Capítulo 4: Compras no Beco Diagonal (ou: Sem Necessidade de uma varinha)


Tenchi apresentou-se rapidamente a Harry e Rony, e foram para o Caldeirão Furado:

- É um lugar bem bacana! - disse Rony, enquanto abria a porta do Caldeirão Furado - Quase todo mundo que é bruxo conhece ele...

Tenchi não sabia o porque, mas tinha a séria impressão de que apenas Harry, Rony e ele próprio estava vendo o tal Caldeirão Furado. Foi quando entraram.

Era um pub mal-iluminado e estranho, com pessoas muito estranhas: umas três velhas com chapéus pontudos conversavam em um canto, tomando xerez. Um velho de nariz adunco e barba enroscada lia alguma coisa que Tenchi pode ver tratar-se de um jornal, aonde as fotos se mexiam. Dois bruxos de cartola e capa estavam sentado jogando um estranho tipo de xadrez aonde as peças se mexiam conforme a vontade do dono. Dois bruxos mais jovens, usando grandes chapéus de mosqueteiro, liam uma revista chamada "Qual Vassoura?". Um velho atendente, aparentemente desdentado, se aproximou deles:

- Ah, senhor Potter, é um prazer vê-lo novamente. E vejo que o jovem Weasley também está com você.

- Sim, Tom... - disse Harry - A minha amiga Hermione apareceu aqui?

- Sim, a jovem senhorita Granger passou aqui. - disse Tom - Como não os encontrou, foi embora, dizendo que ia ao Gringotes.

- Certo... Também precisamos ir ao Beco Diagonal. - disse Rony.

Os três saíram pela porta dos fundos, aonde tinha apenas mato e um grande cesto de lixo:

- Harry, aonde está o tal Beco Diagonal? - perguntou Tenchi.

- Deixa comigo! - disse Rony - Três para cima e dois para o lado.

Rony puxou sua varinha e tocou três vezes no tijolo certo, fazendo a passagem para o Beco Diagonal aparecer na frente de um impressionado Tenchi.

- Nossa! - disse Tenchi, abobado - Realmente impressionante.

- Vamos então, Tenchi. - disse Harry.

Tenchi viu a maior multidão de gente estranha que jamais vira, mesmo quando atravessou metade do Império Jurai a bordo de Ryo Oh-Ki e da Yagami: gente com capas, cartolas, vestes coloridas.... Passou pela Botica, de onde ouviu um senhor reclamando:

- Chifre de Unicórnio a 30 Galeões cada! Aonde esse mundo vai parar?

Ao passar pela Artigos de Qualidade para Quadribol, Tenchi ouviu uma garotinha:

- Mamãe, mamãe, é a Borealis, a vassoura projetada para e por Victor Krum! Veja só o design! Mamãe, compra pra mim?

Tenchi estranhou que as pessoas dessem tanta importância para uma vassoura. Foi quando eles viram um grande prédio de mármore branco. Tenchi nunca tinha visto nada tão impressionante, talvez à exceção dos grandes prédios construídos em árvores de Jurai. Foi quando Harry disse:

- Aqui... Gringotes. Espero que você tenha a chave do seu cofre.

- Como isso? - disse Tenchi, ao mesmo tempo que uma coruja pousou sobre o ombro dele e começou a mordiscar-lhe o nó da orelha - Qual é a desse bicho?

- Tem alguma coisa no pé dele: um envelope! - disse Rony - Abra: alguém mandou uma coruja para você!

- Como?

- É que nós bruxos usamos corujas para nos comunicar. - disse Harry.

Tenchi retirou do pé da coruja um envelope. Dentro dele, uma carta, alguns papéis e uma chave de ouro. A carta era do avô de Tenchi, que dizia:

Caro Tenchi:

Espero que esteja tudo indo bem até aqui.

Depositei uns 650 Galeões. Isso deve bastar para comprar seus materiais e sua varinha, e até mesmo alguns livros sobre os bruxos e uma vassoura (você poderá precisar disso para jogar quadribol, o popular jogo dos bruxos). Não se preocupe: encontrei meios de obter esse dinheiro para você.

Espero que as outras estejam bem.

Eu, Aeka e Sassami estaremos embarcando daqui a alguns dias para Hogwarts.

Nos encontramos no dia 1° de Setembro.

Abraços

Katsuhito Masaki

P.S.: Esse é Musashi, uma coruja macho que eu comprei para você. Utilize-a para se corresponder com quem você quiser. Acredito que fará bom uso dela.

- Bem, acho que agora posso pegar esses Galeões. - disse Tenchi, mostrando uma chavinha dourada.

Tenchi entrou em Gringotes, e após 30 segundos de checagem da chave e 30 minutos de viagem pelos carrinhos do Gringotes, Tenchi estava em frente ao cofre 1067. O duende, chamado Chama, abriu o cofre e deixou Tenchi entrar. Uma pequena fortuna de moedas douradas esperavam por Tenchi:

- Seu avô deixou ordens para explicar como é o sistema monetário nosso. Essas moedas douradas são Galeões. Uma delas pode ser trocadas por 17 Sicles, que são moedas de prata como essa aqui. - disse Chama, erguendo um Sicle - Estas, por sua vez, podem ser trocadas cada uma por 29 Nuques de bronze, que são essas moedas aqui. - disse Chama, erguendo então uma moedinha de bronze - Os Nuques são as moedas de mais baixo valor. Isso deve bastar por agora. Pode pegar o quanto desejar. - disse Chama, entregando uma pequena bolsa de veludo encarnado.

Tenchi pegou dois ou três punhados daquelas moedinhas douradas e subiu novamente no carrinho. Harry e Rony já tinham feito seus saques no banco. Foi quando eles saíram e viram uma jovem garota com cabelos um tanto cheios e de cor castanha:

- Harry, Rony! Até que enfim! - disse Hermione - Francamente, fiquei pensando que Rony tivesse se perdido no metrô.

- Hermione, você sabe que eu sei tudo sobre o tremô! – disse Rony.

"Será que esse cara sabe pelo menos como se diz metrô?" , pensou Tenchi, quando a garota chamada Hermione começou a o observar:

- Então você é Tenchi Masaki? - disse Hermione - Parece que Dumbledore realmente estava certo sobre você. Eu sou Hermione Granger.

- Então você que é a Hermione Granger que Dumbledore disse que ia me ensinar a usar magia?

- Sim. Mas antes quero ver se você realmente pode se passar por bruxo. - disse ela bem baixinho. Hermione sabia que, se Tenchi fosse trouxa, todos os três estavam violando pelo menos dois terços do Estatuto Internacional do Sigilo da Magia. Por isso mesmo, antes mesmo que Tenchi fizesse alguma outra compra, Hermione achou mais prudente irem direto na Olivaras.

Harry, Rony, Hermione e Tenchi foram até a Olivaras. Tenchi viu uma única varinha, aparentemente de salgueiro, com uns 26 centímetros. Ao entrar, Tenchi viu um senhor estranho, baixinho, com uns olhinhos bem brilhantes apesar da velhice. Ele virou-se a Tenchi e disse:

- Esperava vê-lo, senhor Masaki! - disse Olivaras - O professor Dumbledore me disse sobre sua... "circunstância especial"... Bem, esperamos conseguir dar um jeito nisso, não? Vejamos então: qual o seu braço da varinha?

- Como é que é? - disse Tenchi.

- Com que braço você escreve, Tenchi? - disse Hermione.

- Ah, sou destro.

- Bom, deixe-me ver... - disse Olivaras, tirando uma fita métrica. O mais estranho para Tenchi, em seu primeiro contato com o mundo da magia, era descobrir uma lei fundamental da magia: "Nem tudo é aquilo que aparenta ser." Uma fita métrica normalmente não é uma coisa muito viva. Mas no mundo da magia as coisas eram realmente estranhas, pensou Tenchi. Muito mais estranhas do que se tivesse visto todos os mais de 2500 sistemas planetários que compunham o Império Jurai. Pois aquela fita métrica media Tenchi ela própria. Foi quando ele ouviu Olivaras dizer:

- OK! Já chega! - e a fita parou de medir e se enrolou no chão, como uma marionete que perde seu titeriteiro. Olivaras escolhera algumas caixas:

- Acho que essas devem servir... Normalmente temos varinhas para todos os bruxos, pois não podemos deixar nenhum tipo de fora... Afinal de contas, a varinha escolhe o bruxo.

- Como?

- É que cada varinha Olivaras é feita com materiais mágicos especiais. E como não existem materiais mágicos iguais, cada varinha é diferente, preparada para um tipo de bruxo. Você nunca obterá bons resultados usando a varinha de outro bruxo. Bem, vejamos agora... Tente essa. - disse Olivaras, puxando uma bonita varinha de dentro de uma caixinha. - 28 centímetros, álamo, crina de cavalo voador no cerne. Boa e flexível.

Tenchi segurou a varinha e (sentindo-se um completo débil mental) agitou a varinha como se tentasse executar alguma magia. Mas não conseguiu nada. Em seguida, Olivaras tomou-lhe a varinha:

- Não, não... Não tá certo... Parece que... Sim... Por que não? Uma combinação muito rara, muito exótica, mas pode funcionar! - disse Olivaras, apanhando uma caixa no final da pilha que separara:

- Tente... 30 centímetros, Cerejeira, escamas de kappa no cerne. Rígida e poderosa, para um guerreiro indomável.

Tenchi apanhou a varinha. Foi quando uma sensação esquisita tomou conta do seu corpo. Era muito diferente que o Poder Jurai, era muito diferente que segurar a Espada Jurai. Seus pelos foram eriçando-se, um a um, enquanto Tenchi era tomado por uma tensão incontrolável. Quando Tenchi começou a se dar conta, sua mão já estava erguida sobre sua cabeça. Rapidamente, ele abaixou a mão e um turbilhão de vento saiu da varinha.

- Puxa! - disse Tenchi.

- Então, é verdade: o Poder Jurai realmente permite que uma pessoa possa passar-se por bruxo. Na verdade, diria que alguém com o Poder Jurai é um bruxo, apenas com um nome diferente. Bem, podem ter certeza todos vocês, e principalmente você, Tenchi Masaki, que seu segredo estará bem seguro comigo.

Tenchi pagou os 8 Galeões por sua varinha, e ficou imaginando em como sua vida estava mudando a partir daquele momento.


Aeka, Katsuhito e Sassami foram até o magiohabara, o centro do comércio bruxo do Japão. Já compraram as varinhas e tudo o mais, e estavam voltando para o Templo Masaki, quando Aeka perguntou:

- Senhor Katsuhito... Como será que Tenchi está? Não temos nenhuma notícia dele nem daquelas malucas da Washu, Ryoko e Myoshi, e nem da senhorita Kyone.

- Tenchi está bem. - disse Katsuhito, enquanto saboreava uma lata de saquê que comprara na estação de trem. - Tenho total certeza disso.

- Espero que sim. - disse Aeka - Se aquela maluca da Ryoko tentar qualquer gracinha com o Tenchi, eu...

- Calma, senhorita Aeka. - disse Tenchi - Acredito que Ryoko saiba da seriedade da situação e que não há momento propício para assuntos de menor importância...

- O CORAÇÃO DO TENCHI NÃO É UM ASSUNTO DE MENOR IMPORTÂNCIA! – disse Aeka, gritando. Quando todo o vagão do trem olhou para Aeka, ela se envergonhou, sentou-se e disse baixinho - Ao menos, não para mim, a herdeira do trono de Jurai.

- Aeka! - disse Sassami - Esqueça um pouco essa história do trono de Jurai! Relaxa um pouco! E Tenchi está bem: a Ryoko está com a Ryo Oh-Ki, que por sua vez está muito bem.

- Espero que sim. - disse Aeka, enquanto o trem-bala levava-os de volta para o Templo Masaki.


Kyone e Myoshi estavam mais tranqüilas. A verdade é que Washu era realmente uma grande cientista: um tanto descuidada e temerária, mas ainda assim uma grande cientista. Ela tinha concertado todos os motores da Yagami e melhorado o sistema de suporte de vida, além de ter instalados sensores de hiper-espaço de alta eficiência:

- Uuuuaaaahhh! - disse Myoshi - Acho que vou dormir! Não agüento mais o sono!

- Pode deixar que eu tou dentro! - disse Ryoko.

Ryoko sentou na cadeira deixada por Myoshi na ponte de comando da Yagami, atirando as pernas sobre o painel.

- É bom você se manter na linha, Ryoko. Ainda não esqueci que você não foi presa apenas porque conseguiu um atenuante do Império Jurai por ter auxiliado a derrubar Kagatto. Se você vacilar um quinquinho, eu mando você em uma viagem só de ida para a Prisão Intergaláctica! - disse Kyone, com determinação.

- Ah, relaxa, Kyone! Quanto tempo vou precisar para provar que me recuperei?

- Para mim, você não se recuperou totalmente, ainda é a mesma criminosa de sempre.

- Esse é o grande problema com vocês... Uma vez criminoso, sempre criminoso! Ah, qual é? Será que uma pirata espacial não pode querer mudar de vida?

Kyone pensou muito nisso:

- É difícil para nós, da GP, lidarmos com essas mudanças de comportamento súbitas, principalmente de criminosos conhecidos, ainda mais quando se trata da famosa Pirata Espacial Ryoko.

- É chato ser gostosa... Brincadeirinha... - disse Ryoko, reparando que a piada que fizera não agradara NEM UM PINGO Kyone - Na verdade, penso que o mesmo vale para nós, ladrões espaciais. É difícil imaginar a GP como outra coisa além de um bando de chatos-de-galocha que só sabem se meter aonde não é chamado.

- Bem... - disse Kyone, espregiçando-se - Vamos deixar as desavenças de lado. Temos negócios mais importantes para fazer: descobrimos que Surien está envolvido com um tal de Voldemort. Ele é o bruxo cujo padrão foi enviado pela GP.

- Então, esse é o nome da fera? - disse Ryoko, num misto de ironia e satisfacão.

- Mas não é só...

- O que?

- A GP descobriu que Voldemort mantem uma série de bruxos chamados Comensais da Morte. São uma espécie de grupo criminoso, que visa destruir todos aqueles que acham fracos. Tenho algumas informações e nomes, mas nada confirmado, então não podemos confiar em 100 nessas informações. Algumas tem inclusive padrões de energia, mas mesmo assim não podemos confirmar a informação.

- Bem, e que diferença faz?

- Se precisamos pegar Surien, provavelmente iremos passar por cima do tal Voldemort. E se estou certa, para passarmos por cima de Voldemort, vamos ter que passar por cima dos Comensais. Isso tudo só visa aumentar a necessidade que teremos de Tenchi nesse plano.

- Certinho. - disse Ryoko - Kyone, você não dorme?

- E deixar Yagami na mão de uma Pirata Espacial? Nem em sonho! – disse Kyone rindo.

As duas riam, enquanto tomavam café (Yagami não tinha nenhuma bebida com álcool em seus estoques.)