio do moreno. Assim, nunca passavam de alguns beijos e carícias leves, que Ikki, emburrado, dizia serem insuficientes para ele. Shaka foi firme: ou ele acompanhava o seu ritmo, ou então, que fosse procurar outra pessoa. Como o interesse de Ikki por ele parecia ser muito, Fênix permanecia ao seu lado. Mas sempre reclamando.
A verdade era que Shaka não entendia bem porque não se entregava a ele de uma vez. Antes de começar a se encontrar com o cavaleiro de Bronze, Virgem tinha passado noites mal dormidas, ansiando por um contato mais... íntimo, com alguém. Agora que tinha essa pessoa, por que não?
Mas o indiano sabia a razão, bem no fundo. Ele não se sentia muito seguro. Ultimamente tinha até se retraído, diante da perspectiva de fazer alguma coisa. Cada vez que Ikki tentava uma carícia mais ousada, dispensava-o imediatamente, um tanto quanto incomodado, cheio de dúvidas se deveria ou não levar aquilo adiante.
E os beijos? Shaka abaixou a cabeça, pesaroso. Por mais que ele se esforçasse a acreditar que da próxima vez seria melhor, nunca era. Ikki não parecia ser inexperiente, mas definitivamente não era muito carinhoso. Sempre que Virgem ansiava por um beijo demorado e arrebatador, Fênix o atacava como se estivesse passando fome.
"Isso é horrível!" Shaka riu sozinho, tampando o rosto com a mão.
Virgem sempre tinha a sensação de que estava fazendo tudo errado. Talvez daqui um ano, ele tivesse aprendido a beijar direito. Ou então deveria trocar de professor...
Bem, considerando as opções, o que ele tinha? Só Ikki. Não estava ruim.
"Droga!"
Shaka levantou-se, cansado de observar o moreno se exibir para ele na arena. Saiu a caminhar pelo Santuário, procurando um lugar ermo para meditar. Acabou chegando a uma clareira afastada, cercada por algumas árvores. Virgem costumava ir muito àquele local, sozinho, e algumas vezes tinha se encontrado com Ikki lá. Fênix costumava segui-lo. Talvez hoje não fosse diferente. Rumou para as pedras onde gostava de se sentar, sob uma sombra fresca convidativa.
Infelizmente, ao dar alguns passos, sentiu uma fisgada no pé direito. Olhou desconsolado para o chão, vendo diversos cacos de vidro que antes deveriam ter sido uma garrafa, encobertos pelo mato alto. Shaka gemeu de dor, ao apoiar o pé no chão novamente e sentir que o caco havia entrado na carne.
"Que imbecil deixaria isso aí?!" Pensou revoltado. "Pior: só um imbecil como eu para sair descalço por aí!" Com cuidado, foi até a pedra e sentou- se, trazendo o pé a altura dos olhos para observar melhor o estrago.
Nesse momento, sentiu um cosmo familiar se aproximar. Percebeu na hora que não era Ikki, pois a calma que emanava do cosmo não era característica do cavaleiro de Bronze. Viu então que Mu surgiu, vasculhando atentamente a clareira. Ao avistá-lo, ficou tão surpreso que parou, seus pontinhos se erguendo em sua testa. Depois, aproximou-se dele.
- Olá, Shaka, o que faz aqui? – Mas ao ver que o sangue pingava do pé que Virgem segurava, ficou preocupado. – O que foi?!
- Oh, nada, foi só um acidente bobo. – O loiro abaixou a cabeça mais um pouco, observando o ferimento. – Ou talvez não tenha sido tão bobo assim...
- Isso requer cuidado... – Mu se ajoelhou diante dele, preocupado.
- Não seja tolo, posso curar isso com a minha cosmo energia! – Shaka resmungou, chateado por ter sido pego naquela situação delicada.
- Não seja tolo, você! – Mu ralhou gentilmente com o loiro e, concentrando- se, fez aparecer diante de si uma caixa com alguns apetrechos e bandagens, evidentemente para serem utilizados em primeiros socorros.
Shaka piscou várias vezes. – De onde veio isso?
Mu sorriu. Aquele sorriso gentil de sempre. – É meu. Sempre uso quando o Kiki se machuca. Sabe como são as crianças... Não foi difícil traze-lo até aqui.
- Ah... – O indiano lembrou-se da telecinese do amigo. Áries segurou seu pé, erguendo-o até a altura de seus olhos. Shaka prendeu o sari laranja que usava ao redor dos joelhos, um tanto quanto envergonhado com a atenção do outro. – Hã... o que você veio fazer aqui?
- Bem... – Mu usou uma pinça para retirar o pedaço de vidro razoavelmente grande do pé do loiro. - Em partes tem a ver com o que lhe aconteceu. Fiquei sabendo que na noite passada, algumas pessoas alheias ao Santuário invadiram esse local, e fizeram... Bem, fizeram uma festa, por assim dizer. Decidi vir verificar pessoalmente, e acho que os guardas não se enganaram.
- Aqui? – Shaka estava surpreso. Notou que Mu limpava o ferimento, sua mão delicada trabalhando em movimentos suaves. Depois, passou alguma coisa no corte, que o indiano imaginou ser algum anti-séptico, a julgar pelo ardor.
- Bem, esse local faz divisa com a parte das ruínas que pode ser visitada pelo público, então, acredito que quem fez isso nem sabia aonde estava entrando. Queriam apenas um lugar para... bagunçar, acho que esse seria o termo.
- Vândalos... – Virgem comentou, inconformado. Viu Mu pegar um rolo de ataduras no estojo. Passou a enrolar o tecido com cuidado em seu pé.
- O corte está um pouco grande, mas acho que a atadura vai parar o sangramento. Vou apertá-la bem, OK? Avise se for demais.
- Eu já te falei que posso curar isso sozinho... – Virgem resmungou.
- Fique quieto! – Mu riu.
Shaka observou os movimentos do ariano, seus pensamentos viajando um pouco. Uma das mãos de Mu segurava seu tornozelo, enquanto a outra cuidava do ferimento, seus dedos tocando de vez em quando na sola de seu pé, verificando se o curativo estava bem firme.
Fazia cócegas.
- Prontinho! – Mu observou o curativo, satisfeito. – Quer ajuda para voltar para o seu templo?
- Não é preciso. Mas agradeço o trabalho que teve comigo. – Shaka virou o pé, observando o curativo bem feito.
- Lembra que costumávamos vir brincar aqui, quando éramos crianças? – Mu pareceu divertido, ao lembrar-se.
- É verdade... – Shaka também sorriu. Eles e os outros meninos, Miro, Aioria, Kamus, Aldebaran, gostavam muito daquela clareia. Seus mestres nunca conseguiam encontra-los ali. Geralmente, quem acabava encontrando-os era Aioros, e o sermão era certo, quando isso acontecia.
Os dois permaneceram em silêncio durante algum tempo, até que o ariano se manifestou.
- Bem, já confirmei minhas suspeitas. Vou mandar intensificar a guarda neste local. – Mu olhou ao redor, mais uma vez. – Felizmente, ninguém se aventurou mais adiante. Mas não vai acontecer novamente.
- Hum. – Virgem concordou.
- Vamos voltar? – Mu convidou.
- Ãh... Claro. – Shaka levantou-se da pedra, com cuidado. Mu segurou-o pelos ombros, ajudando-o. Virgem fez um gesto de que estava tudo bem, e o ariano soltou-o.
Os dois cavaleiros dourados caminharam devagar, conversando. Ao chegarem às ruínas do Santuário, Shaka viu que Ikki se aproximava, correndo.
- Ei, o que aconteceu? – Fênix parecia aborrecido, olhando para Shaka.
- Não foi nada de mais... – Virgem comentou, distraído, olhando para baixo.
- Bem, eu já vou. – Mu desculpou-se. – Tenho que convocar os guardas para resolver esse problema ainda hoje. Até mais.
- Até... – Ikki olhou desconfiado o ariano se afastar. – O que é que você estava fazendo com ele?
- Eu o quê... com ele?! – Shaka quase engasgou, de raiva. Olhou inconformado para Ikki. – Eu poderia simplesmente lhe dizer que não é da sua conta, mas se você quer saber, ele estava me ajudando! – Virgem ergueu o pé machucado e mostrou o curativo para o moreno.
Fênix pareceu ficar mais irritado ainda. – Eu já não te falei para não sair descalço por aí?! Eu sabia que isso ia acontecer!
Shaka abriu a boca para responder, mas a voz não saiu. Respirou fundo, tentando se controlar. Finalmente, conseguiu reunir os seus esforços numa frase carregada de ironia. – Obrigado pela ajuda! – E saiu mancando na direção das escadarias.
-x-
Shaka não saiu mais do seu quarto, depois daquele incidente. Fechou bem a porta, pensando que mandaria Ikki para o inferno – novamente - se ele aparecesse naquela noite para conversar. Fênix tinha passado dos limites, insinuando coisas sobre ele e, ainda por cima, criticando-o por andar descalço, no lugar de ajuda-lo!
Após tomar um banho, Shaka sentou-se em sua cama, pensativo. Observou o curativo que Mu havia feito. Havia molhado. Retirou a atadura, e pairou uma das mãos sobre o corte, deixando que o seu cosmo quente ajudasse a cicatrizar mais rápido o ferimento.
Cansado, deitou-se, estirando seu corpo nu sobre os lençóis. As noites no Santuário ultimamente estavam ficando muito quentes. Suspirou, rolando várias vezes na cama, sem conseguir encontrar uma posição que lhe agradasse. Definitivamente, hoje o sono não estava vindo.
O indiano sentia-se estranho. Seu corpo parecia um tanto quanto... dolorido, e sua frustração, maior do que havia se apresentado nas últimas semanas.
Virgem tocou seu pescoço, seus dedos longos esfregando a pele quente e rebaixando até seu tórax liso. Ele conhecia bem aquele sentimento. Ele precisava daquilo. Decidido, o loiro tocou seu sexo, acariciando-o e sentindo que este ficava rijo entre seus dedos. Deixou escapar um longo suspiro, mais de resignação do que de prazer. Ele tinha prometido a si mesmo que não faria mais aquilo.
Mas estava difícil resistir.
Assim, continuou se acariciando, sentindo o prazer aos poucos invadir seu corpo. Procurou pensar em Ikki, e nos beijos que haviam trocado. Mas a raiva que sentia do rapaz era tanta, que ele parou, frustrado. Virgem tentou realmente se concentrar, e sua mão recomeçou a passear por seu membro, agora totalmente ereto. A imagem de Ikki treinando pairou durante algum tempo em sua mente, para depois se esvair, sem lhe proporcionar a sensação que ele desejava.
Foi então que a cena veio a sua mente.
Lembrou-se da mão delicada e alva em seu pé. A outra segurava sua perna na altura dos olhos verdes cristalinos, enquanto permanecia ajoelhado diante dele. Sua mente enevoada fantasiou, imaginando que aquelas mãos subiam por suas pernas, erguendo seu sari e alcançando suas coxas, acariciando-as com movimentos firmes. A boca quente do cavaleiro dourado acompanharia o movimento de suas mãos, beijando o interior de suas coxas, provocando-o, cada vez mais perto do seu desejo.
Shaka gemeu, e aumentou o ritmo dos movimentos dos dedos sobre sua ereção. Sua outra mão escorregou por seu tórax, imaginando como seria se o outro o tocasse ali. Seus dedos fecharam-se sobre um de seus mamilos, apertando-o, e ele arqueou as costas ligeiramente, seus cabelos loiros se espalhando sobre o travesseiro e seus gemidos ecoando pelo quarto silencioso.
- Tão bom... – Shaka suspirou, sua respiração alterada pela excitação, seus quadris acompanhando o ritmo imposto por sua mão.
Imaginou então que ele se debruçaria sobre seu corpo e o beijaria na boca, um beijo suave, mas exigente. Sua língua tocaria a dele, provando, instigando-o. Seus cabelos longos cor de lavanda tocariam seu peito e pescoço, fazendo cócegas e provocando arrepios. Finalmente, uma das mãos do outro cavaleiro alcançaria sua ereção e a envolveria, dando-lhe o prazer que ele tanto queria...
Com um grito rouco, Shaka gozou, seu corpo se contorcendo num espasmo violento. Afundou sua cabeça no travesseiro, sentindo-se exausto, sua respiração muito rápida. Virgem inspirou fundo, sentindo o líquido quente escorrer por seu abdômen.
"Não..." Passada a euforia do orgasmo, Virgem ficou em estado de choque com a cena que criara em sua mente. "Não pode ser..."
Continua
Comentários da autora:
Sem comentários...
Só uma risada maligna.
Autora: Bélier
Categoria: Romance Yaoi
Retratação: Eu não possuo Saint Seiya/Cavaleiros do Zodíaco. Infelizmente (ou felizmente) eu não os possuo, pois do contrário eles teriam namorado mais do que lutado... De qualquer forma, eles são propriedade de Kurumada, Toei e Bandai.
Resumo: Depois de tantas batalhas, o Cavaleiro de Virgem quer encontrar alguém especial para lhe fazer companhia. Será que realmente os opostos se atraem?
Capítulo 3
Duas semanas se passaram depois da nomeação de Áries. Shaka estava sentado nos degraus da arena de treinamento, observando alguns garotos lutarem contra seus instrutores. Ikki estava entre os que se queimavam sob o sol abrasador.
Virgem, suspirou, desanimado, seu queixo apoiado numa das mãos. Ikki era muito bonito, seu corpo era bem formado, apesar de sua pouca idade, e era muito fogoso. Então...
Por quê?
Desde aquele primeiro beijo que trocara com o cavaleiro de Fênix no Salão do Mestre, tinham se encontrado mais algumas vezes. Os encontros eram sempre breves. Não que Ikki não quisesse passar mais tempo ao seu lado – se dependesse dele, passaria provavelmente todo o tempo livre ao seu lado. O problema era que Virgem ainda não tinha se acostumado muito bem ao assédio do moreno. Assim, nunca passavam de alguns beijos e carícias leves, que Ikki, emburrado, dizia serem insuficientes para ele. Shaka foi firme: ou ele acompanhava o seu ritmo, ou então, que fosse procurar outra pessoa. Como o interesse de Ikki por ele parecia ser muito, Fênix permanecia ao seu lado. Mas sempre reclamando.
A verdade era que Shaka não entendia bem porque não se entregava a ele de uma vez. Antes de começar a se encontrar com o cavaleiro de Bronze, Virgem tinha passado noites mal dormidas, ansiando por um contato mais... íntimo, com alguém. Agora que tinha essa pessoa, por que não?
Mas o indiano sabia a razão, bem no fundo. Ele não se sentia muito seguro. Ultimamente tinha até se retraído, diante da perspectiva de fazer alguma coisa. Cada vez que Ikki tentava uma carícia mais ousada, dispensava-o imediatamente, um tanto quanto incomodado, cheio de dúvidas se deveria ou não levar aquilo adiante.
E os beijos? Shaka abaixou a cabeça, pesaroso. Por mais que ele se esforçasse a acreditar que da próxima vez seria melhor, nunca era. Ikki não parecia ser inexperiente, mas definitivamente não era muito carinhoso. Sempre que Virgem ansiava por um beijo demorado e arrebatador, Fênix o atacava como se estivesse passando fome.
"Isso é horrível!" Shaka riu sozinho, tampando o rosto com a mão.
Virgem sempre tinha a sensação de que estava fazendo tudo errado. Talvez daqui um ano, ele tivesse aprendido a beijar direito. Ou então deveria trocar de professor...
Bem, considerando as opções, o que ele tinha? Só Ikki. Não estava ruim.
"Droga!"
Shaka levantou-se, cansado de observar o moreno se exibir para ele na arena. Saiu a caminhar pelo Santuário, procurando um lugar ermo para meditar. Acabou chegando a uma clareira afastada, cercada por algumas árvores. Virgem costumava ir muito àquele local, sozinho, e algumas vezes tinha se encontrado com Ikki lá. Fênix costumava segui-lo. Talvez hoje não fosse diferente. Rumou para as pedras onde gostava de se sentar, sob uma sombra fresca convidativa.
Infelizmente, ao dar alguns passos, sentiu uma fisgada no pé direito. Olhou desconsolado para o chão, vendo diversos cacos de vidro que antes deveriam ter sido uma garrafa, encobertos pelo mato alto. Shaka gemeu de dor, ao apoiar o pé no chão novamente e sentir que o caco havia entrado na carne.
"Que imbecil deixaria isso aí?!" Pensou revoltado. "Pior: só um imbecil como eu para sair descalço por aí!" Com cuidado, foi até a pedra e sentou- se, trazendo o pé a altura dos olhos para observar melhor o estrago.
Nesse momento, sentiu um cosmo familiar se aproximar. Percebeu na hora que não era Ikki, pois a calma que emanava do cosmo não era característica do cavaleiro de Bronze. Viu então que Mu surgiu, vasculhando atentamente a clareira. Ao avistá-lo, ficou tão surpreso que parou, seus pontinhos se erguendo em sua testa. Depois, aproximou-se dele.
- Olá, Shaka, o que faz aqui? – Mas ao ver que o sangue pingava do pé que Virgem segurava, ficou preocupado. – O que foi?!
- Oh, nada, foi só um acidente bobo. – O loiro abaixou a cabeça mais um pouco, observando o ferimento. – Ou talvez não tenha sido tão bobo assim...
- Isso requer cuidado... – Mu se ajoelhou diante dele, preocupado.
- Não seja tolo, posso curar isso com a minha cosmo energia! – Shaka resmungou, chateado por ter sido pego naquela situação delicada.
- Não seja tolo, você! – Mu ralhou gentilmente com o loiro e, concentrando- se, fez aparecer diante de si uma caixa com alguns apetrechos e bandagens, evidentemente para serem utilizados em primeiros socorros.
Shaka piscou várias vezes. – De onde veio isso?
Mu sorriu. Aquele sorriso gentil de sempre. – É meu. Sempre uso quando o Kiki se machuca. Sabe como são as crianças... Não foi difícil traze-lo até aqui.
- Ah... – O indiano lembrou-se da telecinese do amigo. Áries segurou seu pé, erguendo-o até a altura de seus olhos. Shaka prendeu o sari laranja que usava ao redor dos joelhos, um tanto quanto envergonhado com a atenção do outro. – Hã... o que você veio fazer aqui?
- Bem... – Mu usou uma pinça para retirar o pedaço de vidro razoavelmente grande do pé do loiro. - Em partes tem a ver com o que lhe aconteceu. Fiquei sabendo que na noite passada, algumas pessoas alheias ao Santuário invadiram esse local, e fizeram... Bem, fizeram uma festa, por assim dizer. Decidi vir verificar pessoalmente, e acho que os guardas não se enganaram.
- Aqui? – Shaka estava surpreso. Notou que Mu limpava o ferimento, sua mão delicada trabalhando em movimentos suaves. Depois, passou alguma coisa no corte, que o indiano imaginou ser algum anti-séptico, a julgar pelo ardor.
- Bem, esse local faz divisa com a parte das ruínas que pode ser visitada pelo público, então, acredito que quem fez isso nem sabia aonde estava entrando. Queriam apenas um lugar para... bagunçar, acho que esse seria o termo.
- Vândalos... – Virgem comentou, inconformado. Viu Mu pegar um rolo de ataduras no estojo. Passou a enrolar o tecido com cuidado em seu pé.
- O corte está um pouco grande, mas acho que a atadura vai parar o sangramento. Vou apertá-la bem, OK? Avise se for demais.
- Eu já te falei que posso curar isso sozinho... – Virgem resmungou.
- Fique quieto! – Mu riu.
Shaka observou os movimentos do ariano, seus pensamentos viajando um pouco. Uma das mãos de Mu segurava seu tornozelo, enquanto a outra cuidava do ferimento, seus dedos tocando de vez em quando na sola de seu pé, verificando se o curativo estava bem firme.
Fazia cócegas.
- Prontinho! – Mu observou o curativo, satisfeito. – Quer ajuda para voltar para o seu templo?
- Não é preciso. Mas agradeço o trabalho que teve comigo. – Shaka virou o pé, observando o curativo bem feito.
- Lembra que costumávamos vir brincar aqui, quando éramos crianças? – Mu pareceu divertido, ao lembrar-se.
- É verdade... – Shaka também sorriu. Eles e os outros meninos, Miro, Aioria, Kamus, Aldebaran, gostavam muito daquela clareia. Seus mestres nunca conseguiam encontra-los ali. Geralmente, quem acabava encontrando-os era Aioros, e o sermão era certo, quando isso acontecia.
Os dois permaneceram em silêncio durante algum tempo, até que o ariano se manifestou.
- Bem, já confirmei minhas suspeitas. Vou mandar intensificar a guarda neste local. – Mu olhou ao redor, mais uma vez. – Felizmente, ninguém se aventurou mais adiante. Mas não vai acontecer novamente.
- Hum. – Virgem concordou.
- Vamos voltar? – Mu convidou.
- Ãh... Claro. – Shaka levantou-se da pedra, com cuidado. Mu segurou-o pelos ombros, ajudando-o. Virgem fez um gesto de que estava tudo bem, e o ariano soltou-o.
Os dois cavaleiros dourados caminharam devagar, conversando. Ao chegarem às ruínas do Santuário, Shaka viu que Ikki se aproximava, correndo.
- Ei, o que aconteceu? – Fênix parecia aborrecido, olhando para Shaka.
- Não foi nada de mais... – Virgem comentou, distraído, olhando para baixo.
- Bem, eu já vou. – Mu desculpou-se. – Tenho que convocar os guardas para resolver esse problema ainda hoje. Até mais.
- Até... – Ikki olhou desconfiado o ariano se afastar. – O que é que você estava fazendo com ele?
- Eu o quê... com ele?! – Shaka quase engasgou, de raiva. Olhou inconformado para Ikki. – Eu poderia simplesmente lhe dizer que não é da sua conta, mas se você quer saber, ele estava me ajudando! – Virgem ergueu o pé machucado e mostrou o curativo para o moreno.
Fênix pareceu ficar mais irritado ainda. – Eu já não te falei para não sair descalço por aí?! Eu sabia que isso ia acontecer!
Shaka abriu a boca para responder, mas a voz não saiu. Respirou fundo, tentando se controlar. Finalmente, conseguiu reunir os seus esforços numa frase carregada de ironia. – Obrigado pela ajuda! – E saiu mancando na direção das escadarias.
-x-
Shaka não saiu mais do seu quarto, depois daquele incidente. Fechou bem a porta, pensando que mandaria Ikki para o inferno – novamente - se ele aparecesse naquela noite para conversar. Fênix tinha passado dos limites, insinuando coisas sobre ele e, ainda por cima, criticando-o por andar descalço, no lugar de ajuda-lo!
Após tomar um banho, Shaka sentou-se em sua cama, pensativo. Observou o curativo que Mu havia feito. Havia molhado. Retirou a atadura, e pairou uma das mãos sobre o corte, deixando que o seu cosmo quente ajudasse a cicatrizar mais rápido o ferimento.
Cansado, deitou-se, estirando seu corpo nu sobre os lençóis. As noites no Santuário ultimamente estavam ficando muito quentes. Suspirou, rolando várias vezes na cama, sem conseguir encontrar uma posição que lhe agradasse. Definitivamente, hoje o sono não estava vindo.
O indiano sentia-se estranho. Seu corpo parecia um tanto quanto... dolorido, e sua frustração, maior do que havia se apresentado nas últimas semanas.
Virgem tocou seu pescoço, seus dedos longos esfregando a pele quente e rebaixando até seu tórax liso. Ele conhecia bem aquele sentimento. Ele precisava daquilo. Decidido, o loiro tocou seu sexo, acariciando-o e sentindo que este ficava rijo entre seus dedos. Deixou escapar um longo suspiro, mais de resignação do que de prazer. Ele tinha prometido a si mesmo que não faria mais aquilo.
Mas estava difícil resistir.
Assim, continuou se acariciando, sentindo o prazer aos poucos invadir seu corpo. Procurou pensar em Ikki, e nos beijos que haviam trocado. Mas a raiva que sentia do rapaz era tanta, que ele parou, frustrado. Virgem tentou realmente se concentrar, e sua mão recomeçou a passear por seu membro, agora totalmente ereto. A imagem de Ikki treinando pairou durante algum tempo em sua mente, para depois se esvair, sem lhe proporcionar a sensação que ele desejava.
Foi então que a cena veio a sua mente.
Lembrou-se da mão delicada e alva em seu pé. A outra segurava sua perna na altura dos olhos verdes cristalinos, enquanto permanecia ajoelhado diante dele. Sua mente enevoada fantasiou, imaginando que aquelas mãos subiam por suas pernas, erguendo seu sari e alcançando suas coxas, acariciando-as com movimentos firmes. A boca quente do cavaleiro dourado acompanharia o movimento de suas mãos, beijando o interior de suas coxas, provocando-o, cada vez mais perto do seu desejo.
Shaka gemeu, e aumentou o ritmo dos movimentos dos dedos sobre sua ereção. Sua outra mão escorregou por seu tórax, imaginando como seria se o outro o tocasse ali. Seus dedos fecharam-se sobre um de seus mamilos, apertando-o, e ele arqueou as costas ligeiramente, seus cabelos loiros se espalhando sobre o travesseiro e seus gemidos ecoando pelo quarto silencioso.
- Tão bom... – Shaka suspirou, sua respiração alterada pela excitação, seus quadris acompanhando o ritmo imposto por sua mão.
Imaginou então que ele se debruçaria sobre seu corpo e o beijaria na boca, um beijo suave, mas exigente. Sua língua tocaria a dele, provando, instigando-o. Seus cabelos longos cor de lavanda tocariam seu peito e pescoço, fazendo cócegas e provocando arrepios. Finalmente, uma das mãos do outro cavaleiro alcançaria sua ereção e a envolveria, dando-lhe o prazer que ele tanto queria...
Com um grito rouco, Shaka gozou, seu corpo se contorcendo num espasmo violento. Afundou sua cabeça no travesseiro, sentindo-se exausto, sua respiração muito rápida. Virgem inspirou fundo, sentindo o líquido quente escorrer por seu abdômen.
"Não..." Passada a euforia do orgasmo, Virgem ficou em estado de choque com a cena que criara em sua mente. "Não pode ser..."
Continua
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Sem comentários...
Só uma risada maligna.
