Capítulo 2

Descobertas-tardias

- Hermione! – Louise corria pelos corredores da Universidade para alcançar Hermione. Quando chegou perto dela, estava tão exausta que mal podia falar o motivo do seu desespero.

- Louise? Louise? Você está bem? – Hermione a segurava nos braços e tinha a voz muito agitada.

- Não é possível. Não aqui, não aqui. – Louise balbuciou e, depois, caiu desacordada no chão.

- Louise! Louise! Por favor, acorde! – Hermione estava ajoelhada e tentava ajeitar a garota numa posição melhor. – Socorro! Me ajudem!

De repente, ela entendeu o que tinha afetado Louise. A atmosfera ficou carregada, o ar ficou frio. Dentro de sua mente, começou a ouvir os gritos de horror que a haviam perturbado durante toda a guerra. Depois, a imagem de Minerva McGonagall, que ela tinha encontrado morta no chão da cozinha do Largo Grimmauld.

Por onde olhava, via pessoas chorando ou entregando-se a lembranças dolorosas. Antes que pudesse pensar de novo, tirou da bolsa uma barra de chocolate e mordeu um pedaço. Sentindo-se um pouco melhor, mesmo sabendo que o efeito passaria em pouco tempo, ela saiu pela Universidade para tentar encontrar os dementadores.

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Do lado de fora do prédio, onde se estendia um grande gramado, o fim de tarde tinha se tornado noite muito rapidamente. Hermione não via os dementadores, mas sabia que eles estavam se aproximando. Ia atravessar a porta que dava saída para os jardins quando sentiu uma mão puxá-la pela cintura.

- Não faça nenhum barulho. – era Phillipe. Junto com ele, estavam vários amigos de Hermione. Alguns de sua sala, alguns de outros anos. Aline e as outras meninas também estavam. Todos eles seguravam varinhas, mas nenhum parecia saber direito o que fazer com elas.

- O que... – Hermione ia começar a perguntar, mas uma garota de sua sala foi mais rápida.

- Não se assuste, por favor. Mas nós somos todos bruxos.

- Sim, mas bruxos bons. Quero dizer, bruxos podem ser bons. – um garoto do terceiro ano começou a falar.

- Sim, eu sei que tudo poder parecer loucura, mas você precisa acreditar em nós. Bruxos existem. – a garota de sua sala tinha continuado.

- Bruxos? – Hermione estava tão perturbada que nem tinha pegado sua varinha. – Como vocês podem ser bruxos? Vocês freqüentaram alguma escola de magia? A família de vocês os manteve nesse mundo...

- Nós somos o que eles chamam de "descobertas-tardias". – um amigo de Phillipe falou.

- Descobertas-tardias? – Hermione estava achando muito difícil manter aquela conversa. O efeito do chocolate estava passando e muitos dos outros, assim como ela, estavam sentindo o efeito dos dementadores. Nenhum, é claro, sentia com tanta intensidade quanto ela, eles não deviam ter tantos horrores no seu passado.

- Descobertas-tardias são aquelas pessoas que não descobriram que eram bruxos na idade certa. Todos nós somos filhos de trouxas... Oh, desculpe, de não-bruxos – Aline, que estava explicando essa parte, disse com tom didático o que eram trouxas. Como se Hermione não fizesse idéia do que eles estavam falando. Então, eles não sabiam que ela também era bruxa! Ah, como seria bom que Louise não tivesse desmaiado!

- Nós estamos sendo treinados agora. – uma outra garota completou.

Hermione quis explicar que conhecia aquele mundo de que eles falavam, mas não teve tempo.

Phillipe mais uma vez puxou-a pela cintura enquanto ordenava a todos que o seguissem. Hermione percebeu que ele estava liderando o grupo e, por mais que a situação fosse assustadora, sentia que ele gostava daquele papel.

Phillipe guiou todos por algumas escadarias. Hermione, já tendo passado todo o efeito do chocolate, por muitas vezes teve de se apoiar nele para não tropeçar nos degraus. Phillipe a levantava e, com ar altivo, continuava a dar ordens aos outros.

A tarde ficava mais fria e o ambiente, mais pesado. Hermione sentia que Phillipe estava guiando todos para mais perto dos dementadores. Sabia que ele não queria fazer isso, que preferia fugir, mas estava agradecida por ele ter se confundido. Ela queria chegar aos dementadores para poder afastá-los da região. Não queria fugir, tinha que tirá-los de lá!

Foi quando o grupo encontrou-se num longo corredor. Numa ponta, todos eles amontoados. Na outra, deslizando, os vultos dos dementadores. Phillipe fez menção de voltar pelo mesmo caminho por onde tinham vindo, mas não conseguiu fazer com que ninguém o seguisse. O efeito dos dementadores, pela proximidade, era muito forte e a grande maioria dos novos bruxos estava paralisada.

Ainda prendendo Hermione pela cintura, Phillipe arrastou-a para o fundo da multidão. Procurava abrigo atrás dos outros. Sentou Hermione em um banco e apontou a varinha na direção dos dementadores.

- O que você vai fazer? – Hermione levantou de repente. Phillipe a empurrou para sentar-se de novo.

- Vou me livrar deles. – respondeu, balançando a varinha e jogando para trás uma mecha de cabelo que tinha caído sobre seus olhos.

- Como? Conjurando um patrono? – Hermione tinha levantado de novo.

Phillipe, primeiro surpreso por ouvi-la mencionar algo do mundo mágico, voltou a empurrá-la para se sentar e disse:

- É claro que não, isso é magia altamente avançada. Mas eu sei mais coisas que a maioria aqui. Estou em treinamento desde o começo do ano. Eles, há pouco mais de dois meses.

- Ainda assim! – Hermione tinha se levantado e, dessa vez, colocado-se fora do alcance do braço de Phillipe para não ser empurrada de volta. – Pretende acertá-los com o quê? Vingardium leviosa? Accio?

Phillipe deu um leve sorriso e respondeu:

- Você andou fazendo sua lição de casa. Ah, você ainda poderá ser uma grande bruxa, Hermione. Mas, agora – ele foi até ela e, de novo, puxou-a pela cintura -, você não precisa se preocupar. Sente-se e fique protegida aqui atrás. Eu resolvo.

Hermione livrou-se dele com dificuldade. Os outros, alguns desmaiados, alguns lutando para ficar em pé, já estavam a apenas uma pequena distância dos dementadores.

- Não, você não resolve!

- Mione, eu...

- Você é um grande babaca que está tentando brincar de herói e vendo quantas pessoas impressiona com essa encenação! Não é momento para histórias. Cada um faz o que pode. – Hermione gritava. Alcançou a bolsa que ainda trazia pendurada no ombro e pegou meia dúzia de barras de chocolate.

- Você – disse, ainda em tom alto – pode dar um pouco de chocolate a cada um para impedir que eles fiquem pior. Eu – ela parou e o fixou o olhar nos olhos dele – resolvo isso. O único jeito de acabar com dementadores é um patrono.

-Mas, eu já disse. – Phillipe parecia profundamente ofendido – Patronos são magia altamente avançada.

- Pois eu – Hermione puxou a varinha do bolso – sou uma bruxa altamente avançada.

Colocando-se na frente de todo o grupo, ela cerrou a mão que estava livre e concentrou-se em procurar boas lembranças. Foi difícil vasculhar sua mente perturbada pelo sofrimento e pela ação dos dementadores, mas ela por fim conseguiu. Concentrando-se no dia, em seu primeiro ano em Hogwarts, em que Harry e Rony a salvaram do trasgo e, com isso, selaram sua amizade para sempre, Hermione berrou o mais alto que pode:

- Expecto Patronum.

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- Aonde estamos indo? – Aline tentava manter o ritmo de Hermione pelas ruas da cidade.

Todos os outros - descobertas-tardias – estavam com elas. Depois de ter banido os dementadores, Hermione tinha conseguido chocolate o suficiente para restabelecer todos.

Em resposta à pergunta de Aline, Hermione apenas apontou para um grande e velho edifício que se estendia em frente a eles.

- Mas nós não podemos entrar aí, não somos alunos. – disse alguém do grupo.

- Eu bem que me inscrevi para essa universidade, mas não entrei. Não que a nossa não seja boa. – disse uma outra voz.

- Ah, eu li que a nossa é melhor em muitos aspectos. Por exemplo, os laboratórios...

Hermione não queria perder tempo com discussões inúteis. Andou mais rapidamente em direção ao prédio da Universidade e não encontrou resistência para entrar no campus. Uma vez lá dentro, perguntou a uma aluna:

- Por favor, onde fica o prédio de Comunicação?

A garota apontou para o extremo leste do local e o grupo todo se dirigiu para lá. Uma vez na frente do prédio, Hermione hesitou. Olhava para as janelas das salas como se tentasse escolher pelo lado de fora em qual iria entrar. Ficou um tempo perdida nesses pensamentos até ouvir uma voz à sua direita, em frente a uma das lanchonetes do campus.

Harry Potter estava sentado em uma mesa acompanhado de três amigos e de Deborah.

Hermione foi até ele. Quando Harry a viu se aproximar, ajeitou-se na cadeira surpreso. Não sabia direito o que fazer com as mãos e seu rosto ficou levemente avermelhado. Hermione também tinha o rosto vermelho, mas era de agitação.

- Harry, vem comigo. – todos na mesa olharam para ela, corada e descabelada, com desprezo. Deborah inclinou-se para trás na cadeira e cruzou os braços. Olhava para Harry com uma expressão contrariada.

- Com licença. – ele levantou-se da mesa e seguiu a velha amiga.

O resto do grupo que vinha com ela acompanhou-os até uma área vazia do extenso gramado.

- Por que você está fazendo isso? – Harry mostrou-se irritado e impaciente - Pensei que tivéssemos combinado de não nos encontrarmos.

- Dementadores. – Hermione respondeu sem expressão.

- O quê?! Onde?

- Na minha faculdade.

- Impossível!

- Tenho um monte de testemunhas aqui comigo. – ela balançou a mão direita em direção ao grupo.

Uma das amigas de Hermione aproximou-se de Harry e, sem qualquer tipo de aviso, levantou o cabelo que lhe cobria a testa.

- É ele! – exclamou.

Todos olharam confusos, menos Harry e Hermione, que sabiam o que a visão da cicatriz dele podia causar.

- Vocês não se lembram? – a garota continuou – Soubemos a história dele em uma das noites de treinamento. Harry Potter, não é?! – Harry confirmou com a cabeça. A garota abriu um sorriso – Foi dele que o professor Lupin nos falou.

A menção do nome de Lupin fez com que Harry e Hermione virassem os rostos bruscamente em direção à garota.

- Remo Lupin? – Hermione perguntou.

Carl, um garoto da sala de Phillipe, andou em direção à garota e puxou-a pelo braço.

- Se você tem memória tão boa para se lembrar de Harry Potter, deveria lembrar que nenhum nome pode ser pronunciado! Nem do professor, nem... – mas ele interrompeu seu discurso aí, soltando a menina de volta ao grupo.

Harry aproximou-se dele:

- Bem, mas nós já ouvimos que vocês têm contato com Remo Lupin. Podem contar a história até o final agora. – e levantou sua varinha, um olhar ameaçador, mas assustado ao mesmo tempo.

- Não acredito que nenhum de você possa nos fazer um feitiço de esquecimento. Mas nós podemos obrigá-los a falar a verdade. – Hermione tentava soar tão ameaçadora quanto Harry.

- Bem, eu não vou falar mais nada. Vocês, a seu próprio risco, podem ser levados ao local onde estamos sendo treinados. Mas, se não forem bem aceitos por lá, os riscos são seus.

- Acha que não seremos aceitos num lugar onde está Remo Lupin? – Harry provocou.

- É quase o mesmo que dizer que não seríamos aceitos em algum lugar por Rony Weasley. – Hermione completou, com um meio-sorriso.

- Ah, não, ele não. Não seria tão rude com ninguém.

- O que você...

- Harry – Hermione interrompeu os pensamentos do amigo-, será que eu ouvi direito? Rony e Lupin poderiam estar juntos e por trás de tudo isso?

Os dois olharam interrogativos para Carl.

- Venham. – ele limitou-se a dizer – Os senhores Lupin e Weasley decidirão o que será feito com vocês.

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N/A: Obrigada à galera que veio conferir a fic nova! Obrigada ao pessoal que voltou (I'm back, you are all back!). Que bom que vocês estão gostando!

Louise Black: Ok, você é xará de uma das personagens! Que máximo. Obrigada pelos elogios!

Ana Luthor: Calma, calma, o Rony está aí. Eu também não gosto de Harry/Hermione... Você é caloura também? Onde? E eu amo comentários enormes, faça-os sempre!

Isabelle, Babbi e Nycoly: Opa, a continuação está aí, olha só o que o pessoal anda fazendo...

Lily: Obrigada pela sorte, hehehe... H/G forever!

Ná: Olha lá, hein... Promessa é dívida!

Backs: "Das que eu li eu gostei bastante"??? Toma vergonha na cara, mulher! Você me faz contar as histórias para você!

Marcellinha: Obrigada, ainda bem que eu prendo os leitores... Eu sabia que teria gente que não iria gostar de ser fic sobre o Harry, mas dêem uma chance a ele, hehehe

Alessa: Ah, sossegado... Não consigo mesmo ficar longe.

Xianya: Tem bastante coisa legal para acontecer ainda, foi só o começo...

Nina: Repito aqui o que disse no e-mail: volta Nina!!!!!!!!!!!!!!!!

Beijos para todas!