Capítulo 5
Como acabar com Potter
Hermione já estava ficando acostumada a ir para o Largo Grimmauld todos os dias durante o treinamento de seus amigos. Sempre encontrava Harry, conversavam um pouco, mas passavam a maior parte do tempo em silêncio. Rony ficava com Lupin na sala que havia sido preparada para as aulas. Via os velhos amigos apenas quando já estavam indo embora.
Hermione e Harry estavam sentados na grande mesa da cozinha tomando chá. Falavam pouco, o ambiente ainda trazia memórias ruins demais.
Duas garotas da faculdade de Harry entraram para tomar água. Foram até o balcão observando o garoto com olhares de lado. Finalmente deveriam ter descoberto quem ele era, que era famoso. Não sabiam disso antes, apesar de Harry não entender como Lupin tinha conseguido contar sua história omitindo seu nome já que os amigos de Hermione sabiam.
As duas garotas começaram a conversar, provavelmente sobre algo que estiveram aprendendo minutos antes na aula.
- Eu gostaria de ir para Hogwarts, parece um lugar maravilhoso. – disse a primeira.
- Ora, vá pedir para o vice-diretor, ele está aqui. – a outra respondeu.
- Não, eu tenho um pouco de medo dele! – a garota arregalou os olhos – Nunca teria coragem de falar com um homem como ele.
- Um homem como quem? – uma voz baixa saiu da penumbra da cozinha. Severo Snape tinha acabado de entrar.
A garota não responder. Saiu em direção às escadas sem olhar para trás.
- Boa noite. – Snape disse, sentando-se à mesa.
Hermione estava sentada molemente na cadeira e respondeu quase sem voz ao cumprimento do antigo professor.
- Boa noite, Snape. – Harry bebia seu chá em goles pequenos e lentos.
- Já abandonou a escola trouxa, Harry?
- Não.
- Deveria.
- Não tenho certeza.
Snape deu um suspiro.
- Você anda desperdiçando seu talento.
Harry olhou contrariado para o professor. Devia sua vida a ele, lembrava bem. Snape foi quem o salvou após o último embate com Voldemort. Harry havia enfrentado e vencido o vilão sozinho, mas não teria sobrevivido à batalha se Snape não o tivesse protegido de um último comensal da morte. Um último que estivera escondido e que, num ato de loucura, tinha investido contra Harry após a derrota de seu mestre.
Snape o salvara, arriscando sua própria vida. Passou semanas internado no Saint Mungus. Foi condecorado com a Ordem de Merlin, Primeira Classe, e reconhecido como um dos bruxos mais poderosos de seu tempo.
Desde então, Harry não o tratava mais por senhor. E Snape não se referia a ele como "o famoso Potter".
- Como está Hogwarts, Snape? – Hermione finalmente perguntou, sua voz no tom normal.
- Está se recuperando bem. Os professores mantiveram o ritmo antigo de aula neste ano e os alunos já não precisam ter medo de andar pelos corredores. Com um pouco mais de tempo, voltaremos a ser a escola que éramos antes da guerra. – Snape se levantou para pegar também um copo de água. Hermione ainda achava estranho vê-lo menos sombrio, menos cínico com eles.
- E Gina Weasley? – ela perguntou.
- A senhorita Weasley é provavelmente a nossa melhor aluna desde que você saiu de lá, Hermione. É incrível o que o sofrimento pode causar a uma pessoa. Se for fraca, pode levá-la à ruína, se for forte, à maturidade. E isso é muito mais do que posso dizer da maioria de nossos alunos. Crianças, quase todos eles. Como essas duas meninas que acabaram de sair daqui. – Snape sentou novamente. – Darei algumas aulas de poções a esses amigos trouxas de vocês. Como se eu já não tivesse trabalho o suficiente em Hogwarts.
- Eles não são trouxas... – Harry disse, ofendido.
- Eu sei, Harry. Mas eles não têm a formação e o talento de vocês dois. – apontou para ele e Hermione com a mesma mão em que segurava o copo e depois deu um gole – Estão confiando em seu dom natural, mas de nada valerá se não souberem como usá-lo.
Snape terminou de beber e se levantou.
- Bem... Tenho uma aula para dar agora. E eu que já contava com as férias. – olhou para um calendário na parede que marcava o penúltimo dia de junho. – Boa noite, Harry, Hermione.
- Boa noite, Snape.
- Boa noite. – Harry observou o ex-professor atravessar a porta da cozinha. Com certeza não era mais agradável com seus novos alunos do que tinha sido nos anos dele em Hogwarts. Mas Snape tinha se libertado de muitos fantasmas do seu passado. E era isso que ele e Hermione precisavam fazer. Livrar-se de sua própria "marca negra".
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- Boa noite, Harry. Boa noite, Kevin.
- Boa noite, meninas.
Harry e Kevin caminharam para a porta do seu dormitório enquanto ouviam as amigas se afastarem em direção ao quarto delas. As meninas trocavam risadinhas e eles ainda ouviram quando uma delas perguntou:
- Cadê a Deborah? Ela não ia ficar com a gente esta noite?
- Não sei, não a vi desde que saímos do... da... da casa...
Os dois entraram, acenderam a luz.
- Cara, vou dormir. Hoje foi difícil, nós tivemos uma aula de poções muito complicada. Você conhece o professor?
Harry olhou para o amigo e, com um meio sorriso, confirmou com a cabeça:
- Imagino que tenha sido difícil.
- Foi, ele não é muito paciente, não é mesmo?
Harry deu uma pequena risada, mas não respondeu. Observou Kevin ir para o banheiro e fechar a porta e, depois, ouviu o barulho do chuveiro. Decidiu dar uma volta pelo campus até a sua vez de tomar banho.
O lugar estava escuro. Os altos prédios da faculdade eram apenas enormes vultos e quase ninguém estava fora dos dormitórios. A noite estava quente, mas as provas finais mantinham os alunos estudando. Harry passou por um grupo sentado no gramado e conversando e um casal de namorados num banco. Junho estava no fim e as aulas na faculdade acabariam. E em Hogwarts também.
Não tinha se afastado muito do seu dormitório quando ouviu sussurros atrás de um dos prédios. Andou cautelosamente e parou para ouvir.
- Já faz quase um mês que eles foram alertados e ainda não conseguimos pegá-los. – uma voz masculina, grave e baixa.
- Eu pensei que vocês quisessem mais informações antes de tentar... – Harry reconheceu uma voz de mulher, mas falava muito baixo e ele não sabia se era familiar ou não.
- Eles não vão revelar nada além do que já falaram. A menos que...
- Sim?
- A menos que tenham muita confiança em você.
- Eu estou tentando ganhar a confiança d...
- Não é o suficiente ainda! – o homem começava a ficar nervoso.
- Eu farei mais. – a mulher parecia assustada e falava cada vez mais baixo.
- Uma semana, entendeu? Uma semana para saber como acabar com Harry Potter.
Harry deixou escorregar a mão que tinha apoiada contra o muro e perdeu o equilíbrio. As duas figuras que estavam conversando ficaram quietas. Tinham escutado, com certeza. Harry não hesitou em começar a correr na direção das pessoas por quem tinha passado antes. Na certa, o homem e a mulher não iriam querer ser vistos.
A distância nunca pareceu tão grande, Harry corria, mas não encontrava ninguém pelo caminho. Seu dormitório ainda estava muito longe. Ele olhava para trás algumas vezes, mas o extenso gramado parecia vazio. Talvez tivessem decido não segui-lo.
Harry chegou à porta do prédio de seu dormitório ofegante. Girou a maçaneta e entrou. Começou a subir as escadas que levavam para o seu andar segurando-se no corrimão. Talvez Snape estivesse certo, talvez ele estivesse desperdiçando tempo na faculdade. Tinha corrido por poucos minutos e estava incrivelmente cansado. Sua resistência estava baixa, achava até que tinha esquecido alguns feitiços.
Iria conversar com Lupin. Ele e Hermione poderiam fazer um rápido treino para recuperarem o que já sabiam. Será que Hermione também tinha abandonado tudo do mundo mágico nesse ano que estivera na faculdade? Ou será que ela ainda treinava escondida? Ora, ela não esqueceria feitiços, ela sempre sabia tudo, ela...
- Harry!
Ele segurou com mais força no corrimão, quase caindo com o susto.
- Deborah, o que você...
- Oh, desculpe, eu te assustei. Eu vou passar a noite no dormitório das meninas. Nós nos desencontramos na saída da... da aula...
- Ah, sim. Eu acho que ouvi algo...
- Você está bem, está subindo a escada tão devagar. Consegui te alcançar em dois passos. – ela sorria.
- Estou bem, só estava pensando...
- Bem? Você está suado e ofegante. Aqui. – ela disse, passando o braço dele sobre seu ombro. – Deixe que eu ajude.
Harry não quis recusar a ajuda para não parecer indelicado. Deborah. Bonita, engraçada, divertida. Não era especial, mas era divertida. 'Não adianta sonhar com princesas', pensou. Deborah era divertida. Não era especial, mas poucas eram. Não era... Não era melhor aluna de Hogwarts desde Hermione...
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N/A: Essa N/A vai lotada de correções.
Em primeiro lugar: eu não reparei que o não aceita trechos tachados, ou seja, quando a palavra fica riscada. Eu tinha feito isso em algumas partes da carta da Gina. Acabou ficando sem sentido. Mesmo achando que fazem grande falta, eu eliminei esses trechos e postei o capítulo corrigido.
Em segundo lugar: eu tinha me baseado no Harry Potter Lexicon para calcular as idades do Gui e da Tonks. Por isso, eles tinham um diferença de 7 anos. Porém, acabei achando no site da JK a verdadeira idade do Gui. Ele é apenas 3 anos mais velho que a Tonks, de acordo com as minhas contas (eu não sou um gênio da matemática mas, com certeza, não estou longe do resultado certo). Ainda não corrigi isso, mas logo postarei de novo o capítulo anterior com as alterações. Por enquanto, fica aqui: Tonks com 24 anos, Gui com 27.
Gente, reviews, pleeeeeeeeeeeeeease!!!
