Capítulo 3: A Convocação por carta (ou Sem Necessidade de uma viagem)
A coruja que Katsuhito mandou por carta viajou rapidamente de volta ao Japão, carregando consigo os detalhes do plano elaborado por Dumbledore:
- O QUE? - disse Tenchi.
- Isso mesmo, Tenchi: eu, você, Aeka e Sassami teremos que nos passar por bruxos... - disse Katsuhito.
- Mas como isso?
- Segundo o que diz aqui, Dumbledore já abriu exceções diversas para nós. Tenchi, você terá que viajar mais cedo para a Inglaterra, pois lhe serão ensinadas algumas magias e poções básicas. Quanto a eu e Aeka, iremos como professores de Defesa Contra as Artes das Trevas e Etiqueta Mágica. Sassami irá como aluna novata.
- E nós? - perguntou Myoshi.
- A missão é nossa! Vocês podem correr perigo! - disse Kyone.
- Não se preocupem... - disse Katsuhito, enquanto sorvia um pouco do delicioso chá verde que Sassami preparara. - Kyone, você, Washu e Myoshi poderão ir com a Yagami seguindo o trem do Expresso de Hogwarts.
- E eu? - disse Ryoko, abraçando Tenchi - Vocês não vão me deixar para trás, não é, Tenchi?
- Você pode nos seguir com a Ryo Oh-Ki! - disse Tenchi - Basta seguir Yagami!
- Certo... Estamos entendido? - disse Katsuhito. - Tenchi, você vai para Londres amanhã de manhã. O tempo urge: ao chegar no aeroporto, deverá procurar um jovem de nome Harry Potter. Ele irá lhe conduzir por todos os lugares em que deverá passar para comprar seu material. Quanto a mim, providenciarei a você Galeões através de Gringotes...
- Galeões? Gringotes?
- Galeões é o nome da moeda bruxa de mais valor. As outras são os Sicles e os Nuques. Já Gringotes é o banco dos bruxos. Tudo isso poderá lhe ser explicado melhor por Harry Potter quando chegar a Londres.
- Entendi, vovô. Mas como vou saber magia o suficiente para me passar por aluno de Hogwarts?
- Não se preocupe. Meu amigo Alvo Dumbledore já preparou tudo para que você consiga passar-se por bruxo.
- Quanto a nós, - disse Washu - permaneceremos no espaço sobre Hogwarts, ou nos ocultaremos em algum lugar. Para lhe localizar, criei isso aqui.
Washu passou um pequeno bracelete de cor azul-marinho e detalhes dourados:
- Esse é um comunicador portátil semelhante ao possuído pelos integrantes da Galáxia Policial, mas também tem acoplado a ele um pequeno localizador baseado em sinal hiperespacial, que vence qualquer barreira imposta por qualquer tipo de energia conhecida pelo ser humano.
- Entendi... - disse Tenchi - Espero que funcione.
Tenchi sabia que as coisas poderiam falhar, mas preferia não pensar nisso. "Não quero mal agouro na minha vida!", pensou Tenchi.
A correspondência de Dumbledore chegou rapidamente na "Toca", através de Edwiges, a coruja de Harry. Os detalhes do plano eram de certa forma malucos (o que condizia com a personalidade geral de Dumbledore), mas o plano como um todo fazia sentido para todos, exceto para "Percy Perfeito":
- Vocês enlouqueceram? - explodiu Percy como um berrador - Isso é uma violação cabal às normas do Estatuto do Sigilo da Magia! Se Fudge pegar Dumbledore...
- Fudge não vai aprontar para Dumbledore. - disse Fred - Ele não tem fibra para isso!
- Fred está certo! - disse Jorge - Fudge é um banana palerma mais lento que uma múmia de lesmalenta paralítica! Quando Fudge perceber, Dumbledore estará com Surien recapturado e teremos vencido Vocês-Sabem-Quem!
- Dumbledore não pode passar por cima das leis! - rosnou Percy – Ele pode ser Ordem de Merlin da Primeira Classe, mas também tem que se sujeitar às leis, como qualquer um!
- E ele está se sujeitando! - disse Rony - Você não leu direito? Dumbledore disse que esse tal "Poder Jurai" pode ser usado como bruxaria. E a coisa toda é muito simples: se o tal Tenchi puder segurar uma varinha e soltar magias com ela, ele é bruxo. Senão, ele é trouxa.
- Mas ele não pode usar uma varinha se ele é trouxa! - disse Percy.
- E o Hagrid? - disse Fred - Todo mundo sabe que a mãe dele é a giganta Fridwulfa!
- Isso é verdade! - disse Jorge - Nenhum bruxo daria uma varinha a um gigante, mas mesmo assim, o Hagrid possui alguma herança mágica.
- OK! Se vocês querem seguir com esse plano estúpido, vão em frente! Mas não contem com a minha colaboração! Francamente, vocês vêm Dumbledore como um grande bruxo. E ele o é, mas Fudge é o melhor Ministro da Magia desde Gorgon Strump! E na minha opinião, eu mandaria uma correspondência agora mesmo para o Ministério da Magia...
- ... e destruiria a vida do único homem que está fazendo algo contra o Vocês-Sabem-Quem, Percival Weasley! - disse Arthur - Não é muito mais fácil se apresentar ao próprio Você-Sabe-Quem e pedir para passar para o seu lado? Dumbledore é o único homem que tem fibra para lutar contra Voldemort atualmente. Se o perdermos, não teremos nenhuma opção. Ou você imagina que Fudge irá esconder para sempre esse fato, e que isso irá fazer o Vocês-Sabem-Quem sumir, como se fosse fumaça? Acorde, Percy!
Percy ficou visivelmente bravo, mas respeitou a decisão do pai, mesmo a contragosto:
- Vão em frente! Mas saibam que isso pode acabar muito mal.
Harry ficou apenas assistindo a discussão. Claro que concordava com Percy em certos pontos, mas se Dumbledore disse que conseguiria fazer o tal Tenchi se passar por bruxo, Harry acreditava 100.
- Harry, então você irá ao aeroporto de Londres e encontrará o tal Tenchi Masaki?
- Sim. Confio em Dumbledore. Acredito que ele deva saber mais sobre essas situações do que nós.
Harry porém, não sabia se Dumbledore tinha alguma idéia de se Voldemort tentaria atacar...
Tenchi estava no final do vôo entre Tóquio e Londres. Sabia que estava sendo seguido a grande altitude pela nave de Ryoko, a Ryo Oh-Ki. Sabia também que Yagami estava além da órbita terrestre, mantendo-se atenta a qualquer coisa estranha envolvendo Tenchi ou a nave Ryo Oh-Ki (mais exatamente, quanto à segunda. Querendo ou não, redimida ou não, Ryoko ainda era uma pirata espacial procurada em mais de 72 sistemas planetários diferentes por roubo, seqüestro, contrabando e assassinato). Eram mais ou menos 10 da manhã, horário local, quando o alto-falante do sistema disse:
"Senhores passageiros, favor voltarem aos seus assentos e preparar-se para a aterrisagem. Começaremos o procedimento de aterrisagem em cinco minutos. Faz sol em Londres e a temperatura é de 21 graus..."
Tenchi estava apreensivo: como iria aprender em poucos dias magia o suficiente para simular-se como um bruxo de nível alto, como o tal Harry Potter? Ainda mais que, segundo lera na estranha carta verde que ele recebera, as aulas em Hogwarts começariam em 1° de Setembro, tendo pouco mais de um mês para aprender tudo. Tenchi sentia-se com o estômago vazio.
- Deus, espero que tudo dê certo... - disse para si mesmo Tenchi.
Hermione Granger aproveitava as férias da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts na casa dos pais. Os dois eram trouxas e dentistas, e ficaram um tanto chateados ao descobrir que os dentes de Hermione, que antes eram dentes de coelho, ficaram do tamanho e nos locais corretos através de magia. Depois que Hermione explicou o que aconteceu é que eles entenderam que aquilo foi necessário.
Ela fazia a coisa que ela mais gostava na vida: ler livros grossos e pesados. Atualmente lia um chamado Lendas Fantásticas de Todo o Mundo: Uma Compilação de Icarus Himaienko. Era um livro muito interessante, que lhe fora mandado pelo professor Alvo Dumbledore. Ela tinha uma missão praticamente impossível: tornar um cara que nunca pegou uma varinha antes um bruxo razoavelmente competente. Tudo por causa da lenda de Surien.
"Essa história toda parece maluca demais, até para os padrões dos bruxos!", pensou consigo mesma Hermione. Claro que ela não se incomodava. Ela aproveitaria e começaria a repassar o conteúdo para os N.O.M.s que estavam vindo. O plano como um todo era maluco, mas Hermione sabia que se Dumbledore tinha o feito, tinha uma grande chance dele funcionar.
Hermione fora escolhida, e não à toa: apesar de ser uma bruxa de sangue comum (ou sangue ruim, como bruxos tradicionalistas como os Malfoy gostavam de chamar), não havia poção, feitiço ou transformação ensinada até o quarto ano de Hogwarts que a jovem bruxa não fosse capaz de executar.
Hermione ouviu seu relógio de pulso digital disparar: fora de Hogwarts ela usava todo tipo de coisa dos trouxas, inclusive aquelas que normalmente não funcionam em Hogwarts, como telefone celular e relógios digitais. O relógio disparou indicando que estava na hora de Hermione ir: tinha combinado encontrar-se com Rony e Harry no Caldeirão Furado, já que eles precisavam fazer as compras para ele no Beco Diagonal. O cara, um tal Tenchi Masaki, tinha algum tipo de missão em Hogwarts.
Ela pegou uma mochila e colocou sua varinha e alguns livros dentro. Depois pegou seu malão. Seus pais já sabiam que ela ia mais cedo para a casa dos Weasley, colegas de Hogwarts e uma família de bruxos de sangue puro, ou seja, toda a família era de bruxos. Ela sabia também que Harry e Rony estavam indo para o Aeroporto Internacional de Londres receber o tal Tenchi Masaki:
- Espero que o Rony não se empolgue com as coisas dos trouxas. – disse Hermione para si mesma, enquanto saída de casa, o táxi a esperando – Francamente, se alguém precisa fazer Estudo dos Trouxas é ele!
O táxi saiu em disparada logo depois, com Hermione embarcada no carro.
Rony entrou pelo saguão do Aeroporto, totalmente embasbacado. Harry estava até impressionado, pois nunca fora ao Aeroporto Internacional de Londres antes, mas Rony estava ainda mais impressionado:
- UAU! É muito maior que cem estádios de quadri...
- Cala a boca, Rony! - disse Harry, baixinho - Você esqueceu que tem um montão de trouxas por aqui?!
- Desculpe, mas é que isso aqui é quase tão grande quanto Hogwarts!
- Sei... Agora procure se controlar: não podemos dar na vista que você é bruxo! OK: então ele vai vir no vôo Tóquio-Londres às 10:30. Vamos até a área de desembarque.
Harry e Rony foram até a área de desembarque, de onde Rony pode ver os aviões:
- É nisso aí que os trouxas voam? - perguntou-se Rony - Que desperdício!
- Rony, em um avião desses aí cabe de 100 a mais de 400 pessoas. - disse Harry, que sabia um pouco sobre aviões pelo que Duda comentara a ele.
- Dá para colocar a Grifinória inteira num desses?
- Dá, e até mais... Num desses: existem aviões menores, para menos pessoas. Alguns deles conseguem, inclusive, serem mais rápidos que uma Firebolt.
- Não acredito! - disse Rony, apalermado - Mais rápidos que uma Firebolt?! Realmente papai tem razão: os trouxas sabem como fazer as coisas.
- Nem sempre, Rony! Algumas coisas os bruxos fazem melhor.
Harry e Rony foram até o guichê de uma empresa aérea:
- Moça, - disse Harry - queria saber se o vôo Tóquio-Londres já chegou?
- Não, ainda não... Mas já vai chegar. Olha! - disse a atendente mostrando um grande painel em frente do guichê.
À frente de um dos vários números dos portões de desembarque, uma plaquinha indicava um vôo que saíra de Tóquio e ia para Londres. Uma plaquinha à frente girou para "Desembarque".
- Portão 3... - disse a moça.
- Obrigado.
- Disponha.
Harry e Rony correram para o portão de desembarque número três.
Tenchi desceu do avião. Não podia dizer que estava cansado, pois dormira bem no avião, mas estava um pouco estranho. Acreditava que era por causa da Jet Lag, a Doença do Fuso Horário. Mesmo assim, manteve-se acordado, pois precisava encontrar o tal Harry Potter.
A descrição dele era estranha para Tenchi: baixo, magricela, de olhos verdes, cabelos pretos e rebeldes e com uma cicatriz em forma de raio na testa. Claro que Tenchi não sabia se encontraria com facilidade o tal Harry Potter, mas mesmo assim valia a pena arriscar: para ajudar Kyone e Myoshi topava qualquer parada.
Uma coisa balançou em seu pulso: era o seu comunicador construído por Washu. Tenchi saiu um pouco da fila da imigração e apertou uma peça em formato de pérola:
- Fala, Yagami! - disse Tenchi
- Tenchi, como foi a viagem? - disse uma voz pela pulseira: era Kyone.
- Tranqüila, mas ainda não passei a Aduana. Depois falo com vocês com mais calma.
Tenchi apertou novamente a peça e desligou o comunicador.
Passou a Aduana normalmente: todos os seus documentos estavam corretos. Foi quando, logo à frente da Aduana, ele viu um garoto que batia exatinho com a descrição passada por Dumbledore pela correspondência enviada na coruja.
Tenchi Masaki acabara de encontrar Harry Potter.
Voldemort estava meditando, fomentando nessa meditação negra e profana o ódio que sentia pelos trouxas e pelos bruxos fracos que não entendiam que ele possuía um poder divino, acima do bem e do mal, capaz de fazer o bem e o mal quando ele, e APENAS ele, desejar. Rabicho estava guardando o seu mestre: mesmo que ele temesse seu mestre, ele também cuidava dele com total devoção. Nagini, a cobra de estimação de Voldemort, ficava a um canto, descansando do último corpo que Voldemort deixara para ela se alimentar. Já Surien estava desperto, um brilho frio em seu olhar, e um sorriso insano em seus lábios:
- Ele veio...
- Quem veio? - disse Voldemort, em uma voz tranqüila.
- O Sucessor de Yosho. Ele veio... Ele vem...
- Ele é perigoso? - disse Voldemort.
- Não... Mas domina poderes exóticos... Poderes estranhos para vocês, bruxos!
- Muito interessante... Vou ver se posso roubar esses poderes. E então, não haverá bruxo que poderá me desafiar...
Uma risada fria e maligna ecoou pela noite, o que fez o mundo temer.
Yagami se encontrava a vários quilômetros de altitude. Kyone estava superconcentrada no serviço, competência saindo pelos poros:
- Café, Kyone? - disse Myoshi, oferecendo a xícara a Kyone.
- Obrigada. - disse Kyone, bebendo o café. Realmente Myoshi acertara dessa vez: o café estava muito bom.
- Kyone, e quanto a Surien?
- Parece que se tornou irrastreável pelos sensores da Yagami, mas como eu não sei...
- Tenho uma suspeita. - disse Ryoko, acompanhada de Ryo Oh-Ki ao ombro, em sua forma de animal - Pode ser que Surien seja capaz de alterar seu próprio padrão.
- Na verdade, Ryoko, - disse Washu, entrando logo em seguida – existe apenas 0,005 de chance de um desvio significativo não ser sentido pelos sensores da Yagami, sem considerarmos ai os equipamentos que possam estar danificados, ou coisa parecida.
- Pequena Washu, - disse Myoshi - será que você consegue amplificar os medidores da Yagami.
- Vou ver o que consigo. - disse Washu.
E ela voltou a trabalhar.
- Espero que você saiba o que está fazendo, Myoshi. - disse Kyone, quando escutaram um barulho de explosão.
- Droga! O que...
- Veio da sala das máquinas! - disse Myoshi.
- Ai, que ótimo! - disse Kyone, acionando teclas no painel - A Washu fez o favor de mandar embora nossos propulsores! Estamos geoestacionadas!
- Quer dizer que... VAMOS FICAR PRESOS AQUI EM CIMA?! - gritou Myoshi, caindo no choro.
- Pega leve... - disse Washu, entrando. - Nada que alguns ajustes...
- VOCÊ EXPLODIU OS NOSSOS REATORES PRINCIPAIS E OS RESERVAS TAMBÉM!!! – explodiu Kyone - ESTAMOS GEOESTACIONADAS A PELO MENOS CENTO E CINQÜENTA QUILÔMETROS DE ONDE O TENCHI ESTÁ!! COMO VOCÊ QUERIA QUE ESTIVÉSSEMOS?
- Ao menos, o sistema de suporte de vida não explodiu também... - disse Myoshi.
Outra explosão foi ouvida. Ryoko correu para o computador:
- Que boca maldita, heim, Myoshi? - disse Ryoko - O sistema de suporte de vida também foi embora. Temos 30 minutos de ar antes de sufocarmos.
- Bem, já vou ajeitar as coisas! - disse Washu - E já aproveito e faço uns aprimoramentos...
- SE VOCÊ FIZER ALGUM APRIMORAMENTO, EU TE COLOCO EM UMA CÁPSULA DE CONTENÇÃO E TE SOLTO NO COSMOS! - disse Kyone.
- Calma... - disse Washu, sorrindo - Vai ser moleza.
Washu saiu correndo.
- Vocês não têm medo quando ela faz essa cara? - disse Ryoko.
