- Ai! Mas que droga, o saco sempre entala nessa chaminé! - Exclamou uma voz abafada, vinda de dentro da lareira. Os garotos, que já esperavam o Papai Noel há alguns minutos, se entreolharam, sorrindo, e Ginger fez um aceno de cabeça para Tiago, como se dizendo "Ele tá vindo!". A garota pegou a garrafa de alcool e a despejou por inteiro em cima das toras de madeira, com cuidado para não fazer barulho. Depois acendeu um fósforo, com cuidado, e o jogou dentro da lareira. Rapidamente, o fogo se alastrou pelas toras e um grito de dor foi escutado. A menina e Remus se esconderam do lado da lareira e um homem gordo, vestido de vermelho, caiu de bunda em cima das toras em fogo. Este tentou se levantar para sair dali, o mais rápido possível, mas acabou por topeçar em um fio que Remus e Ginger seguravam esticado há poucos centímetros do chão. Ao cair, o homem acabou por enfiar a cara no cocô de cachorro, assim como o esperado. Se levantou, pocesso e pingando merda. Tentou dar mais um passo, mas ao fazê-lo pisou em um carrinho de brinquedo e acabou por aterrissar, sentado, em cima de um skate.
- Vai! - Sussurrou Tiago, que estava escondido junto com Sirius e Pedro, segurando a ponta de uma corda que havia sido amarrada no skate. Os três começaram a puxar a corda, e o skate, junto com o Papai Noel, veio vindo na direção do banheiro. Pedro se adiantou até a porta e a abriu. Os outros dois deram um puxão final e saíram da frente para dar passagem para o homem e o skate. Logo que o Papai Noel entrou no banheiro, Sirius fechou a porta e a trancou, sorridente.
- Deu certo! - Exclamou Ginger, dando pulinhos. Os outros marotos comemoraram, felizes e empolgados com a perspectiva de receber os presentes de ciranças do mundo todo.
- Beleza, eu vou abrir a porta, todos para seus postos. - Comentou Tiago. Os outros se colocaram em frente a porta com os braços cruzados na frente do tórax. Ele sorriu, prontamente, e se girou a chave na fechadura. Logo após, abriu a porta e se deparou com um homem velho e gordo, com a cara literalmente embostiada, o fuzilando com os olhos castanho-esverdeados. - Gente... CORRE! - Berrou o garotinho, amedrontado, sem tirar os olhos do velho. Saiu correndo em direção a porta que dava no jardim, seguido pelos amigos.
- PAREM! PAREM COM ISSO AGORA! - Bradava o Papai Noel, perseguindo os meninos. Eles corriam em volta da piscina na seguinte ordem: Tiago, Sirius, Remus, Ginger, Pedro e, há alguns metros de distância dos garotos, Papai Noel. As crianças corriam o mais rápido que podiam e, por causa disso, Ginger acabou por tropeçar em uma pedra e cair de joelhos no chão.
- Corre, Ginger! Corre que o Papai Noel tá vindo! - Foi a única coisa que Pedro conseguiu gritar, já que correr pedia muito esforço de parte dele. A menina arregalou os olhinhos ao ver o homem se aproximar lentamente, com as mãos estendidas, como se fosse enforcá-la.
- Encontra alguém do seu tamanho, gorducho! - Exclamou Sirius, se pondo na frente da garota, junto com Tiago. O velho os encarou, bravo, e parou de andar durante alguns segundos. Poucos segundos, mas tempo o bastante para Sirius conseguir desferir-lhe um belo chute na canela.
- Ai! Seu moleque maluco! O que você pensa que está...? - Começou o homem, pulando numa perna só, mas Tiago o empurrou na piscina, sorrindo triunfante ao ver aquele Papai Noel malvado cair com tudo na água, espirrando gotas para tudo quanto é lado.
- Bem feito! - Exclamou Ginger, aceitando a mão que Sirius estendera para ajudá-la a levantar.
- Gente, eu acho que ele... - Começou Remus, vendo o homem subir a tona, já com o rosto limpo. Sua barba não estava mais lá e ele parecia estranhamente reconhecível.
- O Papai Noel é meu avô! - Completou Tiago, assustado.
- Então... Então o Papai Noel não existe?! - Perguntou Sirius, abismado com a idéia de ter inventado uma arapuca perfeita para pegar o avô do melhor amigo, e não o Papai Noel. Olhou para Tiago, que estava sentado no colo da Sra. Potter, que também tinha o mesmo sorriso triste e cruzou os braços. A Sra. Potter suspirou, tranquila, e prosseguiu.
- Ele existe sim, ele existe em todos os coraçõezinhos de garotinhos que um dia acreditaram nele. Ele pode não sair distribuindo presentes, mas ele é um velhinho muito bonzinho que adora crianças. Ele é o espírito natalino. - Disse, sorrindo. Tiago continuava com os braços cruzados, e bufava.
- Ou seja, ele não existe. - Murmurou, decidido. Olhando de Sirius para Remus, de Remus para Pedro, de Pedro para Ginger, de Ginger para sua mãe e de novo para Sirius. Os quatro garotos à sua frente também pareciam desapontadíssimos, e cada um tinha a cara mais emburrada que o outro.
- Eu não disse isso, Tiago... - Ela deu um abraço no filho, que tentou sorrir. - Bem, rapazes, vocês pegaram o cara errado, não é mesmo? Venham, vamos terminar os preparativos para a festa!
- Uau, que festança! - Disse Tiago, um pouco mais alto do que o normal, devido ao som alto. Sirius assentiu, olhando para a multidão de pessoas no andar debaixo. Ginger já estava lá, com um gracioso vestidinho verde e os cabelos soltos, apenas com uma tiara vermelha. Ela deu um sorrisinho envergonhado para Sirius, e continuou dançando com os adultos. Os quatro garotinhos deceram as escadas e foram para a mesa de comida, pois Pedro anunciara sua fome há alguns minutos.
- Gente... Será que a Ginger gosta de mim? - Perguntou Sirius, enfiando um pedaço de rosca com cobertura de canela na boca.
- Sim. - Disseram os três ao mesmo tempo. Depois se entreolharam e riram. Estava tão óbvio, que até Sirius sabia, só queria confirmar. - Hm... Se você quiser eu vou lá perguntar se ela quer namorar com você! - Exclamou Tiago, e Remus assentiu, empolgadíssimo. Pedro murmurou um "Ahn?" e Sirius um "Aham!". - Beleza, mas não aqui na frente dos adultos, senta lá na gangorra do jardim que eu chamo ela! - Sirius arrastou Pedro com ele, para lhe dar apoio moral (não que isso fosse grande coisa, vindo do Pedro...) e Tiago e Remus foram atrás da garotinha.
- Ginger? Ginger?! GINGER! - Berrou Tiago, ao ver que a garota dançava Dancing Queen com os adultos. Ela estava mesmo é sendo massacrada, pois alguns adultos já estavam meio "altos" e sem querer esbarravam na coitada.
- O que foi, Tiago? - Perguntou, ofegante, já arrastada pra trás da imensa árvore de Natal.
- Hm... O Sirius perguntou se você quer namorar com ele... - Falou. Ela olhou para Remus, por via das dúvidas, já que Tiago não era exatamente o que se pode considerar confiável, e esse apenas assentiu. Ela sorriu de orelha a orelha, animada.
- Ele já namorou antes?! - Perguntou, um pouco curiosa.
- Já... Três vezes... Umas garotas que iam no mesmo clube que ele! - Comentou Remus. Ginger fez um cara pensativa e levou o dedo à boca, as vezes murmurando um "Huuuuuum...". Por fim sorriu, e murmurou:
- Tá bem! - Os outros dois garotos sorriram, e a conduziram até o jardim, onde Sirius brincava na gangorra junto com Pedro, que pedia, suplicante, para que o primeiro parasse, já que estava ficando enjoado. Sirius parou assim que viu a ruivinha, e desceu, de um pulo da gangorra, fazendo com que o outro caísse e batesse a bunda no chão. Pedro ameaçou chorar, mas vendo que mesmo se o fizesse não atrairia atenção, desistiu da idéia. Os três formaram uma rodinha em volta do casalzinho.
Sirius se aproximou devagarinho, e pegou a mão da garota, carinhosamente. Essa apenas sorriu e o sentiu selar seus lábios nos dela. Depois de dois milésimos de segundo os dois recuaram, sorrindo. Pedro começou a bater palminhas, mas levou um croque na cabeça.
- Ai, Tiago! - Exclamou, acariciando a cabeça. Tiago sorriu, e observou o casalzinho abraçado com um certo quê de "Foi tudo graças a mim!". Já ia fazer piadinhas sobre os pombinhos, quando sua mãe apareceu na porta.
- Venham abrir os presentes, crianças! - Gritou lá de dentro, sorrindo, e voltou para a sala. Remus, Tiago, Pedro e Ginger saíram correndo para a sala, mas Sirius ficou observando o céu. Tiago notou a certa demora da parte do garoto, e murmurou:
- Vem, Sirius!
- Já vou, Tiago, pode ir na frente! - Tiago deu de ombros e seguiu.
Sirius observou mais atentamente, e viu uma estrela cadente cortar o céu, o que o fez lembrar que certa vez Tiago lhe dissera que se visse uma era pra fazer um pedido, pois este se realizaria. Ele sorriu, e sussurrou baixinho:
- Desejo ser feliz pra sempre, junto com os meus amigos!
N/A: Huahuahuahua, a gente sabe que deu uma dramatizada legal nesse finzinho, mas não deu pra resistir... Mesmo assim comentem, pois a gente teve o maior trabalhão pra fazer dentro do prazo! Esperamos que gostem, e comentem! FELIZ NATAL PRA TODOS!
