STFD - MEU PRIMEIRO NATAL

CAPÍTULO DOIS

Thanks: Jess, Kakau, Rosa, Claudia, Cris, Di Roxton, Nessa Reinehr, Nay


Chamada por Challenger Verônica deixou Ned e o menino antes que acordassem. Com os cuidados do cientista e de Summerllee a mulher havia melhorado de forma significativa assim como a criança, mas ainda precisavam de um pouco mais de descanso e a loira havia se saído muito bem no dia anterior. Queria permanecer ao lado de Thomy, principalmente após o episódio da noite anterior, mas ao mesmo tempo não podia recusar ajuda. Pela primeira vez, seu menininho teria que esperar.

Segurando o garoto pela mão Malone saiu da choupana, mas logo foi cercado pelas crianças que queriam ouvir mais de suas estórias. O pequeno irritou-se de imediato e largando a mão do jornalista correu em direção a Marguerite, alguns metros adiante.

Thomy sentou-se ao lado da herdeira, que enquanto descascava legumes frescos da horta local, comia saborosas frutas de uma cesta muito colorida. Seu olhar denunciava que ou estava muito irritada ou entediada. De rabo de olho percebeu seu novo acompanhante, mas continuou comendo, e cortando.

O menino por sua vez olhava-a concentrado, meneando a cabeça pra lá e pra cá, parecendo querer ser notado. Logo seu olhar desceu até a deliciosa cesta. Lentamente estendeu a mãozinha e quando ia pegar uma grande manga...

"Ei!!!" – a morena deu-lhe um leve tapinha na mão e ele rapidamente se encolheu. - "Pegar emprestado sem pedir, de onde eu venho chama-se roubo!".

Thomy respirou pesadamente, e soltou um gemido de insatisfação.

"Ite."

"É, eu sei pirralhinho, até uma pessoa do seu tamanho merece um pouco de diversão."

Marguerite continuou comendo e cortando, e Thomy ali, quetinho, ainda observando-a e esfregando a mãozinha que ardia um pouquinho.

Passados alguns minutos, ela ligou os fatos. Olhou novamente de rabo de olho, e ele fez o mesmo. - "Quer fazer um trato?".

Thomy continuou a observar, disposto a ouvi-la. - "Eu reparto meu lanchinho com você, mas só se você prometer não contar o que vou fazer."

A criança franziu a sobrancelha, não havia entendido o que ela dizia, mas os sons das palavras lhe pareceram interessantes.

"Tá."

"Simples, é só ficar de bico calado!" - Marguerite olhou para os lados, assegurando-se de que ninguém a olhava vigiada. Pegou a grande cuia onde estavam os legumes e jogou mata adentro, alguns passos atrás de onde estavam.

Voltou rápido, com sorriso de orelha a orelha, e sentou-se, limpando as mãos uma na outra. - "Prontinho".

Thomy logo botou a lingüinha pra fora, com uma expressão bem melhor, quando viu Marguerite cortar várias fatias da grande manga, com que ele estava fascinado. Depois estendeu a vasilha para o garoto que ocupou as duas mãos com os maiores pedaços que encontrou.

"Guloso." – riu a herdeira.

Enquanto comiam, Marguerite finalmente percebeu uma coisa que ainda não havia notado. Por que ele estava ali, e não com Verônica ou Ned?

"Ei pirralhinho" - Thomy olhou muito alegre, com a boca toda suja de manga. - "Onde está o Ned?".

O menino repousou a fatia no pratinho em seu colo, e percorreu o olhar pela praça central da aldeia, parecia triste. Marguerite estranhou. - "E Verônica, onde está?".

Ele suspirou pesadamente.

"Tudo bem..." - disse parecendo compreender, mas na verdade não queria tocar no assunto, era raro estar acontecendo o que acontecia no momento, Thomy, sem Ned ou Verônica por perto.

"Vamos mudar de assunto" - Via que o menino parecia desanimar pouco a pouco. - "E agora, o que vamos comer?" - Arregalou os olhos, muito divertida para o menino que soltou uma risada. - "Podemos comer o quanto quisermos e o que quisermos, não há ninguém nos vigiando.." - Ela cochichou, e ele como sempre, prestou atenção em cada palavra.

"BU!" - Ela o assustou e os dois gargalharam.

"Então vamos fazer o seguinte. Se alguém perguntar, vou dizer que não posso fazer nada hoje porque estou tomando conta de você. Uma mão lava a outra. Mas não se atreva a me fazer ficar correndo por ai e nem a pedir colo. Você sabe que só vou fazer isso para fugir dessas tarefas indignas para uma dama entendeu?".

"Tá." – Disse o cúmplice da herdeira enquanto balançava vigorosamente a cabeça.

E pegando o garoto pela mão, lá foram os dois procurar alguma coisa para se divertir o que não foi difícil ao avistarem...

"Lorde John Roxton" – Sorriu a herdeira ao ver o homem suado e sem camisa tentando levantar um tronco com a ajuda de dois nativos.

"Silêncio Marguerite..." – Resmungou ele – "..Isto está pesado."

"Está vendo pirralhinho. Você deve se concentrar nas atividades cerebrais, coisas que vão transforma-lo em um cavalheiro e não em um descerebrado como um certo lorde que conhecemos."

"Ox."

"Agora é você Thomy?"

Roxton soltou o tronco de repente, e os dois nativos soltaram um grito ao mesmo tempo em que foram ao chão. Marguerite e Thomy só faltaram rolar de tanto rir da cena, principalmente do embaraçado homem que ficou furioso, indo em direção aos dois. Parou em frente aos imperdoáveis com as mãos na cintura, indignado.

"Eu tenho cara de quê? Vocês não têm nada pra fazer? Porque eu sim!".

Marguerite fez um esforço para parar de rir.

"Claro que temos, estamos fazendo isto agora!" - E novamente desatou a rir.

Roxton já estava muito sem graça, as pessoas pararam por ali e olhavam para eles sem entender.

Numa fração de segundos, John voltou a ajudar os dois coitados com o tronco, mas sem sucesso, aquela risada o estava desconcentrando.

"Era só o que me faltava..." - Pensou.

Marguerite falou alguma coisa na linguagem de Zanga que o caçador não entendeu e logo, as pessoas em volta, começaram a rir também, olhando para John e rindo, como estavam Marguerite e Thomy.

"Mas o que diabo é isso!!!!?" - Ele largou novamente o tronco e os dois nativos caíram outra vez. – "O que você disse a eles?"

Marguerite disse com esforço dobrado. - "Que se eles nos imitassem você conseguiria levantar o tronco mais facilmente."

Em menos de um minuto, uma multidão se aglomerava em volta de Roxton, do tronco e dos dois nativos, ajudando os homens a concluir o trabalho enquanto Marguerite pegava Thomy, e saía correndo.


Aherdeira e o garoto descansavam embaixo de uma enorme e secular figueira. Sua sombra dava um alívio imenso no escaldante sol de verão no platô.

"Você viu a cara dele pirralhinho?? E aquelas pessoas!!!"

Thomy riu. Parecia ter lembrado.

"Mas o melhor foi quando ele ficou lá, e esses nativos chegando, e rindo, e tão...".

"AGORA VOCÊS NÃO EM ESCAPAM SEUS PESTES!!!" - John Roxton apareceu não se sabe de onde, e de repente abordou os dois.

"CORRE!!!!!!!!!!" - Marguerite levantou-se e correu seguida por Thomy.

Os dois corriam desesperados. Marguerite não sabia se ria ou se ajudava a criança que pouco a pouco estava ficando pra trás.

Roxton foi correndo o máximo que seu corpo cansado permitia no momento. Estava quase alcançando Thomy quando apareceu um galho.

"Peguei!!!" - Roxton esticou os braços e se curvou para baixo, quase pegando na fralda do menino, quando tropeçou caindo com tudo no chão.

"Volte aqui Thomy!!!"

Roxton olhava o menino correr esbaforido, rindo da cara dele, olhando para trás. Mas na selva não existe apenas um galho.

O caçador só teve tempo de ver as perninhas jogadas para ar, e a nuvem de poeira subindo lentamente.

Roxton começou a rir sarcasticamente. - "Bem feito!!!".

Marguerite viu os dois tombos, e diminuiu a velocidade, mas continuou correndo. Mas, como havíamos dito antes, na selva não existem apenas dois galhos. Existem mais. E o terceiro deles estava exatamente ali e foi a vez de Marguerite ir ao chão.


"Fale comigo moleque."

Thomy abriu os olhos lentamente, e ouviu o caçador e Marguerite discutindo. Ambos preocupadíssimos. O homem parecia querer chorar, e a herdeira não estava tão diferente.

"Ele acordou seu idiota, agora vamos ver as conseqüências!".

Thomy viu um de cada lado, e logo quis se levantar, mas não pode.

"Vamos ajudá-lo." – disse o homem.

"Não! Ele pode ter algo quebrado!"

"Mas como vamos saber?" - Choramingou.

"Fala comigo pirralhinho, dói aqui?" - Marguerite apalpou levemente o braço e Thomy não se mexeu, apenas observou. Depois as pernas, os pés, barriga, cabeça, e todo o resto. Roxton gostou de ver nascer uma nova doutora na selva.

Logo começaram uma nova discussão. Em alguns minutos Thomy levantou-se devagar e limpou a poeira do corpinho dolorido. Houve silêncio.

"É agora, prepare-se..." Roxton já foi se encolhendo e tapando os ouvidos esperando o choro.

Marguerite ia fazer o mesmo, mas Thomy foi mais rápido e lhe deu um abraço muito apertado. Como sempre, encolheu-se o máximo que pode, e escondendo o rosto em seu peito. Tremia.

A herdeira ficou assustada, sem saber o que fazer. Roxton sinalizou para que o abraçasse em resposta e foi obedecido.

"Está tudo bem pirralhinho, vai ficar tudo bem..." - Ela o embalou nos braços, preocupada enquanto Roxton respirou aliviado.

"Pelo menos nos livramos do choro".

Marguerite riu um pouco nervosa.


Durante o dia Thomy ainda brincou com os novos amigos, mas agora recusava-se a soltar a morena. Sempre que ela ameaçava deixa-lo o garoto corria agarrando sua saia.

Veronica aproximou-se com o pratinho do almoço. Há algum tempo preferia que ele tentasse se alimentar sozinho, observando-o enquanto, entre outras coisas, ele fazia muita sujeira. Era uma forma de torna-lo menos dependente e ele parecia gostar da bagunça, mas naquele dia preferiu dar-lhe a comida na boca. Estava faminto e comeu avidamente, mas sem querer admitir o quanto desejava aquele momento permaneceu todo o tempo com expressão fechada. A loira ainda tentou brincar e conversar um pouco com ele, mas após ter saciado sua fome correu novamente em direção a Marguerite. Veronica fez menção de ir atrás dele, mas sentiu a mão carinhosa em seu ombro.

"Challenger precisa de você querida." – Sorriu Summerllee – "Ela cuidará bem dele."

"Está bem professor." – Entristeceu-se vendo o garoto afastar-se com Marguerite.


Ao entardecer...

Roxton havia avisado a Ned e Veronica que Thomy estaria com ele e Marguerite, mesmo assim, enquanto ajudava Thomy a empilhar alguns toquinhos de madeira no chão, a herdeira parecia aflita, olhando da entrada da tenda.

"Algum sinal daqueles dois?".

"Não. Eu avisei a eles que não precisariam se preocupar. Que o moleque estaria conosco".

Ela sentou-se na cadeira, com as mãos na cabeça.

"Estou com uma dor de cabeça dos infernos!"

"Quer que prepare alguma coisa para você?"

Ela olhou seriamente. - "Não! Imagine a origem e se resolve o problema!!!!"

"Marguerite...".

"Cale a boca Roxton, estou péssima!".

"Você está assim desde que eu te conheço, não é melhor você começar a melhorar?" - A última palavra, com ênfase, fez Marguerite olhar para Thomy, parado olhando os dois.

"Vou pegar alguma erva para fazer um chá para você."

Roxton já ia saindo quando Verônica e Ned entraram, quase se chocando com o caçador.

"Oh, vocês estão aí?".

"Finalmente vocês apareceram." - Marguerite disse levantando-se, com as mãos na cintura. Aparentemente o nervosismo havia voltado.

Ned e Verônica encaram-se.

"Desculpe Marguerite, eu estava com as crianças que me ocuparam o dia todo, não tive escolha e Veronica precisou atender o recém-nascido."

"Obrigada por terem tomado conta dele" - disse a loira. Olhou para Thomy que se levantava lentamente. Sorriu, ficando de joelhos, estendendo os braços para ele.

"Vem cá amorzinho."

Thomy virou-lhe as costas imediatamente agarrando-se às pernas de Marguerite.

"Mas..." - Verônica levantou-se. - "O que está acontecendo Thomy?".

"Acho que vocês têm um problema?" – concluiu Roxton.

"O que quer dizer com isso?"

"Caros Ned e Verônica, acho que vocês não precisam de explicações, precisam?"

Os dois se olharam desanimados. - "Tudo bem. Quando acabarem de brincar, poderiam levar Thomy até nossa cabana?" - Verônica saiu lentamente.

"Vamos fazer o seguinte.Deixem que ele fique aqui com Marguerite essa noite..."

"Como é?" – interrompeu a herdeira.

"Cale a boca Marguerite." - Resmungou o caçador entre dentes. Depois continuou. – "Amanhã cedo estaremos voltando para casa e tenho certeza de que tudo se resolverá".

"Mas..." – Veronica protestou.

"Vá com Ned, Veronica. Tenham uma boa noite de sono e deixem que Thomy se acalme um pouco. Tudo se resolverá minha amiga." – disse ele dando-lhe uma deliciosa piscadela.

"Está bem.. Boa noite amorzinho.. Obrigada a vocês dois" – Disse a moça saindo cabisbaixa. Ned a seguiu.

"Vou ver se pego algumas fraldas e roupas para ele. Parece que ele passará a noite com você hoje...".

"Comigo??" - Espantou-se a herdeira. – "Por que não com você?"

"Porque não sei se você reparou senhorita Krux, é a você que ele quer e não a mim."


"..Sabe, você e eu estamos muito próximos estes últimos dias, isto não é bom... veja só, está me imitando em tudo, você canta minhas músicas, come o que eu como, irrita quem eu irrito, e... ok deixemos de lado à parte da teimosia... Daqui a pouco vão desconfiar que temos um parentesco" Disse bem humorada.

"..Quando eu era criança, olhava aquelas crianças que tinham a atenção de todos e morria de ciúmes... Claro, eu não podia fazer nada, nem meus pais estavam comigo..." - ela rodou os olhos. Não queria voltar muito ao passado. - "Olha, o que eu estou tentando mostrar é que você tem todos em suas mãos, não os disperdisse Thomy... eles o amam, e vc a eles, isto basta."

Marguerite dissera tudo em profunda meditação, distraída, olhando para o nada. Ao fim finalmente percebeu que Thomy a observava quetinho, com a cabeça encostada em seu ombro. A herdeira ruborizou. - "De qualquer forma, não vá sair tagarelando sobre essa conversa."

Thomy passou a noite com Marguerite coisa que ela verdadeiramente odiou. O garoto teve um sono inquieto e choramingou um pouco. Agarrou-se a herdeira e ela mal pode se mexer.

Vez por outra resmungava. "Mamá."

Depois de algum tempo olhando para a criança, parecia sentir o que ele estava sentindo, olhando em seus espertos olhinhos. Mesmo no escuro, ela conseguia vê-los. Estavam mais ativos do que nunca.

Thomy esticou o braço, resmungando algo e botou a mão no queixo da herdeira. Era um novo tipo de carinho, que Marguerite suspeitou ter surgido das espiadas do menino quando ela e Roxton ficavam a sós. Sorriu involutariamente, e deu várias mordidas na mão do garoto, que sentia cócegas.

Quando ele finalmente foi vencido pelo cansaço ela suspirou um pouco dolorida, mas conseguiu ajeitar-se novamente.

"...Amanhã vai ser um longo dia."

CONTINUA....

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