Capítulo Dois - Engano

"O segundo que antecede um beijo. A palavra que destrói o amor. Quando tudo ainda está inteiro, no instante que desmoronou" - Cuide bem do seu amor, Paralamas do Sucesso.

A verdade foi que Rony não conseguiu dormir. Ficou pensando onde Hermione estaria, em tudo o que estava acontecendo com ele naquele ano. Fugiu dela o tempo todo, por causa de Harry, por causa da amizade que tinha com Hermione, por causa de seu orgulho ferido e coração partido.

Parvati Patil foi uma válvula de escape. Aproximando-se de Patil pôde esquecer um pouco a morena clara que havia roubado seu coração há tempos. Parvati era uma garota inteligente, com senso de humor, ria das suas piadas e isso deixava Rony feliz. Hermione sempre ficava em seu pé, censurando-o, coisa que Parvati não costumava fazer. Mas depois daquele beijo tudo havia mudado. O vulcão que tinha sido acalmado voltara à erupção, deixando Rony quente e angustiante por dentro. Apaixonado. Extremamente apaixonado. Mais do que foi um dia, mais do que tudo. Ele queria beijá-la e abraçá-la, mostrar a todos que Hermione era a sua garota.

Desceu para o café da manhã sozinho. Atrasou-se um pouco na hora do banho, pediu que Harry fosse na frente. Foi até bom, porque pôde colocar as idéias em ordem, ou ao menos tentar.

Avistou a mesa da Grifinória, lá estava Hermione. Conversando alguma coisa com Gina. Parecia um pouco melancólica. Ficou olhando de longe, até que Hermione notou seus olhares indiscretos. Se ele estivesse mais perto poderia ter visto o rosto de Hermione ficar levemente vermelho. Por fim, chegou a mesa, sentou-se e cumprimentou todos. A garota ficou visivelmente constrangida com a presença do ruivo e não olhou e nem lhe direcionou a palavra. Levantou depois de alguns minutos e saiu da mesa rapidamente.

- O que Hermione tem? – perguntou Neville. – Ficou estranha de repente...

Rony ameaçou levantar para ir atrás dela mas Harry segurou o braço do amigo discretamente.

E assim foi a semana toda. Ele a procurava mas ela sempre andava acompanhada do monitor Filipe Patriani, mesmo com as indiretas de Rony ele não saía de perto e ele sofria com isso. Parecia tudo tão claro, perfeito. Mas Hermione fugia, sempre com sucesso. Rony estava certo que Patriani ficava perto da garota a pedido dela e isso o deixava terrivelmente louco.

Mas foi num sábado, faltavam alguns minutos para o anoitecer, que milagrosamente viu Hermione sozinha voltando da cabana de Hagrid.

- Eu acho que você consegue conversar com ela agora, Rony – disse Harry, que estava ao seu lado. Iriam visitar, Hagrid. – Boa sorte!

Harry se virou e caminhou rapidamente de volta ao castelo. Hermione ainda não tinha visto que caminhava em direção a Rony. Ela estava observando um livro distraidamente. Caminhava em direção a ela com o coração saltitando. Finalmente ela percebeu que não estava sozinha no jardim de Hogwarts. Parou de caminhar e encarou Rony com um olhar desesperador. Ronald chegou perto dela com um certo alívio.

- Será que podemos conversar? – perguntou o ruivo.

- Rony... Nós sempre conversamos – disse ela, caminhando novamente. Ele andou e se pôs na frente de Hermione, fazendo com que ela parasse os seus passos apressados.

- Por que está fugindo de mim deste jeito?

- Não estou fugindo de você, apenas estou com pressa.

- Ah, então você vive com pressa agora...

Hermione procurava não olhar muito para Rony.

- Hermione, por que está fazendo isso comigo? Por que não conversamos?

- Não estou fazendo nada, isso é coisa da sua cabeça – ela respondeu.

- Será que pedir pra você me olhar um pouco é muito?

Ela levantou a cabeça e olhou alguns instantes para o garoto.

- Hermione... Eu gosto muito de você. Acho que até mais do que eu penso, do que eu sinto... E depois daquele beijo eu percebi que... Simplesmente eu preciso ter você, não como amiga. Como a minha garota, dizer pra todo mundo que você é a minha... Eu quero ter você ao meu lado e...

- Rony, isso foi um engano – interrompeu ela. – As pessoas cometem enganos e esse foi um deles. Eu não deveria ter beijado você. Isso... É, foi um engano...

- Como assim? – perguntou perplexo.

- Foi errado, eu não queria ter causado este transtorno.

- Mas não foi um transtorno! – exclamou, um pouco nervoso.

- Pra você não, mas para mim foi. Eu poderia ter evitado este constrangimento todo, mas às vezes as pessoas erram... E eu lamento que tenha errado daquele jeito, ter errado com você – contou, com uma voz trêmula.

- Isso não é verdade – falou, desacreditando nas coisas que havia ouvido.

- Eu sinto muito... – desculpou-se.

O sol havia se posto e se, ainda houvesse um fino raio de sol, Rony poderia ter notado que Hermione, tinha os olhos marejados.

- Não, você não sente – discordou.

Ele se virou e caminhou para o castelo, rápido, não queria que ela o alcançasse, mas ela o alcançou.

- Rony – disse ela colocando a mão no ombro dele.

- Não me toque.

- Eu sabia que você não entenderia.

- Eu não entendo mesmo! Não quero entender. E também quero que o mundo se exploda! – exclamou alto. – Eu achei que você gostasse de mim também. Depois de toda aquela coisa com a Parvati e a Persephone. Depois das nossas conversas, do beijo, você vem com essa pra cima de mim.

- Eu não tive a intenção – explicou-se.

- Ah, você não tinha? Imagine se você tivesse! Este tempo todo praticamente cuidando da minha vida e você NÃO TINHA A INTENÇÃO! – gritou as últimas palavras.

- Por favor, Rony!

- Não me peça nada, você não tem o direito de fazer isso comigo, de fazer isso com ninguém! Quem tem que pedir alguma coisa aqui sou eu. Se for um pouco humana, fique longe de mim – advertiu ele, muito nervoso, contendo bravamente as lágrimas.

- Você está fantasiando.

- Não, você me deixou fantasiar. O culpado disso tudo não sou eu nem Parvati, é você. Você! Não venha atrás de mim...

Ele correu em direção ao castelo, tudo o que queria era não conversar com ninguém. Ficar sozinho, mas isso era um pouco difícil. Por sorte, o salão comunal encontrava-se vazio. Geralmente todos costumavam ficar no salão àquele horário, mas ele teve sorte e só havia alguns alunos, que conhecia só de vista. Entrou no quarto e bateu a porta. Lá estava Harry, sentado na cama, lendo um livro. Logo percebeu que Rony estava extremamente nervoso e não ousou em perguntar nada. Simas e Neville olharam para Rony também.

- Então, Simas... Vamos, lá fora porque aqui está muito quente – falou Neville e Simas, concordou rapidamente.

- Você vem, Harry? – perguntou Simas.

Harry olhou para Rony, que arrancava os sapatos de forma bruta. Ele deu sinal que iria depois. Assim, Neville e Simas se retiraram do aposento. Rony olhou para o amigo que estava muito vermelho.

- Me lembre de nunca mais beijar uma garota – disse Rony. – Sabe, ela teve coragem de dizer que foi um engano. Eu não entendo, Harry! Não entendo depois de tudo, tudo! ela me fala isso!

- Tá, Rony. Belo teatro, você conseguiu até com que os garotos saíssem do quarto. Me assustou um pouco. Agora me conte a verdade, como é que foi? - perguntou sorrindo.

- Harry, está é a verdade! – contou ele, frustado. Harry ficou encarando Rony, incrédulo.

- Harry, pare de me olhar assim. Ela disse um monte de coisas, eu fiquei tão nervoso que nem ouvi direito. Falou que eu fiquei fantasiando. Que ela sente muito! Sente muito uma ova!

- Eu não acredito... Ela parecia gostar de você. Depois do baile que você foi com a Parvati e...

- Hermione é uma falsa, isso é o que ela é!

- Mas você falou o que para ela?

- Eu fiz um papel de idiota, preferia dançar com vestido de mulher na frente da Sonserina inteira só de lembrar! Eu disse a verdade, e ela... Ela brincou comigo o tempo todo.

- Deve ter alguma coisa por trás disso, Rony – desconfiou Harry.

- Não há nada para se desconfiar – respondeu, deitado em sua cama. – Pra que ela iria mentir? O que ela ia ganhar? Ela deve estar rindo agora...

- Conheço Hermione, deve ter falado isso da boca pra fora. Tem alguma coisa nesta história, ela é bastante insegura e você sabe disso.

- Se ela fosse tão insegura assim não teria feito o que fez. 'Pera aí... Você está apoiando ela?

- Não, eu estou querendo te alertar que ela deve ter fortes motivos para falar estas coisas.

- Foi um engano... Realmente foi mesmo – disse Rony.

Ainda deitado, virou o rosto para outro lado. Uma lágrima teimosa, que Rony segurava fazia tempo, finalmente escorreu. Ronald pôde sentir o gosto salgado da desilusão. Hermione tinha estraçalhado o seu coração e depois pisado em cima.

Rony estava certo, depois de ter se desligado um pouco de Hermione, ela tinha ataques de ciúme. Perguntava o que ele estava fazendo, com quem conversava. Tanto que mostrou visivelmente quando não foi convidada para o Baile de Mascarás que aconteceu em dezembro. Hermione ficou sabendo que Rony iria com Pavarti e demonstrou tristeza, isso fez que Rony alimentasse as suas esperanças, que agora haviam sido despedaçadas em pedaços indivisíveis. Nada seria como antes.

N/A: A-há! Nem tudo na vida dão flores! O Rony entrou pelo cano... Coitado!