Capítulo quatro – Flagrante
No frio e sozinho, olhou para o lado e viu Hermione caminhando em sua direção. O que faria agora? "Fugir", pensou. Mesmo tomado pelo desejo, acompanhou-a com os olhos, não queria conversar mas fugir não seria uma bela atitude.
Ela ficou ao seu lado, parada, sem dizer nada. Pareciam dois estranhos. Estranhos.
- Rony... – murmurou e ele não respondeu. - Eu... Existem coisas que você não sabe...
- Então está aqui para me contar?
- Não...
- Então vá embora – disse com frieza. – Não quero conversar, aliás, não há muito o que falar com você.
- Você está enganado!
- Você deixou me enganar...
- Eu queria que ficasse tudo bem entre nós – disse, posicionando-se à sua frente. Como era difícil encará-la.
- Está tudo bem entre nós – mentiu sarcasticamente.
- Não, Rony, não está tudo bem.
- Sabe... Onde você quer chegar com esta conversa? Quer me ver se arrastando...
- Quer me deixar falar?! – interrompeu, nervosa.
- Não! Falar o quê, Hermione? O "blá blá blá" de sempre? Frases feitas? Não estou com saco e nem humor para isso.
- Você não pode falar assim deste jeito, não sabe o que se passa! Eu tenho os meus motivos e não quero que fique este clima chato entre nós...
- Quer tudo volte ao normal? Isso é impossível.
- Rony, eu não estou te reconhecendo.
- Pensei que te conhecia também... Caí do pégasus.
- Eu já disse, tenho os meus motivos.
- E quais são eles? - ela hesitou em falar. Rony percebera que ela tinha os olhos vermelhos, estava chorando. – Não existem motivos!
- Não duvide dos meus sentimentos! – soluçou Hermione.
- NÃO DUVIDE DOS MEUS SENTIMENTOS!
- Ora, ora, ora... Vejam só, os amiguinhos brigando... Não sabia que a Perfeita Granger brigava, mas que surpresa! – falou Persephone, aproximando-se.
Pela primeira vez na vida gostou que Persephone invadisse a conversa.
- Ih, Ronald... O que você fez para a Perfeita? – continuou com um sorriso malicioso. – Ela está chorando. Oh, eu vivo dizendo, Perfeita Granger, nem tudo na vida são flores...
- Será que você pode me dar um minuto de paz? – disse Hermione furiosamente.
Hermione e Gina, junto com boa parte da Grifinória, não gostavam de Persephone. Rony só falava com ela porque estavam no mesmo grupo de trabalho de Estudo dos Trouxas.
- Teremos aula de Herbologia, monitora, se você não sabe. Ai, que enganei de novo, você é a Perfeitinha Granger, a número um! – caçou, rindo bastante.
Agora mais alunos se dirigiam para onde estavam, inclusive a professora Sprout. Hermione enxugou as lágrimas rapidamente. Persephone puxou Rony para um canto bem longe dos olhos chorosos de Hermione.
- Hoje, depois das aulas, no mesmo lugar de sempre.
- Eu não vou ensaiar hoje.
- O que aconteceu? Nem sei por que perguntei, não vai responder mesmo...
- Ainda bem que você sabe.
- Também não faço questão de suas briguinhas amorosas com a Granger. Você não pode faltar! Todos estarão lá, e você também! – falou rudemente. – Tem que aprender a não misturar os seus problemas com os problemas da escola, está me entendendo?
- Não estou misturando, Persephone. E não quero que você me de ordens!
- Tá, tá, tá, Ronald. Esteja lá!
- E se não estiver?
- Te quebro a cara – respondeu sorrindo.
Ele também não pôde deixar de sorrir. Com os outros do grupo do qual os dois faziam parte Persephone procurava ser agradável, mas com Rony chegava a ser um pouco simpática. Harry se aproximou dos dois.
- Bom dia, Potter James! – exclamou Persephone sorrindo.
Harry a odiava e muitas vezes discutira com Rony, por ter segredinhos com ela. Rony tinha explicado, tudo o que falava com a garota era sobre o trabalho, nada além disso. Mas parecia que ninguém entendia.
Persephone chamava Harry de "Potter James" por causa de um filme trouxa que fazia muito sucesso e Rony nunca tinha ouvido falar. Um tal de James Bond. Assim como Persephone, a Sonserina e, principalmente, Malfoy, aderiram ao novo apelido de Harry.
- Rony, vamos – disse ele ignorando a presença da garota.
- Eu já estou saindo, Potter James. Não consigo ficar no mesmo lugar quando está por dentro, o ambiente começa ficar perigoso e ainda não quero morrer. Tenha cuidado Ronald, o Lord das Trevas pode se enganar e matar você em vez do Potter James – disse ela caminhando em direção as estufas.
- Hermione tem razão sobre esta garota.
- Hermione não, Harry – pediu Rony.
- Ela veio atrás de você... O que aconteceu?
- Começou a falar coisas sem nexo e ficou chorando – contou, caminhando para a estufa.
- E você?
- Ela disse que tinha os seus motivos, e todo aquele "blá blá blá", quando alguém te dá um fora e vem consertar o que não tem conserto...
- Você ainda gosta dela, Rony.
- Não precisa me lembrar. Já sinto o suficiente.
- A convivência com Persephone anda te fazendo mal... O que é este tal trabalho que nunca acaba?
- Você sabe que não posso contar... Enfeitiçou o pessoal, não tem como você ficar sabendo.
Entraram na estufa, estava bem mais agradável.
- Ainda vou descobrir o que está por trás disso...
- De quê?
- De tudo, Hermione e o segredinho daquela insuportável.
- Não tem nada o que descobrir sobre a Hermione...
As semanas passaram rapidamente, para a surpresa de Rony. Não falou mais com Hermione mas ainda andavam juntos. Rony, Harry e Hermione, o famoso trio de Hogwarts.
Assim que podia, deixava os dois e ia para o campo de quadribol. Ninguém costumava ir para lá, só as pessoas que faziam parte do time para treinar e quando havia os jogos. Estava sentado na arquibancada, olhando o chão, muito longe, até que sentiu alguém lhe cutucar as costas. Era Pavarti, bastante agasalhada. Ainda era inverno e nas arquibancadas fazia um frio imenso.
- Olá, Rony. Deu para andar sozinho agora?
- É, né...
- Você tem andado muito estranho este mês... Aliás, você, Harry e Hermione. O que acontece?
- Nada demais – mentiu.
- Ah... Entendo, perfeitamente.
- O que você está fazendo aqui?
- Te seguindo, oras! – respondeu sorrindo.
Ele sentiu as bochechas queimarem. Pavarti se aproximou de repente, fazendo-o recuar discretamente para trás. Ela andava em sua direção com o olhar fixo, chegou um momento que não havia espaço para recuar.
- O que está fazendo? – perguntou, inocentemente.
- Não sei... – respondeu, ficando levemente vermelha.
Aquela aproximação estava sendo um pouco constrangedora. Pavarti estava um pouco arrumada para quem estava seguindo Rony. Aliás, ele reparou que estava mais arrumada que de costume. Ela era o inverso de Hermione. Pavarti sempre andava arrumada, cabelo impecável, perfumada, usava brincos, anéis. Nada muito exagerado. Já Hermione não se preocupava tanto como as outras meninas com a aparência, mesmo assim, não deixava de ser bonita.
- Pavarti... – sussurrou.
Tocou o rosto da garota, que estava bastante gelado. Ventava bastante mas Rony já tinha se acostumando.
- Você está gelada – continuou ele. – Vamos ir embora daqui.
- Não, eu não quero ir. Vim aqui para te dizer uma coisa e eu gosto de ficar perto de você, Rony.
Sem saber por que, Rony puxou Pavarti pela cintura, fazendo com que o nariz gelado e um pouco vermelho dela tocasse o seu. Ela pareceu um pouco assustada mas não se mexeu. Olhava para Rony firmemente, como se soubesse o que ele faria. Ele, iludido por Hermione e seduzido pelos lábios de Pavarti, sem pensar, beijou-a.
Pavarti se entregou ao beijo. Faziam movimentos rápidos e as mãos da garota corriam livremente pelas costas de Rony. Beijo intenso, sufocante. Já sem fôlego, Pavarti, devagarinho, recuou e sorriu. Ela o abraçou e tornou a beijá-lo. Parecia que tinha medo que tudo se acabasse, que alguém ali iria morrer. Mas ele não parava, acompanhava a garota em seus movimentos, um tanto desesperados e talvez, apaixonados.Rony ouviu alguém subir as escadas correndo mas não ligou. Beijar Pavarti, estava tão bom. Talvez fosse Lilá ou Harry que estava subindo. Os passos pararam, assim como os dois interromperam o beijo, e começaram outro em seguida. Desta vez foi Rony que parou, Pavarti o deixava sem fôlego e a abraçou. "Será que isso é certo?", ele se perguntou, abraçando-a. Foi neste instante que abriu os olhos.
Era Hermione, o rosto um tanto pálido, a mão na boca, olhando espantada para os dois.
N/A: Ooooops!!! O Rony só entra em fria mesmo! Eu sou má...!
