Um Novo Rumo

Capítulo 4

"Um Natal Inesquecível"

Tóquio, tarde de 23 de dezembro de 2002. Em um movimentado shopping, quatro rapazes caminham entre uma multidão de passos rápidos e carregada de vários pacotes de presentes.

- Como esse povo gasta, não é? – Seiya com os braços cruzados e uma cara de bobo.

- Isso é normal nesta época do ano. – responde Hyoga.

Com a aproximação do Natal, todo o comércio vira uma baderna. – constata Shun que se vira para Pégaso e pergunta – Mas afinal de contas, por que você quis assistir ao filme logo neste shopping, Seiya? Afinal de contas, O Senhor dos Anéis também está em cartaz naquele cinema da praça central...

- Eu não acredito que você ainda não entendeu o espírito da coisa, Shun!!! – Seiya agarra o rapaz pelo pescoço, num gesto de camaradagem.

- Que espírito, Ogawara... – intercede o quarto rapaz do grupo, Ikki.

- Até tu, Brutus??? – fala Seiya em tom de deboche – Pensei que fosse mais esperto, já que é o "mais pedido" entre a mulherada!

"Idiota..." – pensa Ikki.

- Bem... O "espírito da coisa" está bem ali! – ele aponta em direção a um pequeno conglomerado de pessoas – Ei! O que estão esperando?! Venham logo!! – diz, correndo em direção ao local indicado.

- Mas o que será que ele vai aprontar agora?... – pergunta Hyoga.

- Vamos ver o palhaço em ação! – diz Ikki que já está caminhando em direção do local.

- Cisne e Andrômeda se entreolham e dizem com um sorriso de entusiasmo:

- Vamos!!!

Eles se aproximam da pequena multidão e quase caem de tanta vergonha. Seiya está em uma fila para...

- Falar com o Papai Noel??!!! Você está louco, Ogawara?? – pergunta o pasmado Cisne.

- S-Seiya... Sai logo daí, pelo amor de Deus... – Shun, que enquanto fala, começa a ter um acesso de risos diante da situação "delicada".

- Jamais! Meu maior sonho sempre foi falar com o "bom velhinho"! Daqui não saio, daqui ninguém me tira!!! Ehehehe!!!! – na realidade, Seiya está querendo chamar a atenção de um pequeno grupo de garotas que está do outro lado da cerca.

No outro lado da cerca de onde os pais das crianças que estavam na fila ficavam como espectadores, Ikki está observando todo o desenrolar da cena.

- Deixa o Ogawara realizar o sonho dele! Ahahahah!!! – Ikki grita.

"Humpf! Eu ainda vou tirar essa cara de feliz dele na porrada!" – pensa Pégaso.

A essa altura do campeonato, todo o shopping já estava observando Pégaso. Apenas o "bom velhinho" não tinha percebido a pequena confusão.

- Comportou-se bem durante todo o ano, criança? – pergunta o homem vestido de Papai Noel a uma criança que está sentada no seu colo.

- Sim! Papai, eu quero ganhar uma boneca de presente! – responde a garotinha.

- E vai ganhar! Ohohoho! – ele retira uma boneca do saco que está ao seu lado e dá para a garotinha.

- Obrigada, Papai Noel!! – exclama a menina que dá um beijo na bochecha dele.

- Tchau menininha e comporte-se bem! Ohohoho! – a menina se retira - E quem é a próxima crian... O que é isso?!?!

Seiya se senta no colo do assustado Papai Noel. Todos caem na risada, principalmente seus companheiros.

- Esse Ogawara não tem jeito mesmo! Ehehehe... – diz Shun que observa – Olha lá Hyoga! Eu acho que o Seiya tá querendo chamar a atenção daquelas garotas que estão do outro lado.

- De quem? Daquelas garotas que estão babando pelo Ikki? – Cisne aponta para as garotas que Seiya está flertando. Na realidade, elas estavam encantadas com o Cavaleiro de Fênix.

- Mas... O que é isso?!?! – pergunta novamente o homem vestido de Papai Noel.

- Você não é o Papai Noel?! Eu quero fazer um pedido!

- Então sai de cima de mim, ô mané!

- Pronto! Já saí! Agora quero fazer um pedido!

- Pede logo cara!

- Eu quero... – ele se vira e aponta em direção às garotas – que qualquer uma daquelas gatinhas ali aceitasse ir para o cinema comigo... Ehehehe!!

O "bom velhinho" parece entrar na brincadeira.

- E então meninas! O que acham do convite dele? – pergunta Papai Noel.

As garotas se entreolham assustadas e uma delas, por sinal a mais bonita e falante, fala bem alto:

- Eu só aceito o pedido desse... Cara, se o senhor realizar o meu pedido!

- E qual é o seu pedido? – Papai Noel pergunta com a mão no queixo, num sinal totalmente meditativo.

- Eu quero sair primeiro com aquele gato de olhos azuis do outro lado! – ela pede, dando uma piscadela para Ikki.

- Como é que é?! – Seiya não parecia acreditar no que ouvia.

- Ikki dá um sorriso e responde o "pedido" feito pela jovem:

- Seria um enorme prazer, mas não dá. Sou casado.

Todos os cavaleiros olham para ele incrédulos.

- Ah... É casado...? – a jovem fala com tristeza – Bem, Papai Noel. Sendo assim, não posso realizar o pedido desse carinha não. Tchau para todos! - E as jovens saem do burburinho de pessoas.

Nesse momento todos, incluindo até o Papai Noel riram da cara de derrotado que Seiya fez. Ao sair da plataforma, foi recebido pelos três amigos.

- Você não tem jeito mesmo, heim Seiya? – Diz Shun.

- Mas com toda sinceridade. Que cantada mais piegas!! Eu achava que você era melhor nisso, Ogawara... – comenta Hyoga.

- Parem de amolar!!! Eu posso ter perdido a batalha, mas com certeza não perdi a guerra!! – Seiya já enfezado com os comentários.

- Ele tem razão pessoal. – analisa Ikki – Seiya perdeu as três garotas, mas ainda não perdeu a esperança de ter a Kido...

- Ei cara!!! Não espalha não!!! – Seiya exclama ruborizado.

- Fala sério! Todo mundo já sabe da sua queda pela Saori! – Shun comenta.

- Vocês vão se ver comigo!!! Principalmente você, Ikki mentiroso!!! Que história é essa de "sou casado"?! Vai me pagar!!! Meteoro de Pégaso!!! – Seiya grita, partindo em direção aos três que fogem rindo ainda mais dele.

- Voltem aqui!!!

- Ahahahahah!!!

Mansão da família Kido.

- O Tatsumi me disse que você quer falar comigo. O que foi? – Shiryu acaba de entrar no escritório particular de Saori onde ela o aguardava.

- Obrigada por vir. Por favor, sente-se. O que eu quero falar é um assunto em particular... – ela olha para o mordomo que entende a indireta.

- Com licença senhorita. – Tatsumi se retira da sala.

- Mas... – Dragão se senta em uma cadeira – que assunto tão sigiloso é esse, Saori? Não me diga que se trata de uma nova batalha...

- Não Shiryu! Não se trata de nenhuma batalha. – ela sorri – na realidade, o assunto se trata...

- Saori se levanta e vai em direção a um quadro renascentista que fica atrás do birô em que ela estava. Retira o quadro da parede. O quadro na realidade, secreta um cofre digital de aço onde ela começa a digitar a senha de acesso.

- E o que tem nesse cofre de tão especial, Saori?

- Isso. – ela retira do cofre uma espécie de livro e estende em direção ao Dragão que o analisa de forma minuciosa.

- Mas isso é...

- O diário do meu avô, Shiryu. No testamento que Mitsumasa Kido deixou, ele pediu para que eu o lesse após 11 anos. No mês passado, completou-se o prazo estabelecido por meu avô e finalmente, eu li o seu diário.

- E tem algo de extraordinário nesse diário? – pergunta Dragão.

- Sim... E é sobre isso que eu quero falar. As confissões contidas nesse diário podem mudar completamente a vida de duas pessoas que conhecemos.

- E quem são essas duas pessoas? – Shiryu ainda mais inquieto.

- Shun e Ikki.

- Como é?!

- Por favor, escute-me Dragão. Quero que por enquanto, isso fique só entre nós.

- Tudo bem... Pode confiar em mim, Athena.

- Obrigada...

Tóquio, tarde do dia 24 de dezembro de 2002. Ikki está navegando na Internet. Ainda não tinha decidido se ia para o jantar que Isao tinha lhe convidado.

- Ei! Não vai me dizer que você vai passar a noite do Natal sentado aí, né?! – disse Shun que está ajeitando o colarinho da camisa.

- Talvez. E para onde você vai? – pergunta Ikki que não retira os olhos do monitor do computador.

- Eu vou para um jantar na casa de uma amiga.

- Amiga ou namorada?

- Amiga! E você? Vai continuar aí paradão? Não vai nem para a casa da Saori? – interroga Shun.

- Para a casa da Kido eu não vou de jeito nenhum. Só estarão lá aqueles engravatados da Fundação Graad.

- Ah! Então vai para a casa do Seiya...

- Ele e Cisne disseram que vão para o orfanato passar o Natal por lá. Não estou a fim de ficar em orfanato nenhum! Já basta a minha infância que eu tive que passar por lá.

- Deixa de agir como um vegetal, Ikki! – Andrômeda explode – Vai para algum lugar! – ele retira o plug do estabilizador da tomada.

- Tá ficando doido, Shun!

- Quem está ficando louco aqui é você irmão... – Shun sorri e antes de sair do quarto do irmão – Você sempre diz que eu não sei aproveitar a minha juventude, mas vejo que é você quem não sabe viver a vida e quando perceber isso, talvez será tarde... É uma grande pena... Bem, de qualquer forma, Feliz Natal!

Ikki não responde. Ele se levanta e dá um forte abraço no irmão mais novo.

- As coisas mudaram mesmo... Agora, é o meu irmão mais novo que dá as ordens por aqui... Estou sem moral mesmo – diz ele sorrindo.

- Eu tive que crescer. – diz o envergonhado Andrômeda.

- Bem, tenho que admitir que dessa vez você tem razão, Shun. – Ikki sai em direção ao banheiro – Eu fui convidado pelo pai daquela garota que perdeu o diário para participar de um jantar na casa dele. Acho que vou.

- Faz bem, irmão. – responde Shun.

- Espero só não ter mais nenhuma discussão com a garota.

- Então se comporte, ok? – recomenda Shun.

- Vou ver.

Algum tempo depois...

- A campainha tá tocando! – grita Sakura enquanto termina de se pentear.

- Eu vou atender – responde Tomoko.

- Pois n... – Tomoko até perde a voz com a visão que acaba de ter.

- A Sakura se encontra?

- S-sim... – ela se recompõe – Quer entrar?

- Sim, obrigado.

Tomoko acomoda o rapaz e sai quase que correndo para o quarto de Sakura.

- Quem é? – pergunta Sakura.

- Um deus... – suspira Tomoko.

- Quem?!

- Desculpa, mas é que eu não perguntei o nome dele... – Tomoko desaba sentada na cama de Sakura – Só sei que ele é o carinha mais lindo que eu já vi... E perguntou por você!

- Ah! O Shun já chegou! – Sakura se anima – Ele é mais pontual do que eu imaginei!

- Responde Sakura-chan... – a amiga agarra no braço de Sakura – Ele é o seu namorado?!

- Namorado?! – Sakura fica corada – Não! É apenas um amigo meu...

- Amigo?!! Ai, ai... Quem me dera está na sua pele... – Tomoko dá o seu suspiro costumeiro.

- Se você estivesse na minha pele, estaria tão irritada com esse cabelo quanto eu! Olha só como ele tá cheio de nós!!! Ai! Me ajuda, por favor...

Enquanto as duas meninas estão no quarto, o jovem cavaleiro continua a sua "paciente" espera na sala.

"Por que toda mulher demora tanto para se arrumar?" – Shun indaga mentalmente enquanto dedilha no braço do sofá. Acaba então, não percebendo que alguém se aproxima.

- Posso saber quais são as suas verdadeiras intenções com a minha filha?! – Isao interrompe os pensamentos do rapaz.

- Hã? – Shun finalmente se dá conta de que não está sozinho.

- Eu perguntei qual é o seu interesse pela minha filha! – Isao fica mais irritado com a desatenção de Shun – Por que pelo visto, você é bem mais velho que ela...

- Ah! – Shun se levanta – O senhor deve ser Isao Takeda, o pai da Sakura! – e estendendo a mão em direção ao homem – É um prazer conhece-lo! Meu nome é Shun Am...

- Pois o desprazer é todo meu! – Isao fecha a cara mais ainda – Não quero que a minha filha namore nessa idade! Sabe quantos anos ela tem?!

- ...Ainda não... – para variar, ele também se esqueceu de perguntar a idade dela.

- Quinze anos! Por isso, é melhor o "senhor" ir tratando logo de se retirar daqui e assim evitará mais constrangimentos!

- Shun dá um leve sorriso. Ele acha engraçado e ao mesmo tempo interessante toda a preocupação que emana do inquieto pai de Sakura. Mas resolve resolver todo aquele mal entendido.

- Desculpe, mas o senhor está equivocado. Eu nem sou, nem pretendo namorar a Sakura. Sou apenas um amigo dela e...

- Equivocado?! Escute bem, rapazinho... Eu conheço muito bem gente como você. Aparenta ser bonzinho, mas na realidade é um verdadeiro lobo vestido em pele de cordeiro. Sei muito bem que a Sakura apesar de ser bem jovem, consegue atrair os olhares de homens mais velhos. Agora, se não quiser sair daqui com um enorme galho na cabeça eu sugiro que...

- Tudo bem, Takeda-san... – Shun viu que aquela 'conversa' não levaria a lugar nenhum – Vou me retirar agora. – e deixando no sofá o presente que ele daria a Sakura – O senhor pode dizer a Sakura e a amiga dela que eu passei desejando um feliz natal?

O homem apenas balançou a cabeça afirmando que daria o recado. Finalmente o rapaz saiu da residência, sem ter tido a chance de poder ver a cara de felicidade que Sakura faria ao ver o presente dele. Ele suspirou.

"Tudo bem... Fica pra próxima." – e saiu andando calmamente em direção ao estacionamento.

Sakura acompanhada de Tomoko sai do quarto em direção à sala sem saber nada sobre o ocorrido. Elas vêem apenas Isao.

- Ué?! Eu tenho certeza de que deixei ele aqui... – disse Tomoko.

- Papai, cadê o Shun? – pergunta Sakura.

- Ele foi embora. Viu que não teria a menor chance com você.

- M-mas que estória é essa, papai!!! – a menina fica aflita – O senhor cometeu o maior erro da sua vida!

- Eu cometi o quê, Sakura?!

Tomoko apenas olha para um e outro. Quando de repente...

- Sakura pare imediatamente com essa discussão. Seu pai está coberto de razão.

- Mas mamãe...

Asuka Amamiya, mãe de Sakura e esposa de Isao se faz presente.

- Esta menina está achando que já é dona da própria vida! Está merecendo uma lição! – outorga Isao.

- Tem razão Isao, mas creio que hoje não é o dia apropriado para castigos. – Asuka se vira para a filha e diz piscando um olho – Sakura esse assunto está encerrado.

- Tudo bem, mamãe... – Sakura entendeu o verdadeiro recado dado por Asuka.

- Agora, vá com Tomoko até aquela loja da esquina e traga uma torta que eu encomendei, certo?

- É pra já, mamãe! – Sakura pega a amiga pelo braço e saem correndo – Volto já!

- Ainda bem que ela não teima com você, Asuka. – diz Isao que acha algo estranho no ar – mas ainda assim...

- Ainda assim o quê, Isao? – ela dá um sorriso, mostrando os dentes brancos – Fique tranqüilo. Sakura ainda está mais apaixonada pelos Ursos Pandas Chineses ameaçados de extinção do que por um típico rapaz.

- Acho que você tem a razão ao seu lado mais uma vez, Asuka, mas... – ele diz, enquanto se aproxima da esposa – é incrível como você se parece com aquele rapaz que acabou de sair! Tirando aquela barba rala, ele é a sua cópia!

Asuka dá solta uma gargalhada gostosa e fala com um certo ar de sarcasmo:

- Se ele é assim tão parecido comigo, vejo que Sakura tem um refinado bom gosto!

Isao que ainda estava rindo, pára e quase se engasga com a resposta dada por Asuka.

- O que disse, mulher?!

Asuka recomeçou a rir mais alto. Adorava ver a cara de espanto que Isao fazia toda vez que ela dizia algo que ia de encontro aos ideais do marido. Asuka sempre fora assim. Ora sorrindo graciosamente, ora usando do seu sarcasmo habitual, ela tenta dissimular a grande ferida que estava aberta em sua alma. Ferida essa que ainda doía como no primeiro dia em que fora aberta. Há cerca de 23 anos atrás.

Em um estacionamento próximo...

- Será que a gente ainda pega ele? – pergunta uma aflita Tomoko.

- É claro que sim! Ele nem anda na velocidade da luz!! – outorga Sakura – Olha ele! SHUN!!!!!!!!!!!!!

O rapaz que estava dando partida no carro pára.

- Sakura?!

- Graças a Deus eu te peguei! – ela se encosta na janela do carro – Por que você ta fugindo?

- Eu?! Fugindo?! – ele começa a rir.

- Sim! Só porque o papai disse aquelas asneiras, você foi logo saindo fora, nem meu deu um Feliz Natal!

- Eu... – ele sai do carro, ocasionando com isso, mais um longo suspiro de Tomoko – não acho que o que o seu pai disse para mim fosse asneira. Ele é apenas um pai preocupado com a sua filha. – o jovem dá uma piscadela de olho para Tomoko que quase cai e continua – e para o seu governo, além do Feliz Natal, eu deixei uma coisinha para você.

- Um presente?! – ela pergunta incrédula.

- Sim, um presente. E acho que você vai adorar.

Sakura fica totalmente sem jeito.

- Shun, você pretende passar o Natal onde?

Ele olha para o céu extremamente iluminado pelas estrelas e responde:

- Acho que vou ficar no Orfanato Filhos das Estrelas, você conhece?

- Sim. – ela responde – É aquele orfanato mantido pela ricaça, digo, pela Saori Kido... Mas por que lá?

- Porque eu vivi a minha infância lá. – ele diz, contemplando o vazio.

- ... Viveu lá...? – Tomoko pergunta timidamente.

- Sim. Eu e o meu irmão... – ele de repente olha para Sakura com um jeito de menino travesso e pergunta – Será que o seu pai se importaria se você e a sua amiga dessem um pulinho no Orfanato agora?! A ceia que a Minu fez deve está deliciosa!

As duas se entreolham. Tomoko parece não está muito de acordo com a idéia de Shun, mas logo ela desiste de qualquer tentativa de persuasão, visto que Sakura está com os olhos brilhando de tanta alegria.

- Sim! Vamos! – ela puxa o braço de Tomoko e entram dentro do carro.

- Prometo que antes da meia-noite eu devolverei as damas para os seus respectivos castelos!

As duas garotas começam a rir com o galanteio. Finalmente, Shun dá a partida e o carro segue, indo em direção ao Orfanato.

- Então você veio! – Isao proclama alegremente – Entre! Seja bem vindo ao meu humilde lar mais uma vez!

Ikki sorri e atendendo ao pedido dele, entra naquela casa mais uma vez, se acomodando na sala. Da mesma forma que Isao, Ikki está vestido de forma bem descontraída para a ocasião. Uma camisa de linho branca com as mangas enroladas até a altura do cotovelo e uma calça social preta compõem o visual do jovem.

- Eu fiquei tentado em experimentar o saquê que o senhor prometeu, Takeda-san. – responde Ikki com um leve sorriso nos lábios.

- E ficará totalmente fascinado depois que experimentar, meu rapaz! O saquê de Hokkaido é o melhor de todas as ilhas nipônicas. – Isao fala – Por favor, sinta-se a vontade Ikki. Vou chamar a minha esposa para te conhecer.

- E Sakura? - Ikki pergunta involuntariamente.

- Minha filha? – Isao olha para o relógio – Já era para ter chegado... – e tentando dissimular a leve preocupação que começara a ter, fala – Não se preocupe com o gênio dela por hoje! Como é Natal, a minha filha deve está bem controlada!

- Não é com o gênio dela que eu me preocupo... – disse Ikki olhando para o vazio - "É com essa preocupação por ela que eu me preocupo".

- Bem, então com licença. – Isao fala ao sair da sala em direção ao seu quarto.

Ikki olha ao redor e acha aquela residência um lugar que apesar de não ostentar o luxo que a Mansão Kido comumente possui, ele se sente estranhamente mais confortável. Seus olhos então, param sobre um presente perto da árvore de natal.

"Mas o Shun estava com um pacote igual a esse antes de sair..." – Ikki pensa intrigado.

- Asuka quero que conheça um amigo meu... – Isao pára ao ver que a sua mulher está chorando – O que houve com você...?

- Deixe-me sozinha um pouco, Isao. – Asuka fala, tentando limpar as lágrimas que insistentemente continuavam a cair.

- Tudo bem... – disse ele um pouco ressentido – Mas me chateia o fato de que todo o Natal você fica com essa depressão. E mais ainda por que você nunca querer compartilhar essa tristeza comigo.

- Vai passar... – disse ela com um tímido sorriso – Como sempre, vai passar...

- Bem – Isao fala após um breve suspiro – melhore um pouco e depois venha até a sala. Tem um jovem amigo meu que eu acho que você adoraria conhecer – e dando um beijo suave nos lábios da esposa, termina – Não fique assim. Todas as feridas da alma sempre são curadas.

Ele sai do quarto, deixando Asuka só mais uma vez. Ela então, volta a olhar uma foto antiga que estava escondida por debaixo do travesseiro. Acariciando a imagem contida no retrato, ela suspira.

- Meu filhinho... Sei que você está vivo... Sei que ele mentiu para mim naquele dia... Como será que você é agora...?

- A ceia estava maravilhosa!!! – Sakura fala com empolgação.

- Sim! Sakura-chan tem razão! Estava divina! – Tomoko também está fascinada.

- Eu sei! Minu tem mãos de fada! – Shun completa os elogios – Bem, como combinado, as senhoritas já estão entregues e eu vou seguir o meu rumo! Feliz Natal e...

- Ei Shun! Você não vai escapar desse jeito! – Sakura agarra o rapaz pelo braço – Você vai comigo até em casa e vai experimentar a comida da mamãe!

- Comer de novo?! Sakura, assim eu vou morrer sem ar! – Shun dizia, tentando controlar outro acesso de riso.

- E eu com isso?! – Sakura finge que não está nem aí – Você tem cara de que é duro pra morrer!

- Ai, onegai Amamiya-kun! – agora é Tomoko que começa – Vamos pra casa da Sakura-chan! Asuka-san faz pratos maravilhosos!

- Desculpe meninas, mas eu não posso ir. – ele fala, tentando dá um ar mais sério ao seu semblante.

- Tudo bem! – Sakura solta o braço do jovem e caminhando em direção à sua casa, dispara – Se está com medo do papai, eu entendo... Tenha um feliz Natal!

- Eu com medo?! Está bem! Eu vou com vocês, mas não vou comer nem mais uma uva-passa sequer ouviram?

- Oba! – as duas mocinhas gritam em coro e terminam de arrastar o cavaleiro até a casa de Sakura.

Enquanto isso, Isao e Ikki continuavam na sala de estar. De vez em quando Isao olha para o relógio, fazendo com que Ikki perguntasse o interesse pelas horas. Isao responde:

Minha filha está demorando muito. Algo me diz que ela foi atrás daquele sujeito que veio procurá-la há algumas horas atrás.

- O namorado dela? – Ikki torna a perguntar.

- Não exatamente. O ex-futuro-namorado, se é que eu agora posso pensar assim... – ele se interrompe com a entrada da filha e de mais duas pessoas na casa.

- Papai!!! Chegamos... – ela pára estupefata ao ver Ikki no sofá – O que você está fazendo aqui?!

Ikki que já tinha uma resposta em mente, também pára estupefato ao ver o seu irmão com as duas adolescentes.

- Eu é que pergunto o que você está fazendo aqui?! – ele pergunta, encarando o irmão.

- Ikki?! – Shun também surpreso – O que você está fazendo aqui???

- Eu é que pergunto o que você está fazendo aqui de novo, seu fedelho??? – Isao finalmente termina a seqüência de "o que você está fazendo aqui" ao ver Shun com Sakura.

- Por Deus, o que está acontecendo aqui afinal?

A voz estranha faz com que todos se virem em direção a Asuka que saia naquele momento do seu quarto, atraída pelo burburinho das vozes. Vestida em um típico quimono japonês vermelho estampado com delicadas flores de cerejeiras, nem parecia que estava chorando há poucos minutos atrás. Porém, o que parecia ser o fim de uma pequena confusão de coincidências armada pelo Destino, tomou um novo rumo.

- Não pode ser!!! – Ikki brada se levantando rapidamente do sofá e indo em direção à Asuka – Não pode ser você...

Asuka pareceu naquele momento enfeitiçada. Não, aquilo não poderia está acontecendo com ela. Suas mãos trêmulas se levantam lentamente em direção ao rosto daquele que ela há tanto tempo julgou perdido para sempre.

- Ikki...? – ela falou com lágrimas brotando de seus olhos.

- O que houve irmão?! – a voz de Shun quebra a magia daquele momento.

Asuka agora vê o jovem que chamou Ikki de irmão. Sem controlar mais as próprias reações, diz:

- Você... Você não morreu! Está vivo! – ela sai em direção ao confuso cavaleiro, quando é barrada por Fênix que a segura pelo braço.

- Ele está vivo sim. Mas você está morta para nós. – ele fala da forma mais fria que um ser humano pode falar em uma situação como aquela.

- Ikki?! – ela está incrédula com a frieza do coração dele.

Ikki solta o braço de Asuka e sai a passos rápidos da casa dizendo para Isao:

- Foi um imenso prazer conhecê-lo Isao, mais saiba que a partir de hoje, não pisarei na sua casa jamais.

Isao que junto com Sakura e Tomoko não estava entendendo nada, dá calado como resposta. Shun ao ver o seu irmão partindo apressadamente, encara curioso Asuka, mas sai atrás dele. Asuka então, começa a perder as forças nas pernas quando é amparada pelo marido e a filha. Com o olhar vago, mas que está expressando uma alegria incontida à mulher fala baixinho:

- Eles estão vivos! Meus filhos estão vivos!!!

Enquanto isso, Shun está correndo atrás de Ikki.

- Ei Ikki!!! Me espera!!! – ele grita, finalmente alcançando o irmão que já estava dando partida na moto.

- Me deixe em paz, Shun!!! – ele fala esbaforido, enquanto coloca o capacete.

- Só se você me disser quem é ela!!! – ele precisava escutar dos lábios do irmão o que a sua mente insistia em lhe dizer.

- Quer saber quem é ela?! – Ikki aciona o pedal da moto – Ela é a nossa mãe! A mulher que nos deu a luz e que nos abandonou!!!

- Como é que é?! – Shun pára incrédulo.

- É isso o que você ouviu! Agora me deixe em paz!!!

Ele parte em alta disparada, deixando para trás um Shun completamente confuso e... Feliz.

CONTINUARÁ (podem ter certeza disso!!!)

Notas da autora:

Graças a Deus eu postei esse capítulo!!! (correndo e pulando feito uma louca)

Sei que não tenho mais como pedir desculpas a todos pela imensa demora desse capítulo, mas vale lembrar que eu comprei o meu computador há pouco tempo e então...

Mas valeu a pena toda essa demora não acham? Finalmente Ikki e Shun descobriram que a mamãe deles está viva e o melhor (ou o pior, na opinião do Ikki) é que junto com a mãe, veio uma geniosa irmã como brinde!

Será que o Ikki vai entender e perdoar Asuka-san? Será que Isao vai ficar do lado de sua esposa que escondeu esse segredo dele durante todos esses anos? Será que Shun procurará a sua mãe para acertarem todas essas pendências do passado? Será que Sakura conseguirá salvar os tigres de bengala ameaçados de extinção na África? Será que Tomoko conseguirá arranjar um namorado?

Por isso aguardem, mais emoções virão!

Ah! Esse capítulo é oferecido a todos os meus amigos virtuais que apesar dos pesares, nunca deixaram de me cobrar pela continuação dessa fic! Eu prefiro não citar nomes dessa vez, pois eu posso acabar me esquecendo de algum nome e isso seria o fim do mundo para mim!

OBRIGADA A TODOS!!!!

Para terminar essa nota, gostaria de dizer que o meu e-mail mudou! Por isso, quem quiser entrar em contato comigo pessoalmente, por favor, dê uma acessada no meu link e lá vai está o meu novo e-mail, assim como o meu MSN e o meu ID Yahoo.

Bem, agora acabou! Até o próximo capítulo!!!

Lady Arthemisys