Capítulo 6
Gina
Gina desceu na estação Kings Cross arrastando seu malão. Tinha tirado as vestes da escola. Para sempre.
Procurou por Gui, ele tinha prometido ir buscá-la. Ela ainda não sabia andar por Londres e esperava que o irmão a levasse para casa. Se não sabia andar pela cidade, saberia menos ainda chegar à Toca.
Depois de andar pela estação por alguns minutos, resolveu parar e esperar. Gui a encontraria.
Gina começava a ficar impaciente quando viu Hermione vir em sua direção. Estreitou os olhos para ter certeza do que estava vendo. O que Hermione estaria fazendo ali?
- Gina! – Hermione exclamou ao vê-la e correu em sua direção. As duas se abraçaram.
Depois, Hermione pegou o malão de Gina e fez um gesto na direção da saída. Gina não tinha falado nada, não sabia o que fazer.
Mas estava feliz em ver a amiga e só com muito esforço conseguiu evitar as lágrimas. As duas saíram da estação para o estacionamento. Rony as esperava dentro de um carro. Elas entraram e ele deu a partida.
- Gina, é tão bom você ter voltado! – Rony falou, observando a irmã pelo espelho retrovisor.
- É muito bom. – Hermione completou, olhando para o banco de trás e estendendo a mão para Gina.
Ela segurou a mão da amiga e sorriu. Ainda não entendia como ela podia estar lá, mas era um alívio estar entre pessoas queridas novamente.
O caminho até a Toca era um pouco longo, Gina sabia. Ela encostou a cabeça na janela do carro enquanto observava as ruas. Nem Rony nem Hermione falavam nada.
Gina estava agradecida por não ter mais aulas. Hogwarts era muito solitária e, havia tempo, muito triste. Não precisaria mais voltar para lá, mas acabou descobrindo que sua tristeza não dependia do lugar onde estava. Londres também a estava deixando deprimida, por mais que ela não quisesse. Não podia evitar. Seria bom chegar à Toca, poderia ir para o seu quarto.
Gina afastou a cabeça lentamente do vidro e olhou assustada para fora. O carro estava diminuindo a velocidade, mas ainda faltava muito para a casa dos Weasley.
- Rony... Por que nós... Ah, meu Deus.
Hermione virou-se novamente para trás e segurou a mão da amiga.
- Gina, tem algumas coisas que você precisa saber.
O carro logo parou à porta do Largo Grimmauld. À porta exatamente, não, ela ainda não estava visível. Mas Gina sabia onde estava. Respirou fundo. Sentado nos degraus de uma das casas vizinhas, estava Harry.
Ele se levantou e abriu a porta do carro para Gina. Ela saiu. Tinha prometido que não iria chorar quando o reencontrasse, mas não conseguiu.
A sensação era indefinível. Gina tinha passado tanto tempo longe de Harry que achava que tinha se livrado da paixão por ele. A distância amortecia os seus sentimentos, apesar de ela ter sobressaltos quando ouvia mencionarem seu nome.
Encontrá-lo foi um sobressalto maior. Ele a abraçou, ela chorava. Nunca tinha falado para ele, nunca tinha dito que sua paixonite de menina tinha se transformado em um sentimento verdadeiro. Afinal, ele era o famoso Harry Potter, ele tinha as atenções, ele tinha tantas pessoas que se interessavam por ele, por que iria olhar para uma garota sem graça como ela?
Harry a tomou pelo braço e a levou para dentro da velha casa dos Black. O lugar estava lotado, todas as descobertas-tardias tinham acabado de ter sua última aula de Poções. Na cozinha, Snape, Lupin, Gui e Tonks esperavam por Gina.
Foi uma grande festa quando ela entrou. Para todos, era um alívio tê-la ali e não mais sozinha em Hogwarts. Lupin tinha separado canecas de cerveja amanteigada para todos e começou a distribuí-las depois de ter abraçado Gina. Snape, que tinha acompanhado a caçula dos Weasley durante todo o ano, limitou-se a cumprimentá-la com um aceno da cabeça, mas não deixou de notar como a cor voltava para as faces da garota agora que ela estava longe da escola. Gui abraçou a irmã e suspendeu-a um pouco no ar.
- Com licença, senhor. Deixe um pouquinho dela para nós, sim? – Tonks, sentada atrás do marido, estendia a mão para chamar Gina. A garota foi até ela, a abraçou e depois passou a mão carinhosamente em sua barriga.
- Já sabe se é menino ou menina, Nini?
- Ainda não. Mas, o que quer que seja, ainda temos um longo caminho até escolher o nome.
- Só porque você tem um péssimo gosto. – Gui falou perto do ouvido da esposa.
- Péssimo nada. Que mal há em uma garotinha chamada Polixena? Ou um rapazinho chamado Cadmo? – Tonks olhava ofendida.
- Nini, não importa o quanto você tente, não vou deixá-la descontar no nosso filho a raiva que tem de sua mãe ter te dado o nome de Ninfadora.
- Ah, é? – Tonks agarrou algumas balas sobre a mesa e atirou em Gui. – Você disse que gostava do meu nome, seu maldito.
Desviando das balas, Gui voltou para perto dela rindo e passou o braço pela sua cintura, fazendo-a se levantar:
- Vamos. Você precisa descansar. – e olhando para gina, completou – Estávamos apenas esperando por você, foi maravilhoso vê-la.
Deu um último abraço na irmã e saiu ajudando Tonks.
Harry saiu atrás do casal. Gina estava ainda rodeada pelos outros. Fora da cozinha, ele sentou-se no primeiro degrau da escada.
'Não adianta sonhar com as princesas', tentou, de novo, convencer a si mesmo.
Apoiou a cabeça nas mãos. Ela nunca olharia para ele dessa forma, pensava. Ela era tão perfeita e, por isso, inalcançável. Era especial. Ela merecia alguém especial. 'Um príncipe', soltou uma risada triste. Não alguém como ele, que tinha passado o tempo tentando sobreviver e agora fugia da vida que tinha conquistado. A última coisa que ela iria querer seria o malfadado Harry Potter. O que ele poderia oferecer a ela, afinal?
Levantou e começou a subir. Encostada sob o vão da escada, de braços cruzados, estava Deborah. Ela se endireitou e andou até a cozinha, onde Gina ainda estava.
------------
- Pronto, acho que as suas coisas estão todas guardadas.
- Obrigada, Mione. – Gina deu um suspiro. – Não acredito que estamos, de novo, instaladas no Largo Grimmauld.
- Eu sei. Foi a mesma sensação que eu tive ontem, quando trouxe as minhas coisas. As aulas na faculdade acabaram e, agora, Aline está sozinha no nosso apartamento.
- Aline?
- Ah, sim. Você ainda não conheceu a Aline. Eu vou chamá-la.
Gina ficou no quarto, sentada na cama e olhando fixamente para o chão. Só despertou dos seus pensamentos quando Hermione voltou ao quarto, trazendo Aline.
A primeira impressão que Gina teve dela não foi boa. Era a amiga de Hermione, que tinha passado com ela o ano em que Gina ficara sozinha em Hogwarts. Mas tentou afastar essa idéia da cabeça. Era infantil ter ciúmes da amiga.
Por fim, acabou achando que Aline era divertida. Espontânea, alegre, solta. Talvez, se Gina fosse assim, harry se interessaria por ela. Balançou a cabeça para também afastar essa idéia.
Um pouco de conversa e as três resolveram ir para a sala, onde estavam os outros.
Lá, Rony se juntou a elas, querendo saber da irmã tudo o que tinha acontecido naquele ano na escola.
- Ei, Harry. – chamou. – vem ouvir a última da Trelawney.
Harry, que estava de novo entre os amigos da faculdade, olhou assustado para Rony. Que não fosse dizer que Sibila Trelawney tinha feito uma nova profecia! Mas a expressão divertida de Rony o fez entender que, no máximo, ela tinha visto Dumbledore vestindo à Elvis na sua bola de cristal.
Levantou e foi até os quatro. Aline continuava entre eles, ansiosa por saber histórias de uma escola de magia. Deborah, deixada para trás por Harry, olhava para o grupo sem simpatia. Quase com raiva. Harry tinha se sentado ao lado de Gina.
Irritada, Deborah se levantou e foi na direção deles, supostamente para pegar algo numa bolsa que estava na mesa ao lado. Ouviu um pedaço da conversa.
- Foi terrível. Snape quase fez a poção de Jamie sumir com um toque da varinha!
- Já passei por isso. – disse Harry, rindo.
- E eu tentei ajudá-lo a começar de novo, mas Snape percebeu. – Gina continuou.
- Eu já passei por isso. – Hermione também ria.
- E o pobre Jamie... – Gina entrecortava o seu relato com risadas, os outros também achavam muito engraçado – Ele continuou sem perceber... Que as suas larvar roxas... Estavam... Vivas! – mais risadas. – E ficavam saindo do caldeirão...
Deborah, ainda perto deles, escutava as risadas e continuava séria.
- Bem delicado contar a desgraça dos outros. – ela resmungou, alto suficiente para ser ouvida.
As risadas pararam. Gina olhou para ela, os outros também. Harry foi o único a falar:
- Ora, Deborah. Todo mundo já fez uma grande besteira numa aula.
- Todo mundo menos a Mione, é claro. – Rony completou. Hermione sorriu e desviou o olhar para o chão.
- Eu só acho – Deborah continuou – que a desgraça dos outros não é piada. – encarava Gina e Gina olhava para ela sem esboçar qualquer reação. Mas, por dentro, estava explodindo de raiva. Quem era aquela menina, afinal?
- E eu só acho – Aline tinha chegado muito perto de Deborah – que você estava escutando uma conversa para a qual não foi convidada. E – aumentou o tom da voz – que na aula de hoje o Professor Snape foi obrigado a sumir com a sua poção, que estava... Digamos... Descontrolada.
Algumas pessoas na sala riram alto. Outras se olharam e soltaram risos escondidos. Deborah saiu da sala e bateu a porta.
Já do lado de fora, começou a ir para a saída da casa.
- Acha melhor fugir? – uma voz veio de suas costas. Virou e viu Philippe encostado na parede ao lado da porta da sala. Não respondeu. – Eu acho – ele caminhou até ela – que você precisa de ajuda.
- Para? – Deborah tentava soar indiferente, mas estava curiosa.
- Você se livra da ruivinha e eu – ele parou por um instante -, do irritante irmão dela, Ronald.
---------------------------------------------------------------------------------------------
N/A: Ah! Gina chegou! Os ânimos se acalmam ;)
Obrigada pelas reviews até agora! Mais, mais!!!! Hehehehe
Ah, se alguém não estiver recebendo meus e-mails de atualizações e quiser entrar na lista, basta dizer nas reviews, ok?!
