Capítulo 3
A nova guarda
O ônibus era barulhento e balançava muito, mas não era o caos do Nôitebus. Hermione e Harry estavam muito acostumados a andar em ônibus trouxas, desde que haviam entrado na faculdade, evitavam aparatar. Chamaria muita atenção.
Todos os colegas de Hermione estavam com eles. Na verdade, eram eles que mostravam o caminho já que nem ela nem Harry faziam idéia de onde Lupin e Rony estavam.
Hermione tinha escolhido um banco da frente para ficar sozinha. A simples menção do nome de Rony a fez ficar inquieta. Mais do que descobrir que tinha estudado com bruxos na faculdade sem saber, mais do que receber uma visita de dementadores, a possibilidade de voltar a encontrar seu antigo namorado não a deixava raciocinar direito. Suas mãos estavam suadas e ela não podia parar de mexê-las. Enrolava e desenrolava uma mecha de cabelo, impaciente.
Harry estava sentado num dos últimos bancos. Tentava achar Hermione com o olhar de vez enquanto, mas estavam longe demais. Por fim, encostou a cabeça na lateral do ônibus e fechou os olhos. Imagens confusas povoaram o seu pensamento. Fragmentos da guerra, vozes de desespero. Ele abriu os olhos assustado, soltando uma exclamação.
- Está tudo bem? – um dos amigos de Hermione, que tinha sentado ao seu lado, lhe perguntou.
- Sim, está. Obrigado. – Harry respondeu, não sem antes reparar o quanto aquele rapaz se parecia com Kevin, seu colega de quarto. Será que seus amigos, assim como os de Mione, também eram bruxos?
Quando ônibus se aproximou de uma vizinhança pobre e mal-cuidada, Hermione olhou apreensiva pela janela. Depois, virou-se bruscamente para procurar Harry e o viu em pé.
Seus olhares se cruzaram e o ônibus parou. Todos começaram a descer, passando entre Harry e Hermione, que continuavam parados.
Eles estavam de volta ao Largo Grimmauld.
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Era impressionante a facilidade com que todos entraram na antiga casa dos Black. Com certeza já tinham estado lá muitas vezes.
O lugar continuava sombrio. Mais sombrio do que da primeira vez que Harry tinha entrado lá, agora que estava cheio de memórias ruins.
- Vamos até a cozinha. – Phillipe, mais uma vez, assumia a liderança.
- Não! – Hermione, que vinha no final do grupo, deu um berro. Todos se voltaram para trás para olhar para ela. – Na cozinha, não.
Harry caminhou até ela. Sabia que a amiga nunca tinha superado o trauma de ter encontrado o corpo de McGonagall naquela casa, naquela cozinha.
- Harry... – Hermione balançava a cabeça. – Harry, eu não posso...
Harry segurou a mão dela e a apertou com força.
- Eu posso ir se você quiser. Eu posso te contar tudo depois. Eu conto o que Rony disser.
- Rony... – nesse momento, ela mudou de idéia. Valeria a pena enfrentar as lembranças para ver Rony de novo. Ela só sabia que queria ver Rony de novo e, por um momento, pareceu-lhe absurdo ter ficado afastada dele quando poderia simplesmente ter ido visitá-lo ao longo desse ano. – Não... Eu quero ir também.
- Está bem. – Harry voltou-se para o resto do grupo e disse em voz alta – Nós iremos para a sala, então. Não para a cozinha.
Phillipe, que era bem mais alto que Harry, olhou com desdém, mas acabou seguindo para a sala de visitas.
Chegaram lá e todos se acomodaram, ou nos móveis, ou pelo chão. Harry tinha levado Hermione até o antigo sofá e Phillipe tinha se sentado ao lado dela. Pouco tempo depois, Carl, que tinha se separado deles por um instante, chegou trazendo alguém com ele.
A visão da figura de Remo Lupin trouxe sentimentos confusos em Harry e Hermione. Por mais que o ex-professor fosse prova e testemunha do horror vivido por eles, era também uma pessoa querida que, para alívio do coração deles, tinha sobrevivido.
Os dois, chorando, correram para abraçá-lo. Ele retribuiu o gesto, os olhos de todos os outros observando aquela cena com curiosidade.
Quando Harry afastou-se de Lupin, ele caminhou até o centro da sala ainda abraçado a Hermione. Depois, sentou-a de volta no sofá e pediu o lugar de Phillipe. Harry sentou-se ao pé deles.
- É muito bom vê-los. – Lupin sorria, mas tinha os olhos molhados.
- Por que, por que eu me privei tanto tempo de estar com as pessoas que eu amo? – Hermione ainda chorava e balançava a cabeça.
- Você precisava de tempo, Hermione. – Lupin a confortou.
Ela ergueu o olhar para ele, ainda sentindo-se confusa.
- Eu ainda preciso.
Harry pegou novamente a mão da amiga e perguntou:
- Lupin, o que está acontecendo afinal? Por que, de repente, todos os amigos de Hermione são bruxos e dementadores aparecem na faculdade dela?
- Porque – Lupin soltou um suspiro -, simplesmente porque eles a encontraram antes de você.
Hermione olhou para o ex-professor assustada. Ia perguntar o que ele queria dizer com aquilo, quando a porta da sala foi fechada.
Ela levantou o rosto para olhar quem tinha entrado e as lágrimas saíram com mais força de seus olhos. Ela levantou-se do sofá, as mãos cobrindo a boca. Soluçava.
Atravessando com dificuldade as pessoas sentadas pelo chão, Hermione atirou-se nos braços de Rony.
- Rony... – ela tinha se afastado dele e olhava em seus olhos.
Rony passou a mão pelos cabelos dela e desceu pelo seu rosto. Ela deitou a cabeça levemente sobre a mão dele. As lágrimas dela escorreram até os dedos de Rony.
Ele a abraçou de novo e, ainda mantendo-a ao seu lado, caminhou até uma das poltronas, onde Aline estava sentada. Aline deu o lugar para a amiga, que se sentou. Rony ajoelhou-se na frente dela, beijou uma de suas mãos e disse:
- Sinto muito que você tenha descoberto dessa maneira, Mione. Mas o que precisamos contar é muito grave.
Hermione olhou para Lupin e ele se levantou, foi até o centro da sala e começou a falar:
- Há muito mais coisas ruins nos rondando do que somente aquelas de que nos livramos com o fim da guerra. Há pessoas ruins ainda pelo mundo. E há sede de poder, que sempre dominou a raça humana.
"A verdade é que o mundo bruxo se encontra, mais uma vez, diante da ameaça real de tomada do poder por forças ruins. Bruxos das trevas mais uma vez estão reunidos.
"Eles criaram um grupo secreto, são os Cavaleiros Rubros. Agiram acobertados pela atenção em torno de Voldemort e estão mais bem organizados do que pensávamos... Ou queríamos.
"Eles são donos de bancos importantes, estão infiltrados no governo e nos meios de comunicação. O plano deles em curto prazo é tomar o Ministério. Em longo prazo, o mundo bruxo e o mundo trouxa.
Lupin parou por um momento para olhar a "platéia". Os amigos de Hermione não pareciam surpresos, deviam ouvir aquela conversa sempre. Ela e Harry, por outro lado, tinha o queixo caído e os olhos apertados.
- Bem, uma das armas que esses Cavaleiros estavam contando em usar é a força de bruxos novos. De bruxos com poderes diferentes.
Algumas das pessoas pela sala realinharam sua postura, orgulhosas.
- Os bruxos que chamamos de descobertas-tardias têm características especiais. Seus poderes se desenvolvem de forma mais lenta porque eles têm o dom de absorver poderes das pessoas e coisas à sua volta. Por isso, quando são ainda crianças, não são reconhecidos como bruxos e, assim, não são chamados pelas escolas de magia.
"Mas, uma vez que comecem a desenvolver os poderes, são capazes de se tornarem muito fortes além de poderem copiar dons das pessoas que estão por perto. Eles são uma espécie de camaleões do mundo mágico, podem aproveitar as características de seus oponentes e até mesmo do ambiente onde estão, se esse ambiente for um lugar carregado de magia.
"Descobertas-tardias são, invariavelmente, filhos de trouxas.
Harry encostou-se no sofá em que Lupin estivera sentado. Não conseguia acreditar na quantidade de informações que estava recebendo.
- Mas... – ele começou – Por que estão todos na faculdade de Hermione?
- Não só lá. – Rony respondeu. – Seus amigos também são descobertas-tardias, Harry. Nós conseguimos encaixá-los no seu curso, ou por meio de transferência de outras faculdades, ou no primeiro ano, com você. E com Mione. – completou, olhando para ela. – Nós os colocamos com vocês para protegê-los.
Hermione inclinou a cabeça na direção de Rony.
- Proteger-nos?
- Sim. – Lupin disse. – Os Cavaleiros Rubros estão tentando de todas as formas evitarem os erros que levaram à queda de Voldemort. E, para começar, eles querem se livrar daqueles que foram responsáveis pela vitória do nosso lado.
- Nós mesmos. – Harry disse, em voz baixa, mas suficiente para todos ouvirem.
- Então, eles vão voltar a nos procurar? – Hermione perguntou, nervosa.
- Sim. – Rony respondeu com um suspiro.
- Nós podemos escondê-los, nós podemos lançar o feitiço Fidelius. – Lupin sugeriu.
- O feitiço Fidelius não foi suficiente para proteger meus pais. – Harry completou, com amargura.
Rony olhou para o amigo, fechou os olhos e balançou a cabeça. Depois, falou:
- A verdade é que vocês dois não precisam ficar escondidos esperando tudo passar. Aliás, seria muito bom que ficassem escondidos, mas não parados.
- Não... Não, não, não... – Hermione soltou a mão que Rony ainda segurava e se levantou da poltrona. Estava agitada e perturbada. - Vocês não estão me dizendo que são vocês, de novo, a cuidarem desse problema.
- Somos. – Lupin respondeu, sério.
- E que o Ministério não quer ver o que está acontecendo e que vocês estão agindo escondidos mais uma vez.
- Estamos. – Lupin respondeu de novo.
- Essa é a terceira Ordem da Fênix? – Harry já tinha se levantado também.
- Essa é a nova guarda da Ordem. - Rony respondeu.
- E nós... – Hermione hesitou – Nós somos a velha guarda...
- Sim. E seria muito bom tê-los conosco. Pelo poder e a experiência que vocês têm.
Hermione deixou-se cair na poltrona de novo.
- Mas não estamos obrigando ninguém... – Rony parecia desculpar-se e não sabia se falava com Harry ou amparava Hermione. – Vocês não precisam, se não quiserem.
- Não é questão de querer. Existe uma ameaça e nós sabemos dela. – Harry disse.
- E pessoas inocentes vão ser prejudicadas. – Hermione completou, passando a mão nervosamente pelo rosto.
- Então... – Rony sugeriu.
- Eu estou com vocês. – Harry terminou.
Quando olharam para Hermione, ela estava com a postura ereta, ainda sentada na poltrona, e tinha jogado os cabelos para trás:
- Eu também.
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- Mione? Quer que eu a leve para casa? – Rony a tinha encontrado no seu antigo quarto e de Gina.
Hermione balançou a cabeça negativamente. Depois, perguntou:
- Como Gina está?
- O melhor que poderia estar nesse momento. O que não é muito. Não gosto da idéia de ela estar tão longe.
- Ela não iria lagar a escola. De qualquer forma, o ano escolar está no final, logo é junho. E é o último ano dela...
- Mas ela ainda não se conforma com a morte do Percy.
- Como poderia, Rony? Nem ela, nem sua mãe, acredito.
- Mamãe está muito ruim ainda. Não é mais a mulher forte e vigorosa de antes.
- Eu gostaria de visitá-la. Gosto muito dela, você sabe.
- Ela sempre gostou muito de você, Mione. A nossa casa está aberta para você sempre.
Hermione se sentou na cama e pediu que Rony fizesse o mesmo. Quando ele já estava ao seu lado, ela segurou as mãos dele, mas não conseguiu falar.
- Mione. – ele se aproximou mais dela. – Mione, nós estamos juntos de novo...
Hermione soltou as mãos dele e subiu suas mão para o rosto do ex-namorado. Ele passou os braços em torno da sua cintura e a beijou.
Hermione deixou-se no beijo por alguns momentos e, depois, afastou-se de Rony. Tirou as mãos do rosto dele e cobriu o seu, chorando.
- Mione? Mione, o que foi? – ele colocou as mãos nos ombros dela e olhava preocupado.
- Rony, você... – Hermione não conseguia falar. – Você... Eu não pude esquecer você... Mas, Rony...
Rony deu um longo suspiro, percebendo o que ela falaria.
- Rony, eu vou para casa. É muito do meu passado voltando para a minha vida, eu preciso ficar sozinha.
- Tudo bem, eu te levo para casa, você pode ficar sozinha esta noite e...
- Não, Rony. - Hermione fez uma longa pausa. – Eu preciso ficar sozinha. – deu muita ênfase à última palavra.
Rony tirou as mãos dos ombros dela e abaixou a cabeça. Não podia olhar para aquela garota que ele tanto amava e saber que não poderia tê-la.
- Vou pedir para Harry me levar para o meu apartamento.
Hermione começou a caminhar até a porta, Rony ficou no mesmo lugar. Ela parou quando já tinha chegado ao corredor. Virou-se e apoiou a mão no batente, olhando o ex-namorado.
'Eu te amo, Rony', ela pensou. 'Tanto que não sei ficar com você sem esquecer de mim. E eu não posso esquecer de mim agora, agora que vou precisar voltar para a dor do meu passado.'
Talvez, ela imaginou, não houvesse outra chance para eles.
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N/A: É... Esse capítulo tinha mesmo que trazer muitas informações. Espero que isso não tenha estragado a leitura...
Carol Weasley Potter e Lily Dragon: Gina, Gina… Ela ainda está em Hogwarts, mas o ano letivo está acabando... Eu gosto muito dela e ela vai aparecer!
Louise Black: Poxa, eu já tinha dito que os shippers são R/H e H/G... Então não vai ter H/H, mas espero que você goste mesmo assim.
Xianya: Vai ter muita ação... Pelo menos, pretendo que tenha.
Ana Luthor: Se você achou o final do capítulo 2 sacana, o que você achou deste aqui? Hahaha... Sei do seu amor por H/R... Foi sacana ou não? E, menina, já escrevi coisinhas engraçadas do próximo! Se cada vez que a gente conversar surgirem tantas idéias, você vai virar minha consultora!
Becky smyt: Os amigos do Harry não são idiotas... Eles... Bem, eles apenas não são a companhia ideal para o bruxinho... Ah, se você quiser me passar seu e-mail, eu costumo avisar quando atualizo, ok?!
Isabelle, Nycolly e Babbi: Não morram de curiosidade, o próximo capítulo já está em fase de produção!
Beijos para todas!
