Título: Alguém como você
Autora: Bélier
Categoria: Romance Yaoi
Retratação: Eu não possuo Saint Seiya/Cavaleiros do Zodíaco. Infelizmente (ou felizmente) eu não os possuo, pois do contrário eles teriam namorado mais do que lutado... De qualquer forma, eles são propriedade de Kurumada, Toei e Bandai.
Resumo: Depois de tantas batalhas, o Cavaleiro de Virgem quer encontrar alguém especial para lhe fazer companhia. Será que realmente os opostos se atraem?
Capítulo 4
"Isso é um absurdo... Acho que de tanto meditar, fiquei louco!"
Shaka desceu os degraus que separavam o seu templo do de Leão com passos mais rápidos do que ele normalmente daria.
Virgem mal havia conseguido dormir, depois da sua realização na noite passada. "Eu não posso acreditar num disparate destes!" Shaka sentiu o sol do meio da manhã aquecer seu rosto, enquanto caminhava, um tanto quanto agitado. Passara as primeiras horas do dia meditando, em seu templo, mas sua concentração era sempre quebrada pelas imagens eróticas que sua mente – insana, agora ele poderia afirmar – havia criado.
"Mu é apensas um amigo. Correção: um colega. Eu mal o conheço. Eu sequer tive contato com ele nos últimos anos. Eu estive contra ele, até mesmo! Durante treze anos, ele foi um traidor do Santuário!" Os pensamentos do indiano, sempre tão seguros e organizados, se atropelavam em sua cabeça. "Eu... Eu... não entendo!" Shaka passou a mão pelos cabelos loiros, afastando a franja do rosto. "E Ikki? Eu... gosto de estar com ele. Não gosto? Mas ele me irritou! Insinuou que eu estava me encontrando com... Mu... Mas que coisa!" Shaka irritou-se mais ainda ao ver que seu raciocínio o levava sempre ao mesmo lugar.
Virgem chegou à área de treinamento, e rezou para que pudesse passar despercebido pelo local, onde várias lutas já aconteciam, e chegar ao seu refúgio, no bosque. O indiano já havia descoberto que, em locais mais próximos da natureza, meditar era muito mais fácil.
Mas, para o seu desgosto, ele não ia ter essa sorte.
Shaka deteve-se, ao avistar Ikki. O moreno havia deixado o pequeno bando de crianças que estavam sob sua responsabilidade, e vinha na sua direção. Virgem abaixou a cabeça, aborrecido. "Que infortúnio, o meu! Ele é a última pessoa que eu gostaria de ver, logo agora cedo! Não sei se consigo encará- lo sem me trair!" O loiro virou-se rapidamente, e caminhou no sentido contrário ao de Ikki. "Talvez se eu fingir que eu não o vi..."
O indiano parou novamente, horrorizado, ao sentir outro cosmo poderoso. "Oh... Talvez Ikki seja a – penúltima - pessoa que eu queira ver, hoje!"
Há alguns metros dele, Mu descia as escadas do seu templo. O ariano usava um manto escuro pesado, e estava cercado de guardas. Pelo que Shaka conhecia da rotina do Santuário, para o Mestre estar escoltado, certamente ele ia visitar o vilarejo.
O loiro, sem saber o que fazer, ficou parado, olhando o vulto escuro de Mu se aproximar. Os cabelos lavanda do cavaleiro de Ouro contrastavam incrivelmente contra o roxo do veludo, numa combinação ofuscante. Seus olhos se encontraram com os verdes, e Mu sorriu para ele, amigavelmente.
Shaka, em sua contemplação, esqueceu-se de Ikki, que o alcançou. Fênix o abraçou pela cintura, assustando-o, e depositou um beijo em seu pescoço, fazendo-o estremecer.
- Olá! – Ikki cumprimentou-o, feliz, parecendo não se lembrar do que fizera, no dia anterior. – Não te vi mais, ontem!
- Me solte, seu atrevido! – Shaka desviou-se dos braços de Ikki, temeroso de que Mu os visse abraçados. – Eu já lhe disse para ser discreto!
- O que tem de mais eu te abraçar? – Ikki comentou, sua voz já apresentando um leve tom de irritação. – É sempre assim, você vive me repelindo! Achei que você seria mais maduro com relação a isso! Pensei que você desejasse... ter experiências mais... íntimas.
- Eu... – Shaka pensou numa resposta à acusação que Fênix lhe fizera, de que ele era frígido, mas nesse momento, a comitiva também os alcançou.
- Só um minuto, por favor.- O Mestre do Santuário pediu aos guardas que esperassem. - Bom dia, cavaleiros. – Mu cumprimentou, com educação. Os dois responderam, Ikki de forma bem emburrada, irritado com a interrupção. Áries então voltou sua atenção para Shaka – Seu pé está melhor?
Virgem engoliu em seco, ao se lembrar do modo como o tibetano cuidara do seu pé... – S-Sim, está melhor. Obrigada por perguntar. – Shaka olhou acusador para Ikki, que sequer se lembrara do fato.
- Que bom. – Mu despediu-se com um aceno, e continuou seu caminho.
- Mas que fresco! Quem ele pensa que é? – Ikki comentou, grosseiramente. – "Seu pé está melhor?" – Fênix imitou a fala de Mu, com gestos exagerados.
Shaka o olhou incrédulo. – Pelo menos ele se lembrou de perguntar. E, respondendo a sua pergunta, ele não pensa que é alguém. Ele – é - o Mestre do Santuário.
- Que se dane, ele é muito metido. – A cicatriz do cavaleiro de Bronze franziu junto com sua testa. – E porque você o está defendendo?
- Não estou defendendo ninguém. – O mau-humor de Shaka, nesse ponto, chegou ao máximo que ele suportava. – Acho melhor você voltar para o treinamento, as crianças estão te esperando.
- Hum, certo. – Ikki olhou sobre o ombro as crianças o aguardando no sol. – Podemos nos ver hoje à noite?
Virgem pensou um pouco. – Claro.
- Posso ir até o seu templo? – Ikki perguntou, esperançoso.
Shaka suspirou, pesaroso. "Vamos acabar logo com isso." – Porque não?
-x-
Estrelas já começavam a aparecer no céu, quando Ikki apareceu na sexta casa. Shaka, como sempre, procurava meditar, mas seu pensamento ia bem longe.
O cavaleiro de Bronze, sempre impaciente, tratou logo de chamá-lo a realidade. – Ei, hora de diversão, loiro.
Shaka balançou a cabeça. – O que você chama de diversão?
- Isto. – Fênix ajoelhou-se diante dele, puxando-o para perto de si e beijando-o na boca. Virgem enlaçou o pescoço do moreno, retribuindo o beijo. Shaka sentiu que Ikki deslizava as mãos atrevidamente por sua cintura, procurando alguma brecha em seu sari por onde pudesse tocar sua pele. Não encontrando nada, Ikki desviou uma das mãos até seu peito descoberto parcialmente, afastando o tecido, que escorregou pelo ombro, deixando seu tórax nu.
- Você é tão bonito... – Ikki interrompendo o beijo, sussurrando as palavras no ouvido do loiro. – E é só meu...
- Ikki, eu... – Shaka suspirou, empurrando o peito do outro cavaleiro com as mãos. – Eu não posso.
- Essa não! – O aborrecimento estava estampado na voz de Ikki. – Outra vez essa história?!
- Sinto muito, eu... tenho dúvidas. - Shaka acertou o tecido novamente em seu ombro. O indiano ficara a tarde toda pensando se o que ele havia decidido era realmente o certo a se fazer. Entregar-se para Ikki não ia resolver o seu outro problema. – Eu não me sinto... confortável.
Ikki passou as mãos pelos cabelos bagunçados, nervoso. – Não se sente confortável para fazer sexo?! Eu sei que você é virgem, e tudo o mais, mas já estamos juntos há algumas semanas! Você não me quer?
- Não é isso. – Shaka mentiu. – Eu estou cansado, amanhã conversaremos, tudo bem?
Fênix suspirou, desanimado. – Olha, Shaka, só estou fazendo esse sacrifício porque é você. Caso contrário eu já teria desistido de tentar!
- Agradeço a paciência. – Shaka tentou soar menos frio. – Até amanhã, então...
Depois que Ikki se retirou, ainda reclamando, Shaka continuou sentado no mesmo lugar, decepcionado por não ter conseguido novamente levar sua decisão a termo. Olhou para as mãos cruzadas sobre o colo, pensativo.
-x-
Alguns dias se passaram depois daquele fiasco amoroso, e Shaka, pelo menos, pôde suspirar aliviado. Saori decidira ir até o Japão, visitar sua fundação, e convocara Seiya, Shun e Ikki para que fossem com ela. "Pobre menina, o medo de ser atacada é tanto que não consegue mais sair sozinha..." Apesar da derrota de Hades, o indiano acreditava que Atena ainda tinha bons motivos para se sentir ameaçada. Sua intuição lhe dizia isso.
"Não sei como Ikki concordou em acompanhá-la... Mas foi melhor assim. Posso pensar melhor." Shaka havia prometido ao cavaleiro de Fênix que lhe daria uma resposta quando ele retornasse.
Virgem estava sentado na escada do seu templo. A noite estava bonita. As noites no Santuário eram sempre belas. E solitárias. Ele se recriminou mentalmente. "Eu não precisava estar só." Lembrou-se de outra pessoa que provavelmente também estava só. Movido por um impulso, levantou-se, e cruzou seu templo, saindo pela porta dos fundos. Antes que se desse conta, Shaka estava pedindo autorização para passar pela décima primeira casa. Kamus lia concentrado um livro, enquanto Miro dormia tranqüilamente ao seu lado, ambos do lado de fora do templo.
- Boa noite, Shaka! – Kamus cumprimentou. – Noite quente, não?
- Sim. – O loiro observou o cavaleiro de Escorpião, que roncava levemente. – Oh, então é aqui que ele se esconde? – Virgem brincou, pois sabia do relacionamento dos dois.
- Hum. – Kamus sorriu.
- Esse Santuário não é mais como antigamente! Encontrei a 8ª casa vazia, a 10ª também não tem ninguém...
- Shura saiu. Com a Shina. – Kamus respondeu. – Você também não vai achar ninguém na casa de Peixes...
- Oh. – Shaka entendeu imediatamente. - Bem, vejo que ninguém mais quer ficar sozinho por aqui!
- Acho que isso é normal, não? – Kamus deu de ombros. – E você, afinal, aonde vai?
- Bem, eu... Desejo conversar com o Mestre. Assuntos pessoais. Nada sério.
- Pobre Mu. – Aquário ficou pensativo. – Acho que todos nós o abandonamos, sabe? Ele quase não conversa com ninguém, somente assuntos referentes ao comando do Santuário.
- Tem razão. – Shaka mordeu os lábios. "Isso é uma boa idéia? Não, isso é ridículo!" O indiano pensou em dar meia volta, mas achou que ia ficar estranho retornar, depois de ter comentado com Kamus que ia ver Mu. – Bem, já vou. Até mais.
Shaka atravessou a casa de Peixes sem problemas, e chegou à magnífica entrada do Salão do Mestre. Olhou apreensivo para as duas pesadas portas de madeira. Não havia sinal de guardas. "E agora?" Antes que ele pudesse pensar em dar meia volta, as portas se abriram, lhe dando passagem. "Maldição. Telecinese. Não posso mais voltar"
"Entre, Shaka de Virgem. O que o trás aqui?" O loiro sentiu o cosmo do ariano se comunicar com o seu.
Organizando seus pensamentos, Shaka respondeu formalmente. "Apenas uma visita"
"Ótimo. Venha dividir um chá comigo."
Shaka adentrou no salão, olhando a sua volta. Guiado pelo cosmo de Mu, encontrou-o numa outra sala, que provavelmente era onde as refeições eram servidas.
- Sente-se! – Mu sorriu, indicando uma cadeira e espaldar alto, e já servindo o chá para o indiano.
- Você sabia que eu viria? – Shaka perguntou, mas já sabendo a resposta.
- Bem, senti seu cosmo na décima segunda casa.
- Entendo. – Shaka sentou-se à mesa enorme, e adoçou o chá com um pouco de mel. Os dois ficaram um bom tempo em silêncio. Virgem pensou num assunto qualquer, que pudesse explicar a sua visita ali, mas não achou. Sendo assim, optou pelo mais simples. – Sem nada pra fazer.
- Bem vindo. – Mu mexeu o chá com a pequena colher. – Nós sempre estivemos acostumados às batalhas, é estranho não ter com o que se ocupar, não?
- Bastante.
- Quer jogar xadrez? – Mu convidou.
- Porque não? Seria bom treinar algumas estratégias. – Shaka sorriu.
-x-
Os dois cavaleiros de Ouro passaram as próximas horas concentrados no jogo. Mu saiu vitorioso das duas partidas jogadas.
- Que vergonha, a minha! – Shaka riu, ao receber outro Xeque-Mate, fingindo indignação. Os dois estavam sentados no chão, bem no meio do enorme salão, o tabuleiro de xadrez entre eles. – Ficou provado com isso que não sou bom estrategista!
- Eu não diria isso. Apenas falta de prática. - Mu sorriu. Shaka o observou. Era incrível como o sorriso do tibetano alcançava seus olhos verdes grandes e luminosos. O loiro ruborizou-se ao lembrar-se de como invocara aqueles olhos naquele dia. Observou as mãos delicadas recolhendo as peças do tabuleiro. Aquelas mãos... Em suas coxas. Em seu peito. Shaka refreou seus pensamentos, antes que fossem longe demais. "Acho que minhas reações foram exageradas, naquele dia. Ele só me tocou com cuidado. Não estou acostumado a isso, a delicadezas. Ikki é sempre tão impaciente." Ao se lembrar de Fênix, Shaka agradeceu por Mu não ter comentado nada sobre o cavaleiro de Bronze. Com certeza, ele deveria ter desconfiado, ao vê-los juntos, naquela manhã.
"Se ele pelo menos soubesse..."
Áries descruzou as pernas, e Shaka notou, divertido, que, sob o enorme manto que Mu usava, ele estava descalço, também.
- Isso são modos de um Mestre do Santuário?
Mu olhou para os pés, desconcertado. – Ora, eu estava sozinho! Que mal a nisso? Geralmente eu uso sandálias! – Mu se empertigou. – E logo você vai me cobrar usar sapatos?!
- De modo algum! Além disso, essa roupa é tão longa que ninguém ia notar, mesmo. – Shaka então se lembrou de que já era bem tarde. Imaginou o que Kamus estaria pensando ao ver que ele ainda não voltara. – Bem, preciso ir agora.
- Fico feliz que tenha vindo. Você foi uma ótima companhia para jogar! - Mu comentou, malicioso.
Shaka resmungou, enquanto se levantava e ajeitava seu sari. – Claro, eu só perdi!
- Eu te acompanho até a saída. – Mu levantou-se também.
Shaka caminhou ao lado do ariano, feliz por ter ido até lá e lidado com a idéia que seu subconsciente havia colocado em sua mente.
Continua
Cenas do próximo capítulo...
"Seus olhos azuis cruzaram com os verdes de Mu, e o indiano sentiu seu coração acelerar. Shaka não soube dizer se seu rosto deixou transparecer o que estava sentindo, mas o fato foi que Mu avançou até ele, segurando sua mão entre a dele."
Vamos levantar o IBOPE dessa novela!!!
Beijos
Bélier
belier.aries.blog.uol.com.br
Autora: Bélier
Categoria: Romance Yaoi
Retratação: Eu não possuo Saint Seiya/Cavaleiros do Zodíaco. Infelizmente (ou felizmente) eu não os possuo, pois do contrário eles teriam namorado mais do que lutado... De qualquer forma, eles são propriedade de Kurumada, Toei e Bandai.
Resumo: Depois de tantas batalhas, o Cavaleiro de Virgem quer encontrar alguém especial para lhe fazer companhia. Será que realmente os opostos se atraem?
Capítulo 4
"Isso é um absurdo... Acho que de tanto meditar, fiquei louco!"
Shaka desceu os degraus que separavam o seu templo do de Leão com passos mais rápidos do que ele normalmente daria.
Virgem mal havia conseguido dormir, depois da sua realização na noite passada. "Eu não posso acreditar num disparate destes!" Shaka sentiu o sol do meio da manhã aquecer seu rosto, enquanto caminhava, um tanto quanto agitado. Passara as primeiras horas do dia meditando, em seu templo, mas sua concentração era sempre quebrada pelas imagens eróticas que sua mente – insana, agora ele poderia afirmar – havia criado.
"Mu é apensas um amigo. Correção: um colega. Eu mal o conheço. Eu sequer tive contato com ele nos últimos anos. Eu estive contra ele, até mesmo! Durante treze anos, ele foi um traidor do Santuário!" Os pensamentos do indiano, sempre tão seguros e organizados, se atropelavam em sua cabeça. "Eu... Eu... não entendo!" Shaka passou a mão pelos cabelos loiros, afastando a franja do rosto. "E Ikki? Eu... gosto de estar com ele. Não gosto? Mas ele me irritou! Insinuou que eu estava me encontrando com... Mu... Mas que coisa!" Shaka irritou-se mais ainda ao ver que seu raciocínio o levava sempre ao mesmo lugar.
Virgem chegou à área de treinamento, e rezou para que pudesse passar despercebido pelo local, onde várias lutas já aconteciam, e chegar ao seu refúgio, no bosque. O indiano já havia descoberto que, em locais mais próximos da natureza, meditar era muito mais fácil.
Mas, para o seu desgosto, ele não ia ter essa sorte.
Shaka deteve-se, ao avistar Ikki. O moreno havia deixado o pequeno bando de crianças que estavam sob sua responsabilidade, e vinha na sua direção. Virgem abaixou a cabeça, aborrecido. "Que infortúnio, o meu! Ele é a última pessoa que eu gostaria de ver, logo agora cedo! Não sei se consigo encará- lo sem me trair!" O loiro virou-se rapidamente, e caminhou no sentido contrário ao de Ikki. "Talvez se eu fingir que eu não o vi..."
O indiano parou novamente, horrorizado, ao sentir outro cosmo poderoso. "Oh... Talvez Ikki seja a – penúltima - pessoa que eu queira ver, hoje!"
Há alguns metros dele, Mu descia as escadas do seu templo. O ariano usava um manto escuro pesado, e estava cercado de guardas. Pelo que Shaka conhecia da rotina do Santuário, para o Mestre estar escoltado, certamente ele ia visitar o vilarejo.
O loiro, sem saber o que fazer, ficou parado, olhando o vulto escuro de Mu se aproximar. Os cabelos lavanda do cavaleiro de Ouro contrastavam incrivelmente contra o roxo do veludo, numa combinação ofuscante. Seus olhos se encontraram com os verdes, e Mu sorriu para ele, amigavelmente.
Shaka, em sua contemplação, esqueceu-se de Ikki, que o alcançou. Fênix o abraçou pela cintura, assustando-o, e depositou um beijo em seu pescoço, fazendo-o estremecer.
- Olá! – Ikki cumprimentou-o, feliz, parecendo não se lembrar do que fizera, no dia anterior. – Não te vi mais, ontem!
- Me solte, seu atrevido! – Shaka desviou-se dos braços de Ikki, temeroso de que Mu os visse abraçados. – Eu já lhe disse para ser discreto!
- O que tem de mais eu te abraçar? – Ikki comentou, sua voz já apresentando um leve tom de irritação. – É sempre assim, você vive me repelindo! Achei que você seria mais maduro com relação a isso! Pensei que você desejasse... ter experiências mais... íntimas.
- Eu... – Shaka pensou numa resposta à acusação que Fênix lhe fizera, de que ele era frígido, mas nesse momento, a comitiva também os alcançou.
- Só um minuto, por favor.- O Mestre do Santuário pediu aos guardas que esperassem. - Bom dia, cavaleiros. – Mu cumprimentou, com educação. Os dois responderam, Ikki de forma bem emburrada, irritado com a interrupção. Áries então voltou sua atenção para Shaka – Seu pé está melhor?
Virgem engoliu em seco, ao se lembrar do modo como o tibetano cuidara do seu pé... – S-Sim, está melhor. Obrigada por perguntar. – Shaka olhou acusador para Ikki, que sequer se lembrara do fato.
- Que bom. – Mu despediu-se com um aceno, e continuou seu caminho.
- Mas que fresco! Quem ele pensa que é? – Ikki comentou, grosseiramente. – "Seu pé está melhor?" – Fênix imitou a fala de Mu, com gestos exagerados.
Shaka o olhou incrédulo. – Pelo menos ele se lembrou de perguntar. E, respondendo a sua pergunta, ele não pensa que é alguém. Ele – é - o Mestre do Santuário.
- Que se dane, ele é muito metido. – A cicatriz do cavaleiro de Bronze franziu junto com sua testa. – E porque você o está defendendo?
- Não estou defendendo ninguém. – O mau-humor de Shaka, nesse ponto, chegou ao máximo que ele suportava. – Acho melhor você voltar para o treinamento, as crianças estão te esperando.
- Hum, certo. – Ikki olhou sobre o ombro as crianças o aguardando no sol. – Podemos nos ver hoje à noite?
Virgem pensou um pouco. – Claro.
- Posso ir até o seu templo? – Ikki perguntou, esperançoso.
Shaka suspirou, pesaroso. "Vamos acabar logo com isso." – Porque não?
-x-
Estrelas já começavam a aparecer no céu, quando Ikki apareceu na sexta casa. Shaka, como sempre, procurava meditar, mas seu pensamento ia bem longe.
O cavaleiro de Bronze, sempre impaciente, tratou logo de chamá-lo a realidade. – Ei, hora de diversão, loiro.
Shaka balançou a cabeça. – O que você chama de diversão?
- Isto. – Fênix ajoelhou-se diante dele, puxando-o para perto de si e beijando-o na boca. Virgem enlaçou o pescoço do moreno, retribuindo o beijo. Shaka sentiu que Ikki deslizava as mãos atrevidamente por sua cintura, procurando alguma brecha em seu sari por onde pudesse tocar sua pele. Não encontrando nada, Ikki desviou uma das mãos até seu peito descoberto parcialmente, afastando o tecido, que escorregou pelo ombro, deixando seu tórax nu.
- Você é tão bonito... – Ikki interrompendo o beijo, sussurrando as palavras no ouvido do loiro. – E é só meu...
- Ikki, eu... – Shaka suspirou, empurrando o peito do outro cavaleiro com as mãos. – Eu não posso.
- Essa não! – O aborrecimento estava estampado na voz de Ikki. – Outra vez essa história?!
- Sinto muito, eu... tenho dúvidas. - Shaka acertou o tecido novamente em seu ombro. O indiano ficara a tarde toda pensando se o que ele havia decidido era realmente o certo a se fazer. Entregar-se para Ikki não ia resolver o seu outro problema. – Eu não me sinto... confortável.
Ikki passou as mãos pelos cabelos bagunçados, nervoso. – Não se sente confortável para fazer sexo?! Eu sei que você é virgem, e tudo o mais, mas já estamos juntos há algumas semanas! Você não me quer?
- Não é isso. – Shaka mentiu. – Eu estou cansado, amanhã conversaremos, tudo bem?
Fênix suspirou, desanimado. – Olha, Shaka, só estou fazendo esse sacrifício porque é você. Caso contrário eu já teria desistido de tentar!
- Agradeço a paciência. – Shaka tentou soar menos frio. – Até amanhã, então...
Depois que Ikki se retirou, ainda reclamando, Shaka continuou sentado no mesmo lugar, decepcionado por não ter conseguido novamente levar sua decisão a termo. Olhou para as mãos cruzadas sobre o colo, pensativo.
-x-
Alguns dias se passaram depois daquele fiasco amoroso, e Shaka, pelo menos, pôde suspirar aliviado. Saori decidira ir até o Japão, visitar sua fundação, e convocara Seiya, Shun e Ikki para que fossem com ela. "Pobre menina, o medo de ser atacada é tanto que não consegue mais sair sozinha..." Apesar da derrota de Hades, o indiano acreditava que Atena ainda tinha bons motivos para se sentir ameaçada. Sua intuição lhe dizia isso.
"Não sei como Ikki concordou em acompanhá-la... Mas foi melhor assim. Posso pensar melhor." Shaka havia prometido ao cavaleiro de Fênix que lhe daria uma resposta quando ele retornasse.
Virgem estava sentado na escada do seu templo. A noite estava bonita. As noites no Santuário eram sempre belas. E solitárias. Ele se recriminou mentalmente. "Eu não precisava estar só." Lembrou-se de outra pessoa que provavelmente também estava só. Movido por um impulso, levantou-se, e cruzou seu templo, saindo pela porta dos fundos. Antes que se desse conta, Shaka estava pedindo autorização para passar pela décima primeira casa. Kamus lia concentrado um livro, enquanto Miro dormia tranqüilamente ao seu lado, ambos do lado de fora do templo.
- Boa noite, Shaka! – Kamus cumprimentou. – Noite quente, não?
- Sim. – O loiro observou o cavaleiro de Escorpião, que roncava levemente. – Oh, então é aqui que ele se esconde? – Virgem brincou, pois sabia do relacionamento dos dois.
- Hum. – Kamus sorriu.
- Esse Santuário não é mais como antigamente! Encontrei a 8ª casa vazia, a 10ª também não tem ninguém...
- Shura saiu. Com a Shina. – Kamus respondeu. – Você também não vai achar ninguém na casa de Peixes...
- Oh. – Shaka entendeu imediatamente. - Bem, vejo que ninguém mais quer ficar sozinho por aqui!
- Acho que isso é normal, não? – Kamus deu de ombros. – E você, afinal, aonde vai?
- Bem, eu... Desejo conversar com o Mestre. Assuntos pessoais. Nada sério.
- Pobre Mu. – Aquário ficou pensativo. – Acho que todos nós o abandonamos, sabe? Ele quase não conversa com ninguém, somente assuntos referentes ao comando do Santuário.
- Tem razão. – Shaka mordeu os lábios. "Isso é uma boa idéia? Não, isso é ridículo!" O indiano pensou em dar meia volta, mas achou que ia ficar estranho retornar, depois de ter comentado com Kamus que ia ver Mu. – Bem, já vou. Até mais.
Shaka atravessou a casa de Peixes sem problemas, e chegou à magnífica entrada do Salão do Mestre. Olhou apreensivo para as duas pesadas portas de madeira. Não havia sinal de guardas. "E agora?" Antes que ele pudesse pensar em dar meia volta, as portas se abriram, lhe dando passagem. "Maldição. Telecinese. Não posso mais voltar"
"Entre, Shaka de Virgem. O que o trás aqui?" O loiro sentiu o cosmo do ariano se comunicar com o seu.
Organizando seus pensamentos, Shaka respondeu formalmente. "Apenas uma visita"
"Ótimo. Venha dividir um chá comigo."
Shaka adentrou no salão, olhando a sua volta. Guiado pelo cosmo de Mu, encontrou-o numa outra sala, que provavelmente era onde as refeições eram servidas.
- Sente-se! – Mu sorriu, indicando uma cadeira e espaldar alto, e já servindo o chá para o indiano.
- Você sabia que eu viria? – Shaka perguntou, mas já sabendo a resposta.
- Bem, senti seu cosmo na décima segunda casa.
- Entendo. – Shaka sentou-se à mesa enorme, e adoçou o chá com um pouco de mel. Os dois ficaram um bom tempo em silêncio. Virgem pensou num assunto qualquer, que pudesse explicar a sua visita ali, mas não achou. Sendo assim, optou pelo mais simples. – Sem nada pra fazer.
- Bem vindo. – Mu mexeu o chá com a pequena colher. – Nós sempre estivemos acostumados às batalhas, é estranho não ter com o que se ocupar, não?
- Bastante.
- Quer jogar xadrez? – Mu convidou.
- Porque não? Seria bom treinar algumas estratégias. – Shaka sorriu.
-x-
Os dois cavaleiros de Ouro passaram as próximas horas concentrados no jogo. Mu saiu vitorioso das duas partidas jogadas.
- Que vergonha, a minha! – Shaka riu, ao receber outro Xeque-Mate, fingindo indignação. Os dois estavam sentados no chão, bem no meio do enorme salão, o tabuleiro de xadrez entre eles. – Ficou provado com isso que não sou bom estrategista!
- Eu não diria isso. Apenas falta de prática. - Mu sorriu. Shaka o observou. Era incrível como o sorriso do tibetano alcançava seus olhos verdes grandes e luminosos. O loiro ruborizou-se ao lembrar-se de como invocara aqueles olhos naquele dia. Observou as mãos delicadas recolhendo as peças do tabuleiro. Aquelas mãos... Em suas coxas. Em seu peito. Shaka refreou seus pensamentos, antes que fossem longe demais. "Acho que minhas reações foram exageradas, naquele dia. Ele só me tocou com cuidado. Não estou acostumado a isso, a delicadezas. Ikki é sempre tão impaciente." Ao se lembrar de Fênix, Shaka agradeceu por Mu não ter comentado nada sobre o cavaleiro de Bronze. Com certeza, ele deveria ter desconfiado, ao vê-los juntos, naquela manhã.
"Se ele pelo menos soubesse..."
Áries descruzou as pernas, e Shaka notou, divertido, que, sob o enorme manto que Mu usava, ele estava descalço, também.
- Isso são modos de um Mestre do Santuário?
Mu olhou para os pés, desconcertado. – Ora, eu estava sozinho! Que mal a nisso? Geralmente eu uso sandálias! – Mu se empertigou. – E logo você vai me cobrar usar sapatos?!
- De modo algum! Além disso, essa roupa é tão longa que ninguém ia notar, mesmo. – Shaka então se lembrou de que já era bem tarde. Imaginou o que Kamus estaria pensando ao ver que ele ainda não voltara. – Bem, preciso ir agora.
- Fico feliz que tenha vindo. Você foi uma ótima companhia para jogar! - Mu comentou, malicioso.
Shaka resmungou, enquanto se levantava e ajeitava seu sari. – Claro, eu só perdi!
- Eu te acompanho até a saída. – Mu levantou-se também.
Shaka caminhou ao lado do ariano, feliz por ter ido até lá e lidado com a idéia que seu subconsciente havia colocado em sua mente.
Continua
Cenas do próximo capítulo...
"Seus olhos azuis cruzaram com os verdes de Mu, e o indiano sentiu seu coração acelerar. Shaka não soube dizer se seu rosto deixou transparecer o que estava sentindo, mas o fato foi que Mu avançou até ele, segurando sua mão entre a dele."
Vamos levantar o IBOPE dessa novela!!!
Beijos
Bélier
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