Capítulo oito – Presente de aniversário
"Love me do, Rony... Love do", respondeu para si.
Love, love me do
You know I love you
I'll always be true
So please love me do, who ho love me do
As palavras saíam sem querer da boca de Rony, assim como os acordes do baixo. Cantava sem saber o que estava cantando, tocava sem saber o que estava tocando. Agia por impulso e segurava o instrumento com força, com medo que escapasse por entre seus dedos. Estava tenso, tanto, que nem se mexia muito e olhava para o vazio. Até que acabou e no segundo seguinte, começou outra canção. Ficou mais calmo, olhou para o lado, lá estava Persephone tocando a guitarra, tinha um sorrisinho nos lábios. Lilá mexia com a platéia e percebeu que era o mais tenso ali.
Varreu o salão com os olhos, todos dançavam, alguns acenavam para Rony e ele retribuía com um sorriso. Harry e Gina estavam dançando totalmente fora do ritmo, atrapalhados, mas pareciam estar gostando. Virgínia parecia estar feliz e Harry mais ainda. Rony não poderia negar, era extremamente estranho ver os dois juntos, nunca tinha pensado naquilo. Seu melhor amigo namorando sua irmã, mas estava feliz por eles. Depois seus olhos passaram por Pavarti, parecia estar se divertindo também. Estava sentada, conversando com Simas. Mas queria saber de Hermione, onde estaria? Como monitora, Rony imaginou, deveria estar lá, mas no momento não a estava encontrando. Era a hora de falar ao microfone, ficou nervoso de repente.
- Olá, Hogwarts! – gritou Lilá muito animada.
Os alunos vieram abaixo, foi uma gritaria total, especialmente da Grifinória, pois a banda era composta de alunos desta casa.
- OLÁ HOGWARTS!- gritou Lilá, desta vez mais alto. O barulho foi maior ainda.
Rony se sentiu extremamente satisfeito.
- Este é o nosso projeto de Estudo dos Trouxas e Persephone Gramond resolveu montar uma banda. Nesta noite cantaremos somente músicas dos Beatles, grupo que fez muito sucesso em todo mundo trouxa. Foi um mito, muitos adolescentes de nossa idade ainda gostam de Beatles – contou Lilá.
Era a deixa de Rony, por alguns segundos achou que sua voz não sairia.
- Fizeram tanto sucesso – disse com uma voz trêmula – que um dos seus integrantes, Jonh Lennon, for morto por beatlemaníaco.
Ao passo que falava ia se acalmando. Procurava Hermione com os olhos, não a achava. Ao longo do show foi se soltando, Rony fazia o que bem entendia, ia de um lado para outro no palco, mexia com a platéia. Persephone continuava irredutível, seca como sempre. No começo da apresentação ela riu mas depois, quando estava tudo estabilizado, ficou com sua conhecida cara fechada.
Rony pensou em procurá-la na pista de dança assim que terminasse a música que estava tocando, falaria com Persephone, e assim o fez.
- Persephone, eu posso descer um pouco?
- Quem bexiga de moça, Ronald – caçou a guitarrista.
- Não, eu queria falar com alguém...
- Deixe para falar depois!
- Depois é muito tarde.
- Está ficando louco?
- O professor já nos avaliou, vamos, não custa nada.
- É claro que custa – disse, alterando o tom da voz. – Quem vai ficar no seu lugar?
- Você, Pavarti sabe tocar guitarra... É quase a mesma coisa.
- O que está acontecendo, reunião e ninguém me chamou? – brincou Lilá.
Rony explicou brevemente o que se passava.
- Vai, Rony... Nós cuidados do resto, volte logo! – falou Lilá. – Neville, o que você acha?
Neville fez sinal de positivo, por de trás da bateria.
– Vai, lá!
Persephone fez uma careta e ele saiu em busca de Hermione. Muitos o parabenizaram, recebeu alguns tapinhas nas costas. Localizou Harry dançando com sua irmã.
- Ei, Harry – chamou, cutucando o amigo nas costas. – Viu a Hermione?
Ele se virou, num sorriso só.
- Hum, quer dizer que era isso que você andava fazendo? Uma banda! Não sabia que você tocava – disse alegremente.
- Nem eu... Desde quando você toca aquele troço?- perguntou sua irmã.
- Depois eu explico, vocês viram Hermione? – perguntou novamente.
- Ah, sim... Hermione estava aqui, foi falar com a Chang - informou Gina.
Ele nem agradeceu, esbarrava em alguns casais enquanto percorria o enorme Salão. Avistou Cho Chang com o grupo de amigas mas Hermione não estava entre elas. Sentiu um pequeno desespero até avistar Filipe Patriani acompanhado de Hermione. Ela usava um vestido preto afinado na cintura, que fazia um lindo contraste com a pele branca. O cabelo estava preso sem nenhum fio solto, em um discreto laço preto. Pelo decote em "V", podia observar uma correntinha delicada, mas não conseguiu identificar de longe, dando destaque ao seu colo. Ficou enciumado, aproximou-se de Hermione e a puxou pelo braço.
- Quer dançar comigo? – sussurrou no ouvido dela. As bochechas da garota ficaram vermelhinhas e sorriu timidamente. – Hein?
- Mas nós já estamos dançando...
- Estamos? – perguntou, conduzindo Hermione pela cintura.
- Você é louco, Rony.
Ele sorriu, não se importou de estar vermelho e não saber dançar, ela parecia não se importar também. Ignoravam o ritmo da música, dançavam lentamente pelo Salão. Ela apoiava sua cabeça no peito de Rony, ele carinhava seus cabelos com cheirinho de chocolate. Dançavam lentamente pelo Salão, vivendo o momento, seguindo os passos do coração.
- Você não vai falar nada? – perguntou Hermione.
- Existem momentos que não precisamos falar nada, apenas sentir... É o que estou fazendo agora.
A música não queria acabar, para a sorte de ambos. Rony tinha os olhos fechados, assim como Hermione. Abraçados, um sentindo o calor do outro, dando passos curtos, fora do ritmo da música, mas seguindo o coração. Assim se encontravam Hermione e Rony, no meio do Salão, recebendo olhares, arrancando suspiros e risadinhas. E assim permaneceram mais alguns minutos.
- Rony, eu acho que a música acabou...
- Eu sei – ele confirmou. - É que está tão bom aqui.
Ele tirou seus braços, que envolviam amorosamente o corpo de Hermione. Ela tinha um sorriso tímido. Ele se aproximou, cheirando-lhe o pescoço e dando um beijo no canto da boca.
- Até mais, Hermione – falou baixinho em seu ouvido.
Voltou ao palco às pressas. Todas as canções que tocou e cantou foram para Hermione. Enquanto cantava mantia seus olhos presos na garota vestida de preto, ela fazia o mesmo. E assim foi, ao longo do show.
Finalmente, ou infelizmente, a última canção tinha sido tocada. Rony não sabia se era bom porque queria encontrar logo Hermione. Se era ruim, pois nunca mais sentir a sensação estranha, engraçada, pavorosa, divertida de estar à frente de uma enorme platéia. Despediram-se do público. Lilá e Neville saíram rapidamente, queriam aproveitar mais alguma coisa, talvez aquela música ambiente que soava ao longo do Salão anunciando o final do baile. Persephone e Rony guardavam os instrumentos, desta vez com magia.
- Ronald, quero lhe entregar uma coisa, agora que estamos sozinhos.
Ele caminhou rapidamente em direção a garota.
- Está aqui, o seu presente – disse ela, estendendo um livro grosso, amarelado e velho.
- Um livro... – comentou, desanimado. Aquele seria um belo presente a Hermione. A velharia tinha como título "Poções e seus ensinamentos".
- Não é apenas um livro – contou. – Você tem que saber usá-lo.
Ela tomou o livro das mãos de Rony.
- Preste atenção, ele está encantado. E não é bem um presente, é um empréstimo prolongado. O livro não é meu, portanto, cuidado.
- Um presente que não é presente?
- Você vai ter que saber como usa-lo, daí sim, será um presente. Observe, Weasley. Kolobra! – disse, apontando sua varinha para o livro.
As palavras sumiram, surgindo outras. Agora, na capa marrom podia-se ler "Arte da animagia".
- Nossa, um livro de...
- Sim, sim. Veja lá o que vai fazer com ele, Ronald. Não quero me meter em encrenca por sua causa, faça valer a pena – falou um pouco entusiasmada.
- Você usa o livro?
- Perguntas idiotas, respostas cretinas.
- Ah, você é péssima em TransformaçõesPichi1 ! – falou sorrindo. – Havia me esquecido disso.
- Vai, suma daqui antes que eu me arrependa! – exclamou brava.
- E o livro?
- Eu passo no dormitório e deixo lá, não quero que todos vejam você circulando com ele pra lá e para cá. Vai, some logo, Weasley!
- Obrigado, quem sabe eu te dou algo de aniversário!
Desceu do palco, o Salão estava praticamente vazio. Havia alguns alunos mas Rony não os conhecia. Seguiu com tristeza para fora do Salão, quando subia as escadas ouviu a voz de Hermione.
- Hey, Rony!
Desta vez estava acompanhada de Cho Chang. Ele colocou as mãos no bolso e caminhou em direção as duas.
- Olá, Rony - saudou Cho com alegria em sua voz.
- Oi – respondeu um pouco desanimado.
- Então, Hermione, nos falamos amanhã... Reunião geral, avise o Patriani – informou Chang.
- Ah, Filipe já deve estar sabendo – respondeu Hermione rapidamente.
Se despediram com um beijo na bochecha, Rony também ganhou um. Cho se retirou, deixando os dois a sós. Alguns segundos em silêncio foram o suficiente para deixar Rony sem ação.
- Quer dar uma volta? - convidou sem pensar muito no que estava dizendo, oferecendo seu braço direito. Ela aceitou e seguiram para os jardins de Hogwarts.
- Sabe, é um pouco perigoso ficar circulando pelo jardim a esta hora – falou Hermione cautelosa.
- Você está brincando comigo, né?
- Não...
- Você estava nadando no lado de madrugada!
- Oh, aquilo foi um surto meu... - Rony sorriu enquanto ela se explicava. – Eu acho que nem sabia o que estava fazendo.
O ruivo parou de andar e ficou de frente paraa garota.
- Eu levei um susto quando percebi que era você. Fiquei com medo que você morresse...
- Mas eu teria, se não tivesse me salvado. Obrigada, Ron.
"Ron", perguntou a ele, "Ela me chamou de Ron!".
- Estou a sua disposição... Eu também estaria morto se não conseguisse te salvar.
- Que bom que está aqui...
Ele encostou seu rosto contra a face de Hermione, beijou-a no pescoço, causando à garota um arrepio que percorreu toda sua espinha. Do pescoço, passou para a maçã do rosto, canto dos lábios e finalmente chegando a boca.
Hermione tinha um gosto diferente, maçã com canela. Os lábios quentes da garota faziam pressão contra os de Rony, que agora a puxava para mais perto. Ela passou seus braços em volta do pescoço dele, entregando-se totalmente ao tão esperado beijo.
Hermione terminou o beijo em um sorriso.
- Por que você ri?- perguntou Rony, encarando-a com os narizes quase se encostando.
- Porque estou feliz, Ronald Weasley.
- Então me deixe feliz também - disse, puxando-a para mais um beijo apaixonado.
Beijar Hermione era tão diferente. Beijos calmos, alternando a velocidade, apaixonantes, um pouco desesperados.
- Rony... Feliz aniversário. O seu presente está...
- Shiii – interrompeu docemente, colocando seus dedos sobre os lábios quentes dela. – Você é o meu presente.
Não fazia uma noite bonita, não havia estrelas no céu, a lua se escondia por detrás das montanhas. Talvez, se não houvesse o baile, dança, sussurros, arrepios, calores, beijos amorosos e demorados, nem Rony nem Hermione se lembrariam da primeira noite de março. Passaria batido, sem memórias e fatos especiais.
Mas naquela noite um certo casal, depois de dificuldades e angústias, desilusões e palavras mal entendidas, conflitos e lágrimas à meia noite, trocavam beijos e palavras de amor no jardim de Hogwarts. Um dia palco de uma desilusão, agora testemunha do amor que nascia e crescia ainda mais no coração de ambos, que se fundiam e tornavam-se um só.
Fim!
N/A: Haja paciência pra aguentar todo este tempo pedindo por atualizações, hein? Mas a culpa é todinha minha... Sou enrolada demais e isso está se tornando uma coisa mais odiosa com o passar dos tempos. Mas está aí
Well, agradecimentos a todo mundo que me mandou e-mail e para aqueles que deixaram comentários aqui no Agradecimentos em especial pra Carola (Carol Weasley) corre e abraça a Carola e pra Píchi que betou tudo isso e que salvou a minha vida diversas vezes. Love you, girls!
