Um conto de natal.
A neve caia leve como plumas... enchendo Hogwarts daquela aparência bonita e fria de inverno... um cartão postal de sonho.
Harry olhava a paisagem da beira do lago, sim parecia um sonho...
Parecera... um dia.
Andou mais um pouco... olhando a água congelada... pensando na vida sentindo o peso morno e desequilibrado de Edwiges recentemente ferida ao levar uma mensagem a Londres...
-Harry! Harry!
Se virou para ver Hermione e Gina correndo para ele.
"Devem ser notícias de Rony..." pensou afagando a coruja, "será que ele acordou?"
As duas pararam esbaforidas e vermelhas na sua frente.
-Algo errado com Rony?
-Nãaao!- Gina engasgou... névoa saia da respiração aquecida contra o ar gelado a volta.
-Ele já acordou! Está tudo bem agora!!!- disse Hermione muito feliz com a notícia.
"Agora, até a próxima..." pensou meio amargo...
No último final de semana antes do recesso de natal Hogsmeade foi invadida... saíram razoavelmente bem com exceção do amigo que havia levado um feitiço estranho pelas costas... ficara na enfermaria e mesmo com Pomfrey os tranqüilizando, o que era uma coisa sem sentido uma vez que sem ver o amigo de pé ele não ficou nem um pouquinho tranqüilo... mas mesmo assim ela tentara os tranqüilizar... inútil mas necessário, bom, ela os havia tranqüilizado, os mandando sair da enfermaria, na qual faziam turnos de vigília... seguiu as duas um pouco devagar, primeiro porque as duas estava cansadas e ele não podia correr com a coruja desequilibrada no ombro.
Agora estavam ali em Hogwarts semi-vazia esperando um dos natais que Harry esperava ser o menos animado de sua vida...
Havia aprendido a gostar do natal em Hogwarts... porque antes... bem antes era sempre a mesma decepção... no início quando era criança demais para entender ficava esperando... em vão... que aparecesse algum presente, pelo menos um, que fosse novo e seu... sempre a expectativa, talvez dessa vez... talvez dessa vez eles esquecessem que as coisas estranhas aconteceram e resolvessem lhe dar algo novo... seu. Ou alguém remotamente se lembrasse de sua existência e lhe mandasse algo... bom crianças pensam esse tipo de coisa não? Então esperava... esperava haver pelo menos uma caixa de presente no meio da pilha embaixo da árvore... nem que fosse pequenininha... mas que fosse sua, algo novo... mas raramente havia algo na pilha imensa de Duda e quando havia... bom nunca era novo, e nunca era algo que uma criança podia considerar um presente... bom, não era um gênio como Hermione, olhou a amiga avançar um pouco mais rápido pela neve, não era inteligente como ela mas também não era burro... um dia a sua ficha caiu em Alfeneiros... um dia no ármario embaixo daquela escada a verdade acabou vencendo... havia aprendido a não esperar nada... ou apenas desejar o que podia ter... as coisas quebradas, descartadas, com defeito ou esquecidas...
O olhar do amigo lhe fez o pensamento sumir...
-RONY !!!- Berrou Hermione correndo.- Você devia estar descançando!
-Ah sai Mione... se eu ficasse mais uma hora na cama ia criar raizes lá!- disse ele corando um pouco com a proximidade preocupada dela.
Gina soltou um gemido angustioso que se tornara comum, Harry reparara, quando Hermione e o irmão se aproximavam... Harry ainda se perguntava se ela esperava um romântico beijo e declarações de amor dos dois, porque ele mesmo já havia desistido de ver os dois se assumindo, talvez se trancasse os dois num armário por uma semana eles dessem um jeito na paixonite mal resolvida.... hum... era um idéia... se convencesse Gina a ajudar...
Talvez...
-Ei bom ver vocês aqui!- disse a voz grave logo atrás deles.
-Hagrid! Terminou?- Gina perguntou com um sorriso.
-Finalmente, são menos agora... mas estão tão bonitas quanto todos os anos... Flitwick ainda as está arrumando... porque não entram para ver?
-Ah, já vimos as árvores...- disse Hermione.- Estão bonitas mesmo...
-Pena as primeiras terem murchado...- disse Hagrid limpando restos da última árvore da roupa.- Estavam muito bonitas também... mas alguém não gostou.
"E Malfoy gosta de alguma coisa?" Pensou apenas... os sonserinos pareceram muito felizes com o repentino murchamento das árvores... bem agora não havia nenhum sonserino na escola... de repente todos eles tinham famílias amorosas para as quais voltar... " Não fora ele e alguns amigos que de repente disseram que árvores fora da floresta tinham vida curta? Só porque Gina tinha falado que adorava as árvores enfeitadas... hum... dava pra desconfiar...
Se fosse burro...
Porque aquilo não era o tipo de coisa que devia ater sua atenção... pensou seguindo os amigos... sim, Hagrid os chamara para o chá.
Canino logo estava aquecendo seus joelhos com a boa e velha baba de sempre... depois é claro de encher Edwiges... ela ainda estalava o bico de tempo em tempo.
-Não seja rabujenta.- disse coçando-a.
-Que bom que você ainda tem uma língua...Harry.- disse Hagrid.
Sorriu para o velho amigo, começou a conversar... e divagar... até parar de falar para escutar... era tão difícil manter-se falando... era tão preferível ficar quieto.
A saliva babosa de Canino escorreu sobre sua veste, acariciou o pêlo já esbranquiçado do cão.
-Quantos anos Canino tem Hagrid?
-Ah esse senhor preguiçoso e meio covarde?- riu Hagrid.- Não parece mais o bom e velho Canino já tem treze anos... não é Canino?
O cão soltou um gemido e apenas se ajeitou melhor nas vestes de Harry, nunca mais fora o mesmo depois de ter sido acertado naquela noite em que Umbridge tentara prender Hagrid.
-Ele não é mais o mesmo... acho que aqueles feitiços acabaram com ele... agora só quer dormir...- Hagrid o olhou.- Acho que já merece uma aposentadoria...
O silêncio dominou alguns bons minutos...
-Ah... quero apenas...- disse Hagrid na porta da cabana.- Apenas avisar vocês para não se assustar se não me virem no jantar de natal... bem...
-Você não vai viajar de novo vai?- acabou perguntando ansioso.
-Não... vou passar a noite na floresta com Grope... família entende?
"família entende?"
Grifinória inteira deles... sentou-se no sofá e fechou os olhos... Edwiges se enpoleirou no sofá... traumatizada a ave não saía mais do seu lado... na verdade não desejava que ela saísse...
-Sabe... seria legal se a gente fosse dar um alô ao Grope com Hagrid...- disse Gina.
Rony parou o jogo de xadrez olhando a irmã, Hermione ergueu os olhos do livro de Alquimia que estava lendo.
-Tá doida?- foi o que Rony disse.
-Na verdade a idéia é bastante interessante.- disse Hermione.
-COMO É?- Rony a olhou espantado.
-Ah, Rony... nós já sabemos como é o jantar... podíamos dar uma escapulida... visitar o Grope... é natal, seria bom para ele.
Rony o olhou com aquele olhar exasperado... mas sorriu para o amigo.
-Sabe, é a melhor coisa que podíamos fazer nesse natal.- disse olhando Hermione.
Rony resmungou muito... mas na verdade adorou a idéia, não conseguia precisar a vontade repentina de Hermione quebrar algumas regras, mas depois de algumas quebras de regra por parte dela, nada lhe surpreendia, Gina é que estava empolgada... mas não tinha idéia do que dar a Grope de presente.
Presente?
Deitado em sua cama Harry apenas pensou no que podia fazer para dar a Grope... afinal... não era uma questão de presentes... mas de intenção... sem sono se enfiou no roupão e desceu reavivando as chamas da lareira da sala comunal, tentando não trazer a memória do padrinho para a parte consciente, falhando é óbvio .
Intenção... exatamente como pensara antes... quando era criança... não doía o fato de não ganhar nada novo por ser novo... era pela intenção...
Não havia intenção... só obrigação.
-Sem sono Harry Potter, meu senhor?
Olhou as duas bolas a sua frente... ah, não eram bolas de tênis... eram olhos...
-Oi Dobby!- sorriu se ajeitando no sofá para olha-lo.- Um pouco sem sono sim...
-Dobby pode ajudar? Quer um chá Harry Potter? Chá é bom para o sono, meu senhor...
-Não é má idéia Doby... na verdade... espera aí... vou dar um pulo na cozinha com você... estou com fome.
Desceu com o elfo silencioso pelo castelo naquele 23 de dezembro.
