Draco, Rony, Mione, Harry, Kyone e Tenchi corriam pelo castelo. Todos carregavam suas varinhas, exceto Kyone que, armada de sua pistola laser, subia competentemente as escadarias do castelo. Tenchi carregava também a Espada Jurai, energizada. Mal terminaram de subir a escadaria do 1° Andar, Draco gritou. O que ele viu, era como um pesadelo vivo. Era o SEU pesadelo vivo.
Ele era mais alto que a maioria dos demais biomorfos, e utilizava um elmo ósseo prateado sobre a cabeça. Os cabelos, de um loiro-branco doentio, eram amarrados em rabo-de-cavalo na sua cabeça. O elmo, prolongado em um bico de rapina, não ocultava a boca de dentes de tubarão que serrilhavam em sua boca, com um sorriso maníaco. Sua pele era dura e queratinada, óssea, como o dos insetos, mas formando placas e escamas, como se fosse um peixe ou uma tartaruga, formando algo semelhante a uma armadura completa. Da metade dos braços, duas protuberâncias na forma de espadas brotavam, afiadas. Suas mãos, com cinco dedos como a dos humanos, terminavam porém em garras. Um grande couro unia os braços ao peito, tal qual as asas cartilaginosas de morcego. As pernas eram grossas, e os pés coriáceos tinham garras em seus três dedos. De suas costas, saia um grande ferrão, e da ponta do ferrão, uma espécie de agulha, como o de uma seringa de injeção.
- É... ele! - disse Draco, desesperado. Os demais apenas congelaram, exceto Tenchi e Kyone que, por terem visto as variadas formas de mais de 1500 raças sencientes vindas de todo o Universo Conhecido, não eram mais surpreendidos por nada.
- Isso mesmo, Draco! - disse o monstro, com uma voz parcialmente zumbida - Sabia que você passaria para o lado dos Sangue-Ruins e dos amantes dos trouxas, como sua mãe fez.
- Cale a boca, Lucio Domenician. Eu renego você dos Malfoy! – disse Draco.
- Não preciso do nome Malfoy, pois tenho minha própria linagem: uma raça de Filhos do Amálgama, nascidos para matar e para servir a Voldemort, de dia e de noite, sob o sol ou sob a chuva. E eu, Killwind, vou exterminar os Malfoy. - disse o monstro, circundando os demais.
- Potter, vá em frente! - disse Draco, baixinho.
- Como? - disse Harry.
- Vá em frente! Pode ficar com o cara de cobra! O meu "papaizinho" é meu!
- Boa sorte, Malfoy!
Harry e os demais, exceto Kyone, correram, subindo as escadarias:
- O que pode fazer contra mim, trouxona? - disse Killwind, para Kyone.
- Isso! - disse Kyone, disparando a arma setada em "desbiomorfizar".
O raio atingiu no peito de Killwind, que apenas riu:
- Isso é tudo que tem para mim, trouxona? - disse Killwind, rindo histericamente - Vou lhe mostrar poder de verdade.
Killwind abriu o punho e de um olho maligno implantado na palma da mão de Killwind disparou um raio de energia, que por muito pouco não atingiu Kyone:
- Protegis! - gritou Draco.
O escudo de proteção formado impediu que o raio profano atingisse Kyone.
- Corre, Kyone! Vai ajudar Potter e Masaki! - disse Draco.
- Tudo bem! - disse Kyone, correndo e subindo as escadarias.
Draco e Killwind observaram-se mutuamente:
- Defendendo um trouxa, Draco? - disse Killwind, em tom de escárnio - Pensei ter-lhe ensinado como as coisas funcionam na vida.
– Você me ensinou bem, porém antes eu era o aprendiz, mas agora eu sou o mestre! - disse Draco, apontando a varinha para Killwind.
Killwind observou a varinha de Draco e riu, uma risada fria e sem vida:
- Draco, se fosse tão bom nas artes das trevas quanto o é em suas bravatas, você seria sem sombra de dúvidas um desafio ao Lorde, coisa que definitivamente você não é! Para falar a verdade, você sequer é um desafio para mim! E eu irei provar!
Killwind avançou. Draco tentou uma magia:
- Impedimenta!
Mas a Azaração do Impedimento explodiu no peito de Killwind, que nada sentiu. Draco, porém, sentiu, e muito, o golpe de Killwind:
- Aahhhhhh!
O peito de Draco foi rasgado por um ferimento provocado pelas garras de Killwind, causando uma lesão profunda e com coloração doentia.
Draco sentiu que pelo menos um par de costelas foi partido pelo golpe. Agora aquele ser, que um dia foi seu pai, tinha a força de pelo menos dez trasgos montanheses, e a velocidade de um fiunn, e a ferocidade de um furanzão, tudo misturado com partes de milhares de outras criaturas, conhecidas ou não pelo ser humano.
Draco passou a mão pelo peito: ele sangrava profusosamente. Olhou Killwind rindo. "Não vou ter chances: a Impedimenta não fez nada contra esse monstro, então acho que nem mesmo a Avada Kedavra irá vencer aquele couro de dragão dele. Se ao menos eu conseguisse o ferir."
- Então, Draco, pensando em que? Em alguma chance? A verdade é, Draco: você NÃO TEM CHANCE! E vou provar-lhe agora!
De algum tipo de "bolso de carne" que o monstro tinha na perna, ele sacou uma varinha. Draco a reconheceu na hora: era a varinha de seu pai.
- Vou lhe mostrar uma coisinha que sou capaz de fazer tão bem quanto sempre fiz. - disse Killwind - Crucio!
Draco explodiu em dor, quando a Maldição Imperdoável o atingiu. Draco sentiu que ela era ainda mais forte do que antes, quanto aquele monstro era Lucio Malfoy. Mas agora, ela parecia querer fazer cada célula do corpo de Draco explodir, cada gene do seu corpo se dissolver em uma massa negra e gosmenta de nojeiras indescritíveis.
Draco não soube dizer quanto tempo ele gritou. Ele apenas gritou. O tempo parou, o espaço parou... para Draco, até mesmo toda a Existência parou, todas as dimensões, todos os mundos, todos os planos, tudo parou enquanto ele gritava.
Mas o pior foi quando aquilo parou.
A sensação de que a realidade era muito pior.
A sensação de que ele estava enfrentando alguém invencível.
A sensação de que ele estava vendo seu assassino. Seu algoz.
Seu próprio pai.
- Draco, pensei que iria morrer com orgulho, de pé, e não como um elfo doméstico desprezível, pedindo clemência. Talvez, eu devesse fazer suas orelhas ficarem como as de um elfo doméstico, assim eu poderia as puxar e prendê-las em uma das torres de Hogwarts, como estandarte, quando o meu Mestre, que deveria ser seu Mestre, dominar Hogwarts. Mas acho que vou lhe dar uma lição a mais. Crucio!
Novamente, para Draco, o Universo parou. A carne parecia se desfazer, enquanto o próprio sangue de Draco a cozinhava. Sua pele era como uma lixa grossa e abrasiva, que arranhava os músculos, tentando tirar-lhe pedaços. Os ossos eram como espigões de ferro em brasa e os nervos como telas de arame farpado eletrificado, por onde milhares de volts de energia explodiam Draco em dor.
O mundo voltou para Draco.
- Se quer me matar... porque não faz logo o serviço? - disse Draco, em espasmos de dor.
- Ora, Draco... - disse Killwind, sorrindo - parece que nunca lhe ensinei nada sobre o uso das Maldições. O divertido está no sofrimento... Ver o alvo sofrer, gritar, implorar perdão, isso é a diversão no uso das Maldições Imperdoáveis! - disse Killwind - Agora, vamos ver quanto tempo mais você agüenta antes de me implorar para morrer! Crucio!
O terceiro golpe contra um Draco já totalmente arrebentado foi terrível. Draco não sabia mais o que era realidade e o que era a loucura. Seu corpo e sua mente já estavam quase que totalmente destroçados. Draco não sabia quanto iria durar, mas tinha quase certeza que não seria muito.
Draco observou ao lado: um quadro de Salazar Slytherin, com uma veste de gala verde-musgo e segurando uma espada. Ele olhava de esguelha a batalha, enquanto segurava ele próprio um sabre de cavalaria, um sabre prateado feito pelos mais famosos forjadores bruxos de Toledo. "Se ao menos existisse uma forma de enfiar uma arma contra aquela armadura!", disse Draco.
Foi quando Draco escutou um barulho de algo metálico caindo ao chão, ao seu lado. Ele observou o chão e viu que havia um sabre de cavalaria prateado ao lado. Sem pestanejar, pegou-o. Então, ele teve a idéia de observar o quadro ao seu lado e viu que o Salazar Slytherin do quadro estava agora desarmado, apanhando um cálice de vinho que estava sobre a mesa, enquanto sentava-se em uma cadeira próxima e observava, entretido, à batalha que ali se realizava:
- Então, pretende usar isso? - disse Killwind - Acha que pode me vencer apenas com essa lâmina?
Draco a observou: nela estava escrito Salazar Slytherin. Ele então abriu o seu sorriso irônico.
- Eu... - disse Draco, enquanto segurava a lâmina, sabiamente ocultando o nome de seu antigo possuidor - ia lhe perguntar a mesma coisa.
Killwind então esticou suas duas grandes lâminas dos braços e disse:
- Vou te fatiar, moleque! Vou te fatiar antes que se dê conta!
- Vamos ver, velho! - disse Draco, escarnecendo, como apenas um Malfoy sabia escarnecer.
Killwind, pela primeira vez, tirou de seus lábios o sorriso que mostrava dentes de tubarão:
- Sou velho, mas ao menos não sou como você, seu sangue-ruim!
Draco quase ferveu em fúria. Foi quando ele notou duas coisas:
A primeira era que, se ele ficasse furioso, estaria fazendo o jogo de seu pai. Era justamente o que ele queria, que ele atacasse furiosamente e que ele fosse empalado pelas lâminas.
A segunda era que havia uma pequena fresta, na altura do peito, aonde podia encaixar a lâmina. Não era uma manobra fácil, muito pelo contrário, mas era a única chance que Draco tinha de vencer Killwind.
- Vamos então! - disse Killwind, correndo.
Draco correu. Ele viu os braços de Killwind se cruzar, e ele viu a sua salvação.
Escorregando por entre as lâminas que se fechavam, abaixando, ele utilizou toda a sua força para enfiar a lâmina por dentro do peito de Killwind:
- Mas... como?...
Um sangue azulado, grumoso e nojento, saia pela ferida:
- Isso não vai me matar! - disse Killwind - O matarei primeiro, e depois irei me curar...
- Avada Kedavra! - disse Draco, concentrando toda a sua raiva para seu pai, todo o seu ódio para seu pai, e todo seu amor por sua mãe na Maldição.
O raio de luz verde voou contra Killwind. Ele sabia que normalmente não faria nenhum mal contra ele tal magia.
Normalmente.
O raio penetrou pela lâmina de Salazar Slytherin, atingindo Killwind de dentro para fora. Ele não teve nem tempo de perceber o quanto todo o sofrimento que causou e pelo qual passou fora inútil. A morte não lhe deu esse tempo.
Draco se ajoelhou, ferido, respirando arduamente, mas vivo. Usou Ferula para recolocar as costelas partidas no lugar e para estancar o sangue, enquanto Selare Danosa fazia efeito. Depois de descansar um pouco, Draco começou a subir as escadarias, com dores, mancando, mas vivo:
- Espero que você não faça eu me arrepender da minha opção, Potter! - disse Draco.
E ele sabia que não se arrependeria, enquanto subia as escadas, deixando para trás o corpo horrendo do monstro no qual seu pai havia se tornado.
