Título: Alguém como você

Autora: Bélier

Categoria: Romance Yaoi

Retratação: Eu não possuo Saint Seiya/Cavaleiros do Zodíaco. Infelizmente (ou felizmente) eu não os possuo, pois do contrário eles teriam namorado mais do que lutado... De qualquer forma, eles são propriedade de Kurumada, Toei e Bandai.

Resumo: Depois de tantas batalhas, o Cavaleiro de Virgem quer encontrar alguém especial para lhe fazer companhia. Será que realmente os opostos se atraem?

Capítulo 7

A noite estava muito quente. Shaka gemeu, frustrado, sem conseguir dormir. Virou-se na cama novamente e os lençóis, já amarrotados devido à sua agitação, colaram-se ao seu corpo suado. O loiro jogou-os longe, irritado.

Observou o luar que entrava pelas janelas altas do seu quarto. As aberturas na parede de pedra que ele chamava de janelas, na verdade. Desejou que elas fossem maiores, ou mais baixas, para que pelo menos uma brisa suave o refrescasse.

Mas o ar permanecia parado, e o calor, sufocante.

Shaka deitou-se de bruços, esparramando suas pernas longas displicentemente sobre o colchão não muito confortável. O loiro abraçou o travesseiro, afundando sua cabeça nele. O que ele não daria por um quarto mais arejado e uma cama mais macia, nesse momento.

Os pensamentos de Shaka voltaram-se novamente para o que acontecera no salão do mestre, naquela tarde. As sensações de prazer invadiram-lhe mente e corpo, ao relembrar tudo.

- Mu... – O loiro sussurrou contra o travesseiro, suspirando.

Apesar de extremamente envergonhado pela forma leviana com que haviam feito aquilo, não podia negar que havia sido uma experiência e tanto.

A pergunta voltou a atormentá-lo.

"O quê somos nós, agora?"

"Amigos? Não somos mais apenas amigos..." Shaka pensou, apoiando o queixo no travesseiro e fixando um ponto qualquer na parede. "Aliás, nunca fomos... Apesar de termos muitas coisas em comum." Virgem surpreendera-se com a cultura do cavaleiro de Áries, nas poucas conversas que mantiveram. Mu parecia ter uma visão bem ampla do mundo, apesar de ter vivido treze anos isolado em uma terra erma.

Mas o que mais o intrigava era a forma como seu corpo reagia ao do tibetano. Virgem sempre se julgara extremamente recatado, ainda mais depois da experiência com Ikki, mas Mu conseguia arrancar dele reações muito mais... eufóricas do que as que ele já havia se permitido. Aquilo o incomodava um pouco, pois sentia que o ariano o controlava mais do que ele gostaria, e ele nunca tolerara que outras pessoas o subjugassem. Jamais admitiu que os outros vissem suas fraquezas.

Por outro lado...

Aquilo não era uma luta. Mu não usaria aquilo contra ele. Além disso, Shaka não era tão ingênuo para não perceber que o ariano também se deixava levar pela paixão, quando estavam juntos. Talvez eles pudessem desfrutar daquele sentimento...

Virgem se pegou imaginando como seria consumar a relação com o outro Cavaleiro de Ouro. Mu sempre lhe parecera tão pacato... Que tipo de amante ele seria?

Shaka afundou o rosto novamente no travesseiro, resmungando.

O indiano notou que estava excitado. Não se incomodou mais diante do fato. Afinal, depois que se encontrara a primeira vez com o ariano, no bosque, seus hormônios estavam decididamente se negando a obedecê-lo. Seu autocontrole, tão bem cultivado durante todos aqueles anos de treinamento, definitivamente ia por água abaixo, quando o assunto era conter seus impulsos sexuais.

Shaka moveu os quadris devagar, seu membro rijo roçando contra o tecido. O loiro suspirou, deliciando-se com os arrepios de prazer que percorreram seu corpo nu.

Se pelo menos Mu estivesse ali.

Virgem pressionou sua virilha novamente contra o colchão, gemendo baixinho, sua voz abafada pelo travesseiro. Desejou que o outro cavaleiro estivesse junto dele, para lhe dar o prazer que ele tanto ansiava.

E ele queria tudo. Queria se perder nos braços do tibetano. Queria se entregar a ele, e também possuí-lo. Queria deixar a luxúria sobrepujar seus pensamentos racionais.

Queria...

Shaka sentiu uma mão delicada tocar a parte mais baixa de suas costas. Retesou seus músculos, num sinal de alarme, mas logo relaxou, ao sentir o cosmo gentil do homem que se sentava na cama. Surpresa tomou conta dele. Tentou virar-se para encarar o invasor da sexta casa, mas uma leve pressão em suas costas lhe indicou que permanecesse naquela posição.

Confiante, Virgem deixou seu corpo descansar novamente sobre o colchão, apoiando sua cabeça contra o travesseiro. – O quê faz aqui? – A voz do indiano soou rouca.

- Você me chamou... – Mu respondeu, suavemente. – Eu vim.

"O poder dele!" Shaka fechou os olhos, envergonhado. "Será que algum dia conseguirei esconder meus sentimentos desse homem?"

- Quer que eu vá embora? – Shaka sentiu a mão do ariano subir por suas costas, acariciando-o, retirando as mechas longas de cabelo loiro que cobriam sua pele suada.

- Não. – Virgem sussurrou. Um arrepio incontrolável percorreu sua espinha. – Mu?

Mu debruçou-se sobre ele, beijando-lhe a nuca. – Sim? – A respiração fresca de Áries junto à sua pele quente fez com que Shaka contraísse os ombros, involuntariamente.

- Hoje à tarde... Não foi o suficiente.

- Eu sei. – Mu inclinou-se um pouco mais, seus lábios agora tocando a orelha do indiano. – Shaka... – Áries tocou o ouvido do cavaleiro de Virgem com a língua, acariciando-o. Shaka gemeu em resposta, e Mu baixou sua mão até tocar as nádegas do loiro. – Vê-lo assim... nu... você é perfeito.

O loiro se espreguiçou, deliciando-se com as palavras e gestos do ariano, sentindo a mão macia percorrer seu corpo. Estremeceu ligeiramente quando o outro cavaleiro deixou que seus lábios seguissem o mesmo caminho. Mu depositou beijos molhados por sua pele, até alcançar sua cintura. Virgem contorceu-se de prazer, ansiando por mais.

Shaka sentiu que Mu se levantava, o abandonando. Um leve farfalhar ecoou pelo quarto silencioso, e ele imaginou que o ariano estivesse se despindo. Virou-se, apoiando-se em seus cotovelos, para poder observá-lo. Pela penumbra, Shaka pôde observar o tibetano retirar o manto leve, diferente dos que ele costumava usar como Mestre. Seus olhos observaram curiosamente todos os contornos do corpo bonito do outro homem. Mu se parecia bastante com o próprio Shaka. E não só fisicamente. A personalidade do ariano era semelhante à dele. Eles eram iguais. E aquilo o agradava.

Eram almas gêmeas.

Mu terminou de se despir e deitou-se sobre Virgem, ajeitando-se entre as coxas firmes do loiro. Apoiando-se nos cotovelos, o ariano circulou com as mãos o rosto de Shaka, seus polegares acariciando suavemente a face perfeita do indiano. Os olhos verdes sondaram o interior dos azuis, curiosos.

A boca do tibetano procurou a de Shaka, que correspondeu ao beijo ardentemente. Suas línguas se tocaram, já com cumplicidade. O indiano provou mais uma vez o gosto delicado dos lábios do ariano, um leve sabor de canela. Shaka simplesmente adorava compartilhar aquilo com Mu. Respirar o mesmo ar que ele, brigar por espaço dentro da sua boca, misturar sua saliva à dele. A sensação de intimidade era incrível.

Beijaram-se durante muito tempo. Shaka poderia ficar horas ali, apenas sentindo a boca do ariano passear por seus lábios, suas pálpebras, seu queixo, seu pescoço. Mu parecia notar o quanto ele se entregava àquelas carícias, e não tinha pressa em buscar todos os pontos sensíveis de sua pele.

O loiro abriu os olhos, pesaroso, ao sentir Áries afastar-se dele novamente. Sem que ele esperasse, Mu apoiou as mãos em suas coxas, empurrando-as gentilmente e ajeitando-se entre elas. O coração de Shaka acelerou-se quando ele, surpreso, notou o que o ariano estava prestes a fazer. Por um breve instante, o indiano hesitou, sem saber o que dizer, mas quando Mu alcançou sua ereção com uma das mãos, apenas gemeu em resposta.

Mu lambeu sem pressa todo seu sexo, deixando sua língua brincar com a ponta umedecida. Shaka gemeu em resposta, incentivando o companheiro a continuar. Áries deixou sua boca envolver a ereção do loiro, seus lábios macios percorrendo todo o comprimento avidamente. Shaka não pôde acreditar que Mu estava fazendo isso a ele, e no quanto aquela sensação era boa. O tibetano aumentou a velocidade dos movimentos, levando-o bem fundo em sua boca quente, arrancando pequenos gemidos entrecortados do loiro.

Virgem ergueu-se, apoiando-se em um dos cotovelos, afoito. Segurou, um tanto quanto rudemente, os cabelos lavanda do tibetano, retirando algumas mechas que encobriam o rosto delicado. Ele queria vê-lo. Queria ver aquele homem, de beleza tão rara, dando-lhe prazer. Mordeu o lábio inferior para refrear seus gemidos, assistindo a boca do ariano deslizar sobre sua ereção. Mu ergueu os olhos, encarando-o, e Shaka segurou a respiração, sentindo seu baixo ventre se contrair com o orgasmo eminente. Na hora exata em que ele chegava ao êxtase, o ariano substituiu a boca por sua mão rapidamente, mas manteve o ritmo, continuando a estimulá-lo. O loiro, sem se conter, gozou abundantemente na mão do tibetano, um gemido rouco escapando de seus lábios.

Ofegante, Virgem aos poucos foi voltando a si, uma languidez se espalhando por seu corpo suado. Obrigou-se a abrir os olhos, para encarar aquele que conseguia tira-lo do sério, com sua boca, sua mãos... A luz fraca do luar era apenas suficiente para quebrar a escuridão do quarto, mas mesmo assim Shaka pôde notar a face afogueada de Mu e os seus cabelos lavanda ligeiramente despenteados, cascateando por seu rosto e ombros. Áries aproximou-se dele, beijando-o novamente. Shaka correspondeu, seus dedos se enroscando nas mechas sedosas.

Mu afastou sua boca da de Shaka, seus olhos buscando contato com os azuis. O loiro notou que o ariano posicionou uma das mãos entre suas pernas, e sentiu os dedos molhados dele sondarem sua parte mais íntima. Shaka finalmente entendeu porque o tibetano havia poupado seu sêmen, recolhendo-o com a mão. Gemeu alto, sentindo um leve ardor, quando Mu introduziu um dedo nele, sem dificuldade, lubrificando-o com o líquido pegajoso.

Shaka abriu mais as pernas, dando mais acesso ao tibetano, que juntou outro dedo à exploração. O loiro gritou de prazer quando Mu tocou num ponto sensível. Arqueou o corpo involuntariamente, a pressão dos dedos do ariano dentro dele provocando-lhe uma sensação diferente das que havia experimentado até então. Fechou os olhos, sentindo Áries morder de leve a ponta de um de seus mamilos, aumentando seu tormento. Sua ereção começou a ganhar corpo novamente, enquanto os dedos hábeis o provocavam.

Sem que o loiro esperasse, o ariano retirou seus dedos, dando fim a carícia íntima. Mu ajoelhou-se sobre o colchão, e instigou Shaka a se levantar, puxando-o suavemente pelos pulsos. Virgem deixou-se levar pelos gestos seguros do outro homem, e ergueu-se também em seus joelhos. Virando-se de costas para o ariano, Shaka se sentou sobre as coxas dele, apoiando as costas em seu tórax. Áries enlaçou-o firmemente pela cintura, enquanto afastava os cabelos das costas do loiro com a outra mão, jogando-os para frente.

Mu descansou seu queixo no ombro de Shaka, sua respiração pesada fazendo cócegas no pescoço do indiano. Durante algum tempo, nenhum dos dois disse nada. O indiano fechou os olhos, tentando se acalmar, sentindo o coração do cavaleiro de Áries bater, num ritmo descompassado, junto às suas costas.

- Tudo bem? – O tibetano quebrou o silêncio, beijando carinhosamente o ombro do cavaleiro de Virgem.

- Sim. – Shaka respondeu, num sussurro quase inaudível.

Mu segurou-o pela cintura, erguendo-o levemente, e Shaka acompanhou seus movimentos, deixando-se penetrar. Por instinto, jogou seu corpo para frente, ao sentir a dor invadindo-o, mas Mu passou um braço pelo tórax do indiano, trazendo-o novamente para junto do seu peito. Shaka notou que o tibetano continha-se, apenas a ponta de seu sexo invadindo seu corpo virgem. Áries segurou o rosto do loiro com delicadeza, e fez com que ele voltasse sua face para ele, dando-lhe assim acesso a sua boca. Beijou-o com paixão, sua língua buscando a dele. Shaka correspondeu sofregamente, e notou que o ariano se empurrava um pouco mais contra ele. Relaxou o corpo, afastando as pernas ligeiramente, e se ajeitando melhor sobre o colo de Mu, que deixou escapar um gemido abafado.

Mu aproveitou que Shaka havia cedido um pouco mais e levou uma das mãos até segurar com firmeza a ereção do loiro, o acariciando. Shaka interrompeu o beijo, buscando ar, e o ariano imediatamente passou a morder o lóbulo da orelha do cavaleiro de Virgem.

O desconforto foi aos poucos desaparecendo, e Shaka começou a desfrutar a invasão do amante em seu corpo. Amante. Sua mente nublada deliciou-se com o pensamento. Finalmente ele havia se livrado de todos os seus questionamentos e se entregado àquele prazer mundano, permitido a todos os humanos. Ele havia confiado seu corpo e sua alma à Mu, e não sentia constrangimento algum disso. Depois de tantos anos dedicados a Buda e à Athena, ele finalmente havia sido egoísta o suficiente para dar vazão aos seus próprios sentimentos.

O indiano ergueu uma das mãos, hesitante, até tocar os cabelos longos de Áries, e envolveu seus dedos neles, puxando-os levemente para chamar a atenção do tibetano. Mu parou imediatamente seus movimentos, temeroso de que estivesse machucando o cavaleiro de Virgem, mas Shaka se moveu, insinuante. Seus lábios buscaram o ouvido do ariano, sua voz saiu rouca, apenas um sussurro.

- Tudo.

Shaka sentiu o amante estremecer ligeiramente, diante do seu pedido. Impossível nega-lo.

Mu penetrou-o de uma só vez, arrancando um gemido longo do loiro. Shaka procurou acompanhar com os quadris o mesmo ritmo que Mu impunha, com a mão, à sua ereção. Não foi difícil, e logo o indiano notou, pelos gemidos abafados do ariano, que o amante desfrutava daquela dança sensual tanto quanto ele. Shaka ansiava tanto por prazer, que havia se esquecido completamente de que ele, seu corpo todo, poderia satisfazer outra pessoa. Satisfazer Mu.

Shaka agarrou com mais força o cabelo de Mu, como se buscasse apoio, sentindo que outro orgasmo se aproximava. Pela respiração entrecortada do amante, e pelos movimentos cada vez mais rápidos e já sem controle, imaginou que ele também já estava bem próximo de gozar.

A satisfação para ambos veio quase ao mesmo tempo. Shaka sentiu seus músculos se contraírem com o orgasmo, levando Mu junto com ele. O loiro sentiu o sêmen do amante invadir-lhe o corpo, sua mente se negando a registrar qualquer outra coisa que não fosse aquele sentimento de satisfação que tomava conta do seu ser. Seu coração batia descompassado, e sua mão crispara-se, impiedosa, nos cabelo lavanda. Virgem soltou as mechas, notando vagamente o leve gemido que o companheiro deixou escapar.

Ofegante, Shaka apoiou as mãos nas coxas do tibetano, que, por sua vez, descansou sua testa suada nas costas do loiro. O indiano sentiu os cabelos levemente úmidos da franja do outro cavaleiro roçarem sua pele suavemente, fazendo-lhe cócegas. A vontade de se deitar era grande, mas ao mesmo tempo, Shaka não queria abandonar o contato com o corpo de Mu.

Ficaram naquela posição durante algum tempo, até que Áries, notando a sonolência do loiro, deitou-se, trazendo-o consigo. Mu apoiou sua cabeça em um dos braços, enquanto enlaçava a cintura de Virgem com o outro. Ainda mantendo seu corpo colado ao do indiano, Mu repousou seu rosto no ombro do amante, depositando um beijo leve na pele clara.

Shaka, apesar do torpor que o invadia, tinha plena consciência do coração do companheiro batendo, ainda num ritmo acelerado, junto às suas costas, e da sua respiração quente junto ao seu pescoço. Do braço que envolvia sua cintura, demonstrando certa posse, e também da perna jogada displicentemente sobre as suas, atraindo-o para mais perto.

E aquilo lhe parecia o céu.

Shaka fechou os olhos, tranqüilo.

Ele finalmente havia encontrado resposta para todas as suas perguntas.

Continua

Comentários da autora:

Bem, um pedido de desculpas pelo atraso na atualização da fic cairia muito bem, aqui. Infelizmente, não tive tempo, mesmo, mas agora, está aí, espero que gostem.

Era para ser apenas mais esse capítulo, mas como estava ficando muito grande, achei melhor separar. Mas, não se preocupem, o próximo já está quase que totalmente pronto, pois eu já havia escrito um bom tanto quando decidi dividi-lo. Falta pouco.

Mais uma vez, testando cenas mais ousadas.

Escrito totalmente ao som de "You take my breath away", da Sarah Brightman. Essa música me lembra demais o Shaka! Para quem tiver curiosidade, o próximo capítulo envolve outra música dela, "Deliver me". Ouçam, é muito bonita.

Beijos.

Bélier