Capítulo 10

Blacks e Malfoys

- Não é arriscado sairmos com todos eles, Mione?

- É sim, Gina. Mas que outra opção a gente tinha? Toda aquela gente do Ministério exigindo uma revista ao hotel dos Black. "Problemas no inventário", eles disseram.

Hermione estava muito nervosa. Não tinha esperado voltar a conduzir uma van lotada de descobertas-tardias depois do grande risco que correram da primeira vez. Mas, como ela mesma tinha dito, que outra opção teriam? O Ministério havia decretado uma busca por todo o hotel, para verificar se não tinha servido para motivos obscuros nos anos em que esteve fechado e, depois, tinham decretado que ele deveria ficar interditado até o dia seguinte.

Hermione, Rony e Harry conduziam os amigos para a casa de Gui e Tonks e tinham passado quase a tarde toda viajando. Anoitecia quando finalmente chegaram. Por terem tido que partir correndo, nunca tiveram a chance de avisar o casal. Por isso, Rony achou melhor entrar antes e ver como estava a casa. Mal abriu a porta, uma música chegou aos ouvidos de todos. Era um rock, estilo anos 60.

- Gui? – Rony chamou da entrada.

Mas não foi Gui quem apareceu, foi Tonks. Nenhum deles conseguiu esconder seu espanto ao vê-la. Ela usava um vestido vermelho bem rodado e um avental branco por cima. Sua barriga aparecia discretamente sob o tecido e ela tinha uma das mãos cobertas por uma grande luva de cozinha. O cabelo estava loiro e curto, divido ao lado e com as pontas viradas para fora.

- O que está acontecendo? – ela perguntou, assustada.

- Eu também queria saber. – Rony falou num sussurro para Gina e, virando-se para Tonks, disse em voz alta: - Precisamos de abrigo.

Tonks concordou com a cabeça e pediu que todos entrassem.

A casa não era muito grande, mas a sala conseguiu acomodar, de uma forma ou de outra, todas as descobertas-tardias e os quatro guias. Fred e Jorge estavam n'A Toca. Lupin, Snape, todos os outros, estavam em outras missões.

- Er... Nini? – depois de uns minutos, Hermione ousou dizer. – Por que você... ahn... Está... Com essa roupa?

- Ah! – Tonks bateu na testa como se tivesse esquecido o que estava fazendo antes das visitas. – Vocês vão achar engraçado. – Ela se sentou no braço de um dos sofás. Todos estavam muito interessados em saber por que diabos encontravam uma casa com aspectos de um antigo seriado de TV. - Gui duvidou que eu conseguisse ser uma dona de casa.

Todos continuaram a olhá-la, como se duvidassem que aquela fosse a explicação completa.

- E por isso você decidiu mudar para quatro décadas atrás? – Rony arriscou. Tonks riu.

- Não! Eu quis desafiá-lo. Provar que eu poderia fazer um belo jantar para nós dois. A roupa é uma piada. Como se eu fosse uma daquelas donas-de-casa que não saiam da frente do fogão.

Hermione, achando que só mesmo Tonks poderia pensar em usar um vestido daqueles para desafiar o marido, balançou a cabeça sorrindo. Mas, logo depois, percebeu algo estranho.

- Nini... Você está sentindo um cheiro de...

- Ah! – Tonks berrou, correndo para a cozinha. De lá, os outros puderam ouvi-la reclamar. – Tanto trabalho e acabo queimando tudo!

Sentindo-se terrivelmente culpados por tê-la feito esquecer o jantar, Harry, Rony, Hermione e Gina foram para a cozinha tentar ajudá-la. Mas pararam na metade do caminho. O barulho de pneus indicava mais visitas. E Gui não chegava em casa por meios trouxas.

Tonks também ouviu o barulho e atravessou a sala correndo para espiar por uma das janelas. Correu um pouco as cortinas e, quando tornou a fechá-las, estava pálida.

- Tia Narcisa.

Hermione, Rony e Harry apressaram-se em tirar as descobertas-tardias da sala sem fazer barulho. Estavam levando todos para o andar de cima, mas Gina tinha ficado parada.

- Narcisa Malfoy... – murmurou.

- Hermione! – Tonks chamou, tentando não gritar. – O vestido! Não posso aparecer assim para minha tia!

Hermione tentou argumentar que, por estar em casa, Tonks provavelmente teria muitos vestidos em seu armário, mas não teve tempo. Quando percebeu, já tinha sido arrastada por ela para o lavabo.

Tonks e Hermione tinham quase o mesmo tamanho. Trocaram de roupas, o vestido vermelho rodado de Tonks pelo vestido preto que Hermione usava. Dois rápidos feitiços, um para diminuir e outro para aumentar, ajeitaram as roupas trocadas por uma mulher grávida e outra não.

Terminaram a tempo de ouvir Narcisa bater na porta da casa. Hermione agarrou o braço de Gina e a levou para o andar superior, sua saia farfalhando. Tonks foi até a porta e a abriu.

Narcisa tinha o rosto pálido e os cabelos sem brilho presos em um coque alto. Usava um longo vestido verde-musgo e sapatos altos. Entrou em silêncio e se sentou em uma das poltronas da sala. Tonks permaneceu na porta, o sorriso com que tinha recebido a tia já havia se apagado de seu rosto, estava séria. Estava esperando. Esperando pela próxima pessoa que iria entrar.

Draco Malfoy cruzou a porta da casa de Tonks apenas cumprimentando-a com um aceno da cabeça. Sentou-se numa poltrona ao lado da mãe. Tonks foi para o sofá. Estava quase sentada quando tornou a levantar subitamente. Narcisa deu um pequeno pulo de susto.

- Chá? – Tonks perguntou. Nenhum dos dois respondeu. – Ahn, café? Não, não, claro. Está quente hoje. Água?

Narcisa fez um gesto com a mão para que Tonks se sentasse:

- Calma, menina. Você não está em condições de ficar tão agitada. – disse, em tom frio e um pouco arrogante.

Tonks se sentou parecendo um pouco ofendida. Narcisa Malfoy com certeza não tinha esquecido sua atitude de nobre mesmo depois de ter passado pela primeira guerra em condições tão caóticas.

- Então, tia. – Tonks forçou um sorriso. – O que a traz de volta à Inglaterra?

- Draco.

Draco estivera mirando a parede até então. Virou os olhos lentamente em direção à mãe e, depois, olho para a prima:

- Vou assumir os negócios da família.

Tonks estreitou os olhos.

- Negócios da família? – repetiu. – Mas o que poderia ter sido deixado pelo seu pai que possa ser útil?

Draco se levantou e parou em frente à Tonks, o dedo apontado na direção dela.

- Não mencione esse homem na minha presença!

Narcisa puxou o filho de volta para a poltrona e encarou Tonks.

- Não existe mais um vestígio sequer da família Malfoy entre nós. Nem o nome. Desde que partimos deste país, somos Narcisa e Draco Black. E é dos negócios dessa família que Draco vai tomar conta, a nossa família.

- Percorreremos as propriedades que agora pertencem à minha mãe a partir de amanhã. E queremos falar sobre a possibilidade de comprar a parte de sua mãe.

Tonks parece confusa. Pensou por um momento e, por fim, tudo que conseguiu murmurar foi:

- O Largo Grimmauld e o hotel também?

- Principalmente o hotel. – Draco continuou. – Ele poderia ser de novo o lugar luxuoso que foi.

- Não...

- Não? Você não quer vendê-lo? Imagino que esteja sendo absurdamente útil, fechado e empoeirado.

Tonks não soube o que responder, mas não teve muito tempo para pensar. Draco e Narcisa se levantaram logo em seguida e caminharam para a porta.

- Amanhã, no fim da tarde. Eu gostaria de passar no hotel. – Draco completou antes de abrir a porta.

- Não. – Tonks respondeu. – Amanhã, não. Se você quer conhecer minhas propriedades, terá que esperar quando eu puder.

Draco estreitou os lábios. Ia responder quando sua mãe, que já estava do lado de fora da casa, berrou.

Ele e Tonks correram para fora para ver o que tinha acontecido. No andar de cima, Hermione e Gina se aproximaram da janela de um dos quartos também para espiar.

- Ele... Ele... – Narcisa balbuciou, apontando um corpo estendido no chão. Era de homem que usava um uniforme azul e tinha uma enorme marca vermelha nas costas.

- É o motorista do hotel que nos trouxe! – Draco informou.

Mas Tonks não estava mais prestando atenção no corpo. Já tinha visto o precisava, a marca vermelha nas costas. Com a varinha em punho, vasculhou o terreno da casa com os olhos e, em seguida, empurrou Narcisa e o filho para dentro da casa.

Hermione descia correndo as escadas, todos vindo atrás dela.

- Eles estão aqui! Foram eles que mataram aquele homem! – berrou.

- Rápido, as vans ainda estão estacionadas na entrada! – Rony começou a levar todos para a porta da frente.

- Harry, vem comigo, nós vamos na frente e vemos se todos podem sair. – Tonks puxou Harry pelo braço, os dois passaram por Rony.

- Não!

O berro foi tão alto e tão triste que todos que estavam na sala pararam e olharam para trás. Narcisa estava caída no chão, encostada em uma das paredes do corredor que levava para a cozinha. Sua expressão era de terror e ela balançava o corpo para frente e para trás.

- De novo, não. Não está acontecendo de novo. Não... – começou a murmurar.

Tonks ainda estava longe dela, perto da porta da frente. Rony e Harry estavam perto dela. Hermione e Gina estavam no meio das descobertas-tardias e Draco tinha ficado perto de uma janela ao lado da porta de entrada desde que tinha sido empurrado para dentro pela prima.

- Tia. – Tonks chamou. – Tia, por favor, nós precisamos sair daqui.

- Não, não... – Narcisa balançava a cabeça e lágrimas rolavam dos seus olhos.

- Não abra a porta ainda, Harry. – Tonks pediu e começou a caminhar em direção a Narcisa.

Mas antes que conseguisse chega perto dela, Tonks viu um vulto na cozinha. Começou a correr para alcançar Narcisa, mas o vulto foi mais rápido. Narcisa foi puxada em direção aos fundos da casa.

Tonks correu ainda mais, passou pelo corredor e foi para a cozinha. Draco veio logo atrás dela. Gina e Harry também.

Narcisa foi puxada pelo jardim da casa. Tonks, ao chegar às portas de vidro, lançou um estupefaça no cavaleiro rubro que a carregava. O feitiço o acertou e ele caiu sobre a grama. Tonks correu em direção à tia. Draco a seguiu e Harry e Gina, com as varinhas em punho, vasculharam o resto do jardim, procurando outros cavaleiros.

- Tia. Tia! – Tonks ajoelhou do lado de Narcisa e apoiou a cabeça dela em seu colo. Draco olhava assustado para a mãe, que lhe devolvia um olhar vidrado. – Ela está me choque. – Tonks explicou.

- Precisamos sair daqui. – Draco tentou pegar a mãe nos braços, mas foi interrompido por outro berro.

Gina tinha sido atirada no ar por um feitiço de um segundo cavaleiro rubro. Harry tentou atacar esse outro cavaleiro, mas errou. Tendo escapado do feitiço de Harry, o cavaleiro atacou mais uma vez Gina, que, desacordada, caiu na piscina da casa.

Draco correu para a piscina enquanto Harry tentava, e conseguia desta vez, acertar o segundo cavaleiro. Gina tinha acordado com o choque na água e já estava em pé. Andou até a borda ofegante e aceitou a mão estendida de Draco para sair de lá.

Tonks tinha conseguido fazer Narcisa se levantar e se apoiar em seu ombro. As duas caminhavam lentamente em direção à porta da cozinha. Harry permaneceu parado, a varinha preparada, dando cobertura para que todos voltassem para o interior da casa. Draco cobriu Gina com sua capa e os dois também andaram para as portas de vidro.

Mas um estrondo fez com que todos parassem. Três cavaleiros rubros chegavam, montados nos mesmo cavalos brancos que tinham usado da primeira vez.

Harry fechou as portas de vidro com Narcisa e Tonks já dentro da casa. Ele, Draco e Gina apontaram as varinhas para os novos visitantes.

Um barulho de motor chamou a atenção dos três. As vans já deveriam estar preparadas para partir. Enquanto os três novos cavaleiros rubros reavivam os dois que estavam caídos, bastou uma simples conta: Harry, Draco e Gina contra cinco cavaleiros rubros.

Harry correu até Gina e Draco foi até as portas de vidro. Olhando Tonks com Narcisa ainda apoiada em seu ombro dentro da cozinha, bateu em uma das portas e berrou:

- A lareira!

------------

Durou poucos segundo.

Tonks levou Narcisa até a lareira e gritou "Ministério da Magia" antes de desaparecer pelas chamas verdes.

Draco juntou-se a Harry e Gina e desapareceram pelo corredor lateral da casa.

Fred e Jorge, atendendo a um chamado de Rony, aparatam em frente à casa.

As vans, prontas para partir, receberam os cinco e logo estavam na estrada.

------------

- Mione?

- Sim, Aline?

- Para onde vamos agora?

- Não sei. Estou seguindo a van de Rony. Ele está seguindo a van dos gêmeos. Não sei onde vamos parar.

- Eu sei um bom lugar. – Aline inclinou-se para perto de Hermione.

------------

- Tem certeza de que estaremos seguros aqui, Mione? – Rony não tinha gostado do lugar indicado por Aline.

- Claro que sim. Foi uma sorte Aline ter se lembrado desta gruta.

Eles tinham parado perto de um bosque. Existia uma gruta muito grande e bem escondida naquele lugar. Hermione já tinha visitado a gruta, em uma viagem com a faculdade. Tinha sido um curso de fim de semana em uma cidadezinha perto do bosque e, certa tarde, passeando pela região, ela e as amigas tinham encontrado aquele esconderijo.

De repente, um brilho confundiu Hermione.

- Aline, o seu anel. Ele voltou a brilhar.

- Não, ele está brilhando sempre. De tempos em tempos, solta a luz. Mas eu o tinha guardado no bolso desde aquele primeiro dia que você o viu no hotel. Não acho que funcione muito bem. Reconheceu magias fortes no hotel, mas também na estrada, na casa de Tonks, aqui...

Todos tentaram arrumar um lugar para descansar no meio da gruta mal iluminada. Algumas poucas varinhas tinham sido acesas.

Hermione tentava encontrar uma posição confortável para se sentar quando ouviu as risadas dos gêmeos.

- O que foi? – ela perguntou, sem olhá-los.

- Vai ser difícil encontrar uma boa posição com esse vestido. – respondeu Fred. Hermione baixou os olhos para a roupa que estava usando, ainda o vestido vermelho de Tonks.

- É, Mione. Sabe, existem roupas que não ficam bem para perseguições. – continuou Jorge. – Questão de estilo.

Rony passou pelos irmãos tentando segurar um sorriso. Deu um leve tapa no braço de Jorge e se sentou ao lado de Hermione. Passou os braços ao redor dela e deixou que ela deitasse apoiada nele.

Gina tinha ido mais longe na gruta, estava distante do grupo quando ouviu Draco chamar seu nome. Virou-se.

- Está fugindo? – ele perguntou, com uma risada leve.

- Quem me dera. – ela respondeu.

Draco procurou um lugar para sentar. Depois, olhando para o chão, suspirou.

- Imagino que minha mãe e Tonks estejam bem.

- Estão, com certeza. – Gina se sentou ao lado dele. – Ouvi quando Tonks gritou 'Ministério da Magia'.

- Então, logo vão mandar aurores atrás de nós. Logo poderemos sair daqui.

Gina abaixou o rosto. Ficou quieta por alguns momentos e depois voltou a olhar para Draco:

- Ninguém vai vir.

Draco balançou a cabeça demonstrando que entendia o que isso significava. O Ministério, mais uma vez, não acreditava na ameaça que rodava o mundo bruxo.

- Essa guerra não é diferente da última. – Gina terminou por dizer, após mais alguns instantes.

- É sim. – Draco respondeu e se levantou. – Dessa vez, eu vou começar no lado certo. – ele voltou para perto dos outros e deixou Gina sozinha.

------------

Já passava da meia-noite quando Gina se juntou aos outros. Tinha os olhos muito vermelhos.

Harry se aproximou dela e ofereceu um pouco de água de uma garrafa que tinha sido tirada de uma das vans. Gina aceitou, sua roupa ainda estava ligeiramente úmida da queda na piscina e a capa de Draco ainda estava sobre seus ombros.

Deborah olhava os dois atentamente. Phillipe sentou ao lado dela e disse alguma coisa em seu ouvido. Ela sorriu.

Nesse mesmo instante, do lado de fora da gruta, cinco cavalos brancos eram deixados por seus donos. Lentamente, a folhagem que cobria o esconderijo começou a ser removida.

----------------------------------------------------------------------------------------------

N/A: A Hermione de vestidinho vermelho... Hihihi.

Lilian Raquel: Obrigada pelos elogios! Tomara que você goste desse capítulo também.

Xianya: Ah, Deborah... Ai, ai. Alguém gosta dela? E os gêmeos ainda não sabem dessa admiradora nova... Quero só ver quando ela resolver revelar. Agora, a Gina. Ixi, o Draco voltou...

Alessa: Olha o Draco! Olha o Draco!

Becky: Sim, sim... Mione e Ron perfeitos! E, olha só, mais alguém contra a Deborah. Estou chocada... (hehehe).

Alicia: Oh, oh... Inimigas da Deborah... Mais uma! Hehehe... Ah, Alicia, os eu e-mail não apareceu inteiro na review. Por isso, não consegui te incluir na lista. Tomara que você veja essa atualização. Coloca o seu e-mail do lado do seu nick quando você comentar que aí sim ele aparece direitinho, ok?! ;)

Ana: Bem, bem... Eu não sou muito fã de D/G (apesar de estar pincelando durante a fic), mas estou muito feliz de saber que você vai continuar lendo a fic mesmo assim! :) :) :) Ah... Preciso comentar R/Hr??? Eu amo, é o shipper mais perfeito de todos!!! E é verdade... As brigas sempre começam por causa da Mione. Mas, é só um defeitinho dela, afinal, nem ela poderia ser perfeita, né?! Ei, ei! Adoro reviews grandes!!! Keep on!

Isabelle: Mas se o povo se acertar logo, acaba a fic... Não, ainda não... ;)

Lily: Foi um beijinho agora... Mas sabe-se lá o que vem depois... Hummm. Pode deixar que eu te entendo, eu também sou apressada. Mas eu tenho uma vantagem: eu sei qual é o final! ;)