DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions (perdoem qualquer omissão).

Notas: não, eu não sou dona dos personagens… Mas isso não me impede de amá-los!

Desculpem, mas não há aqui os agradecimentos nominais para as reviews deixadas na primeira publicação porque foram todos "engolidos" pelo fanfic. Fica aqui meu agradecimento para todos os que leram!

Parte II – Resgate

'Verônica? Verônica?'

Challenger e Roxton estavam ajoelhados no chão da sala principal da Casa da Árvore, preocupados tentando fazer a garota da selva voltar a si. Ela não parecia ferida, mas havia um pouco de sangue no chão perto da mesa, e na parede, além de penas negras de corvo espalhadas pelas tábuas, cacos de vidro e um casulo no chão. Além disso, Verônica não tinha mais o Trion em seu pescoço ou em suas mãos.

Verônica ouviu as vozes distantes de seus amigos. Abriu os olhos devagar, com uma sensação de exaustão enorme tomando conta de seu corpo.

'Verônica, você está bem?'

Ela olhou para Challenger, depois para Roxton, e então de súbito tentou sentar-se, dizendo: 'Marguerite?'

'Calma, Verônica, você estava inconsciente quando chegamos, vá devagar. Beba isto.' Challenger ordenou, ajudando-a a sentar-se e fazendo-a beber um pouco de água.

'Onde está Marguerite?' ela repetiu, assim que terminou de beber, seus olhos assustados procurando pela sala.

'Ela não está aqui, Verônica. Eu e Challenger nos encontramos perto da Casa da Árvore, depois que nossos planos de realidade desapareceram como por encanto e que a tempestade acabou tão subitamente quanto tinha começado. Entramos aqui achando que encontraríamos você e Finn, e talvez Marguerite, mas só encontramos você, desacordada aqui no chão.'

Ela fez menção de se levantar.

'Calma, Verônica. Você viu Marguerite?' Roxton perguntou, mantendo-a sentada mas muito interessado no que a garota tinha a dizer.

'Ela esteve aqui. E Morrighan também. Morrighan tentou me matar. Ela matou minha mãe.' Verônica disse, começando a chorar.

Roxton e Challenger se entreolharam. Eles estavam confusos. Verônica estava confusa. Mas eles sabiam que precisavam perguntar mais. Marguerite estivera ali. Ela podia estar em perigo.

'Morrighan? Quem é Morrighan, Verônica? E onde está Marguerite?'

Verônica, ainda chorando, respondeu: 'Uma sacerdotisa druida, pelo que Marguerite disse, que queria destruir o platô. Marguerite, ela era um corvo. E Morrighan, ela também era um corvo. E ela era igual à Marguerite. Ou Marguerite era igual a ela.'

Challenger exclamou: 'Badbh, a forma alada da deusa-sacerdotisa druida Morrighan!'

Embora para Challenger aquilo parecesse fazer algum sentido, para Roxton parecia uma estranha loucura, e ele temia pela sanidade mental de Verônica naquele momento. Ela podia ter batido a cabeça muito forte, porque definitivamente, para ele, ela não estava falando coisas coerentes.

Verônica tinha se levantado, apoiando-se em Roxton, seu rosto ainda banhado em lágrimas: 'Temos que ir àquela caverna onde você ficou preso com ela, John. Ela disse que estava indo para lá com essa tal de Morrighan.'

'Verônica, fique aqui com Challenger, eu irei buscá-la.' Roxton estava preocupado com Verônica, mas ainda mais preocupado com Marguerite.

'Não, Roxton, iremos todos juntos.' Ela disse, resoluta.

E os três desceram para o solo, e o mais rápido que puderam foram para a caverna onde há menos de um mês Roxton e Marguerite tinham ficado presos. Praticamente não conversaram pelo caminho, preocupados demais com o que podia aguardá-los em seu objetivo.

Quando chegaram, a caverna estava exatamente como há um mês atrás: explodida. Várias pedras sobrepostas impediam a entrada principal, e os três olhavam desolados para os lados a procura de algum sinal de Marguerite.

'Eu vou entrar pelo poço por onde saímos daquela vez.' Roxton decidiu, deixando seu chapéu e sua arma no chão e se aproximando do poço.

Sem dar tempo para que os outros o impedissem, ele desceu pela abertura que tinham usado para escapar da última vez: o respiradouro daquela "tumba". E em poucos minutos estava dentro da caverna. Ali, também, quase tudo estava destruído. O ar era pesado na atmosfera densa e carregado de poeira da caverna. E foi aí que o cheiro metálico de sangue penetrou suas narinas treinadas. E ele então a viu. Ela estava deitada a um canto da caverna. Uma adaga prateada projetava-se de seu abdômen, na altura do diafragma, e ela tinha diversos outros ferimentos e hematomas. Olhando o corpo dela, tinha-se a impressão que ela tinha primeiro caído de joelhos, e depois pendido para trás, as pernas ainda parcialmente dobradas sob seu corpo leve e imóvel. Assustadoramente imóvel.

Ele sentiu o sangue e o calor serem drenados de seu corpo, e substituindo-os um vazio gelado tomou conta dele. Ele tentou chamá-la, gritar seu nome, mas sua voz ficou estrangulada na garganta. Tentou aproximar-se, mas suas pernas não o obedeciam. Finalmente ele conseguiu arrastar-se para perto dela, caindo de joelhos aos pés daquela que era a mulher de sua vida.

Suas mãos tremiam tanto que não pareciam pertencer ao corpo dele. Mas ainda assim ele as ergueu, tocando suavemente a face de sua amada, afastando os cachos de cabelo negro e revelando toda a palidez que tomava conta da pele dela. Freneticamente, sua outra mão buscou um pulso, um sinal de vida. Mas ele tremia tanto que não conseguia distinguir nada. Ela não podia estar morta. O corpo dele agora finalmente foi sacudido pelos soluços e as lágrimas correram soltas pelo seu rosto quando ele finalmente conseguiu gritar: 'Marguerite, nããããããããããããããããããããããããããããoooooooooooooooooooo.' Teria ela previsto isso quando tinham estado na caverna, há menos de um mês? O terror que ela tinha sentido, que tinha provocado nele uma explosão de raiva e de palavras que ele se arrependia de ter dito a ela, teria tido um fundamento? A culpa e o arrependimento tomaram conta dele...

Do lado de fora, Verônica tinha ficado conversando com Challenger. Estava começando a contar a ele o que acontecera na Casa da Árvore, mas interrompeu-se. 'Você ouviu isso?'

'Não.'

'Pareceu a voz de Roxton, num grito angustiado. Venha, vamos entrar na caverna.' E sem parar para pensar, ela desceu, sendo seguida por Challenger.

Quando os dois estavam dentro da caverna, ficaram surpresos com o ar de desolação e de destruição à sua volta. A explosão que Roxton causara para salvar a si mesmo e a Marguerite fizera um belo estrago na caverna há pouco tempo atrás. Eles procuraram por Roxton, e foi então que o viram, de costas, ajoelhado no chão, seu corpo forte sacudido por soluços enquanto ele chorava alto, repetindo desconsoladamente o nome de Marguerite... E eles puderam vê-la, as costas largas dele ocultando a forma miúda dela, mas viam a massa de cabelos negros a frente, à esquerda de Roxton.

Se aproximaram, certos de que o que quer que tivesse acontecido, era algo grave para deixar Roxton nesse estado. Mas bastou ficarem de pé atrás dele para entender o que o deixara assim. Marguerite estava deitada, imóvel e imensamente pálida, com as pernas ainda dobradas sob seu corpo, como quem cai finalmente depois de se ter ajoelhado. Seu rosto, braços e torso tinham diversos cortes e hematomas, e uma adaga prateada se projetava para fora de seu abdômen num círculo de sangue.

Verônica e Challenger se aproximaram, ajoelhando-se também, seus olhos cheios de lágrimas pela mesma dor que invadia John.

Challenger, porém, seu senso prático muito forte, aproximou-se mais, tocando o pulso da herdeira, e também procurando pelos seus sinais vitais. Enquanto isso, Verônica pousou sua mão no ombro de Roxton, que olhou para ela com olhos vazios e assombrados, parecendo finalmente vencido pela dor.

'Santo Deus.' Challenger falou, apenas.

Roxton e Verônica viraram-se para ele, certos que o cientista estava tão abalado quanto eles.

Mas Challenger tinha um brilho nos olhos quando os ergueu de Marguerite para eles:

'Ela está viva, ainda.'

Os dois se aproximaram, depois de apenas um segundo de hesitação.

'Viva?'

'Mal e mal. Mas ainda viva.' Challenger voltou a falar, sem olhar para eles, seus olhos agora totalmente dedicados à Marguerite.

Verônica se aproximou, ajudando-o a esticar as pernas de Marguerite que estavam dobradas sob seu corpo, enquanto Challenger a examinava.

Challenger segurou uma das mãos da herdeira, firmemente fechada sobre algum objeto. Roxton pensou que fosse o medalhão que ela usava sempre, que seus pais tinham supostamente dado a ela antes dela ser abandonada. Mas quando abriram a mão dela encontraram dois Trions. Challenger apenas entregou-os à Verônica, que franziu o sobrolho mas finalmente pareceu ter entendido alguma coisa – apesar de não dizer nada. As teorias precisariam ficar para depois.

'Certamente várias costelas quebradas, além desses cortes e pancadas. Uma pancada forte que causou um galo considerável na cabeça.'

'E uma faca enterrada no peito.' Veio a voz desmaiada de John completar-lhe o raciocínio.

'Precisamos retirá-la.' Verônica disse.

Mas Challenger a impediu: 'Ela não perdeu ainda tanto sangue, se a tirarmos o sangue vai fluir livremente.'

'O que faremos então, George? Não podemos carregá-la assim para a Casa da Árvore!' Roxton parecia mais desesperado do que antes. Não podia sabê-la viva para vir a perdê-la porque não tinham sido capazes de salvá-la.

Challenger ficou em silêncio um instante, e então disse 'Fogo, precisamos fazer fogo.'

Agora era seguro fazer fogo porque o gás que havia na caverna já tinha sido consumido e dissipado na explosão. Eles acenderam uma pequena tocha, e então Challenger aproximou-a da adaga. Mas John o impediu, exasperado: 'O que pensa que está fazendo, George?'

Challenger olhou para ele, enquanto Verônica, entendendo, se aproximou de Roxton, segurando-o 'Calma, John. Eu vou aquecer a faca, de forma que ela cauterize a ferida antes que a retiremos. Creio que é nossa única possibilidade de salvá-la.'

'E se ela tiver algum ferimento interno, George, se algum órgão foi atingido pela faca?'

'Nesse caso, John, nós não conseguiríamos fazer nada de qualquer forma. É nossa melhor tentativa, a não ser que você tenha uma sugestão melhor.'

Roxton tentou falar, mas calou-se a meio caminho, entendendo. Eles tinham uma chance, e tinham que tentar. Ele apenas assentiu com a cabeça, cedendo à pressão do braço de Verônica que o afastou um pouco, enquanto ela voltava para segurar os braços de Marguerite no caso dela acordar no meio do processo. John, entendendo, segurou as pernas de Marguerite, enquanto George aproximava novamente a chama da tocha do cabo de adaga prateada.

Em poucos segundos, a adaga inteira assumiu uma cor quase rubra, o calor se espalhando rapidamente pela lâmina de metal. O cheiro acre de carne queimada revirou o estômago deles, e pela primeira vez os três agradeceram que Marguerite estivesse inconsciente para não sentir nenhuma dor pelo que eles estavam fazendo.

Então, depois de mais um minuto, Challenger envolveu a adaga num pedaço de couro grosso e foi retirando-a devagar, dando tempo para que a ponta ainda aquecida fosse cauterizando seu caminho até retirá-la finalmente do corpo de Marguerite. O bom sinal é que pelo menos quando eles retiraram a adaga, a ferida praticamente não sangrou, o que significava que o trabalho de cauterização funcionara. Mas Marguerite finalmente acordou, com um grito de dor.

Challenger então sentou-se, seu rosto porejado de suor. Verônica e Roxton continuaram segurando Marguerite, e olharam para Challenger inquisitivamente.

Ela gemeu alto novamente. Challenger trocou de lugar com John, que se aproximou mais do ouvido dela, falando suavemente enquanto acariciava o rosto e os cabelos dela com a palma da mão: 'Calma, meu amor, vai ficar tudo bem...'

Ela respirou fundo mas se encolheu com a dor que isso deveria ter causado, e seus olhos se abriram abruptamente. Ela parecia assustada e preocupada, mas seus traços se suavizaram quando viram o rosto de John tão perto do seu. Ele tinha os olhos vermelhos e a face estava marcada pelo caminho de muitas lágrimas. Por que ele teria estado chorando? Ela levantou seu braço dolorido, apoiando sua mão na nuca dele, puxando-o para perto de si e beijando-o apaixonadamente – precisava sentir o gosto dele, saber que ele estava bem, saber que estava viva, que ele estava vivo, e que aquele pesadelo tinha acabado. Ele foi pego de surpresa, mas retribuiu o beijo com o mesmo ardor, apenas mais delicado porque sabia, melhor que ela, da condição física em que o corpo dela estava. E quando ela tentou tomar fôlego percebeu porque ele estava sendo tão delicado: respirar doía. Ele apenas sorriu para ela, apoiando-a. Mas então ela se lembrou de Morrighan, e tentou sentar-se, mas com Challenger e Verônica segurando-a, mais a dor que sentiu, caiu novamente deitada com um gemido surdo.

John fez sinal para que eles a soltassem de vez, e então levantou-a delicadamente, suportando-a e percebendo que ela segurava a respiração para não demonstrar a dor que estava sentindo.

'Calma, você está muito ferida. Não se mexa, nem fale muito.' Ele disse, com a testa encostada na dela, suas respirações se misturando.

Ela se afastou apenas um pouco, olhou para Challenger, e depois para Verônica, e vendo-a viva, bem e inteira, suspirou aliviada mas dolorosamente.

Então, virou-se novamente para Roxton.

'John, o corpo.' Ela arquejou.

Ele dirigiu a ela um olhar confuso. Será que ela estava delirando?

'O corpo, John, com a mesma marca de nascença que eu tenho.' Ela continuou, ofegante.

Ele podia sentir o corpo dela trêmulo em seus braços, e os grandes olhos cinza azulados inspecionavam o rosto dele ansiosamente. Mas então ele se lembrou.

'Sei, Marguerite, o corpo que encontramos aqui da outra vez. O que tem ele?'

'Preciso que você confirme se ele está lá ainda, John.' A voz dela quase sumia no esforço de respirar com a dor que sentia nas costelas quebradas e com o ferimento no peito.

Ele olhou para ela, agora realmente preocupado. Que razão havia nesse pedido?

'Por favor, John' ela implorou, uma mão agarrada firmemente à gola da camisa dele. Havia um laivo quase alucinado no olhar dela, e ele percebeu que se não fizesse o que ela pedia ela não se acalmaria.

Ele delicadamente fê-la soltar de sua camisa, encostando-a a uma pedra, e levantou-se. Verônica e Challenger olhavam os dois sem entenderem muito a situação. Ele também não entendia, mas se havia algo que pudesse deixá-la mais calma, então ele faria isso. Levantou-se, e dirigiu-se para a parte da caverna onde tinham encontrado o corpo. Apesar de todo o desabamento, a pedra que cobria a entrada do nicho estava ainda em posição, apesar de ter se afrouxado a pressão dela na parede. Com um movimento de seus braços musculosos, ele afastou a pedra, e o corpo que tinham encontrado ficou novamente visível.

Ele se virou, dirigindo-se a ela.

'Está aqui, meu amor, exatamente como o deixamos.'

'Eu preciso vê-lo, John.' A voz dela era uma súplica.

Ele suspirou, tentando afastar de seus pensamentos a possibilidade dela ter perdido a razão. No momento, tudo o que podia fazer era satisfazê-la.

Ele enfiou meio corpo no nicho, arrastando para fora a carga mumificada enrolada no tecido com o mesmo símbolo que ela tinha nas costas. O tecido tinha o rasgo na altura do ombro da múmia que eles tinham feito para confirmar que ela tinha o mesmo sinal que aparecera em sonho para ambos enquanto tinham estado presos na caverna. Arrastando o corpo para fora, ele o trouxe para perto de Marguerite, onde ela podia vê-lo.

Challenger e Verônica estavam surpresos, mas John apenas olhou para eles sinalizando que explicaria depois. Marguerite olhou atentamente para o corpo, como se não acreditasse no que estava vendo. Depois, levantou para John os olhos cinza azulados mais calmos agora, mas banhados em lágrimas, e disse apenas, num murmúrio: 'Obrigada.'

'Posso colocá-la de volta no nicho, meu amor?' ele falava com doçura, preocupado demais com o que a motivara a revirar aquele assunto que tanto a assustara nessa mesma caverna há menos de um mês atrás.

Ela apenas assentiu, duas lágrimas silenciosas escapando de seus olhos e correndo por seu rosto pálido e ferido.

John tinha o coração apertado, pois não estava entendendo nada do que acontecia ali. Porém, obedeceu, levando o corpo de volta ao nicho e cobrindo-o com a pedra, novamente. Passou pelo poço d'água que existia dentro da caverna, lavando-se da poeira e da morte que pareciam ter-se intrincado nele.

Então, voltou para junto dela. Ela tinha baixado os olhos, e ele segurou o rosto dela delicadamente, afastando os cachos de cabelo negro que lhe cobriam a face, e secou-lhe as lágrimas com beijos suaves em sua face. Ela estava prestes a perder o pouco controle que lhe restava depois de toda aquela situação estressante, principalmente com o corpo másculo de John agora tão próximo do seu, transmitindo-lhe tanta segurança e carinho.

Ele sabia que ela estava assustada pelo olhar escancarado que ela lhe dirigia, como fizera há menos de um mês atrás na mesma caverna. Então, sentou-se contra a mesma pedra onde ela estava, e passou a mão pelos ombros dela, abraçando-a com cuidado para não feri-la ainda mais contra si... Ela se aninhou contra ele com um gemido baixo, e pareceu cair no sono imediatamente.

Mas Challenger sabia melhor 'Ela desmaiou novamente. Agora precisamos tirá-la daqui e voltar para a Casa da Árvore.'

John tentou acordá-la, mas sem sucesso. Ela realmente tinha desmaiado.

'Mas como, George? Não acha que podemos complicar a situação dela movimentando-a?'

'Temos que tentar, John. Se houver qualquer complicação no estado dela não temos muita chance fora da Casa da Árvore.' Embora Challenger não dissesse, qualquer complicação, mesmo em eles estando de volta à Casa da Árvore, seria difícil de superar.

John carregou o corpo imóvel e tão leve em seus braços como se não lhe custasse nenhum esforço. George e Verônica subiram primeiro, e depois ajudaram John a sair com Marguerite de lá.

John novamente tomou Marguerite em seus braços, apoiando o rosto dela contra a curva do seu pescoço e ombro, e seguiram para a Casa da Árvore.

Chegando lá, levaram-na para o quarto dela, onde depois de Verônica limpá-la e vesti-la numa camisola seca e limpa, eles providenciaram uma atadura para imobilizá-la de forma que suas costelas quebradas também estivessem cuidadas. Além disso, Verônica e Challenger cuidaram de todos os outros ferimentos e cortes. John apenas observava, como que petrificado, seus olhos sempre focados no rosto imóvel da mulher que ele amava.

'John, vá tomar banho e trocar de roupa, depois você pode voltar e ficar com ela.'

Ele obedeceu rapidamente, depois de alguns segundos de hesitação. Quando voltou, eles tinham terminado, e enquanto Verônica e Challenger também foram providenciar banho e roupas limpas para si mesmos, John sentou-se ali, ao lado dela.

'Parece um anjo dormindo assim...' John pensou, beijando-lhe a testa com cuidado. Ele estava exausto. Afinal, tinha lutado com conquistadores espanhóis a tarde toda, chegando a ponto de ter que lutar corpo a corpo quando a sua munição tinha acabado. E então, de repente, eles tinham desvanecido e a escuridão da tempestade desaparecera. Ele estava no platô, no mesmo lugar que estivera com os conquistadores, mas os conquistadores já não estavam lá. Ele se levantara e depois de procurar por Marguerite sem encontrar nenhuma trilha dela a partir do local onde tinham se separado, resolvera voltar para a Casa da Árvore, encontrando Challenger parado, muito confuso, a menos de duzentos metros da cerca elétrica.

Challenger tinha falado algumas coisas incoerentes sobre o ano de 4666, e de alguém tentando matá-lo para impedir que ele causasse o futuro, ou para impedir que ele impedisse o futuro, ele não entendeu bem. Juntos, tinham chegado à Casa da Árvore, apenas para encontrar Verônica desacordada, seu corpo caído no meio da sala.

E então viera a busca e o encontro de Marguerite. Mas graças a Deus ela estava ali, viva. Mas ele iria querer ouvir muita coisa quando ela acordasse, pois não tinha a menor idéia de como ela tinha ido parar naquela caverna e como tinha ficado tão ferida. Um arrepio desconfortável percorreu o corpo dele. Ela tinha estado muito perto da morte hoje, definitivamente. Por alguns instantes ele realmente acreditara que a tinha perdido, e a sensação tinha sido praticamente insuportável. Graças a Deus ela estava ali, com eles... com ele... e tudo ia ficar bem.

Enquanto isso, na sala, Challenger e Verônica, estavam preocupados com um outro habitante da Casa da Árvore que estava ainda desaparecido...

'Challenger, você e Roxton não viram Finn quando vieram para cá?'

'Não, Verônica, a última vez em que a vi ela estava com você e vocês estavam segurando a corda para me impedir de ficar preso em outro plano de realidade.'

'Ela desapareceu, George. Quando chegamos aqui, e eu fiquei de pé no suposto centro da casa da árvore segurando o Trion, uma luz amarelada me envolveu, e depois da Finn tentar me demover e me convencer a parar de fazer o que eu estava fazendo, a luz ficou muito intensa e eu não a vi mais.'

'Verônica, considerando que os diversos planos de realidade foram abruptamente cortados, como aqueles em que eu e o Roxton estávamos, o mesmo deveria ter acontecido com ela.'

'Por isso achei que ela voltaria para a Casa da Árvore, mas estou começando a ficar preocupada.'

Roxton tinha subido até a sala, e eles o inteiraram sobre suas preocupações com Finn.

'Precisamos buscá-la. Ela poderia estar ferida em algum lugar.' Verônica disse, pegando suas coisas.

'Não, eu vou atrás dela, Verônica. George pode precisar de você enquanto cuidam de Marguerite. Além disso, vou aproveitar para religar o moinho, porque estamos sem cerca elétrica.' Roxton disse.

A garota da selva entendeu. Roxton tinha passado por uma situação emocional limite hoje, acreditando que Marguerite tinha morrido. E um pouco de ar livre e trabalho físico iriam ajudá-lo a tirar aquele ar assombrado que tinha se instalado nos olhos dele desde que encontrara Marguerite aparentemente morta na caverna.

'Volte antes do anoitecer, John. Você tem menos de duas horas.'

'Eu conheço as regras, meu velho amigo. Estarei aqui logo, e, espero, trazendo Finn a tiracolo.'

Ele saiu. Challenger desceu então para ficar com Marguerite, enquanto Verônica preparava um jantar leve para os outros.

Roxton primeiro percorreu todo o perímetro da Casa da Árvore, mas realmente, estranhamente, todas as pegadas de Verônica e Finn levavam à Casa da Árvore, e não para fora dela. Finn não saíra da Casa da Árvore. Não caminhando, pelo menos.

Ele foi para o moinho, onde encontrou alguns fios partidos pelo vento da tempestade, e consertou-os rapidamente. Voltou para a Casa da Árvore, sempre atento para possíveis sinais de Finn, mas não encontrou absolutamente nada.

Quando chegou de volta à Casa da Árvore, antes mesmo de subir, foi ligar a cerca, que voltou a funcionar perfeitamente, com aquele zumbido característico que aumentava o senso de segurança que todos eles tinham desde que George providenciara aquela invenção.

Subiu ansioso. Esperava que Finn tivesse voltado, mas nenhuma pegada chegava à Casa da Árvore. Sabia que ia dar uma notícia que entristeceria os outros amigos, mas não encontrara nem sinal dela.

Verônica estava terminando de arrumar a mesa para que eles pudessem comer quando ouviu o elevador. Ela ainda estava confusa, e não via a hora de Roxton estar de volta com Finn e que Marguerite recuperasse a consciência para que pudessem conversar e entender o que tinha acontecido. Quando ouviu o barulho do elevador, seu coração se alegrou. Sentia falta da sua irmã mais jovem. Mas Roxton saiu do elevador sozinho.

'Onde está Finn?'

John não olhou para ela enquanto colocava as armas e a mochila nos cabides apropriados.

'Não encontrei nenhum sinal dela, Verônica. As únicas pegadas dela são aquelas em que ela a estava acompanhando de volta à Casa da Árvore.' Ele disse, um pouco desanimado.

Challenger viera correndo, pois também ele sentia falta da sua mais nova filha. Chegou a tempo de ouvir o comentário de John, e percebendo o desânimo do amigo, se aproximou, colocando a mão no ombro dele.

'Nós precisamos sentar e conversar, John, para tentar entender tudo o que aconteceu. Enquanto isso, porque não fica um pouco com Marguerite enquanto eu termino de ajudar Verônica por aqui?'

'É isso mesmo, Roxton, em mais dez minutos poderemos nos sentar para comer e poderemos conversar.'

Ele assentiu, e desceu em silêncio para o quarto de sua amada, sentando-se na beirada da cama dela e tomando uma das mãos dela entre as dele, enquanto acariciava o rosto e os cabelos dela com a outra mão. Ficou surpreso quando ela abriu lentamente os olhos, um sorriso suave preenchendo sua face, e quando ela disse o nome dele antes mesmo de vê-lo 'John...'

'Estou aqui, meu amor...' ele sussurrou, enquanto se perdia naqueles dois poços cinza-azulados infinitamente profundos, e sentindo uma onda de calor invadir-lhe o peito, apagando como que por encanto todo o medo que ele sentira de perdê-la. Ele beijou-a suavemente, sugando com delicadeza seus lábios. Sabia que tinha que ir devagar pela condição em que ela se encontrava, roubar-lhe o fôlego não a ajudaria.

'Você está bem?' ela perguntou, depois de alguns segundos, apertando a mão dele que segurava a dela.

'Eu? Estou sim, minha querida, são e salvo... Já não sei se posso dizer o mesmo de você...' ele disse, e o tom de voz dele estava um pouco mais leve, o rosto tão próximo, a barba por fazer...

'Aqueles conquistadores espanhóis, John, como você se livrou deles?' a voz dela ainda era baixa e ele podia notar que falar e respirar ainda doíam para ela. Mas ela nunca admitiria isso.

'Isso foi muito estranho. Eles desvaneceram-se, como poeira no ar...'

Ela sorriu: 'Parece fácil demais...'

'Depende com o que comparamos... O que foi que você enfrentou para ficar nesse estado? Quem fez isso com você?' a voz dele estava cheia de preocupação de novo, e ele franziu o sobrolho.

'É uma longa história. Mas acho que vou querer contá-la apenas uma vez, quando estivermos todos juntos.' Ela disse, com voz cansada. Mas notou uma sombra de tristeza no rosto dele.

'Eu posso contar só para você, se quiser.' Ela emendou, rapidamente, surpresa com a reação dele.

Ele sorriu, pegando a mão dela e beijando-a com delicadeza. 'Não é preciso, quero que você descanse, nada de esforço agora.'

Ela ficou confusa. 'Então por que você fez aquela cara?'

'É que... é... Finn. Ela não voltou. Não temos nenhum sinal dela. Quando você mencionou que contaria para todos... com todos juntos... eu não pude deixar de me preocupar... Onde ela estará?'

Marguerite suspirou e se encolheu de dor, ao mesmo tempo. Ele se preocupou, mas ela o impediu, dizendo apenas: 'Acho que precisamos conversar, todos juntos, mesmo sem Finn. Há muito para ser explicado, John.'

Challenger entrou no quarto para chamá-lo, mas vendo a herdeira acordada, aproximou-se para examiná-la.

'Você não deveria estar conversando, minha criança. Por enquanto, um bom descanso é imprescindível para sua recuperação.'

'John estava me dizendo isso agora.' Ela disse, piscando para o caçador que a observava amorosamente.

'Como você está?'

'Com dor, George. Mas nada que seus chás e seus milagres científicos não resolvam, não é mesmo?'

Ele sorriu, encabulado. 'Vim buscar John para jantar. Mas acho que vou trazer a comida para ele aqui, assim ele lhe faz companhia. Quer alguma coisa também?'

'Não, Challenger, quero que você leve o John para comer à mesa, com vocês... Depois vocês terão todo o tempo do mundo para voltar aqui. Enquanto isso eu descanso um pouco mais.' Ela realmente estava exausta, e sabia que o que tinham para conversar seria penoso e revelador para todos eles.

'Tem certeza que quer ficar sozinha?' John disse, provocadoramente.

'Apenas o tempo de vocês comerem enquanto eu cochilo mais um pouco.' Ela tentou sorrir.

Os dois homens saíram então, John por último, afastando-se lentamente enquanto a mão dela escapava por entre as dele. Ela já tinha caído num sono leve novamente.

Os dois subiram para a sala de jantar, John com uma nova energia. Ela ia ficar bem. Tudo ia ficar bem. George também estava mais aliviado.

'Nossa, John, parece até que Marguerite voltou a si, pelo seu sorriso.'

'Você acertou, Verônica, ela acordou.' Ele respondeu, sorrindo ainda mais.

'Ela falou alguma coisa?'

'Muito pouco. Vai descansar agora enquanto comemos, mas disse que precisamos conversar todos juntos, mesmo sem Finn, para entender o que aconteceu.'

'Ela está bem?'

'Ela disse que está com dor, Verônica, mas isso é natural considerando o quanto ela está ferida. O ideal seria adiarmos essa conversa para amanhã, quando ela estiver mais descansada.'

'Mas, conhecendo a Marguerite, se ela estiver acordada e nós não voltarmos lá para falar com ela, ela vai virar uma fera!'

Eles comeram nesse clima mais leve. Logo que terminaram, todos ajudaram a recolher, lavar e guardar a louça.

Desceram juntos para o quarto de Marguerite. John entrou primeiro, silenciosamente, mas viu que ela estava dormindo em paz. Colocou as costas da mão na testa dela, e saiu do quarto novamente.

'Ela está dormindo. Acho melhor não a acordarmos para conversar, como Challenger sugeriu. Podemos falar amanhã. Mas acho que ela está com um pouco de febre.' Ele completou, preocupado.

'É natural depois do que ela passou – embora se a febre persistir possa ser sinal de alguma infecção.'

'Vou buscar um pouco daquele chá de lavanda que ajudará a diminuir a febre.' Verônica disse, e em um minuto estava de volta com o chá.

John entrou no quarto, e depois de apagar a vela e o lampião que iluminavam o quarto fracamente para não acordá-la completamente, chamou por ela.

'Marguerite?' ele disse, sustentando delicadamente a cabeça dela.

'Hummm' ela respondeu entorpecida de sono.

'Você precisa beber isso.' Ele disse, aproximando a xícara de chá dos lábios dela. Ela sorveu o líquido, sem abrir os olhos e sem reclamar.

'Precisamos conversar, John, sobre Morrighan.' Ela murmurou, sua voz empastada de sono, ainda com os olhos fechados.

'Amanhã, meu amor, amanhã. A conversa pode esperar. Durma agora, sim?' ele disse, apoiando novamente a cabeça dela no travesseiro e cobrindo-a com um cobertor. Ela se aninhou e voltou a dormir profundamente.

Ele saiu, entregou a xícara para Verônica que o esperava do lado de fora, sorrindo. E voltou para o quarto. Ele passaria a noite ali, caso ela precisasse de alguma coisa. Puxou a chaise para próximo à cama, e se esticou ali, caindo logo num sono profundo e restaurador.

CONTINUA...

Bom, pessoal, essa é uma fic terminada, então, publicar as próximas partes depende apenas do fluxo de Reviews...

Estão vendo esse botãozinho GO aí embaixo? Isso, bem no canto inferior esquerdo... Taí! ;-)