Alguns dias depois...

Hermione respira fundo enquanto aguarda a chegada de Sirius Black, ela ainda não acredita que o detetive conseguiu encontrar uma pista sobre o seu tio-avô, seus olhos se enchem de lágrimas em pensar no quanto a sua avó gostaria de estar presente neste momento. Infelizmente o destino não quis assim, mas ela vai fazer de tudo para cumprir o último desejo da matriarca.

Ela vê o padrinho do seu amigo Harry entrar e não pode deixar de sorrir ao ver que várias cabeças se viram a sua passagem, principalmente femininas. Definitivamente Sirius Black apesar de seus mais de cinquenta anos ainda chama atenção, graças a sua forma física invejável e seus intensos olhos azuis. Para Hermione, no entanto, ele sempre foi uma espécie de tio muito querido que a está ajudando a realizar o sonho da sua avó.

- Menina, você não sabe o trabalho que me deu! – ele diz enquanto beija a sua face

- Eu sei, Sirius, e vou ser eternamente grata por isso – a morena diz sorrindo, o que ela vem fazendo muito desde que recebeu a notícia – a minha avó ficaria feliz

- E eu estou feliz por proporcionar isso, e agora eu posso acrescentar os casos quase impossíveis no meu currículo – o detetive brinca

- E pode me colocar como testemunha – Hermione entra na brincadeira – você vai me contar o que conseguiu?

- Claro! – ele diz enquanto se senta e faz um sinal para a garçonete – eu preciso me vangloriar pra alguém

- Você pode se vangloriar pra mim – Hermione diz – eu estou curiosa, como você encontrou?

- Eu vou contar – Sirius diz enquanto pega o cardápio com a garçonete – deixa só eu pedir algo pra comer.

Hermione assente com a cabeça enquanto se prepara para ouvir a história que vai mudar a sua vida para sempre...

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Alguns dias atrás

Sirius respira fundo enquanto entra na igreja que para a sua sorte não está muito cheia, apenas uma meia dúzia de beatas que se encontram diariamente para orações e alguma fofoca como acontece em toda cidade interiorana. Ele sabe que se o arcanjo Gabriel descesse a terra com asas brancas e tudo chamaria menos atenção do que a sua pessoa.

Ele se senta ao fundo da igreja e faz o que faz de melhor, observa. Sirius sabe que deve esperar que elas terminem as suas orações antes de se dirigir a alguma delas. Enquanto isso ele pode decidir qual delas será a mais propícia a saber algo sobre o que ele procura e qual seria a melhor forma de abordá-la.

Depois de um tempo ele vê a maioria das senhoras se retirando e uma delas, que obviamente já passou dos setenta anos embora se mova com bastante agilidade, cuida do altar certificando-se que ele esteja limpo e a toalha sobre a mesa esteja milimetricamente arrumada com uma desenvoltura que mostra que há algum tempo ela deve ser responsável pelo serviço. Se alguém sabe algo sobre os batismos das cidades é ela talvez até mais do que o padre da paróquia.

- Com licença - Sirius diz cautelosamente enquanto se aproxima da senhora – eu poderia ter um minuto da sua atenção?

- O senhor não fez suas orações – ela diz sem interromper o que está fazendo – e o senhor não é daqui e nem tem família por aqui – ela completa – essa cidade não costuma receber estranhos.

- A senhora é muito perspicaz – Sirius sorri esperando que seu charme funcione agora, ele sabe que se a mulher não quiser falar, nada fará com que ela diga alguma coisa.

Ele espera a mulher terminar e se dirige de maneira respeitosa – na verdade eu estou na cidade a serviço e gostaria de ter uma palavrinha com a senhora. A senhora é a responsável pela igreja?

- Ah não – ela diz enquanto seus olhos se voltam para o céu – ele é o responsável e abaixo dele nosso padre que está se preparando para a missa, aliás, eu preciso ir pra casa me preparar para voltar mais tarde.

- Por favor – Sirius insiste – eu prometo não demorar, só preciso que a senhora responda uma pergunta, existem registros para os batismos realizados aqui? Registros antigos?

- Como eu disse, eu preciso ir pra casa pra me preparar. Eu ajudo na missa e não posso deixar o padre esperando, mas depois eu posso conversar com o senhor – ela diz sem se dignar a responder – se quiser esperar fique à vontade e aproveite para fazer as suas orações, nosso senhor gosta que as pessoas se apresentem quando vem à sua casa – ela diz e se retira restando a Sirius apenas suspirar e aguardar, ela é a sua melhor pista e uma coisa o detetive aprendeu, a segurar com unhas e dentes as pistas que consegue e se Sirius tiver que rezar um pouco, que seja.

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De volta aos dias atuais

Hermione mal pode conter a curiosidade. Um lado seu quer que ela peça para Sirius ir logo ao que interessa, o outro lado, no entanto, está se deliciando com a narrativa e com a velhinha colocando Sirius Black para rezar, ela gostaria muito de ter filmado essa cena – e o que você fez? – ela não resiste em perguntar

Sirius suspira e sorri – eu fiz o que qualquer materialista agnóstico desesperado faria, assisti a missa e rezei um pouco, enquanto a velhinha olhava pra mim com o rabo do olho pra ver se eu estava fazendo a coisa direito – ele vê Hermione soltar uma gargalhada – eu juro, menina, nunca agradeci tanto as aulas de religião do internato como nesse dia, por sorte alguma coisa ficou no meu subconsciente e eu sabia o que fazer, era só o que faltava, eu não conseguir as informações por não saber rezar o pai nosso!

- Você daria o seu jeito, eu tenho certeza – Hermione diz incentivando o detetive a continuar e Sirius volta a sua narrativa...

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Voltando há alguns dias atrás

A missa acabou faz alguns minutos e ao contrário do que Sirius esperava as pessoas não saíram simplesmente e foram pras suas casas, muitos ainda estão na igreja conversando. Como o detetive imaginava a igreja é uma parte importante do círculo social daquela cidadezinha no meio do nada e a ele só resta esperar. Sirius não sabe direito como funcionam as relações sociais do local e a última coisa que ele quer é atrapalhar uma conversa o que talvez o fizesse ser rechaçado sem conseguir as informações que ele precisa, então o que ele faz é ficar no seu canto e observar e neste momento ele vê a senhora com quem conversou ao lado do vigário e ele não precisaria ser um detetive para saber que eles estão falando sobre a sua pessoa.

Já era de se imaginar. Ele pensa com seus botões antes de ver que a senhora o está chamando. O detetive respira fundo enquanto se levanta e se dirige ao altar onde o padre o aguarda.

- Boa noite, senhor... – O sacerdote o cumprimente e faz uma pausa

- Black, Sirius Black – o detetive diz reparando que não se apresentou formalmente para a senhora. Mau sinal. Ele pensa, Sirius só espera não ter colocado tudo a perder

- Senhor Black – o padre diz – a senhora Pince aqui está dizendo que o senhor tem um interesse peculiar pelas certidões de batismo da nossa paróquia. Posso saber o motivo?

- Eu sou detetive particular – Sirius responde prontamente, ele não vê motivo nenhum pra esconder o motivo da sua vinda – eu estou procurando uma pessoa desaparecida e a informação que eu tenho é que ela nasceu nesta cidade.

- Interessante – o padre diz e sorri – unir pessoas é algo que Deus gostaria. Qual é o nome da pessoa que você procura? Nós ficaríamos felizes em ajudar.

- Quem dera fosse fácil assim – Sirius diz e encara o padre – se Deus realmente gosta de unir famílias, eu ficaria feliz com a ajuda dele – ele faz uma pausa – eu vou contar tudo que eu sei e espero sinceramente conseguir alguma coisa por aqui, é a minha última esperança...

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De volta aos dias atuais

A garçonete já trouxe uma porção extra de batatas fritas e vários chopes que Sirius sorveu avidamente enquanto conta a história. Hermione só espera que eles não sejam expulsos antes que ela fique sabendo de tudo o que aconteceu. O seu lado escritora e jornalista está mais aguçado que nunca, ela nunca pensou que algo que ela está vivenciando poderia ser uma história e agora ela vê que sim, é uma história e tanto.

- E aí, o que aconteceu? – ela pergunta mais uma vez

- Bem, eu contei tudo o que você me contou, literalmente. A essa altura eu estava desesperado, então o que eu queria era ter alguma empatia naquela igreja, quem sabe alguém poderia me ajudar. Talvez eu devesse ter te pedido autorização, desculpe – ele diz meio sem jeito – mas situações desesperadoras pedem medidas extremas

- Imagine – Hermione o tranquiliza – não é nenhum segredo de estado e se for ajudar, eu mesma colocaria um anúncio nos jornais de maior circulação, mas continue – ela encara o detetive – e, por favor, não enrole muito, eu já estou coberta de brotoejas de curiosidade

- Assim você me magoa – Sirius diz de modo dramático – essa é a minha melhor história e eu preciso contar em toda a sua glória

- Tudo bem – Hermione diz de modo maroto – só me lembre de contar para o Harry a parte da missa com detalhes

- Existe alguma coisa que eu possa fazer pra impedir isso? – Sirius diz e vê Hermione negar com a cabeça – imaginei – ele sorri – não posso culpá-la, eu faria a mesma coisa.

- A história, por favor – Hermione diz mal contendo a ansiedade

- Pois bem – o detetive diz e sua lembrança se volta há alguns dias atrás...

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Sirius contou a história para o padre e meia dúzia de beatas que ouviram a tudo atentamente, o detetive pode jurar que uma ou outra derramou uma lágrima emocionada diante da situação

- Pois bem, meu jovem – o padre se pronuncia – eu gostaria muito de poder ajudar, mas não consigo imaginar como

- Bem – Sirius diz passando a mão pelo cabelo – Eu penso que um recém nascido vindo de um parto difícil cuja mãe não sobreviveu deve ter sido batizado o mais rápido possível e como esta cidade era pequena na época...

- Como ainda é – uma das senhoras diz.

- Isso, mas é uma cidade bem agradável – Sirius diz e recebe um sorriso das senhoras – mas como ia dizendo, eu imagino que essa criança deve ter sido batizada aqui logo que nasceu. Então se eu tiver acesso aos registros de batismo talvez eu possa conseguir alguma informação sobre o paradeiro dela. Normalmente o nome dos pais está nestas certidões, estou certo? (ele vê o padre assentir) então talvez tenha o nome da família que levou a criança.

- Talvez sim – o padre diz, ele eleva seus olhos para o céu – que o senhor nos ajude...

Então ele verifica as certidões da época em que a bisavó de Hermione falecera e com a ajuda das beatas que conheciam a história das famílias da cidade Sirius consegue chegar a um nome e de posse desta informação, ele se dirige a uma cidade um pouco maior não muito longe da cidade natal de Eleanor Granger...

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De volta aos dias atuais

- Então eu fui para uma das cidades vizinhas com os nomes da certidão e um pouquinho de esperança, afinal a gente não tinha nada e pra quem não tem nada um nome já é alguma coisa – Sirius diz

- E aí? – Hermione questiona sentindo o coração acelerar junto com um frio em sua barriga. Ela não quer ter muita esperança, mas algo lhe diz que ela vai conseguir realizar o sonho da sua avó

- Eu encontrei um ancião que vive em uma casa de repouso. Ele tem deficiência intelectual por complicações em seu parto, por sorte foi adotado por uma família que lhe deu toda assistência, mas à medida que ele ficou mais velho foi necessário maiores cuidados. Seus pais adotivos já morreram, é óbvio, mas ele herdou uma grande soma em dinheiro que permitiu que ele fosse cuidado

- Você o viu? – Hermione pergunta – ele é meu tio avô? Eu gostaria muito de conhecê-lo

- Não tenho cem por cento de certeza, mas tudo indica que sim. E quanto a conhecê-lo - Sirius fala meio sem jeito – aí a coisa fica mais difícil

- Como assim? – a morena pergunta curiosa – ele não está em uma casa de repouso? É só a gente ir lá e explicar a situação, não deve ser tão complicado assim!

- Na verdade é – Sirius diz com um suspiro – o tutor dele proíbe quaisquer visitas não aprovadas pessoalmente por ele

- Então vamos procurar o tutor – Hermione diz – a gente explica a situação

- Eu tentei – Sirius fala – mas não consegui falar com ele, ele não me recebeu

Hermione olha para Sirius, ela não acredita que depois de chegar tão perto um tutor qualquer vai impedi-la de ver o seu tio-avô, ela não chegou tão longe para não conseguir.

- Eu quero o endereço dele, eu vou até a cidade confrontá-lo. Quem ele pensa que é? Eu preciso saber se meu tio-avô está sendo bem tratado. Quem me garante que esse tutor – ela diz fazendo aspas com os dedos – não está vivendo com o dinheiro dele e deixando meu tio jogado por aí

Sirius suspira e dá um sorriso fraco – ao que me parece é exatamente por isso que ele não quis falar comigo, pelo que eu apurei já aconteceu uma vez ou duas de supostos parentes aparecerem querendo se aproveitar da situação. O cara ficou calejado e agora visitas, só as autorizadas

- Foi o que ele te disse? – Hermione questiona

- Na verdade foi apenas o pessoal da clínica. – o detetive esclarece – Eu tentei entrar em contato, mas a secretária me dispensou sem que eu conseguisse falar com ele. Eu iria tentar mais algum tempo, ver se conseguir explicar tudo, mas eu achei melhor vir conversar com você primeiro, se você achar melhor eu volto pra lá e tento convencer...

- Não precisa, obrigada – Hermione o interrompe – você fez bem, Sirius. Eu nunca vou te agradecer o suficiente. Eu mesma vou tentar falar com esse tutor, vou mostrar que eu só quero conhecê-lo. Eu preciso de uns dias pra me organizar antes de viajar...

- Na verdade ele mora aqui na cidade – Sirius diz – a clínica de repouso fica afastada, mas ele mora por aqui. Ele é advogado e pelo que eu investiguei dos mais agressivos

- Pois bem – ela diz de modo desafiador – eu também posso ser agressiva e se eu descobrir que esse cara está se aproveitando de um ancião com deficiência ele não perde por esperar. Onde eu encontro esse tal advogado tutor?

Sirius suspira, ele sabe que Hermione, embora seja um doce de pessoa, também sabe pisar em alguns calos se for necessário – essa vai ser uma briga boa, eu vou passar o endereço, o nome dele é Draco Malfoy...


NOTA DA AUTORA

Capítulo postadinho pra vocês! Em primeiro lugar eu quero deixar bem claro que a fic é uma Dramione! Talvez o capítulo anterior tenha dado a entender que vai ter alguma coisa entre a Hermione e o Rony, mas não vai ter nada disso podem ficar tranquilos. Sim eles foram casados e têm uma filha juntos mas são apenas amigos, bons amigos por sinal apenas isso. Não vai rolar sequer um triângulo amoroso.

Eu não poderia deixar de agradecer a todo mundo que passou por aqui. Um agradecimento mais do que especial para a ShainaCobra que deixou uma palavrinha (em francês!) de incentivo no capítulo anterior.

Espero que tenham gostado e deixem uma palavrinha pra me fazer muito feliz. Só pra incentivar, adivinha quem vai aparecer no próximo capítulo?

Bjos e até o próximo!