NOTA DA AUTORA
Eu não costumo colocar nota da autora antes de iniciar a fic. Desta vez, no entanto, acho que é necessário, eu prometo não me enrolar muito aqui (vou tentar pelo menos), mas vamos lá...
Esta é uma fic em universo alternativo (leia-se sem magia) é a primeira que eu escrevo assim com o casal Draco e Hermione, então talvez não seja exatamente o que vocês esperam mas por favor me deem algum crédito, vai ser legal, eu juro.
Em segundo lugar essa história é baseada em uma das muitas conversas que eu tinha com a minha avó materna que faleceu aos 93 anos e com quem eu convivi durante a minha infância, adolescência e parte da minha vida adulta. Ela adorava contar as suas histórias e um belo dia eu pensei que uma delas daria um ótimo "gancho" para uma fic (vou deixar bem claro que é só a ideia inicial, o desenrolar não tem nada a ver com a vida dela ok) não vou falar mais sobre isso por enquanto pra não estragar o primeiro capítulo, mas lá embaixo eu falo mais.
Pra finalizar a nota (pelo menos a nota inicial) eu preciso confessar que nem de longe a fic está completa na minha cabeça. Eu tenho as ideias gerais mas não sei ainda qual é o rumo que vai tomar, então estou meio que "indo ao sabor do vento" e vamos ver no que vai dar.
Por enquanto é só, nos vemos lá embaixo.
Hermione olha para janela com um sorriso triste. O céu está azul embora o calor não esteja insuportável, exatamente como a sua avó amava. Ela se lembra que nos últimos dias a sua avó sempre tinha um comentário a respeito da beleza do céu. De uma forma estranha Hermione se sente feliz pelo fato que a sua avó foi enterrada num dia que seria um dos seus preferidos.
É difícil pra ela. Mesmo sabendo que a matriarca da família Granger teve uma vida longa e feliz e morreu cercada daqueles que a amavam, exatamente da forma que todo ser humano deveria deixar este mundo, mesmo assim dói muito. Ela suspira e luta contra as lágrimas.
- Você está bem, filha? – Hermione ouve a voz da sua mãe, Jane Granger, que sempre soube o quanto avó e neta eram ligadas. Ela senta-se na cama ao lado de Hermione – eu sei que dói, mas as coisas melhoram e vai chegar o dia em que você vai ficar apenas com a saudade e as boas lembranças.
- Eu sei, mãe – Hermione diz enquanto limpa uma lágrima furtiva com as costas da mão – eu sei também que a vovó não gostaria que eu me sentisse assim (ela suspira), mas é difícil.
- Eu sei que é difícil, filha – a senhora Granger a abraça e também enxuga uma lágrima – ela foi mais que uma sogra pra mim também, ela foi uma mãe – ela se levanta e se recompõe – mas como você disse a vovó não gostaria que a gente se sentisse assim – ela esboça um sorriso triste – eu vou ver seu pai.
- Como ele está? – Hermione pergunta se sentindo culpada. Imersa em seu luto ela acabou esquecendo-se do seu pai que acabou de perder a mãe.
- Sendo forte – sua mãe diz – a Julie está com ele. Pode deixar vovó eu tomo conta do vovô direitinho – ela diz imitando a voz da neta.
Hermione sorri. Se alguém tem a capacidade de fazer seu pai se sentir melhor é a sua filha. Ela suspira – amanhã eu vou à clínica pegar as coisas pessoais dela, eu sei que vai ser difícil para o papai.
- Pra você também – sua mãe diz – se você quiser, eu vou com você.
- Não mãe, obrigada – Hermione recusa delicadamente – eu prefiro que você fique com a Julie. Não vou dizer que vai ser fácil, mas eu dou conta. Além disso, eu prometi a ela que faria.
- Você nunca falou isso – sua mãe retruca espantada.
- Faz algum tempo – Hermione diz saudosista - a Julie ainda era um bebê e a ideia de perder a vovó era algo distante pra mim, foi depois que ela foi para a casa de repouso.
- Foi um choque pra todo mundo – sua mãe diz – ninguém imaginava que ela iria preferir morar em uma casa de repouso.
- Se foi – Hermione assente com a cabeça – Eu lembro quando eu fui conversar com ela mais uma vez para tentar tirar essa ideia da cabeça dela.
- A sua avó sempre foi teimosa – Jane Granger diz com um suspiro.
- Sim, ela foi – Hermione diz e a sua mente volta há alguns anos atrás...
XXXXX
- A senhora tem certeza? – Hermione pergunta a avó pela quinta ou sexta vez – eu vou sentir a sua falta – ela diz lutando para que as lágrimas não aflorem.
- Querida – Eleanor Granger diz carinhosamente – você em breve vai seguir a sua vida, vai se casar e um dia ter a sua própria família. É assim que as coisas são.
- Mas a senhora é a minha família – Hermione argumenta – eu não quero que a senhora vá embora.
- Você puxou a veia dramática do seu pai – sua avó sorri – eu não vou para o outro lado do mundo, eu vou apenas para uma casa de repouso do outro lado da cidade.
- Mas fica parecendo que a gente não quer mais você! – Hermione argumenta – E isso não é verdade. Mesmo que eu me case, eu quero ficar com a senhora, eu quero que a senhora fique comigo pra sempre.
- Ah menina – sua avó a abraça – as coisas não funcionam assim, você já tem idade pra saber disso. Ninguém vive pra sempre, nem eu nem você. Olha pra mim – ela obriga Hermione a encará-la – eu não estou partindo porque acho que seria um peso pra família ou qualquer coisa do tipo, eu só quero estar perto de pessoas da minha idade, com quem eu tenho coisas em comum. Eu pesquisei e lá é um lugar ótimo. Eles têm muitas atividades e até bailes, acredita? Quem sabe eu arrumo até um namorado.
Hermione não consegue evitar um sorriso, a sua avó continua:
- Eu não estou indo para uma prisão, nem estou sendo deixada em um asilo. Eu vou poder sair quando quiser e vocês podem me visitar quando quiserem também. Eu vou ser feliz lá, eu prometo. Agora melhora essa carinha e se você for se sentir melhor, eu quero que você venha comigo pra conhecer o lugar, eu prometo que se você não se sentir confortável eu não vou, tudo bem?
Hermione assente com a cabeça e se prepara para ir com a avó à casa de repouso onde ela pretende morar...
XXXXX
De volta aos dias atuais
Hermione suspira voltando à realidade. Ela foi à clínica com a avó e viu que o local era agradável, com pessoas vivas e animadas, uma espécie de comunidade da terceira idade onde os velhinhos conviviam e se apoiavam. A morena esperava um lugar cheio de doentes e pessoas debilitadas, mas o que ela viu foi um grupo talvez mais animado e disposto que ela e então Hermione nada mais pôde fazer do que aceitar a decisão da avó.
E foi neste local que a sua avó passou a viver. Uma agradável casa de campo com quartos amplos e individuais, acesso à internet, casa de jogos, salão de festas e várias regalias especiais para a terceira idade. Hermione a visitava regularmente e rapidamente pôde perceber o que faltava para a sua avó em sua casa, por mais que ela amasse seus familiares faltava a ela pessoas com histórias parecidas e interesses em comum.
E a própria Hermione passou uma boa parte da sua vida neste local, visitando a avó e fazendo novas amizades. Foi lá que ela contou que estava grávida, foi lá que ela disse que iria viver com Rony e foi lá também que ela disse que iriam se separar. A sua avó a despeito da diferença de gerações sempre foi a sua melhor amiga.
E foi neste lugar também que a sua avó arrancou dela a promessa de vir recolher as suas coisas depois que ela partisse.
A morena suspira e se levanta vai ser difícil, mas Hermione vai cumprir a promessa.
- Você quer dormir aqui? – sua mãe pergunta – já está tarde.
- Não – Hermione nega com a cabeça – eu prefiro dormir em minha própria cama. Além disso, o Rony falou que passaria mais tarde pra ver como a Julie está.
- Ele é um bom homem – sua mãe diz arrancando um sorriso triste da filha que sempre ouve isso no que se refere a seu ex-marido e um dos seus melhores amigos atualmente
- Eu sei mãe – ela beija sua face – amanhã eu deixo a Julie aqui depois do café.
E dizendo isso ela se retira...
XXXXX
Mais tarde
Hermione toma uma xícara de chá com seu ex-marido Rony, sua amiga Gina e seu amigo Harry, marido de Gina. Eles sempre foram um quarteto inseparável desde os tempos do colégio e sempre se prometeram que ficariam juntos para sempre, uma promessa que eles mantêm, talvez não da maneira esperada.
De fato, Rony e Hermione tiveram um namoro anos atrás, o que não surpreendeu ninguém, uma vez que Harry e Gina eram um casal nada mais normal que eles também fossem. Depois de um tempo Hermione engravidou e eles acharam que o mais certo seria que fossem viver juntos, no entanto esta atitude só serviu para mostrar aquilo que eles já desconfiavam, que o sentimento que os unia era sim o amor, mas não aquele amor como o que Harry sentia por Gina ou o amor que seus pais sentiam um pelo outro, eles tentaram pela filha durante um tempo, mas acabaram se separando amigavelmente e hoje possuem um ótimo relacionamento.
- Obrigada por vocês virem – ela diz para os amigos – significa muito pra mim.
- Juntos sempre, lembra? – Harry diz – a gente sabe que e difícil pra você, é difícil pra nós também, ela foi um pouco avó da gente também.
Hermione apenas balança a cabeça. Ela teme que se falar alguma coisa vai começar a chorar, ela passou muito tempo se fazendo de forte para seus pais e sua filha, mas seus amigos a conhecem muito bem para saber que ela está arrasada.
- Eu vou ficar bem – ela diz com a voz embargada – vai demorar um pouquinho, mas eu vou ficar bem, eu acho que devo tentar dormir um pouco...
- Você está nos expulsando? – Gina interrompe, fingindo-se ofendida
- Na verdade eu só disse que ia tentar dormir e eu ia dizer que o último a sair deve trancar a porta e passar a chave por baixo da porta, como vocês já fizeram várias vezes – Hermione responde encarando a amiga.
- A gente também vai, já está tarde – Rony diz – você quer que eu fique com a Julie amanhã?
- Não precisa, obrigada. Eu falei pra minha mãe que vou deixar ela lá, quem sabe a presença dela anime um pouco o papai – ela sorri ao lembrar do rostinho doce da filha
- Então avise que eu vou pegá-la à tarde – Rony pede – eu sei que ela é uma garotinha muito madura, mas ainda é uma garotinha e esse é o primeiro momento de perda real que ela tem. Acho que um momento de pai e filha cairia bem agora
Hermione assente com a cabeça – eu aviso, só toma cuidado pra não encher ela de besteira.
- Eu aprendi da última vez – Rony sorri – mas pelo menos um sorvete eu posso, né. É difícil ter um momento pai e filha sem fazer uma ou duas das vontades dela.
- Só não exagera – ela vê o ruivo assentir com a cabeça ele lhe dá um beijo na testa e se retira junto com os demais
A morena suspira e prepara-se para dormir, embora ela saiba que não vai conseguir dormir muito em sua primeira noite num mundo sem a sua avó...
XXXXX
No outro dia
Hermione respira fundo e olha para o local que foi o lar da sua avó nos últimos anos, ela sorri ao mesmo tempo em que limpa uma lágrima discreta enquanto pensa que a sua avó foi feliz lá.
Ela se lembra do dia em que fez a sua avó a promessa que seria ela a pessoa que iria pegar os seus pertences quando a hora chegasse, Hermione havia acabado de se separar de Rony e embora ela soubesse que não o amava daquela forma, a morena tinha uma estranha sensação de fracasso, como se houvesse falhado em algo importante em sua vida e como Hermione sempre fazia em momentos como esse ela foi procurar os conselhos da sua avó...
XXXXX
Há alguns anos atrás
Hermione olha para a sua avó que a encara com um olhar paciente, ela sabe que a sua avó lhe conhece muito bem para saber que ela quer conversar e Hermione sabe também que a avó não vai falar nada dando a ela o espaço que ela precisa.
- Eu estou deixando o Rony – Hermione finalmente diz
- Vocês brigaram? – a sua avó pergunta, Hermione sabe que a senhora gosta muito do seu marido.
- Não vovó, não houve briga alguma e só que... – Hermione faz uma pausa e suspira
- É só que... – sua avó diz esperando que a neta esclareça
- É complicado – Hermione suspira
- Não filha, não é complicado – sua avó a encara – você não o ama, simples assim. Mesmo que o Rony seja um rapaz excelente, você não é apaixonada por ele – ela faz com que Hermione se sente e segura as suas mãos – eu estou errada?
- Não – Hermione baixa os olhos – mas eu queria...
- Filha – sua avó a interrompe – as coisas não funcionam assim. O Rony é uma ótima pessoa, mas não é pra você e no fundo você sabe disso e ele também. Você vai achar alguém que te faça perder o fôlego e te faça querer ficar com essa pessoa o resto da vida
- E se eu não achar? – Hermione questiona – isso parece coisa de contos de fadas.
- Você vai achar, filha, você vai achar... – Elleanor Granger diz sorrindo de forma solidária –mas eu te pedi pra vir porque eu quero te pedir uma coisa...
- Claro, vovó – Hermione diz – o que a senhora quiser.
A senhora olha nos olhos da neta – eu sei que o que eu vou pedir não será uma tarefa fácil, mas eu confio em você mais do que em qualquer um – ela suspira – aliás, não é bem confiança a palavra, eu diria que a afinidade que nós temos faz com que eu me sinta mais confortável se for você a pessoa a fazer isso
- O que eu preciso fazer? – Hermione pergunta cada vez mais curiosa.
- Não filha, você não precisa – a sua avó esclarece – eu quero que você se sinta confortável para dizer não se você achar que não consegue, mas eu pensei que como a gente tem muita coisa em comum, você seria a pessoa ideal para separar as minhas coisas e decidir o que deve ficar na família e o que deve ter um destino quando eu me for
Hermione respira fundo. Ela não é mais uma adolescente sonhadora e ela sabe que isso irá acontecer mais cedo ou mais tarde. Mesmo que a sua avó seja uma mulher saudável ela já é idosa e como ela mesma disse um dia, essa é a lei natural da vida, ela sabe que isso partirá seu coração, mas ao mesmo tempo ela se sente honrada com a confiança. Então ela diz:
- Eu não digo que vai ser fácil, mas eu faço o que a senhora quiser. Mas a senhora vai viver muito tempo ainda, eu tenho certeza.
- Eu realmente quero viver muito tempo – Elleanor Granger diz com um suspiro – mas é melhor prevenir – ela abraça a neta – você não imagina como isso é importante pra mim. Obrigada...
XXXXX
De volta aos dias atuais
Hermione suspira e começa o seu trabalho. Por mais que lhe doa ela vai cumprir o último desejo da sua avó, ela separa as roupas, sapatos, e alguns objetos para doação, e a sua atenção vai para uma caixa no fundo do armário. Hermione por um momento pensa que era alguma das fotos antigas que ela tanto gostava de olhar com a sua avó, talvez isso tenha sido algo que tanto as ligou, as histórias que a sua avó contava e a atenção que Hermione prestava ao ouvir sobre como era a vida da sua avó quando era menina, Hermione adorava saber que a sua avó havia sido uma criança também.
Eleanor Granger foi uma grande mulher, uma mulher que viveu um período cheio de sofrimento em sua vida, mas que nunca desistiu e nunca deixou que os percalços passados a transformassem em uma pessoa amarga. Hermione se lembra das várias vezes que a avó lhe contou da dor que sentiu ao perder a sua mãe ainda menina, de como a sua bisavó era bonita e do quanto tudo foi difícil depois disso.
Ela vai passando por cada item enquanto as lágrimas descem, é agridoce poder ver estas lembranças da sua avó e lembrar cada vez que elas se sentaram e compartilharam histórias. Hermione suspira e pega a última caixa, uma caixa que ela não se lembra de ter visto o que pra ela é estranho já que ela e a sua avó sempre compartilhavam estas coisas. Será que é por isso que ela me pediu que viesse separar as suas coisas? Ela pensa com seus botões
Hermione abre a caixa com a respiração suspensa e encontra vários cadernos guardados com capricho. Dá pra ver que alguns deles são muito antigos, outros parecem mais recentes. A morena se pega pensando se deve ou não ler afinal se a sua avó nunca os compartilhou, não parece correto a ela entrar em algo tão íntimo.
Mas ao mesmo tempo a curiosidade é grande e a sua avó a conhecia muito bem, ela sabia que Hermione nunca iria resistir à tentação de ler algo escrito por ela. Talvez seja por isso que ela quis que Hermione fosse aquela a cuidar dos seus pertences, talvez tenha algo nestes cadernos que a sua avó gostaria que ela soubesse.
E com este pensamento Hermione mergulha na leitura dos diários da sua avó...
NOTA DA AUTORA PARTE 2
Aí está o primeiro capítulo. Espero que tenham gostado e quem puder deixar uma palavrinha vai me deixar muito feliz. E pra quem ficou curioso a minha avó realmente perdeu a mãe na infância e ela me contou isso várias vezes mas ela nunca morou em uma casa de repouso nem deixou nenhuma espécie de diário. Qualquer outra dúvida podem me perguntar sem problemas
Bjs e até o próximo
