Título: Alguém como você

Autora: Bélier

Categoria: Romance Yaoi

Retratação: Eu não possuo Saint Seiya/Cavaleiros do Zodíaco. Infelizmente (ou felizmente) eu não os possuo, pois do contrário eles teriam namorado mais do que lutado... De qualquer forma, eles são propriedade de Kurumada, Toei e Bandai.

Resumo: Depois de tantas batalhas, o Cavaleiro de Virgem quer encontrar alguém especial para lhe fazer companhia. Será que realmente os opostos se atraem?

Capítulo 6

- Shaka! Mu! Aconteceu alguma coisa? – Saori perguntou, tentando demonstrar firmeza, mas sua voz adolescente traiu seu nervosismo.

- Não, Athena... – Mu suspirou, ligeiramente irritado. – Não aconteceu nada!

- Para um cavaleiro de Ouro se dirigir ao Mestre... – A deusa olhava de um para o outro.

Shaka permaneceu de olhos fechados, tentando manter-se calmo e não demonstrar o que eles tinham estado fazendo até aquele momento. Realmente, era muito raro um cavaleiro de Ouro reportar-se ao Mestre, em épocas de paz. – Atena, eu apenas o procurei para me aconselhar, só isso.

- Oh... Entendo. – Saori pareceu finalmente acreditar. Shaka imaginou que a pobre deusa detestaria que algum perigo iminente voltasse a colocá-los em combate. Seu olhar então se desviou para os acompanhantes de Atena.

Ikki o olhava, incrédulo. Virgem notou o ódio estampado nos olhos azuis, ao encará-lo. O cavaleiro de Bronze desviou sua atenção para Mu, em sua roupa de treinamento. Virgem se recriminou mentalmente. Não era assim que ele imaginava ter que lidar com isso. Maldita luxúria humana!

Era óbvio que Ikki não ia despejar sua ira ali, diante de Atena e de seus companheiros. Apesar de sua personalidade explosiva e exaltada, o indiano sabia que Fênix era orgulhoso demais para se rebaixar.

- Senhorita, eu poderia lembrá-la de que esses aposentos são particulares? – Mu comentou, paciente.

- Oh, claro! – O rosto da deusa se avermelhou ligeiramente. Saori retirou- se do salão. Seiya a seguiu imediatamente, mas Shun esperou o irmão.

Ikki apenas lançou um último olhar aos dois, e saiu também.

- Eu acho melhor voltar ao meu templo, também. – Shaka comentou, frustrado. – Conversamos depois.

- Se você deseja ficar com ele, eu entendo. – Mu falou, indiferente.

Shaka se surpreendeu com o tom de voz do cavaleiro de Áries. Encarou-o, sem acreditar. – Eu não desejo ficar com ele!

- Então, por que mentiu, Shaka? – Mu deu as costas ao loiro e saiu do aposento, deixando o indiano sozinho.

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Shaka não havia chegado ainda à casa de Peixes quando Ikki o alcançou. Sem vontade de conversar, Virgem continuou caminhando, mas Fênix o segurou pelo braço, obrigando-o a parar.

- Fale a verdade, Shaka! O quê você estava fazendo lá com o Mu? – Ikki perguntou, sua voz deixando transparecer a raiva que estava sentindo. Virgem sentiu a mão de Ikki apertar seu braço.

- Eu... – Shaka suspirou, derrotado. Não conseguiu encontrar palavras para se justificar. Ainda estava aborrecido com o que Mu dissera.

- Eu sabia. – A raiva nos olhos de Ikki pareceu se transformar em mágoa. – Você estava muito indeciso, mesmo...

- Eu nem sei como aconteceu tudo isso... – Shaka tentou ser sincero. O indiano queria, desesperadamente, ficar sozinho.

- Por quê, Shaka? – Ikki o sacudiu rudemente. – Por que ele? Eu sempre gostei de você!

- Como se fosse possível controlar isso! – Shaka retrucou, irritado. O loiro já estava começando a se aborrecer com tantas cobranças a respeito de seus sentimentos. Com um safanão, livrou-se do aperto de Ikki. – Pelo pouco que conheço sobre relacionamentos, ninguém escolhe por quem vai se apaixonar!

Ikki deu um passo atrás. Shaka finalmente percebeu o que havia dito.

- Sinto muito. – Virgem virou-se, e continuou a descer.

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Nos dias que se seguiram ao incidente no Salão do Mestre, Shaka meditou bastante, tentando se isolar das pessoas e livrar sua mente de todos os pensamentos que o incomodavam. No entanto, por mais que se esforçasse, não conseguia deixar de se lembrar que magoara uma pessoa que o considerava muito. Ikki jamais o perdoaria. O que era uma pena. Virgem o considerava um excelente guerreiro. Mas era só.

Por outro lado... Com seu comportamento imaturo, deixara a pessoa com quem gostaria de estar cheia de dúvidas a respeito dos seus sentimentos. Fora um tolo ao imaginar que Mu não sabia nada sobre o seu – mesmo que superficial – envolvimento com Ikki. Ao tentar fugir da situação em que fora pego, acabou se desmoralizando diante do ariano. Provavelmente, Mu agora imaginava que ele estava brincando com ambos.

Shaka suspirou. Sentia-se impotente diante do sentimento que se apresentava à sua frente. Uma coisa tão banal tornara-se um empecilho tão grande para sua mente controlada, acostumada a desvendar sempre os grandes mistérios da humanidade.

Desejou jamais ter se envolvido com eles.

Principalmente com Mu.

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Virgem já estava convencido de que o ariano não faria o primeiro movimento, quando recebeu, através de um criado, uma convocação.

Shaka olhou surpreso para a correspondência em suas mãos. Indeciso, rompeu o lacre, e leu atentamente as poucas linhas. Enfureceu-se no momento em que terminou de ler. O Mestre do Santuário exigia sua presença imediatamente. O não comparecimento seria considerado um ato de traição.

O indiano subiu até o Salão do Mestre. "Como ele ousa me tratar como um qualquer?" Não se importou em explicar aos outros cavaleiros o porquê de sua passagem. Imaginou que eles já deveriam estar desconfiados do que estava acontecendo, pela freqüência com que ele se dirigia a Mu.

Shaka adentrou o salão, sem ao menos se anunciar aos guardas, que tentaram contê-lo. Sem conseguir esconder sua impaciência, avançou pelo tapete que se estendia por todo o comprimento do recinto, até alcançar o trono do Mestre. Encontrou Mu sentado, com a cabeça apoiada em uma das mãos, observando-o atentamente.

- O que deseja de mim... – Shaka parou abruptamente diante do olhar pensativo que Mu lhe lançava. – ... grande Mestre? – Deixou que as últimas palavras viessem carregadas de ironia. O loiro olhou de relance para aos guardas que ainda permaneciam na porta, preocupados com a entrada furiosa do cavaleiro de Virgem.

- Nos deixem a sós! – Áries ordenou aos guardas, que o obedeceram imediatamente, saindo e fechando a pesada porta de madeira.

- Eu queria vê-lo. Só isso. – Mu comentou, gentilmente.

- E por que deseja me ver? – Shaka sentiu sua raiva abrandar, diante da declaração. Mas logo voltou a se irritar, ao perceber o que deveria ter acontecido. – Você sabe que eu não estou me encontrando com Ikki!

Mu não respondeu.

- Eu não entendo! – O loiro fechou as mãos, apertando-as fortemente.

- Exatamente o quê você não entende, Shaka? – Mu permaneceu sério.

O indiano encarou o Mestre. – Não entendo o que estou sentindo!

- A questão, Shaka, é: você se sente bem? – O ariano perguntou, sem se mover, mas seus olhos brilharam de uma forma estranha.

Shaka não deixou escapar o olhar de desejo que o outro lhe lançou. Sentiu suas convicções começarem a ruir. – Muito. – Sussurrou.

- Venha até aqui, então... – Mu pediu, sua voz ligeiramente rouca.

Hesitante, Shaka subiu os degraus que o separavam do trono, até parar diante do tibetano. Seus pés descalços esbarraram no tecido macio do manto do Mestre.

- Mais... perto... – Os olhos verdes mantinham-se fixos nos azuis.

"Eu poderia dizer-lhe que é impossível chegar mais perto. Ou que há pelo menos vinte guardas do lado de fora do salão, loucos pra saber o que está acontecendo aqui dentro. Ou que ele é um atrevido. Um convencido, se acha que vou fazer isso que ele está insinuando! Quem ele pensa que eu sou? Eu sou um cavaleiro de Ouro, não vou obedecer às suas ordens, mesmo que ele seja o Mestre!"

- Isso não é uma ordem, Shaka. – Mu comentou, divertido, adivinhando o que se passava pela cabeça do indiano. – É só uma sugestão...

- Oh, seu maldito! – Shaka escalou o trono e sentou-se no colo de Mu, apoiando seus joelhos ao lado das coxas do Mestre. – Por que faz isso comigo? – Virgem enlaçou o pescoço do ariano, sua boca procurando desesperadamente a dele, louco para sentir novamente a doçura daqueles lábios.

Mu retribuiu o beijo ardente do cavaleiro de Virgem, atraindo-o para mais perto de si, suas mãos apertando com firmeza a cintura do indiano, como se tivesse medo de que ele mudasse de idéia. Shaka ajeitou-se melhor sobre ele, suspirando de prazer. Que o ariano pensasse o que quisesse dele.

Shaka segurou o rosto de Mu entre suas mãos, fazendo-o erguer mais a cabeça, buscando um ângulo melhor para poder beijá-lo. Seus cabelos loiros caíram sobre eles como uma cortina, misturando-se aos lilases. Virgem sentiu o tibetano baixar as mãos de sua cintura, acariciando-o atrevidamente. "Mas que abusado!" Shaka ficou surpreso, mas achou que um tapa estava fora de questão, naquelas circunstâncias. Deixou que o outro o tocasse, apreciando o contato entre seus corpos.

Ofegante, separou seus lábios dos dele. – O que pensa que está fazendo? – Mu beijou-o no ombro, rente ao pescoço. – Alguém pode entrar... – Virgem argumentou, sem muita convicção. Sentiu o cavaleiro de Áries suspirar contra sua pele, e, por um momento, achou que ele fosse desistir de continuar. Mas o tibetano apenas apertou com força suas mãos nele, puxando- o mais ainda contra ele.

Shaka gemeu, ao sentir a ereção de Mu roçar contra a sua, e desistiu de tentar argumentar. Apertou os quadris contra os do tibetano, aumentando a pressão, e sentiu que ele erguia os dele para encontrá-lo. Virgem moveu-se sedutoramente sobre o colo do amigo, desejando que as roupas pesadas não os atrapalhassem tanto, mas, ao mesmo tempo, sentindo o tecido do seu sari roçar em sua pele sensível, numa deliciosa tortura.

Mu segurou-o pela cintura, afundando-o mais ainda contra sua virilha, e Shaka já estava achando aquilo insuportável. Deixou que sua língua vasculhasse cada canto da orelha de Mu, arrancando gemidos altos do amigo. Sua mente enevoada imaginou vagamente se os guardas estariam ouvindo aquilo, e o que estariam pensando, em caso afirmativo. Shaka sorriu diante da idéia. "Provavelmente, vão achar que eu o estou matando!"

Virgem gritou, entre dor e prazer, quando Mu mordeu-lhe o ombro. "Isso vai ficar marcado..." Não conseguiu sentir raiva. Ficou ainda mais excitado ao imaginar a marca de amor que o outro lhe deixara. Colou sua virilha à do cavaleiro de Áries, desesperado para acabar com aquele tormento, e moveu-se mais depressa, sentindo as ondas de prazer virem com mais intensidade.

O orgasmo o atingiu como uma bomba. Shaka perdeu momentaneamente a noção das coisas, o fato de que Mu também estava gozando sob ele sendo registrado vagamente. Seus gemidos misturaram-se ao do amigo, e suas mãos agarraram o cabelo lavanda, puxando-os com força. Finalmente, o indiano debruçou-se sobre o ombro do ariano, sentindo-o mover-se mais algumas vezes, debaixo dele. Respirou fundo, tentando recobrar o fôlego, e aproveitando o sentimento de liberação que o orgasmo lhe proporcionou.

Finalmente voltando a pensar com clareza, Shaka encarou Mu. Notou que o rosto do ariano, geralmente pálido, estava extremamente corado. Shaka deu- se conta, então, do seu sari molhado e pegajoso. - Por Buda, que bagunça fizemos aqui! – Comentou, com desgosto. Tentou erguer-se, sem sucesso, seus joelhos levemente bambos. Tombou seu corpo novamente sobre o do outro cavaleiro. De repente, a seriedade do que ele havia feito veio à tona. – Isso é horrível! – Shaka ruborizou-se, recusando-se a acreditar que realmente tinham feito aquilo!

Mu abraçou-o, acariciando suas costas, sua respiração ainda pesada. – Não vejo nada demais. Foi tão bom... – Áries lambeu a mancha dolorida no ombro alvo do loiro. – Sinto muito por isso...

Shaka não pôde deixar de sorrir, diante da situação. – Ridículo! Parecemos dois adolescentes com os hormônios a flor da pele!

O tibetano afundou o rosto entre os cabelos loiros. – Não sei quanto a você, Shaka, mas eu só tenho vinte anos... – O ariano riu.

Virgem penteou os cabelos de Mu com os dedos, pensativo. Era verdade. Ele já havia passado por tanta coisa, que não se sentia apenas com essa idade. Revoltou-se contra o pensamento de que havia sofrido tanto, e agora simplesmente não conseguia se sentir livre para desfrutar de coisas simples, que eram permitidas aos seres humanos normais, sem restrição.

Dando um último beijo em Mu, Shaka levantou-se. Tentou ajeitar-se da melhor maneira possível. Lançou um olhar encabulado ao ariano, que também já estava de pé. – Alguma sugestão?

- Muitas... – Mu segurou-o pela mão. – Fique aqui comigo.

- Não, melhor não. – Shaka olhou pensativo para a porta. Encarou então o outro cavaleiro de Ouro. "O que somos nós, agora?" Seus olhos azuis buscaram uma resposta nos verdes.

Continua

Comentários da autora:

Bem, caras leitoras, tentem imaginar o Shaka saindo do Salão com o sari molhado. Eu me recuso a escrever essa cena indigna! (risos)

Ultimamente, eu ando muito estranha. Depois daquele capítulo em que o Shaka... hã, vocês sabem, decidi escrever outro... diferente. É que parece que, às vezes, fica tão repetitivo, aquela história de beija, abraça, e vai direto pra cama... Achei que seria legal fazer algo mais... ousado. Não sei quanto a vocês, mas eu achei que o resultado final ficou legal. Uma dose boa de erotismo, mas sem muita vulgaridade.

É muito provável que o próximo capítulo seja o último. Espero sinceramente que seja!

Beijocas!

Bélier