Capítulo 1: Ordem para reunir·
– Contacte toda a ordem, depressa! É uma reunião de extrema urgência! – A voz ecoou um pouco mais nervosa do que Harry desejara. Era um jovem de 20 anos, alto mas algo franzino, com os cabelos sempre desengrenados. Porém, o que mais chamava atenção no seu aspecto era a cicatriz em forma de raio que lhe enfeitava a testa. Toda a gente no mundo mágico sabia do significado dessa mesma cicatriz e era por essa mesma razão que Harry era por muitos admirado. Algo dizia a Luna, uma mulher de 19 anos, loira e com um ar um pouco aluado, que a inquietação do marido se prendia no homem que lhe tinha feito aquela cicatriz, Lord Voldemort, o feiticeiro mais temido de todos os tempos. Harry trabalhava no Ministério da Magia, no lugar outrora ocupado por Ludovico Bagman. Estava, ao mesmo tempo, a concluir o estudo para se tornar Auror.

- Tudo bem. No lugar do costume? – Inquiriu a loira docemente, os olhos perdidos não se sabe muito bem onde.
- Claro! – Respondeu Harry impaciente – Eu vou directamente para lá. Quando os outros tiverem sido avisados, junte-se a nós.

Luna assentiu com a cabeça, ao mesmo tempo que recebia um pequeno beijo de Harry. Este desmaterializou-se, surgindo quase instantaneamente, na sede da Ordem de Fénix, que se encontrava deserta.

O castelo onde Harry estava, situava-se no meio da Floresta e quem por ele passasse, nada via. Além de protegida com inúmeros feitiços, era também invisível. Harry olhou então os quadros na parede, o ar apreensivo expressado no rosto. Num deles, vários feiticeiros lhe acenavam alegremente: O casal Weasley, Remus Lupin, Tonks, Shacklebolt, Snape (Bom, este não tão alegremente assim...), Albus Dumbledore, McGonagall, Hagrid, Charlie Weasley. Todos, todos mortos pelos Devoradores da Morte, fiéis servos de Voldemort. Traídos por Mundungus Fletcher, que se fizera passar por "pequeno criminoso", mas todavia útil à Ordem, quando na realidade era mais um dos servos do Senhor das Trevas.

Num dia de importante reunião em Grimmauld Place, Fletcher mostrou a Voldemort onde eram as instalações da Ordem e, apanhados de surpresa, os seus integrantes pouco ou nada puderam fazer para se defender contra a cerca de uma dezena de Devoradores da Morte que lhes apareceram subitamente. Uns torturados, outros morrendo imediatamente, todos acabaram por sucumbir. Mesmo Dumbledore que, visto estar a jantar, não tinha sua varinha por perto e não conseguiu resistir durante muito tempo, apesar de, inegavelmente, ter tentado.

Voldemort pensou então que o núcleo duro da Ordem estava dissolvido e tinha, de alguma maneira, razão. O único sobrevivente, Gui Weasley, apenas escapou por sorte, visto ter-se atrasado para a reunião. Ao chegar a Grimmauld Place, logo reparou que algo não estava bem: A casa estava visível aos olhos de toda a gente, o que era, inevitavelmente, um mau sinal. Porém, quando se deparou com todos aqueles corpos pertencentes a conhecidos seus, entre os quais os pais e o irmão, sem vida, o desespero tomou conta de si.

Sem saber bem o que fazia, contactou o irmão mais novo, explicando-lhe, em poucas palavras, a carnificina com que se deparara. Ron, então com 19 anos, empalideceu de forma quase instantânea. Estava na altura acompanhado pela sua esposa Hermione, e pelo seu amigo de longa data, Harry, e Luna. Mal souberam do sucedido, os 4 juntaram-se a Gui e o choque foi imenso. Se ouvir o acontecido era difícil, constatar a verdade com os olhos era doloroso demais. Um sentimento de revolta apoderou-se de todos e decidiram que uma nova Ordem se havia de formar. Harry, escolhido por unanimidade como o chefe da organização, tratou de, com a ajuda dos amigos, contactar pessoas da sua confiança que estivessem dispostos a entrar para a Ordem. Eram, na sua maioria, antigos alunos de Hogwarts que haviam pertencido ao conjunto de Defesa contra as Artes Negras criado por Harry no seu 5º ano.

- Harry! – Uma voz ansiosa fê-lo regressar de novo à realidade. Neville Longbottom acabava de materializar-se na sala onde Harry se encontrava. Este dirigiu-lhe um rápido aceno ao que Neville aproveitou para perguntar, alvoroçado:
- Então, o que se passa?
- Espera um pouco, Neville... Queria que todos chegassem para então falar sobre o sucedido.
Não foi preciso aguardar muito tempo. Não haviam nem passado 5 segundos quando a campainha soou. Neville apressou-se a abrir a porta, e por ela entraram rapidamente cerca de 20 pessoas. Nelas se destacavam os gémeos Fred e George, Ron e Hermione, Ginny Weasley e Lee Jordan. No entanto, todos os outros tinham também a sua importância dentro da Ordem. Depois dos habituais cumprimentos, Harry pronunciou:
- Sentem-se, por favor.
Não era uma ordem, mas todos os presentes obedeceram imediatamente. Fosse qual fosse o assunto, estava à vista de todos que era realmente sério.
- Hum, hum – Aclarou Harry a garganta, fazendo lembrar Umbridge, uma má recordação de Hogwarts – Caso observem com atenção, notarão que existe alguém que não está presente na reunião.
Várias cabeças rodaram então, de um lado para o outro, procurando detectar a falta de alguma cara conhecida, até que a voz de Ernie MacMillan murmurou baixinho: Dean.
A expressão da cara dos presentes mudou rapidamente da curiosidade para o receio. Dean Thomas era um dos membros mais importantes na manobra defensiva da Ordem, e tinha no seu palmarés a captura de Devoradores da Morte tão importantes como Lucius Malfoy, entre vários outros.
- Onde está ele? – A voz que se ouvia agora era a de Anna Abbot, uma jovem que, apesar de ter sido Lufa – Lufa, denotava uma grande coragem. Todavia, naquele momento parecia à beira de um colapso nervoso.
- Foi... – Harry engoliu em seco e murmurou baixinho, como se quisesse disfarçar a verdade – Capturado. Esta tarde, por, imaginem vocês, Mundungus Fletcher.
As caras dos membros da Ordem encheram-se de um ódio tremendo. Era inevitável, sempre que se tocava naquele nome. O desgraçado, além de tudo o que tinha feito, havia deixado ainda uma carta na sede da Ordem, contando que tinha sido ele a entregar os 'amigos'.
- Como assim, Harry? Como soube do sucedido? – Luna olhava, com uma expressão de terror no rosto, o marido.
- Hoje, quando cheguei ao Ministério, deparei-me com uma encomenda na minha secretária. Ninguém me soube explicar de quem era, nem como ali havia chegado. Abri-a, curioso. Existiam apenas duas coisas lá dentro. Uma carta e um aparelho trouxa. Na carta dizia que o Dean havia sido capturado, e que iria ser torturado, como diversão durante estes dias. Eu não acreditei, claro. Pensei que fosse alguma cilada montada. Não era. Seguindo as instruções na carta, o que foi arriscado, confesso, carreguei no botão "Play" do tal objecto trouxa, e, subitamente, a voz de Dean saiu lá de dentro, como eu nunca havia ouvido. Uma voz carregada de pânico. Lá, ele confirmou a versão apresentada na carta, e quando se preparava para divulgar a sua localização, ouviu-se uma outra voz que gritou "Crucius" e um gemido de dor. Depois, silêncio.
Foi um silêncio também que se instalou na sala. Ninguém disse nada durante alguns minutos, até que Fred, o primeiro a recompor-se, questionou:
- O que vamos fazer?
- Foi por isso que vos chamei a todos. – Respondeu Harry. – Para decidirmos.
- Bom... Ficar parados é que não! Que eu me lembre, todos fizemos um juramento em como faríamos tudo o que estivesse ao nosso alcance para salvar qualquer companheiro – Comentou Simas Finnigan, claramente alterado. Dean era o seu melhor amigo, o irmão que nunca tivera. A perspectiva de perdê-lo provocava-lhe uma dor infernal.
- Claro que vamos tentar salvá-lo, Simas! O que eu quero saber é como... – Declarou de novo Fred.
- Simples: Acho que está na altura de atacarmos. Mas quando digo atacar, estou a falar a sério. Temos todas as informações possíveis acerca do paradeiro de vários Devoradores da Morte. As informações coincidem todas, estão todos no mesmo local. Temos, inclusive, a grande desconfiança, que V-vo-Voldemort – Uma regra aplicada a todos os membros era relacionada com o nome do Senhor das Trevas. Era uma forma de extraviar o medo. Quem tivesse medo do nome, não poderia nunca, em tempo algum, combater o seu dono – está com eles. Há que atacar de surpresa, tal como eles fizeram. – A voz de Ginny fez-se ouvir pela primeira vez naquela noite. A ruiva estava mudada: Tinha sofrido muito com a perda dos pais e exigiu entrar na Ordem, apesar da relutância dos irmãos, principalmente de Ron. Aplicava-se mais que qualquer outro e tinha-se tornado numa bruxa realmente poderosa.

De novo, o silêncio instalou-se na sala. Todos sentiam que as palavras da ruiva estavam carregadas de verdade: Estava na hora, não podiam esperar mais. Não só por Simas, mas também pelo mundo.
- Muito bem. – Disse por fim Gui – Vendo que ninguém se pronuncia, creio que todos concordam com o que Ginny disse.
- Sim. – Exclamaram, de pronto, Ron e Hermione, tendo alguns colegas, como Justino Finch-Fletchley e Olivio Wood, fazendo eco.
Harry retomou a fala. Pediu a Padma Patil que lhe entregasse os mapas que ela, juntamente com a irmã, Parvati, havia elaborado sobre o paradeiro de alguns dos novos Devoradores da Morte, como Pansy Parkinson, Draco Malfoy, Gregório Goyle, Vicente Crabbe e Blás Zabini, mas também alguns dos mais antigos, como Pedro Pettigrew, Travers ou Bellatrix.

Depois de alguns dias bolando bem o plano e confirmando informações, se preparavam para o ataque.
Ron bolou a estratégia que usariam, Hermione preparou uma lista de feitiços atacantes e defensivos que lhes podiam ser úteis e Harry treinou esses e outros feitiços e encantamentos. Simas, Fred, Jorge, Lee, Gina e Brad Morris, o seu namorado, ficaram encarregados da ofensiva, eram quem atacava o inimigo, por isso treinaram feitiços de ataque e desarmamento. Ron, Hermione, Luna e Neville prepararam feitiços variados, pois, para além de serem os aurores mais conhecidos, tinham de estar mais preparados do que os outros para a batalha final. Olívio, Ernie MacMillan e Denis Creevey ficaram com os despistantes, pois encarregar-se-iam de desorientar os inimigos, dando pistas falsas e desaparecendo num lugar e voltar noutro. Por fim, a equipe a que calhou a defesa: Eleanora Branstone, Parvati e Padma Patil e Antonio Goldstein. Todos os outros entrariam de seguida, preparados para lutar, desarmar, torturar, curar e vencer, dependendo da situação.

A tensão aumentava a cada minuto que passava, a hora do ataque estava próxima e eles tinham como principal preocupação capturar o maior número de comensais possível. E também perder o menor número de vidas que conseguissem...