É tão bom saber que você está... vivo! Relena suspirou, olhando Quatre. Iria dizer "bem" ao invés de "vivo", mas mudou de palavra ao ver que ele não estava nada bem. Ela soube do assassinato das irmãs de Quatre. Também fico feliz em vê-la de novo, Srta. Relena. ele sorriu. Agora, quanto a Heero.
Ele notou que ela não parecia acreditar que eles haviam morrido. Mas, para um coração tão chocado e quebrado quanto o de Quatre, era muito difícil juntar qualquer propósito otimista, tornando tudo ao redor dele penoso e cruel. Se ao menos sua família não tivesse sido dizimada, ele ainda tinha muitos motivos em acreditar que os pilotos Gundam estavam vivos. Mas...
"205 A.C.
13
Dignos de Serem Pilotos Gundam"
Mas... Não podia expressar em palavras a felicidade que sentia ao ver Noin ali, em pé à frente dele. Sally, também era bom vê-la. Nem se tocou de Wufei e Zechs estarem ali, eles não eram importantes. A perna de Heero havia voltado ao normal, embora ele ainda mancasse um pouco. Não estavam mais na colônia de Catherine e James Bloom, mas sim na colônia vizinha, que estava livre das forças da OZ II.
Ah, foi isso o que aconteceu com vocês? Noin perguntou, em seu sorriso. Estava feliz de ver Trowa ali também. Vocês nem imaginam o que aconteceu com a gente!
A maior das aventuras... completou Sally.
E foram contando tudo, desde que foram presas até a recuperação dos Gundams. Os Mobile Suits estavam guardados no depósito de um antigo amigo e subordinado de Zechs, muito seguros da OZ II.
Zechs mal acreditava de ver Heero ali, vivo e sadio, e sem memória. Também era incrível ver Duo e Trowa. Sentiu falta de Quatre, e quando eles contaram que haviam levado ele e Relena, Zechs encheu-se de preocupação. Então, deveriam voltar à Terra?
Este é Chang Wufei, também é piloto Gundam. Noin apresentou Wufei a Heero.
Que deprimente. o piloto chinês suspirou. É uma pena que isso tenha acontecido com você, o maior soldado que já conheci.
E este é Zechs. Noin o indicou. Zechs Marchise, ou Miliardo Peacecraft. Ele é irmão da Srta. Relena.
Olhar diretamente nos olhos espantados de Zechs causou a Heero um grande incômodo, algo parecido com ódio. Não soube explicar por quê.
Ah, e não é bom vermos os Gundams agora? a voz novamente alegre de Duo voltou a mente de Heero à realidade. Tou com tanta saudade do Deathcythe!
Ele está muito bem! Noin sorriu, como se falasse de uma criança. Eu mesma o pilotei.
Mesmo?
Mesmo! Embora um certo chinês estúpido fale que eu não tenho habilidade para isso.
O chinês seria estúpido se não visse a italiana estúpida quase esbarrar com o Gundam no chão. replicou Wufei.
Eu não fiz isso!
Calma, vocês dois. interrompeu Sally, pondo-se no meio dos dois. Sim, vamos atrás dos Gundams. Temos que agir, urgentemente.
Duo, que olhava impressionado para Noin e Wufei, nem acreditara na briga que acabara de ver, pois não era um atitude muito típica daqueles dois. Heero também se mostrou impressionado e Trowa não proferiu uma única palavra.
O tenente Cayron era um velho conhecido de Zechs, aposentado do exército da antiga OZ e vivendo das colônias desde então. Era bastante magro, perdera um braço em batalha e andava meio torto devido às lutas constantes que enfrentara no passado. Em seu depósito, onde não guardava nada mais que Mobile Suits velhos e sem uso, foram guardados os cinco Gundams. É claro que isso fora a melhor coisa que lhe acontecera desde que se aposentou: a honra de proteger Gundams.
Muito obrigado, Cayron. agredeceu Zechs, quando voltaram. Não sei o que faríamos sem a sua ajuda.
Oh... o velho suspirou. O prazer é todo meu, Tenente Zechs! Estou surpreso em vê-lo depois de tanto tempo...
E olhou para Noin, que observava os velhos Mobile Suits em pé no grande depósito, com curiosidade. Perguntou baixo a Zechs qual era o nome dela, e então disse:
Gostaria que eu lhe apresentasse esses Mobile Suits, Tenente Noin? Cayron perguntou, e ela se virou rápido, quase que num susto.
Bem...
Pareceu encabulada, e então o velho chegou perto dela, indicando um Mobile Suits cinzento e velho com o único braço que restava ao tenente.
Este aqui... uma raridade! O primeiro Mobile Suit construído pela raça humana! ao ver que todos ali, inclusive os pilotos Gundam, prestavam atenção nele, Cayron se encheu de orgulho e ergueu a voz. Foi construído em 1 B.C. Antes da Colonização, e foi também a base para todos os outros Mobile Suits, inclusive os Gundams!
Quer dizer que o primeiro Mobile Suit foi construído um ano antes das colônias? Duo perguntou.
Mais ou menos. respondeu Noin, bem-informada. Reconhecera aquele Mobile Suit - o Life - aquele que vira nos livros de história. Um ano antes da inauguração das colônias. A colonização começa a ser contada a partir da inauguração, e não da construção das colônias.
Sim, sim! exclamou Cayron. As colônias foram construídas antes dos Mobile Suits. Mas os projetos foram feitos ao mesmo tempo. Acho que podemos dizer que as colônias e os Mobile Suits estão interligados, fazem parte de um todo.
Ficaram em silêncio, observando as grandes máquinas. Logo, o velho Cayron recomeçou as explicações.
E aqui, temos o segundo Mobile Suits criado pelo ser humano, e que, com certeza....
Naquela noite, Trowa procurava dados no computador da biblioteca da colônia. Livros não eram mais tão utilizados, por isso qualquer pesquisa do gênero era feita em um computador com muitos dados, como se fosse uma biblioteca com muitos livros.
Devido a uma patrulha da OZ II na região, acharam melhor esperar mais uma semana para irem para a Terra, evitando batalhas desnecessárias que poderiam colocar tudo em risco. Escondidos por entre os habitantes das colônias, não seriam identificados. E os Gundams estavam muito bem guardados no depósito de Cayron.
A sala da pequena biblioteca era escura e estava vazia. Trowa ouviu a porta abrir atrás de si, mas não virou a cabeça para ver quem era. Alguém atrás dele debruçou-se no escosto da cadeira onde Trowa estava sentado.
E aí, Trowa? Não vai descansar?
Não. respondeu ele, concentrado.
Duo leu o que ele procurava.
Informações sobre a origem das colônias? Por que você quer saber disso?
Tinha... uma dúvida que eu gostaria de esclarecer.
Qual?
Trowa se virou para Duo, olhando-o na penumbra.
Se as colônias foram criadas, foram idealizadas por alguém certo? Criadas por alguém.
Duo pensou um pouco e então respondeu.
Nem sempre. Dizem que o desejo da humanidade de morar no Espaço é tão antigo quanto o conhecimento que ele tem do Espaço. A idéia foi se formando aos poucos, ao longo do tempo.
Trowa considerou a resposta, mas não se convenceu.
Sim, mas... alguém deve ter tido essa idéias mais concreta, e.
Está querendo dizer que as colônias têm um criador, Trowa?
Ele confirmou com a cabeça e esperou a análise de Duo.
Hum... não sei... disse o piloto americano, por fim. Mas isso não importa muito. Por que quer saber?
É uma curiosidade. Trowa voltou-se novamente para o computador. Quem criou as colônias teve a intenção de desabitar a Terra, mas também criou uma opressão aos que foram morar no Espaço, uma opressão que existe até hoje.
Foi quando achou um "livro" interessante. Estava escrito "Davi Ahul", e abaixo: "Colônias.
O que é isso? perguntou Duo, aproximando uma cadeira e se sentando ao lado de Trowa. E que língua é essa?
Deve ser português. respondeu o outro, procurando uma tradução.
Encontrou, e os dois começaram a ler. Fora escrito em 1 B.C. por um jovem de dezesseis anos, o tal Davi Ahul.
"É noite de dezembro e faz calor na minha terra. Os soldados da Federação Terrestre estão aqui, selecionando as pessoas que serão enviadas para as habitações que foram construídas na órbita terrestre. Eles chamam de Colônias, e foram construídas três. Os líderes da Terra afirmaram que as Colônias haviam sido construídas para amenizar a superpopulação do planeta, mas acontece que ninguém além de cientistas queria ir morar num lugar tão frio quanto o Espaço Sideral. Visitar, sim, mas nunca morar, ver seus filhos nascerem e crescerem sem saber que a Terra é muito mais que uma bola colorida. Então a Federação Terrestre decidiu que "os que não se ajustavam ao regime da Terra", traduzindo, os que não obedeciam cegamente as ordens dos líderes canalhas, deveriam ser despachados para as Colônias. E eu, como crítico e jornalista, denunciando as corrupções, fui um dos primeiros a ser mandado. Foram eu e mais cem mil pessoas, e isso era apenas a "safra" inicial. Chego até a pensar que nos colocarão no Espaço e nos explodirão lá, como bandidos a serem condenados à morte."
Pararam de ler. Se encararam, e então Duo suspirou num sorriso que demonstrava mais decepção do que qualquer outra coisa.
Não foi isso que eu aprendi nas aulas de História. disse, irônico.
Nem eu. Trowa apoiou o cotovelo na mesa, pensativo. As Colônias sempre foram vistas como a... salvação da Terra, mais ou menos?
Quem diria que os selecionados eram os rebeldes.
Tem mais aqui. Trowa mostrou. Mas isso é depois da colonização. É... 2 A.C.
"Nossos primeiros dias foram terríveis. Fomos mandados com alimento para trinta mil pessoas, sendo que tinha mais que o triplo disso. Nesses dois anos foi muito difícil sobreviver, fomos diminuídos à metade, aquela era uma verdadeira prisão. Nos acostumamos a viver mal e comer pouco. Foi quando a Federação Terrestre teve a gentileza de nos trazer terra para plantarmos; sim, era terra e adubo que funcionava no Espaço. Mas nos dariam se nos submetêssemos a eles. E que escolha um povo faminto tinha? Nossos melhores cientistas, matemáticos e físicos faziam pesquisas constantes das Colônias e na Lua de graça para a Federação, éramos obrigados a baixar a cabeça quando eles passavam e obedecer todas as suas ordens. Me lembro de quantas pessoas foram mortas no meio da rua por não fazerem isso. Mas a nossa melhor vitória, conquistada por nossos cientistas, nunca foi passada para a Terra. Conseguimos esconder a nossa descoberta. Era um metal fortíssimo capaz de suportar o ataque de qualquer arma. Chamamos de gundanium. Eles serão ótimos para construirmos Mobile Suits que serão capazes de acabar com todas as forças da Federação Terrestre, e tudo o que ameaçar as Colônias. Ou melhor, as pessoas as Colônias. As Colônias em si nós vamos destruir com esses Mobile Suits, e que ninguém mais construa um instrumento de tortura igual a esse."
Duo e Trowa prenderam a respiração quando leram "gundanium". Sim, os Gundams já foram idealizados cerca de 195 anos antes da sua ação, mas não cumpriram o seu verdadeiro objetivo: destruir as Colônias.
Não é possível! Duo se levantou de um salto. O que é isso?! Por que aqueles velhos idiotas que construíram os Gundams não nos avisaram sobre isso!
Nem eles mesmos sabiam. confirmou Trowa, vendo que não havia nada mais de Davi Ahul para ler. Ele fora morto no Natal de 2 A.C., assassinado por soldados da Federação Terrestre, a Aliança daquela época, em seu pequeno apartamento. É um choque, não? Temos que destruir as Colônias.
A Colônias que tanto amávamos.
E sem razão.
É, sem razão. Amávamos porque não sabíamos da história inteira.
Trowa se mexeu na cadeira, virando-se para Duo.
Isso... é doloroso pra você?
É claro que é. Duo se sentou. É o lugar onde nasci e vivi a minha vida inteira, até os quinze anos de idade. balançou a cabeça. Mas eu não tenho a mínima dúvida de destruí-las agora. Foi isso... foi isso que os nossos ancestrais esperavam de nós... não é?
Trowa concordou com a cabeça. Também sentia a mesma coisa.
Imprima tudo isso. Duo mandou, se levantando de novo. Precisamos mostrar pros outros pilotos. Ah, o Heero é mesmo sortudo de isso não causar nenhum impacto nele...
Na verdade não queria pilotar o Wing Zero, mas Noin pediu de uma forma tão humilde que ele não pôde recusar. Zechs nem chegou a pedir, a única frase que proferiu foi: "Vai pilotá-lo?".
Tocar novamente o pé de gundanium do Wing Zero lhe trouxe um certo frio na barriga. Não sabia se as lembranças eram boas ou ruins. Se sentiu assustado por a coisa que mais lhe trazer reminiscências ser uma máquina enorme, e não um ser-humano.
Quatre e Duo me falaram que você realmente o pilotou bem. Noin disse, pensativa. Estavam os três e o Gundam numa zona afastada da colônia, e o dia não era de patrulha da OZ II no Espaço, o que os dava mais segurança para treinar. Podemos dizer que foi o Sistema Zero, mas... será que parte daquela força não veio de você mesmo?
Heero pensou um pouco.
Não. respondeu, por fim. Eu acho que não.
Mas eu tenho certeza que sim. Zechs afirmou. A alma do piloto e soldado está contida dentro de seu Mobile Suit.
Mas que coisa abusurda! Heero não conseguiu se conter, assustando os dois tenentes. Eles são apenas máquinas!
Para sua surpresa, Zechs sorriu docemente.
É claro que pensa assim. Mas... parou um pouco, escolhendo as palavras. O que justifica a segurança que sente quando se aproxima dele? E o conforto? A confiança? Você não sente isso perto de uma pessoa, não é?
sabe? Heero gaguejou, percebendo que ele tinha razão.
Somos muito mais iguais do que você imagina. Zechs sentou-se no muro baixo próximo. O lugar parecia mais uma floresta devastada, de solo cinzento e poucas árvores pequenas e sem folhas, mato cobrindo o chão. Era mesmo estranho que fosse uma Colônia e não a Terra. É como se houvesse uma certa intimidade entre nós dois, como se nos conhecêssemos a muito tempo e sempre estivéssemos juntos.
Noin se virou e se afastou um pouco, contemplando o céu que começava a anoitecer, misturando a cor clara a umas poucas estrelas e uma lua enorme e cinzenta. Não queria ouvir um tipo de conversa que ela levara tanto tempo tentando compreender e ainda assim não compreendia.
Mas... Heero olhou para Noin, depois para Zechs novamente. Não éramos inimigos, Zechs? Inimigos mortais?
Às vezes conhecemos muito melhor os inimigos que os amigos. o tenente sorriu. Não pensa assim? Bem, é que você não tem inimigos... pelo menos que lembre. olhou-o mais um pouco. É mesmo impressionante vê-lo da mesma altura que eu.
Heero preferiu não encará-lo. Olhou o Wing Zero. Zechs começou a falar de novo.
Eu tomei a liberdade de trazê-lo aqui e pilotá-lo ontem a noite. Sinto muito, eu sei que foi uma operação um tanto arriscada, mas não me contive.
Tudo bem.
Apoiou pensativamente a cabeça no pé do Gundam. Depois, disse:
Vou pilotá-lo agora. Mas para onde?
Uma volta no espaço seria bom.
E a OZ II?
Se encontrarmos soldados dela, serão poucos. Será fácil combatê-la.
Por fim, Heero estava dentro do Wing Zero. Viu a porta fechar-se, e ele ficar sozinho naquele escuro rodeado de botões brilhantes, tão estranhos mas ao mesmo tempo tão familiares. Deu o primeiro passo, conforme Quatre ensinara.
Tudo pronto, então? a voz mecanizada de Zechs falou-lhe, do outro Mobile Suit onde ele estava.
Heero não respondeu. Um impulso e logo já estava voando, o céu negro do espaço se espalhando à sua frente. Orgulhosíssimo e surpreendido por saber fazer isso, deixou-se entrar em sintonia com o Winh Zero. Era perfeito. Ouviu Zechs segui-lo, e logo depois o tenente disse:
Se me permitir, posso guiá-lo para um lugar mais amplo?
Mais amplo do que isso? Heero riu.
É! Zechs acompanhou a risada. Quero dizer que não há Colônias para onde quer que você olhe. Só a Lua distante, os planetas e a Terra.
Sim... quero ir.
Seguiu Zechs. Deve ter sido quase meia-hora de viagem, mas nada que os Mobile Suits modernos de 205 A.C. não suportassem. Logo se sentiu aliviado - nada além da Terra e Lua distantes, estrelas infinitas e a visão de outro planeta também distante. A primeira vontade que sentiu foi sair daquele Gundam e flutuar sozinho no Espaço.
E então? ouviu a voz de Zechs. O que achou?
Sinceramente, é perfeito.
É claro que é. Vê algum ser humano por perto?
Hein?
Não, nada.
Heero resolveu ignorar. Ficou alguns minutos "voando", se divertindo como uma criança. A cada instante o Wing Zero parecia ser mais íntimo dele. As mãos se direcionavam ao comando correto, sem ele nem mesmo olhar ou perceber. Era algo muito natural. Foi quando parou e ficou sentado, no silêncio solitário que parecia gostar tanto. Ficou agradecido por Zechs não interromper, mas logo se esqueceu da presença dele.
A silêncio a atmosfera dentro do Gundam só fez Heero raciocinar mais - coisa que na verdade não queria fazer. Primeiro pensou em Relena, onde ela estaria, e imaginou se eles teriam que voltar à Terra para buscá-la. E Quatre? Com certeza vai conseguir nos achar sozinho... ou não, depois do incidente com a família Winner.
Ficaram sabendo por viajantes de uma Colônia a outra, já que a comunicação no Espaço era pouquíssima, para ajudar a OZ II a manter o controle. As filhas mais velhas do falecido Ali Winner, donas de toda a matéria-prima do Espaço, foram dizimadas com uma explosão simultânea em todas as suas bases. Fora um golpe: Aurey Mallaica já estava planejando isso há muito tempo. Com certeza a morte das Winner não fora divulgada ao povo da Terra. Isso mascarava a OZ II. Heero sentiu grande raiva por dentro, mas logo ficou calmo. Seu interior, mesmo sem ele perceber, dizia que tudo estaria acabado quando ELE resgatasse Relena e Quatre, e ELE matasse Aurey Mallaica e destruísse a OZ II por completo, reiniciando o sistema político da Terra. Reiniciaria tantas vezes quantas fossem necessárias. A guerra e a luta eram a única coisa que ele queria.
Acordou de seu devaneio com a voz de Zechs.
Heero? Heero, vamos voltar? Já passam das nove da noite no relógio da nossa Colônia.
Tudo bem, vamos.
Seguiu Zechs, mas logo notou que estavam indo por outro caminho ao qual haviam vindo - e que esse era bem mais longo. Não precisou questionar para que Zechs o avisasse.
Quero ir por essa rota. Há uma coisa que quero ver por aqui.
Que você mesmo quer ver ou que quer que eu veja? Heero perguntou com frieza.
Zechs não respondeu, apenas prosseguiu, e se sentiu aliviado ao ver que o piloto Gundam ainda o seguia. Uma das coisas que eu queria ver eu já vi, Heero, pensou ele. Ainda há outra.
Continuando o caminho, chegaram próximos à Lua, com as bases destruídas por causa de um acidente nuclear em 199 A.C., que matara cerca de cem mil pessoas e fora preciso a evacuação de duas Colônias próximas. Não havia mais nada na Lua a não ser ruínas.
Zechs contou a história a Heero, depois pousaram na Lua e contemplaram um pouco as ruínas.
É incrível. Heero admitiu. Mas... é só isso que queria me mostrar?
Não seja desconfiado. Apenas olhe e fique atento.
Vai ser a qualquer minuto, pensou Zechs consigo mesmo. Tem que ser... Com seu Mobile Suit, deu vários passos na superfície lunar. Heero apenas ficou parado.
Um fino apito sôou. Sim, seria agora.
De debaixo das ruínas, ergueram-se Mobile Suits. Vinte deles, no mínimo. Azuis, grandes e armados com canhões potentes. Não hesitaram em atacar os dois indivíduos intrusos do local. Nem perguntaram quem eram, se bem que não havia como um soladado sem alma perguntar alguma coisa para outro soldado "com alma". Eram Mobile Dolls.
Um primeiro disparo de dez deles, Zechs e Heero voltaram à órbita lunar, desviando-se.
O... que é isso? perguntou Heero, uma sombra de desespero passando por sua mente.
Mas alguém parecia martelar palavras suavemente na sua cabeça: não pergunte, apenas lute.
Foi o que fez. Sem avistar Zechs, a primeira coisa foi pegar sua arma favorita, um sabre-de-raios. Mobile Dolls vinham na sua direção, atacando em conjunto, e ele foi destruindo um a um, primeiro admirando como era fácil, depois já entediado de lutar contra quem não era humano. Depois de os primeiros vinte serem destruídos por ele e Zechs, vieram mais cinqüenta.
Um deles conseguiu atingir o braço esquerdo do Wing Zero, deixando-o inativo. Isso não interferiu Heero de forma alguma. Enquanto lutava, pensamentos se formavam em sua cabeça: se é tão bem-protegido, tem muito mais coisas camufladas aqui do que simples ruínas nucleares.
Ao destruir mais dois, pisou de novo no terreno da Lua, em busca de como entrar no lugar de onde os Mobile Dolls estavam saindo. Mas sentiu uma dor violenta na perna... o arcânio! Teve que parar e quase teve a cabeça do Wing Zero arrancada do corpo. Se afastou rapidamente, se encontrando com Zechs.
O que foi? perguntou o tenente.
N..nada... É a minha perna.
Oh, sim, vamos voltar.
Voltar? Não vão nos perseguir? Vão rastrear a gente.
Zechs fez seu Mobile Suit deixar um pequeno dispositivo no chão à frente deles e ativá-lo. Se afastou e mandou que Heero se afastasse também. O dispositivo explodiu e uma expessa nuvem de fumaça se ergueu.
Aquilo é especial. Zechs esclarecer quando eles já estavam se afastando. Destrói a capacidade de rastrear de um Mobile Suit.
Mas se você levou aquilo, já esperava que eles aparecessem. Heero fungou grosseiramente. O que quer provar, Zechs? Ou melhor: o que quer que eu prove?
Você já provou. Já vi tudo o que eu queria ver. Com memória ou sem memória, Heero Yuy é um e ninguém se compara a ele. fez uma pausa e depois prosseguiu. Fomos inimigos no passado, mas deixe-me lutar do seu lado dessa vez. De você nem a OZ II inteira pode ganhar.
Por Kitsune-Onna
